Hoje de manhã, na vinda do trabalho, circulei pela primeira vez no tabuleiro da “nova ponte dos arcos”.
Foi uma sensação estranha e inédita.
A travessia do braço sul do Mondego realizada sem o recurso à “velha ponte dos arcos”, inaugurada em 1942.
A “velha ponte dos arcos”, por vontade dos homens que decidem estas coisas, tem os dias contados. Todavia, ninguém pode desmentir o óbvio: é uma obra de arte, bela e harmoniosa, perfeitamente integrada a paisagem, como se pode verificar por esta magnífica fotografia já antiga.
As molduras, como tudo hoje em dia, estão caras. Normalmente, destinam-se a valorizar algo de que se gosta sobremaneira.
Esta foto da “velha ponte dos arcos” merece bem uma moldura.
Até porque não se fazem pontes assim: belas, harmoniosas e afectivas.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
3 comentários:
Perfeitamente de acordo,também eu a considero uma obra de arte...Assim como a fotografia que a valoriza muito.
Ficarão as lembranças,muitas delas ligadas á "velhinha ponte dos arcos".
É todo um passado na história das populações da Cova e Gala.
Essa foi, nas últimas décadas a porta de entrada do meu lugar distante. A fronteira entre o presente e os tempos idos. O cordão umbilical que se foi esvaindo de ausência. Os arcos da memória inquieta e da serenidade alcançada. A imagem do que já não é...
nem me lembres caramba!
Mas porque é que eu sou assim!?
gosto tanto de ver a ponte dos arcos!
e passar-lhe mesmo ali ao lado, acho que a senti meio desprezadita...Ai, ai
Um abraço pra ti e outro pra tu e um sorriso de carinho pra ponte...dos arcos
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