António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Esta senhora da foto, retratada pelo Pedro, é a minha Mãe e Avó do Pedro. A minha mãe, nos tempos difíceis foi uma pessoa que, sendo já viúva, tendo só três nacos de carne, e com três filhos, dizia que não gostava de carne... Nos últimos quatro meses tem sido fonte de grandes preocupações no seio familiar. Na passada segunda-feira teve um teste tremendo: teve de realizar uma operação que se revestia de um certo melindre - segundo ela me disse hoje de manhã, “levou uma grande facada na barriga” . Ainda vai ter de permanecer uns dias valentes no Hospital. Mas a sua força de vontade e a sua alegria de viver são contagiantes. Apesar das dores, acabou de sair do recobro. Não tarda nada e estará aí para as curvas... "Prá frente é que é o caminho..."
Pois é meu caro...Quem tem Mãe tem tudo.Quando era criança e no meu lugar de aldeia,essas mulheres que escreveram bonitas páginas de familia,diziam - ÒH quem me dera ter mâe,nem que ela fosse uma silva...Como compreendo as vossas aflições e isso basta para vos dizer que a esperança é viva em melhores dias.
Há momentos em quero escrever e fico tolhido na mente... Há outros momentos em que leio o que os outros escrevem...e retrato a minha alma... Outros momentos há ainda...que olho para imagens de um rosto...e fico convicto de uma única certeza... O que está na minha frente...é um rosto de uma lutadora... Por isso...há pouco a recear... Se nunca perdeu até hoje...porque haveria de perder agora... E mais vos digo e acrescento...conforme ela com três nacos de carne...por ter três filhos...e por amor...passava a não gostar de carne... Também agora e até por saber que tem os filhos e os netos...e pelo mesmo amor...não me parece sinceramente que venha a perder esta luta... O rosto é o espelho da alma...e o coração a réstia de esperança... De uma coisa tenho eu a certeza...não há derrota que a faça perder...depois de em todo este caminho ela ter de certo somado muitas e muitas vitórias... Ora se tu estás habituado a vê-la vencer... Desculpa lá... Tás com medo de quê?... Acredita...porque foi isso que ela te ensinou... E agora aqui para nós... Achas que ela alguma vez vai deixar de acreditar?... Não tarda nada...estará aí para as curvas... "...Prá frente é que é o caminho..."
Ólhe sinhore Agustinhu fiquei axim a módos que munto cuntente pro xaber nobas da xenhora xua mai e cá no larê todas desejámus-lhe de todo o córação as melhóras e bons restabeleximentos.
5 comentários:
Esta senhora da foto, retratada pelo Pedro, é a minha Mãe e Avó do Pedro.
A minha mãe, nos tempos difíceis foi uma pessoa que, sendo já viúva, tendo só três nacos de carne, e com três filhos, dizia que não gostava de carne...
Nos últimos quatro meses tem sido fonte de grandes preocupações no seio familiar. Na passada segunda-feira teve um teste tremendo: teve de realizar uma operação que se revestia de um certo melindre - segundo ela me disse hoje de manhã, “levou uma grande facada na barriga” .
Ainda vai ter de permanecer uns dias valentes no Hospital. Mas a sua força de vontade e a sua alegria de viver são contagiantes. Apesar das dores, acabou de sair do recobro.
Não tarda nada e estará aí para as curvas...
"Prá frente é que é o caminho..."
Pois é meu caro...Quem tem Mãe tem tudo.Quando era criança e no meu lugar de aldeia,essas mulheres que escreveram bonitas páginas de familia,diziam - ÒH quem me dera ter mâe,nem que ela fosse uma silva...Como compreendo as vossas aflições e isso basta para vos dizer que a esperança é viva em melhores dias.
Hoje falei com a avó e gostei do tom de voz... parecia (mais) animada... ainda bem que tudo está a correr bem, na medida do possível.
Beijinhos grandes!
Há momentos em quero escrever e fico tolhido na mente...
Há outros momentos em que leio o que os outros escrevem...e retrato a minha alma...
Outros momentos há ainda...que olho para imagens de um rosto...e fico convicto de uma única certeza...
O que está na minha frente...é um rosto de uma lutadora...
Por isso...há pouco a recear...
Se nunca perdeu até hoje...porque haveria de perder agora...
E mais vos digo e acrescento...conforme ela com três nacos de carne...por ter três filhos...e por amor...passava a não gostar de carne...
Também agora e até por saber que tem os filhos e os netos...e pelo mesmo amor...não me parece sinceramente que venha a perder esta luta...
O rosto é o espelho da alma...e o coração a réstia de esperança...
De uma coisa tenho eu a certeza...não há derrota que a faça perder...depois de em todo este caminho ela ter de certo somado muitas e muitas vitórias...
Ora se tu estás habituado a vê-la vencer...
Desculpa lá...
Tás com medo de quê?...
Acredita...porque foi isso que ela te ensinou...
E agora aqui para nós...
Achas que ela alguma vez vai deixar de acreditar?...
Não tarda nada...estará aí para as curvas...
"...Prá frente é que é o caminho..."
Custódio Cruz
Ólhe sinhore Agustinhu fiquei axim a módos que munto cuntente pro xaber nobas da xenhora xua mai e cá no larê todas desejámus-lhe de todo o córação as melhóras e bons restabeleximentos.
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