Adosindo Basófias perguntou...
“Ó Sr Agostinho explique lá, se faz fabor, que a gente não entendeu...Afinal quem é o anibersariante, carago?”
E, eu, como me prezo de ser uma pessoa educada, vou responder ao meu Amigo.
Não foi só o Expresso que fez anos...
Ai, pelas 3 da tarde do dia 5 de Janeiro de 1954, nasceu este espécime...
Claro que não me lembro, mas a minha mãe, velhinha, mas felizmente ainda viva, contou-me...
Na altura não havia televisão, muito menos blogues. Havia rádio, mas um bocado incipiente, tecnologicamente falando. Dos jornais, nem vale a pena falar.
Na época, aparentemente tudo corria bem: não havia Serviço Nacional de Saúde, muito menos, urgências ou maternidades a encerrar... Nem, sequer, a guerra colonial ainda havia começado...
Carestia de vida?... Nem pensar... Pelo menos, não se dava por isso. Os jornais, nesse tempo, não falavam disso. Azedume para com o primeiro-ministro? Nada, ou pelo menos ninguém dava conta disso!...
Neste Pais à beira mar plantado, nesse tempo, apenas se podia exaltar o auto contentamento provinciano e balofo do primeiro-ministro.
Felizmente, hoje em dia não é assim, as coisas mudaram, os tempos mudaram, os tempos são outros, não há nada disso!...
É claro que eu, velho já como o caraças, por vezes tenho a tentação de dar nome a certos bois: de vez em quando, pecador me confesso, dá-me ganas de apontar certos políticos como aldrabões, certos empreendores como exploradores, este ou aquele autarca como corrupto...
Mas, como a idade já pesa e meu deu algum tininho, considero melhor exaltar as excelsas qualidades e o trabalho exemplar do executivo camarário figueirense e a independência, competente e profícua, do executivo da Junta de Freguesia de São Pedro.
Aliás, não faço nada de mais: a vida está para quem sabe elogiar, adular, enfim, para quem sabe “dar graxa ao cágado”. Numa palavra: ser um sabujo...
Jornalistas e críticos, daqueles que criticam a sério, quase que já não existem no País, quanto mais na Figueira...
Levaram cá um sumiço!...
Bem como disse de início, não foi só o Expresso que fez anos...
Entretanto, longa vida para todos. O que não vai ser nada difícil de conseguir, pois Correia de Campos, esse competente ministro da saúde e nosso benfeitor, está a tratar-nos superiormente da dita...
Façam o favor de ser felizes.
Um abraço do
António Agostinho
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
5 comentários:
Ora dr. agostinho: que texto, que humor refinado...
Confesso que estou banzado!..
Que talento dsperdiçado meu deus!..
Parabés,pelso anos e por este texto da mais fina água jornalistica.
Parabéns e que passe muitos mais anos a chamar os bois (ou os boys) pelos nomes, que o que faz falta é informar a malta.
Um abraço
obrigado amigos.
Um abraço e viva a vida... Simples dos simples.
Bem hajam
Ah! prontos assim a gente percebeu, quisto de descodificar estas coisas leva o seu tempo home. Então cá vai um abraço virtual, acompanhado de uma sumol, que uns deixam de fumar e eu deixê mas foi de beber, o que também faz bêm à xaúde. E pôrra pró ministro e Hip hurra pró Agostinho.
Senhor Agostinho.
como é que o meu amigo foi esquecer a competencia gestora bancaria do sr. vara?
Há coisa fantasticas não há?
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