Aí está o Álvaro, de novo em grande. O ministro da Economia e do Emprego - não se riam - foi dar uma volta pela Europa e percebeu que a média do valor dos despedimentos é ainda inferior ao da última revisão do código laboral, por isso está já a pensar em baixar isto ainda um bocadinho mais.
Com efeito, a nova ordem é esta: A flexibilidade. Dizem que é uma necessidade, que as coisas mudaram, que o mundo agora é assim, que as pessoas já não podem ter empregos para a vida.
Durante muito tempo concordei com isto. Hoje, no banho, descobri que não.
Quando é que os países, as suas economias, cresceram? Quando é que o mundo se desenvolveu e as pessoas passaram a viver melhor? Foi com leis laborais flexíveis ou boas garantias para os trabalhadores?
Sem dúvida, foi quando os trabalhadores estavam bem protegidos por leis amigas do trabalho e não do capital.
A experiência das economias emergentes, com leis laborais historicamente flexíveis - se é que têm leis laborais - é outra: Empresários muito ricos, muitos milionários, uma enorme riqueza, mas um povo pobre e uma classe trabalhadora completamente explorada.
Esse é o caminho que leva agora a Europa. Desvalorizar o trabalho em nome do capital e do rendimento, com a desculpa de que o futuro é isso mesmo. Que futuro? E de quem?
Via Lóbi do Chá
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Sem comentários:
Enviar um comentário