segunda-feira, 15 de março de 2021

Cabedelo...

Estou a chegar àquela idade em que, à nossa volta se começa a sentir, ainda mais, a pressão para, finalmente, sermos como a esmagodora maioria.

Vendo bem, porém, não me sinto assim tão diferente: tive uma filha;  e uma casa; agora, tenho uma garagem, 3 bicicletas e um carro.

Estou naquela idade de aceitar a finitude com serenidade. Já não tenho idade para pedir muito.
Aliás, a vida para mim nunca foi acumular

Prefiro a solidão e a aceitação fácil. 
Gosto de sentir que não sou vencedor. 
Não vivo - nunca vivi - uma vida «comprada» segundo a opinião que domina a sociedade. 
Nunca o fiz; nunca o farei. Chegou o que me venderam na adolescência.

Se há qualidade que tenho, quiçá em demasia, é a de não me vender. Por nada.

Há apenas meia dúzia de coisas realmente importantes na minha vida. Umas de natureza familiar, que me abstenho de divulgar. Outras, de gosto: os livros, a  musica, a paz e o amor.
 
São-nos concedidas algumas dezenas de anos, que temos que aproveitar: para mim, gosto de apreciar a beleza simples da vida. 

Até Dezembro do ano passado, era  sentar-me na melhor esplanada da Figueira.
Agora, resta-me um bom livro de poemas e a música...
E as caminhadas, como a desta manhã, ao longo do molhe sul.

Gosto de ir ao Cabedelo, mesmo agora revoltado e revolvido pelas obras.
Desapareceu a praceta Mário Silva e aquela que era a melhor esplanada da Figueira e que tinha a mais linda vista sobre o mar. 

Depois disto, não deixará jamais de me espantar a necessidade que os políticos têm de "obrar"...

É salgado, umas vezes, outras amargo, andar por aqui, agora.
Gritar fazia falta, fazia sentido e era importante, mas continuo a preferir outras formas de usar o aparelho fonador.

Por isso, fica o silêncio para poder ouvir o rumorejar das ondas a beijar o molhe.  
Garanto: continua a ser bom...

O Cabedelo, no decorrer desta semana, é o tema proposto pelo jornal Diário as Beiras, aos cronistas residentes.
Como é óbvio, vou estar atento.
Fica a crónica publicada pelo João Vaz, o habitual cronista das segundas-feiras.

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