Lembram-se?.. A bolha imobiliária espanhola atingiu em cheio a Martinsa-Fadesa, a promotora imobiliária que já estava a vender apartamentos nos terrenos do Alberto Gaspar, situados na zona industrial da Gala!..
Quem tem lido este blogue conhece a “estória” … Pode ser recordada clicando, por exemplo, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui ...
Este caso, é um exemplo, triste por sinal, daquilo que também contribuiu para o actual estado de Portugal.
Depois de anos e anos de construção desenfreada, Portugal é um país coberto de caixotes de betão, fruto, por um lado, da ganância dos "pato-bravo" que fizeram fortunas colossais a vender casas a preços astronómicos para o poder de compra do português, onde se torra no verão e se gela no inverno, e, por outro da ganância das câmaras para ganhar dinheiro, no imediato, com os alvarás de construção e, no futuro, com o IMI.
Entretanto – e a Figueira é um exemplo disso - os centros das cidades são uma tristeza e um deserto: as casas estão ao abandono e em ruínas, porque nada se restaura. Deixa-se cair para o "pato-bravo" fazer um prédio de 6 andares, onde dantes havia uma simpática e harmoniosa casinha.
As aldeias, vilas e cidades deste País, estão descaracterizadas, feias e sem graça. As periferias, como é o caso da Aldeia da Cova-Gala, são um aglomerado de caixotes de betão.
Mas, um dia, isto tinha de estoirar. As casas não valem metade do que pedem por elas e há casas a mais por todo o País, em geral, e no concelho da Figueira, em particular.
O território da nossa Aldeia sofreu, nas últimas duas décadas, uma autêntica revolução de betão. Com a facilidade concedida pelo crédito à habitação, empreendedores imobiliários e empreiteiros, com o beneplácito do poder local, ávido de receitas, fizeram fortunas colossais.
Alguém ganhou, mas a Terra perdeu, nomeadamente, na beleza natural e no impacte ambiental.
Todos nós, os que aqui nascemos, ou habitamos nos tornámos vítimas de uma conspiração do betão, que envolve muitos interesses, desde os empreiteiros aos autarcas.
Felizmente, que a bolha imobiliária espanhola evitou danos ainda maiores…
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
A saudade voltou ao ver esta linda foto..........a lembrança levou-me a tempos idos,concretamente há 50 anos,venham mais da nossa antiga terra.
Parabéns
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