"Quando apareceram os fumos de corrupção, mesmo dentro dos próprios partidos, pensei: «Devo ficar aqui a lutar contra o meu próprio partido, ou devo desertar da luta?». Ponderei isso, profunda e dolorosamente. Não tenho vocação para lutar contra o meu próprio partido. Gosto de lutar contra os meus adversários, que aliás respeito, gosto desse combate democrático. Mas eu não tinha capacidade de adaptação à intriga e a essas coisas. Um homem, realmente, não pode estar no meio das chamas sem se queimar. As chamas acabam por chamuscá-lo. Então, sacudi o pó dos sapatos e vim-me embora. Mas continuei a desenvolver a minha actividade política do ponto de vista ético e cívico, até criticando o Partido Socialista quando era caso disso."
- António Arnaut, um dos fundadores do Partido Socialista
Desistir nunca levou a nada...
É preciso lutar dia a dia, todos os dias, contra a corrupção, mesmo que ela esteja no Partido Socialista...
A eventual corrupção dentro do PS, é tão nefasta como a eventual corrupção dentro do PSD, do CDS, do PCP, do BE, ou até a eventual corrupção dentro da minha família...
Não há excepção: corrupção é corrupção. Ponto final.
A corrupção não é uma invenção portuguesa, mas a impunidade, quando toca aos "nossos", continua a ser uma coisa muito nossa.
Essa luta, deveria ser um desiderato primordial de todos os portugueses.
Poderia até faltar-nos o ar, mas a maratona é para se chegar ao fim dela...
Ninguém deveria desistir!
Quando andamos por aqui por amor à camisola, o prémio é, simplesmente, o amanhecer de mais um dia.
Para mim, um prémio belíssimo!
Como disse Bertolt Brecht, "há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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