A 16 de Março de 1974 dá-se um levantamento militar que partiu das Caldas da Rainha, que abortou...
A 1 de Abril de 1974, O Prof. Marcelo Caetano assistiu, em Alvalade, ao jogo Sporting - Benfica.
No seu livro Depoimento, publicado em 1978, afirma a propósito: «Quando o alto-falante anunciou que eu me achava no camarote principal, a assistência, calculada em 80.000 espectadores, como movida por uma mola, consagrou-me demorada ovação ( ... ) e as informações que chegavam ao Governo também garantiam sossego geral e apoio ao regime»...
Ele, que já tinha pedido, a exoneração do cargo, alegando razões de saúde, fica emocionado.
A 25 de Abril de 1974, o Regimento de Santarém, comandado por Salgueiro Maia, avança sobre Lisboa, Marcelo Caetano é informado sobre o que está a acontecer, não tem coragem de o impedir. Pensou que assim seria mais fácil resolver o problema do Ultramar e fazer reformas urgentes com a anuência de diferentes partidos políticos tendo como padrão uma democracia de tipo ocidental. Julga poder continuar no país. Spínola pede-lhe que siga para a Madeira com o Presidente Américo Thomás. Este acusa-o de não ter querido evitar o que aconteceu. Cortam relações.
Morreu no Rio de Janeiro, amargurado e revoltado com a cegueira e a ingratidão dos homens.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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