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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Da série, top figueirense (feijoada de búzios e piscinas)... (2)

Dez longos meses

"Um dos sinais do atraso de uma região é a sua incapacidade de definir um desígnio, logo, por extensão, de não conseguir estabelecer uma estratégia, e portanto não fazer a mínima ideia de como gerir os recursos existentes internamente, muito menos de perceber como alocar os disponíveis à sua volta.
Não é preciso grande atenção para perceber que na Figueira dos últimos anos as ideias são apresentadas por impulso - sobretudo de calendário partidário e pessoal (e não obedecendo a uma lógica, muito menos pensando em sustentabilidade) – e têm sempre um travo amargo de cópia provinciana, de deja vu… são uns passadiços e um GeoParque no Cabo Mondego “como os de Arouca/do Paiva”, um Museu do Mar “como o de Ílhavo”, uma piscina de marés “como a de Matosinhos”…
A freguesia de Buarcos e São Julião tem uma piscina coberta? Não, só existe a do Ginásio Club Figueirense, mas enquanto se vão trocando acusações vai valendo umas inaugurações de supermercados. 
A piscina de mar da Figueira, edifício projetado por Isaías Cardoso e inaugurado em 1953, considerado, em 2002, património de interesse público pela sua arquitetura, está abandonado e sem que a Câmara pareça interessar-se em encontrar uma solução? Sim, mas o que é que isso interessa?
Mais uma vez, foi atirada há alguns dias a ideia da construção de uma piscina de marés, sem que se tenha realizado qualquer estudo geológico, de impacto (ambiental, económico, social), ou que alguém tenha apresentado um valor dos recursos exigidos para a concretização do projecto ou sequer da localização exata da construção, a qual teria necessariamente de evidenciar a ação do Homem sobre a natureza sem a ofuscar nem beliscar.
Ora, uma vez que esta construção visaria dotar a Figueira de mais um produto turístico (entendido enquanto resultado dos recursos naturais e culturais e os serviços  disponibilizados num espaço geográfico delimitado) na época “alta”, não seria mais avisado investir em produtos que tragam turistas na época “baixa” (dez longos meses…) e que proporcionem melhores condições de vida a quem cá reside e/ou trabalha todo o ano?"

Via Diário as Beiras

Nota OUTRA MARGEM
"na Figueira dos últimos anos as ideias são apresentadas por impulso - sobretudo de calendário partidário e pessoal (e não obedecendo a uma lógica, muito menos pensando em sustentabilidade) – e têm sempre um travo amargo de cópia provinciana, de deja vu… são uns passadiços e um GeoParque no Cabo Mondego “como os de Arouca/do Paiva”, um Museu do Mar “como o de Ílhavo”, uma piscina de marés “como a de Matosinhos”

FIGUEIRA, CAPITAL DO PLÁGIO? E NINGUÉM INVESTIGA?
As vozes dissonantes e desalinhadas, portanto, incómodas, são cada vez mais tidas em conta. 
Daí, o exercício da Cidadania preocupar tanto poderes que utilizam sistemas de governar falidos.
Na Figueira é sempre carnaval. Até no passado sábado e domingo...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Complexo Piscina Mar: o que vale é que não faltam investidores interessados!..

Será desta que o complexo da piscina-mar da Figueira da Foz vai ser remodelado e concessionado? - pergunta o jornalista.
João Ataíde, presidente da câmara, e a “sua” vereadora Ana Carvalho afiançaram, na última reunião de câmara, que não faltam investidores interessados.

Recuemos ano e meio e recordemos o que escreveu Rui Curado da Silva, na sua crónica de 25 de junho de 2015, no jornal AS BEIRAS.
"Desde 2010, a piscina deu cerca de 130 mil euros de prejuízo à câmara. Tal como outras instituições figueirenses, a piscina mar abandonou a filosofia para a qual foi pensada e projectada pelo seu arquitecto e foi lançada à voracidade de investimentos efémeros que assombraram a Figueira nos anos 90, com gestões erráticas, irresponsáveis e duvidosas. Dá a sensação que algumas das gestões destes espaços até se esforçaram para os levar à falência. É o capitalismo dos tempos modernos, que continua bem presente na Figueira.” 

Por essa altura, a Câmara Municipal da Figueira da Foz, tinha em mãos, um autêntico imbróglio para resolver.
A história, resumidamente, conta-se assim. A documentação pode ser consultada no seguinte link https://www.docdroid.net/npczeBX/ponto-2144-resoluo-contrato-piscina-mar.pdf.html
Uma empresa do Arq. Figueiredo foi a penúltima concessionária da piscina. Quando entregou as chaves da piscina, ao fim de mais de um ano, tinha quase todas as rendas por pagar. Mais: não só não pagou as rendas, como exigiu da Câmara Municipal uma indemnização pelos investimentos ali realizados, alegando a realização de benfeitorias e colocação de equipamento.
Face a isto, a Câmara Municipal procedeu a uma avaliação desse alegado investimento e quantificou-o num montante que o arquitecto não concordou. Veio ele próprio, depois,  dizer à Câmara Municipal quanto é que era o valor: cerca de 200/300 mil euros, determinados por mote próprio.
Como forma de se ver indemnizado, foi o próprio Arquitecto,  que através da troca dos e-maisl (que constam do processo da piscina) que indicou como deveria ser indemnizado: através dum contrato de ajuste directo para elaboração do projecto de remodelação da piscina, já que, segundo ele, só ele, é que estava em condições de o fazer por possuir os projectos originais do Arquitecto Isaías Cardoso!..
O certo é que o ajuste directo foi negociado, como forma de compensar o arquitecto.
De registar, para quem consultar a documentação, fica a ligeireza com que foi efectuada a troca de e-mails e a forma como tudo foi concluído, ao sabor e de acordo com a vontade do Arquitecto. 
Vendo as coisas pelo prisma do Arquitecto, é fácil perceber que tentou defender o melhor possível os seus interesses. 
O que é de estranhar, foi a  condescendência da Câmara Municipal e do seu presidente.
Por saber, fica  em que ponto se encontra o projecto de remodelação e se o arquitecto já foi pago. Mas, a troca daqueles e-mails, onde se nota a imposição da vontade dum particular sobre a Câmara Municipal, dá que pensar...

Mas, não pensem muito. Não há mais problemas.
Não faltam investidores interessados, afiançou o presidente Ataíde. 
Como dá para ver, o problema não é que existam problemas.
O problema é esperar outras coisas e pensar que ter problemas é um problema.
E, já agora, a Piscina Mar, se não servir para mais nada, sempre há-de servir para "gratificar os trabalhadores camarários"...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Resolução do contrato de concessão da obra pública de reabilitação, reconversão e exploração do complexo Piscina de Mar foi aprovada por maioria

Via Diário as Beiras

«A Câmara da Figueira da Foz aprovou hoje, por maioria, a resolução do contrato de concessão da obra pública de reabilitação, reconversão e exploração do complexo Piscina de Mar, que contemplava um hotel e um novo edifício.

Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara, Pedro Santana Lopes, disse que, dentro de um mês, deverá ter uma proposta para aquele espaço, depois de, em junho de 2022, ter assumido um corte com o projeto que estava aprovado pelo anterior executivo.

Na altura, o autarca justificou a decisão com o facto de o promotor não ter levantado alvará de construção dentro dos 90 dias legalmente previstos, após a assinatura do contrato.

Na reunião de hoje, a resolução do contrato foi votada com cinco votos a favor dos eleitos do movimento Figueira a Primeira (quatro) e do PSD (um) e contra dos vereadores do PS (quatro).

Entre as várias hipóteses em cima da mesa, Santana Lopes admite que a piscina possa voltar à dimensão original e também a venda de todo o espaço, embora com a condicionante de que a piscina será sempre de acesso público.

O autarca também não coloca fora de hipótese o município transformar a parte envolvente à piscina em apartamentos para vender, porque se “fazemos concessão a privados vêm sempre com a conversa da rentabilidade da exploração”.

“Acho que [a venda] é um bom caminho porque a Câmara ainda vai buscar alguma receita, que precisa, e acabam as polémicas, porque com todos os privados que lá estiveram aquilo não correu bem”, sublinhou.

O Complexo Piscina de Mar, situado na marginal fronteira à praia, é um dos conjuntos arquitetónicos emblemáticos da Figueira da Foz, classificado como Imóvel de Interesse Público, estando fechado há vários anos.

O projeto de requalificação aprovado pelo anterior executivo municipal previa um hotel de 49 quartos e um novo edifício.»

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O ajuste directo...

No decorrer da reunião de ontem, que segui via internet - um luxo a que só tenho direito uma vez por mês - tive oportunidade de ver Ana Catarina Oliveira, vereadora Somos Figueira, na oposição, interrogar o executivo acerca do concurso para concessão da exploração do Complexo Piscina Mar. 
Em resposta, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, declarou que “é altura de começar a pensar”
Miguel Almeida, também vereador Somos Figueira, na oposição, veio a terreiro para "reclamar uma resposta concreta."  
João Ataíde ripostou: “Vamos abrir e enviar o convite aos vários interessados para se apresentar, com tempo, uma solução”
A reunião camarária, estava no chamado período antes do período da ordem do dia. 
No entanto, a questão levantada por Ana Catarina Oliveira, a proposta de contratação de serviços de consultadoria, no âmbito do processo de reabilitação e exploração do complexo Piscina de Mar, fazia parte da agenda de trabalhos.
Na oportunidade, a vereadora da oposição solicitou mais esclarecimentos sobre o referido ponto e lembrou que, no passado mês de novembro, foi à reunião de câmara um ponto em tudo semelhante, onde o valor era de 15 mil euros. 
As explicações foram dadas pela vereadora Ana Carvalho.
Afirmou que a consultadoria estará a cargo de Carlos Figueiredo (foi o penúltimo dos concessionários do Complexo Piscina Mar). “O acordo foi definido por ajuste directo ao arquitecto Carlos Figueiredo, no valor próximo de 18 mil euros”, disse a vereadora Ana Carvalho
"Só o arquitecto Figueiredo reúne as condições? E com que base chegaram ao valor 18 mil euros?” foram algumas das questões levantadas a seguir pela vereadora da oposição Somos Figueira, Ana Catarina Oliveira
A vereadora socialista Ana Carvalho, em resposta, argumentou que o arquitecto já havia feito o levantamento exaustivo no complexo, trabalho que iria demorar muito tempo se fosse outra pessoa. Isto porque, alegou que o arquitecto “reúne todas as condições”
“Vai fazer o caderno de encargos, acompanhará as propostas, analisa e conduzirá a obra”, disse Ana Carvalho
Miguel Almeida veio novamente à discussão deste ponto.
Admitindo desconhecer que os serviços tinham sido adjudicados ao arquitecto Carlos Figueiredo, o vereador Miguel Almeida fez alusão ao facto de que “em 1998, a câmara lançou um concurso para as obras do concelho, pelo que já existia um levamento total do edifício”. 
“É preciso perceber o que aconteceu a isso”, sublinhou Miguel Almeida, que disse ainda: “Não deixa de ser extraordinário que o arquitecto tenha feito o ajuste directo”. 
“Afinal tem os 32,5 mil euros que ele tinha pedido (com base na resolução do contrato de concessão da exploração, aprovado com os votos contra da Somos Figueira, em junho)”.
Ao que Ana Carvalho argumentou:  “Desconheço que haja esse levantamento rigoroso. A autarquia vai pagar ao arquitecto que melhor conhece o edifício"
Já para o presidente Ataíde, esta é a “melhor forma de resolver o assunto”. 
“Ficamos, neste contexto, com os trabalhos por ele desenvolvidos. É a pessoa mais avalizada para levar isto com serenidade e de acordo com os direitos de autor”, justificou o presidente, fazendo referência à relação de proximidade que Carlos Figueiredo tem com o arquitecto Isaías Cardoso. 
Ao que Miguel Almeida respondeu: “A mim não me custa aceitar que Carlos Figueiredo reúna as condições. O que custa é a forma como o processo foi conduzido. E não foi bem conduzido, constitui uma ilegalidade”.
Resposta de João Ataíde: "Foi o possível em função das circunstâncias. Reconheço que é a solução possível no contexto que foi criado. Achamos que estamos a fazer isto nos termos correctos de boa gestão dos dinheiros públicos”.
E pronto.
A proposta de contratação de serviços de consultadoria, no âmbito do processo de reabilitação e exploração do Complexo Piscina Mar, foi aprovada com três votos contra da Somos Figueira. |
As maiorias absolutas têm uma função bem definida desde que Deus as inventou: servem para isto... 

quarta-feira, 22 de junho de 2016

"Gratificar os trabalhadores camarários", disse Ataíde. Ora, aí está um bom exemplo de coerência que define um político...

Segundo a Figueira TV"os vereadores da oposição estão contra descontos em piscina para funcionários camarários".
De acordo com uma proposta  aprovada com os votos contra da oposição, os trabalhadores camarários da Figueira da Foz e seus familiares directos vão ter desconto nos bilhetes de acesso à Piscina Mar, propriedade municipal.
Intervindo aquando da votação da proposta, o presidente da autarquia, João Ataíde (PS), disse que esta pretende “gratificar e dar oportunidade aos trabalhadores de beneficiar de 50 por cento de desconto” nas entradas daquela infraestrutura de lazer, cuja gestão passou, este verão, a ser assumida pela autarquia.
Já Miguel Almeida, do movimento Somos Figueira [PSD/CDS-PP/MPT/PPM), oposição no executivo, questionou a justificação do Presidente da Câmara, contrapondo que “nos tempos que correm, não faz sentido” que os trabalhadores camarários tenham descontos que os munícipes não têm.
“Qual é a explicação? Porque é que o senhor do supermercado ao lado da piscina paga por inteiro e o funcionário da Câmara paga metade? Faz algum sentido”, inquiriu Miguel Almeida, apelidando a proposta camarária de “política para dar ‘likes’ [gostos]”.

Nota de rodapé.
Distribuir, a pouco mais de um ano das eleições legislativas, o "kit económico de frequentador da piscina do mar", é mais um exemplo de uma campanha que é o culminar de quatro anos de propaganda que passa despercebida na comunicação social local, sempre atenta a outros pormenores e festas patrocinadas e pagas pelos impostos dos figueirenses.
“As pessoas só não se queixam, porque não sabem que é assim”, disse Miguel Almeida na reunião camarária onde foi aprovada a proposta de fixação de “preços a aplicar na piscina mar aos trabalhadores do município da Figueira da Foz e familiares”, com cinco votos a favor, do PS, e quatro contra, do movimento Somos Figueira..
O desconto de 50 por cento nos bilhetes da Piscina-Mar (equipamento com uma lotação de 300 lugares, que reabriu ao público a 10 de junho, sob gestão municipal e deverá funcionar até 15 de setembro) irá abranger cerca de 480 funcionários camarários, respectivos cônjuges e filhos...
Aprendam - é assim que se garantem muitos votos no momento próprio... 
O presidente João Ataíde lembrou que os funcionários também têm desconto na piscina do Parque de Campismo, onde pagam metade (2 euros) da entrada normal diária e sustentou que as piscinas “são exploradas directamente pela câmara”.
Tudo com o dinheiro dos contribuintes figueirenses, que não consta que "nadem em dinheiro".

domingo, 3 de fevereiro de 2019

A concessão é isenta de renda e tem um prazo de 50 anos

"A autarquia vai concessionar o complexo da piscina-mar a uma empresa hoteleira com forte implantação no Algarve e vocacionada para estágios desportivos.
Foram duas as propostas apresentadas no concurso público lançado em 2018 pela autarquia, tendo vencido aquela que mais garantias oferece para a reabilitação e exploração daquele imóvel municipal classificado. De acordo com a proposta do vencedor, o projecto original do arquitecto figueirense modernista Isaías Cardoso será reforçado, ao demolir os acrescentos e recuperar tectos originais. A empresa propõe ainda transformar a antiga estalagem numa unidade hoteleira de quatro estrelas, com cerca de 30 quartos, aproveitando os balneários exteriores, junto à piscina, para alojamento. O restaurante, com vistas para o mar, vai manter-se, assim como a piscina de água salgada. Pode parecer um pormenor, mas é um símbolo para os figueirenses mais velhos: vai ser instalada uma peça escultórica para fazer lembrar a antiga prancha da piscina. Para o rés-do-chão, a proposta vencedora prevê um centro de talassoterapia, com piscina interior, e quatro lojas comerciais com esplanada e entrada pela avenida oceânica.
As obras, que deverão arrancar este ano, têm um caderno de encargos que implica um investimento de 3,6 milhões de euros. A concessão, por seu lado, é isenta de renda e tem um prazo de 50 anos. O vencedor do concurso está obrigado a apresentar uma caução de 100 mil euros na autarquia. Caso os prazos e o contrato não sejam cumpridos, ficará sem aquele montante e sem a concessão.
“Finalmente, estamos a ver a luz ao fundo do túnel e estamos com muita expectativa em relação a este projecto. Há quase 20 anos que a câmara tem tentado, sem sucesso, encontrar uma solução para o edifício”, declarou a vereadora Ana Carvalho.
 “Esta proposta é muito favorável para município”, concluiu a autarca.
Via DIÁRIO AS BEIRA

Nota de rodapé.
1. Será que vai continuar a servir para "gratificar os trabalhadores camarários"?
2. Novo-riquismo é uma ideologia que existe.
No tempo que passa está pujante na Figueira.
Caracteriza-se pelo ódio a tudo quanto seja antigo.
Resolvido, ao que parece por 50 anos o problema desta piscina-mar, pode ser que o sonho do presidente José Esteves da construção de uma outra piscina mar em Buarcos esteja mais próximo...

 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Piscina-mar: será desta?

Segundo o Dário as Beiras, edição de hoje, "o concessionário da piscina-mar obteve a aprovação, pela Direção Regional de Cultura e pelo júri, da alteração ao projeto de remodelação do complexo turístico, depois de uma primeira tentativa frustrada. Entretanto, a proposta foi reformulada, acabando por ser viabilizada, o que permite aumentar a capacidade hoteleira, de 37 para 50 quartos. As obras deverão começar nos próximos meses. 
Além da unidade hoteleira, o complexo inclui um bar, um restaurante, a piscina de água salgada e um centro de talassoterapia. Os dois últimos equipamentos terão entradas independentes e abertas ao público."
Perante esta novidade, a vice-presidente da Câmara da Figueira da Foz, Ana Carvalho, disse ao mesmo jornal: “estamos contentes por este concessionário não desistir do projeto, numa fase de incertezas para o turismo, e de estar tão empenhado em investir na Figueira da Foz. Acreditamos que, pelo que aparenta, o projeto será uma mais-valia para a cidade”.
Recorde-se que a autarquia concessionou o complexo da piscina-mar à Prime VIII, do Grupo Prime, no âmbito de um concurso público internacional. A concessão tem um prazo de 50 anos, longevidade que tem em conta o avultado investimento que o privado terá de fazer, de vários milhões de euros. 
O que se deseja, pois já não é sem tempo, é «que haja uma solução para o complexo piscina mar».
Mas, dado o historial deste assunto, será esta solução «suficientemente sólida»?
Como S. Tomé: só vendo...
2021 é ano de eleições autárquicas...

sábado, 12 de agosto de 2023

Complexo Piscina Mar: "antes da alienação, a autarquia reabilitará a estalagem, onde construirá mais um piso. A piscina será explorada pela câmara"

Originalmente denominada de Piscina-Praia, esta emblemática edificação, foi inaugurada a 05 de agosto de 1953.
Foi uma das marcas do desenvolvimento turístico figueirense da década de 50, do século passado. Ainda hoje é um dos ex-libris da cidade.
Durante os chamados anos “dourados”, muitos foram os acontecimentos sociais e manifestações desportivas de relevo que tiveram lugar na Piscina-Praia.
Ali se disputaram, durante vários anos, os campeonatos de Portugal de natação. Também ali decorreu um acontecimento de nível internacional: duas jornadas dos Jogos Luso-Brasileiros, incluindo competições de pólo aquático.
O edifício foi considerado, em 2002, pelo seu interesse arquitectónico, património de interesse público.
Desde que o equipamento passou da Sociedade Figueira Praia para o Município da Figueira da Foz, cumpria Santana Lopes o primeiro mandato na presidência da câmara (1997 - 2001), o complexo turístico foi concessionado em duas ocasiões. No entanto, os projetos de reabilitação não foram concretizados.
Na primeira vez que o complexo foi concessionado, presidia à autarquia Duarte Silva (2001- 2009). 
Foram realizadas obras, incluindo o início de um centro de talassoterapia, mas o contrato acabaria por ser rescindido pelo município. 
A segunda vez atravessou os mandatos de João Ataíde (2009 - 2019) e Carlos Monteiro (2019 - 2021).
Na sessão da Assembleia Municipal realizada em Fevereiro de 2017, foi discutida e votada a concessão do concurso público para a reconversão e exploração da piscina-mar.
A proposta passou, com os votos contra da deputada municipal, PSD Ana Oliveira e da CDU. Absteve-se a maioria da bancada Somos Figueira. Votaram a favor a bancada do PS, e duas deputadas Somos Figueira Vânia Baptista e Carla Eduarda.
A deputada municipal Ana Oliveira fez uma declaração de voto que, na altura, "mexeu" com o presidente Ataíde.
"O meu voto é contra, pois todos os que estamos a votar aqui hoje, teremos que esperar 50 anos para verificarmos se a proposta hoje apresentada da exploração da piscina-mar é válida ou não. Tenho muitas dúvidas dos critérios seguidos desde a última concessão , desta nova concessão - precisamos de esclarecimentos, precisamos de transparência neste processo".
Em Janeiro de 2017João Ataíde, presidente da câmara, e a “sua” vereadora Ana Carvalho afiançavam que não faltavam investidores interessados...

Entretanto, Santana Lopes denunciou o contrato de concessão, por não concordar com o projeto do privado, que havia sido aprovado pelo executivo camarário anterior. Previa a requalificação, um hotel de 49 quartos e um novo edifício.
E, assim, de episódio em episódio (há muitos mais), chegámos ao episódio de hoje publicado pelo Diário as Beiras.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Da série, top figueirense (feijoada de búzios e piscinas)... (4)


Piscina vs. costa

"Só concordarei com uma piscina de marés que não crie mais uma descontinuidade na linha costeira do concelho. Já há descontinuidades a mais, molhes a mais, e os problemas que criam a jusante nem sempre compensam os problemas que resolveram aquando da sua construção. Já referi aqui o excelente trabalho do Grupo de Trabalho do Litoral, liderado pelo Prof. Filipe Duarte Santos. É o trabalho mais atual e mais completo sobre a costa portuguesa. É um estudo muito crítico à proliferação de molhes na costa portuguesa. Uma piscina de marés destacada da costa vai funcionar como um novo molhe, com consequências que não são propiamente desejáveis, nem são totalmente previsíveis.
Uma piscina de marés como a de Matosinhos, da autoria de Siza Vieira, bem integradas na massa rochosa costeira não criam perturbações ao transporte de areias ao longo da costa e interferem muito pouco com a função de dissipação da energia das ondas ao embater com as rochas. Não me parece fácil e evidente realizar uma piscina similar no concelho da Figueira num local atrativo e acessível, mas esse seria um problema a resolver por engenheiros e arquitetos.
Na costa recortada da Dalmácia, na Croácia, foi a região onde vi mais piscinas de mar, bem integradas nas reentrâncias da costa banhada pelo Mar Adriático, bem mais calmo e bem mais quente que o Oceano Atlântico. Não é por acaso que a Croácia tem das melhores seleções do mundo de polo-aquático.
Havia piscinas de polo por todo o lado. A minha reação ao aproximar-me daquelas piscinas era a de saltar imediatamente de cabeça, são locais fantásticos para mergulhar e nadar. Mas, dificilmente imagino aquela realidade na Figueira da Foz. Conheço bem as críticas dos estrangeiros à temperatura do nosso oceano (que para mim é ótima) e não me parece nada evidente uma grande adesão a piscinas de marés na nossa costa."

Via Diário as Beiras

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Da série, top figueirense (feijoada de búzios e piscinas)... (5)

Mar de calmaria

"Respondendo diretamente à pergunta se concordo com a construção de uma piscina de marés, sim, concordo. Tenho esta opinião desde o momento em que esta proposta surgiu no programa eleitoral do PS à Junta de Freguesia de Buarcos e São Julião. A Piscina de Mar é, sem dúvida, uma ideia mobilizadora que gera um consenso alargado nas populações do concelho, uma obra que certamente iria diferenciar a nossa praia e aumentar a oferta que podemos dar a quem nos visita. A proposta do presidente da Junta de Buarcos e São Julião é arrojada. Pressupõe criar uma zona protegida da ondulação, com acessos fáceis e que não choque com a natureza envolvente, ou seja, pretende aproveitar as condições naturais para criar uma infraestrutura singular que não afete, assim, a biodiversidade existente. Por conseguinte, a proposta tem como base uma convivência saudável entre o homem e a natureza. Contudo, para que este projeto se concretize, é necessário a aprovação das entidades reguladoras (Direção Geral dos Recursos Marítimos e Associação Portuguesa do Ambiente) da faixa costeira. Porém, importa salvaguardar que a piscina deve ser um acrescento à nossa costa e não um atentado ambiental. Aliás, por conhecer as intenções do “proponente” do projeto sei que teríamos a garantia de que o espaço envolvente seria sempre respeitado e cuidado. Se este é um investimento prioritário, eu considero que sim. Em primeiro lugar, tem um caráter inclusivo, ao servir aqueles que já não têm mobilidade para se aventurarem nas ondas do mar. Em segundo lugar, numa altura em que muito se reflete sobre novas atrações e meios para potenciar a atividade turística, importa lembrar que a piscina seria a única infraestrutura do género a Sul do Douro, o que traria à Figueira mais uns milhares de turistas. A construção desta piscina não impede que também se invista numa piscina coberta pública. Apesar de serem duas piscinas, as características das mesmas complementam-se, num concelho que quer servir populações residentes e não residentes."

Via Diário as Beiras

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Primeira piscina de água salgada abre hoje ao público

A piscina de verão de Buarcos, com água salgada aquecida, abre hoje, pelas 10H00.
Foto José Antóio Silva Teixeira

Segundo se pode ler na edição de hoje do jornal Diário as Beiras, "ao final da tarde de ontem, a Câmara da Figueira da Foz estava a ultimar os trabalhos para poder abrir esta manhã o equipamento municipal ao público. 
O acesso à piscina sazonal é gratuito, mas com limite de banhistas em simultâneo. O tanque tem 28 metros de comprimento, 20 de largura e uma profundidade máxima de um metro. A água do mar é aquecida através de um sistema de aquecimento ligado à rede elétrica. Enquanto se mergulha na piscina de água salgada aquecida na Praia de Buarcos, progridem as obras da instalação de uma infraestrutura semelhante na Praia do Relógio. 
Depois de Vila Nova de Gaia, a Figueira da Foz é a segunda zona balnear do país com esta oferta turística."

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Top figueirense: feijoada de búzios e piscinas...

"O presidente da Junta de Buarcos e São Julião, José Esteves, exortou ontem o presidente da câmara, Carlos Monteiro, a avançar com a piscina de marés, projecto que o autarca buarcosense persegue há vários anos e que quer que seja concretizado em Buarcos. A resposta chegou em registo humorístico. “A piscina de marés já está mais perto do que esteva”, porque, continuou, ocupava o terceiro lugar na lista de prioridades da autarquia e, agora, já só há um projecto à frente.
Mudando de registo, Carlos Monteiro esclareceu que a primeira prioridade era a recuperação da piscina-mar, desiderato que está a ser atingido através da concessão a um privado. A boa-nova é que a tutela da cultura acaba de aprovar o projecto e a obra pode, enfim, avançar. 
A segunda prioridade é a piscina coberta, cujo projecto deverá ser elaborado até ao final do mandato, mas trata-se de uma obra a realizar no médio prazo.
Por último, a piscina de marés. Acerca deste projecto, Carlos Monteiro adiantou ao DIÁRIO AS BEIRAS que “há um conjunto de operadores [turísticos] que anseiam por uma piscina numa zona de praia”
E defendeu: “Temos de encontrar um sítio que não interfira com o ambiente”. A concretizar-se, ressalvou, será construída “onde houver espaço”, reiterando que a prioridade são as outras duas piscinas. 
Os autarcas falavam na apresentação de um evento gastronómico - ver texto
acima."
Via Diário as Beiras

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Uma entrevista para memória futura: em termos tácticos, Santana não pára de surpreender...

Passaram nove meses que Santana Lopes iniciou esta segunda passagem pela câmara Municipal da Figueira da Foz como Presidente. Nesta entrevista, manteve as promessas eleitorais e avançou com novos projectos.
Na parte política, que não é abordada neste trabalho jornalístico do Diário as Beiras, a leitura foi clara: agradou a todos - disse aquilo que a FAP gostava de ouvir e deixou a porta aberta ao apoio do PSD Figueira a um independente nas autárquicas de 2025, naturalmente mediante um acordo pré-eleitoral.
Resultado: a previsão de maioria absoluta garantida, se tudo decorrer com normalidade, é óbvia.
Como escrevi na edição de Novembro de 2021 na Revista Óbvia, que continua a ser, obviamente, apenas uma opinião. 
"Na Figueira, em 2021 e anos seguintes, concorde-se ou não, a vida política vai passar por políticos como Santana Lopes - aqueles que sabem aproveitar as oportunidades pessoais. Santana sempre foi mestre a aproveitar as falhas dos chamados "notáveis", que desprezam num partido enraizado no povo, os militantes. Os "baronetes" das concelhias e das distritais, têm de si próprios e da sua importância uma ideia desproporcionada do peso real que lhes é dado pela máquina partidária dum partido com Povo, como é o PSD. Sem esquecer que na "elite" local há quem se oponha, não me admirará que o verdadeiro "proprietário" do PSD Figueira, nos próximos tempos, venha a ser, não alguém que defenda a aproximação a Santana, mas, ainda que por interposta pessoa, o próprio Santana Lopes. E Santana Lopes, se assim o quiser, nem vai precisar de tornar a ser militante do PSD... 
Acham estranho? Lembram-se o que aconteceu ao PS depois de 2009? O PS Figueira passou a partido municipalista liderado por João Ataíde, que nunca foi militante socialista. 
Ventos e marés podem contrariar-se, mas há muito pouco a fazer contra acontecimentos como o que aconteceu ao PSD Figueira nas autárquicas 2021. 
Em 2021, que saída tem um PSD Figueira confrontado com uma escolha entre a morte por asfixia ou por estrangulamento? Resta Santana Lopes, um político que, como ficou provado na anterior passagem pela Figueira, continua em campanha eleitoral, mesmo depois de ter ganho as eleições?"

Vamos, pois, via Diário as Beiras, à entrevista dada por Santana Lopes ao Dez&10 na passada quarta-feira.
«O presidente da Câmara da Figueira da Foz encerrou a quinta temporada do talk-show Dez&10. 
Na entrevista, no dia em que o protocolo a assinar entre o município e a Universidade de Coimbra (UC) foi aprovado por unanimidade e a estrada do Cabo Mondego abriu ao trânsito, o autarca levou ao programa as duas mãos cheias de projetos para o desenvolvimento do concelho. 
Contudo, a materialização de projetos implica investimentos. No caso daqueles que Santana Lopes anunciou, serão, decerto, verbas muito avultadas. No entanto, o autarca figueirense garantiu que, “neste mandato, não haverá dívida que não seja absolutamente unânime”
Por outro lado, afiançou ainda, o município recorrerá a fundos europeus para as obras e medidas anunciadas. Questionado sobre o balanço de nove meses de mandato, Santana Lopes mencionou diversos projetos que tem entre mãos, materiais e imateriais. E destacou: “Mesmo que não tivesse vindo fazer mais nada neste mandato, se só fizesse isto que aconteceu hoje [quarta-feira, referindo-se à aprovação do histórico protocolo com a UC], eu já me sentiria contente. Tenho muito mais para fazer, mas já me sentiria contente”

Universidade de Coimbra no Cabo Mondego 

Os imóveis e os terrenos adjacentes da antiga fábrica de cal do Cabo Mondego estão a ser avaliados pela câmara municipal, tendo em vista a sua aquisição para a instalação da UC, cuja atividade, na Figueira da Foz, arrancará na Quinta das Olaias. “Se correrem bem as negociações que estão em curso, a aquisição é uma hipótese. Pelo menos, para uma parte das instalações da UC”, avançou o presidente da câmara. 
A zona do antigo terminal rodoviário deverá também ser transformada em instalações da UC e em residências para estudantes e outros serviços de apoio aos universitários. Santana Lopes apontou que o objetivo principal para este manado “é trabalhar para a Figueira atingir outro patamar de desenvolvimento”. Isto, acrescentou: “Para as pessoas poderem viver cá e serem melhor remuneradas, para a economia crescer, apostarmos na inovação e na investigação”
O autarca apelou a uma ideia coletiva. “Gostava muito que todos nós assumíssemos, interiorizássemos isto: o grande objetivo, o grande lema, a grande estrada de trabalho é a inovação e a investigação em várias áreas de atividade. A Figueira, para dar o salto para este patamar de desenvolvimento, tem de se destacar a aí”, advogou. 

Nova entrada da cidade e rua da República 

Requalificar a entrada principal da cidade, pelo lado da estação de comboios, é uma antiga ambição de Santana Lopes. Neste seu segundo mandato, afirmou no Dez&10, é mesmo para fazer. 
Para o efeito, vai lançar “um grande concurso de ideias”, com a colaboração da Ordem dos Arquitetos. “Achamos que a cidade pode ser muito mais bonita do que é”. “Vamos fazer uma intervenção, desde a rotunda [de acesso à A14], abrangendo o futuro parque urbano, até à zona da estação. Pode passar por uma solução viária que esconda mais a zona da rua de Coimbra e dos armazéns que ali estão, que ficam ainda mais autónomos para funcionarem comercialmente”, adiantou. 
Ao abrigo desta intervenção, será ainda requalificada a rua da República. Santana Lopes pretende replicar, nesta artéria da Baixa da cidade, uma solução idêntica à Galleria Vittorio Emanuele II, em Milão, Itália. Ou seja, com cobertura transparente, a fim de criar algo semelhante a um centro comercial de rua. 

Desta vez, é “mesmo” para levantar voo 

A construção de um aeródromo municipal é um projeto que Santana Lopes recupera do seu primeiro mandato (1997 - 2001), previsto para a área que entretanto está a ser utilizada para a expansão da Zona Industrial. 
Desta vez, porém, será construído no futuro parque empresarial do Pincho. 
“Mas vai ser mesmo para avançar”, garantiu. A pista terá cerca de 800 metros e “um pequeno hangar”
“Estou a trabalhar para fazer o aeródromo, que está desenhado, outra vez a meu pedido, pelos serviços da câmara”, adiantou. O investimento, cujo montante não revelou, “não é muito significativo e faz um “upgrade” [melhoria] do concelho”, defendeu. 

Campo de golfe regressa à agenda 

Um outro projeto que Santana Lopes pretendeu materializar no primeiro mandato foi um campo de golfe, de 18 buracos, na Lagoa da Vela. Mas deparou com a oposição do então ministro do Ambiente, José Sócrates, que acabou por inviabilizar o investimento privado. 
Desta vez, no entanto, anunciou o presidente da câmara, o equipamento será projetado para uma outra zona do concelho, que não revelou, e terá 24 buracos. O autarca frisou que, no Centro Litoral, não há campos de golfe, equipamentos desportivos que, afirmou, são “uma razão de atratividade [turística] imensa”

Novidades na piscina-mar 

Santana Lopes, desde o início do atual mandato autárquico, deixou bem claro que não gostava do projeto de reabilitação do complexo municipal da piscina-mar. Por sua vez, o seu antecessor Carlos Monteiro, atual vereador e líder do PS local, principal partido da oposição, garantiu-lhe que não se oporá à decisão que o sucessor vier a tomar, incluindo a denúncia do contrato de concessão, por 50 anos, concretizada pelos socialistas. 
O que estava em causa era a construção de uma nova ala, para aumentar a capacidade hoteleira, que reduziria a piscina descoberta. Perante a oposição manifestada por Santana Lopes, o concessionário aceitou desistir da concessão. “O que posso garantir é que não vai ser a câmara a fazer a obra”, afiançou Santana Lopes. “A ver se conseguimos um acordo com o concessionário”, disse ainda. 
Face a este desenvolvimento, vender o imóvel ou voltar a concessioná-lo a privados, eis a questão. “Não excluo nenhuma das hipóteses”, admitiu. Entretanto, o complexo turístico continuará fechado e a autarquia prepara-se para construir uma piscina natural no areal urbano. 

Paço de Maiorca também é para avançar 

Santana Lopes tem uma solução idêntica à da piscina-mar para o Paço de Maiorca, ou seja, concessionar ou vender a privados os dois imóveis municipais e classificados. 
A parceria público-privada, criada por Duarte Silva (PSD) e desfeita por João Ataíde (PS) - ambos já falecidos - , resultou numa fatura de cerca de seis milhões de euros para o município e as obras de adaptação para uma unidade hoteleira não foram concluídas. A solução poderá passar por concessionar o imóvel, por 50 anos, a um fundo de investimento, que o recupere e explore uma atividade económica. “Essa é a mais provável”, avançou Santana Lopes. A outra hipótese é coloca-lo no mercado e ser vendido. “Não sei se vale a pena fazer novamente esse esforço [de investimento pela autarquia]. Mais vale concentramo-nos noutro objetivo”, defendeu. 
“Não excluo a hipótese da alienação”, acrescentou. 
O paço está fechado há vários anos e em avançado estado de degradação.»

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Reunião de Câmara de ontem foi complicada...

 Via Diário as Beiras


"O presidente da Câmara da Figueira da Foz afirmou, ontem, na reunião e aos jornalistas, que não viabilizará o projeto da piscina-mar, que prevê a construção de uma nova ala, para aumentar a área de alojamento no imóvel classificado, e a redução da piscina. O autarca adiantou ainda que o concessionário deixou caducar o prazo para levantar o alvará de construção, o que pode abrir as portas da resolução unilateral, pelo município, do contrato de concessão. “Aquele projeto não vai para a frente. Não tem pés nem cabeça”, afirmou Santana Lopes. Por outro lado, admitiu que também não simpatiza com a concessão, “por causa da experiência havida”
A piscina-mar foi objeto de discussão, quando Santana Lopes acusou o seu antecessor Carlos Monteiro (atual vereador do PS) de ocultar um desconto de 75 por cento nas taxas municipais sobre as obras da piscina-mar. Isto porque, recentemente, o socialista opôs-se à redução de taxas para o loteamento do Grupo Visabeira nas Abadias, onde pretende construir um hotel e uma estrutura residencial para idosos. O autarca socialista argumentou que a proposta relativa à piscina- -mar está explicitamente contemplada no regulamento municipal, ao contrário da do Grupo Visabeira. E solicitou que ambos os processos sejam analisados na próxima reunião de câmara."

sábado, 29 de dezembro de 2018

A vida é isto: um show de humor... (II) (Recordação de algumas anedotas políticas vividas na Figueira...)

Um dos factos que anima o meu dia a dia, é a ingenuidade dessa mole imensa de gentios, como eu, chamada povo figueirense.
No "nosso" julgamento, todos os executivos são maus e expectamos
esperançados, tal como acontece com os anos, que o próximo seja melhor.
Nunca é!..
Mas a ilusão, estupidamente persiste, concedendo hipótese ao actual jogo da perfídia, da adulação e do engano, que se joga permanentemente nos bastidores da baixa política figueirense.
Os desejos, em política, como aliás em tudo,  são horizontes de definição estranha. Tão estranha, que cada um tem os seus desejos.
Com 2018 praticamente a acabar, como não há nada como a boa disposição para ajudar a acabar um ano e a começar outro, decidi, a título absolutamente excepcional,  contar anedotas neste espaço. 

Servi-me do jornal DIÁRIO AS BEIRAS, do sítio da CÂMARA MUNICIPAL DA FIGUEIRA DA FOZ e, claro da Bíblia da política figueirense nos últimos 13 anos - OUTRA MARGEM

1. "A autarquia vendeu em hasta pública, na quinta-feira, um terreno na Várzea de Tavarede por 459 mil euros, mais nove mil euros do que a base de licitação, ao único concorrente. O lote, situado junto ao Pingo Doce, deverá ser utilizado por um posto de abastecimento de combustíveis."

2.   "O concelho da Figueira da Foz está a «crescer a um ritmo mais acelerado do que a média registada pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM-RC)», segundo nota de imprensa enviada pelo gabinete da presidência da câmara. Aquela fonte frisa que o crescimento comprova a «eficácia de uma estratégia de promoção turística que assenta na valorização da qualidade de vida local e na aposta numa oferta cultural, desportiva e de entretenimento diversificada e programada ao longo de todo o ano».

3.  "As alterações climáticas são um dos principais desafios que o município da Figueira da Foz terá de enfrentar durante o século XXI, nomeadamente por causa do aumento da temperatura média, a precipitação excessiva em períodos curtos e a subida do nível médio do mar. No processo de adaptação a estas alterações destaca-se a importância do envolvimento e participação do município, juntas de freguesia, comunidade e instituições locais para minimizar os efeitos que as alterações climáticas terão na vida de todos nós.
De forma a enfrentar as alterações climáticas o município da Figueira da Foz propôs-se a realizar um longo e participado processo de identificação, implementação e monitorização das opções de adaptação às alterações climáticas mais relevantes para o Concelho, que se concretizam nesta Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC)."

4. "Algumas alterações de base ao regulamento municipal do Desporto foram aprovadas na última Assembleia Municipal. Segundo adianta o Gabinete da Presidência, «essas alterações, decorrentes de um processo de proximidade e consulta aos clubes do concelho, influenciam de forma imediata a vida financeira dos clubes, a inclusão de atletas portadores de deficiência, a igualdade de género na prática desportiva e, por último, as habilitações académicas dos treinadores desportivos».
Em termos gerais, o regulamento de apoio ao Desporto, no ano de 2019, apresenta um orçamento de 200 mil €, dos quais 150 mil € a distribuir em função da pontuação dos clubes, tal como já vinha acontecendo anteriormente, com um acréscimo de 50 mil €, aplicável às três novas formas de apoio, anteriormente citadas.
A par do apoio à actividade regular dos clubes e associações desportivas patente na redacção actualizada do regulamento municipal do Desporto, «o município continuará a prosseguir a sua estratégia política de apoio, aplicável a todos os eventos desportivos que se evidenciem desportiva, económica e turisticamente relevantes para o concelho da Figueira da Foz»."

5
. Figueira da Foz, 13 de setembro de 2015.
 "O vice-presidente da Câmara da Figueira da Foz anunciou, que vai ser apresentada uma proposta à autarquia para que o nome de Manoel de Oliveira passe a figurar, «de forma digna», na toponímia da cidade. António Tavares falava na cerimónia de atribuição da medalha da cidade, a título póstumo, pelo município, ao realizador português, que morreu este ano, aos 106 anos."

6. "A partir de 4 de novembro de 2013, com um investimento feito pela Empresa Municipal Figueira Parques, cujo accionista maioritário é a Câmara Municipal da Figueira da Foz, o Hospital Distrital da Figueira da Foz foi metido dentro de um parque de estacionamento (sublinhe-se: o Hospital Distrital da Figueira da Foz foi metido dentro de um parque de estacionamento , não foi criado um parque de estacionamento para servir os utentes do Hospital...).
Resultado: A PARTIR DE 4 DE NOVEMBRO DE 2013, OS UTENTES PASSARAM A PAGAR ESTACIONAMENTO NO HOSPITAL DA FIGUEIRA DA FOZ...
Consequentemente, o acesso à saúde, na nossa cidade, com a colaboração do executivo camarário de maioria absoluta do Partido Socialista, ficou de mais difícil acesso e mais caro.
Em dezembro de 2018 a Figueira Parques foi privatizada."

7. "Câmara Municipal tem inscrito em Plano e Orçamento para 2019 para «Requalificação das Lagoas e Serra Boa Viagem apenas 100 €.»"

8. "A Câmara Municipal da Figueira da Foz, liderada há 9 anos pelo Dr. João Ataíde, e com Dr. Carlos Monteiro responsável pelo pelouro do Desporto, desde 2013, já gastou em ajustes diretos 193.530,00 €. No âmbito do Projeto Sport Beach City, sem contabilizar os equipamentos que foram adquiridos e toda a logística relacionada com os eventos.
A empresa de Coimbra, DoctorSport, Lda foi contratada pela Câmara Municipal, sem concurso público, sendo o objetivo dessa contratação a, “ Concessão, Organização, desenvolvimento e realização de eventos desportivos de praia, no âmbito do projeto “ Figueira Beach Summer Games.”; os contratos já totalizaram os 141 mil euros.
Além disso, Câmara tem vindo a efetuar, contratação de prestações de serviços em regime de avença com 4 técnicos, para o “Secretariado técnico das diversas áreas de desenvolvimento e implementação do projeto Figueira Beach Sports City” ( 2 técnicos com contratação anual, 2 técnicos em tempo sazonal); desde 2016 o valor gasto em avenças, foi de 52,5 mil euros.
A Câmara Municipal da Figueira da Foz, está recrutar recursos humanos para fazer o trabalho que contratualizou com a empresa DoctorSport, Lda."

9. Imagem sacada do DIÁRIO AS Beiras. Edição de 21.11.2017.

 
10. 12 de dezembro de 2018
"A infraestruturação do Cabedelo começa dentro de dias.
Os estaleiros começam a ser instalados em breve, dando-se assim início à empreitada que vai mudar a paisagem naquela zona de mar e rio da margem sul da cidade da Figueira da Foz.
A intervenção custa 2,6 milhões de euros, cofinanciados em 85 por cento por fundos europeus ao abrigo do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), no âmbito de uma candidatura apresentada pela autarquia. Esta é a primeira fase do “novo” Cabedelo.
A empreitada destina-se a criar infraestruturas para os privados poderem ali desenvolver atividades económicas ligadas ao turismo e ao surf dentro do que é permitido pelo plano de ordenamento da orla costeira.
Entretanto, serão construídos uma nova via rodoviária, uma praça e espaços de estacionamento. A área ocupada pela actual estrada será destinada a zona dunar.
O parque de campismo deverá sobreviver a esta empreitada..."

11. 17 de janeiro de 2017: "João Ataíde, presidente , e a «sua» vereadora Ana Carvalho afiançaram, na  reunião de câmara, que não faltam investidores interessados na concessão da piscina-praia".


quinta-feira, 2 de março de 2017

PISCINA MAR, proposta camarária passou na Assembleia Municipal com os votos contra da CDU e de Ana Oliveira, da coligação SOMOS FIGUEIRA...






Originalmente denominada de Piscina-Praia, esta emblemática edificação, foi inaugurada a 05 de agosto de 1953.
Foi uma das marcas do desenvolvimento turístico figueirense da década de 50, do século passado. Ainda hoje é um dos ex-libris da cidade.
Durante os chamados anos “dourados”, muitos foram os acontecimentos sociais e manifestações desportivas de relevo que tiveram lugar na Piscina-Praia.
Ali se disputaram, durante vários anos, os campeonatos de Portugal de natação. Também ali decorreu um acontecimento de nível internacional: duas jornadas dos Jogos Luso-Brasileiros, incluindo competições de pólo aquático.
O edifício foi considerado, em 2002, pelo seu interesse arquitectónico, património de interesse público.
Na sessão da Assembleia Municipal realizada na passada sexta-feira, foi discutida e votada a concessão do concurso público para a reconversão e exploração da piscina-mar.
A proposta passou, com os votos contra da deputada municipal, PSD Ana Oliveira e da CDU. Absteve-se a maioria da bancada Somos Figueira. Votaram a favor a bancada do PS, e duas deputadas Somos Figueira Vânia Baptista e Carla Eduarda.
A deputada municipal Ana Oliveira fez uma declaração de voto que "mexeu" com o presidente Ataíde.
"O meu voto é contra, pois todos os que estamos a votar aqui hoje, teremos que esperar 50 anos para verificarmos se a proposta hoje apresentada da exploração da piscina-mar é válida ou não. Tenho muitas dúvidas dos critérios seguidos desde a última concessão , desta nova concessão - precisamos de esclarecimentos, precisamos de transparência neste processo".

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Figueira da Foz, uma cidade com tradições no ciclismo: de José Bento Pessoa à Figueira Champions Classic

A Figueira Champions Classic, corrida de ciclismo de estrada na Figueira da Foz, agendada para 12 de fevereiro, é a principal novidade no calendário de provas portuguesas de escalão internacional para 2023.

Esta prova, uma clássica de nível mundial, com a participação de grandes ciclistas oriundos de vários países, vai ter como palco o nosso concelho. A Figueira Champions Classic corre-se numa extensão de 190 quilómetros, com partida na zona do Relógio, na cidade da Figueira da Foz, e percorre as 14 freguesias.

Haverá cobertura televisiva, através da Eurosport, no dia 12  (com transmissão para mais de meia centena de países) e da CMTV.


Entre muitos outros, farão parte do pelotão da “Figueira Champions / Casino Figueira” dia 12 de fevereiro, Fabio Jakobsen e Kasper Asgreen.  A Soudal Quick-Step já confirmou a presença de ambos, tal como Remi Cavagna, um dos melhores contrarrelogistas do mundo, a par de Asgreen. 

Por parte da Team DSM, o ciclista alemão John Degenkolb é outro dos nomes já confirmados.

O neerlandês Fabio Jakobsen, actualmente um dos melhores sprinters mundiais, em 2022 provou o seu poderio ao sagrar-se Campeão Europeu de Estrada e será com essa camisola que vai desfilar nas estradas da Figueira da Foz. Múltiplo vencedor de etapas na Volta ao Algarve, fazem parte do seu palmarés vitórias na Vuelta e no Tour de France, assim como em outras corridas do circuito World Tour.

Kasper Asgreen é um ciclista todo o terreno e bastante vocacionado para as clássicas. Certamente terá uma palavra a dizer na “Figueira Champions / Casino Figueira”. Contudo, também se destaca no contrarrelógio, sendo campeão dinamarquês desta especialidade, sendo também  dono do título em estrada. Já venceu uma etapa na Volta ao Algarve e várias clássicas belgas, como é o caso da Volta a Flandres, em 2021.

O francês Remi Cavagna, também ele da formação belga, já conquistou o título de campeão francês em contrarrelógio, tal como em estrada. Do seu palmarés consta uma vitória de etapa na Vuelta e foi medalhado em Europeus de contrarrelógio.

Por sua vez, a equipa da Soudal Quick-Step que vem mostrar-se à Figueira da Foz fica completa com gregários como Tim Declercq, Dries Devenys, Casper Pedersen e Ilan Van Wilder, este último um jovem em quem os belgas depositam muita esperança para o futuro.

Por parte da Team DSM, o alemão John Degenkolb, também ele vencedor de etapas na Volta ao Algarve, é outro dos nomes confirmados na Figueira da Foz. Destacam-se vitórias deste corredor em etapas nas três grandes voltas – Giro, Tour e Vuelta –, bem como em dois dos cinco monumentos (Milão-São Remo e a Paris-Roubaix).


A Figueira é uma Terra  com tradições muito antigas no ciclismo.

Desde logo, o enorme e espantoso atleta, que foi o figueirense José Bento Pessoa, nascido a  7 de Março de 1874, campeão mundial e o maior ciclista de velocidade do seu tempo.

"No final do século XIX, o homem da Figueira tinha um carácter forte, independente, mas aberto às influências do estrangeiro.

A foz do Mondego, era um porto de mar aberto ao comércio internacional, o que propíciava a convivência com os povos mais evoluídos do Norte da Europa.

A Figueira, então uma pequena cidade com cerca de 5 000 habitantes, vai viver por volta de 1895, uma época áurea. Local privilegiado à beira mar plantado, a sua praia, então  "a mais bela de Portugal",  e a lhaneza da sua gente, atraem veraneantes de vários cantos da Península Ibérica. Nos meses de verão, isso é decisivo para o desafogo financeiro e novos conhecimentos que marcam o figueirense. Todavia, como tudo na vida, também tem um ponto menos positivo: a instabilidade e a incerteza profissional."


Não esquecer, porém, a importância da influência inglesa no desenvolvimento da Figueira do final do século dezanove, tanto a nível comercial, como desportivo. 

Um porto de mar que permitia a entrada dos maiores barcos comerciais de então, quase todos de pequeno calado, teria de receber a visita dos britânicos. 

Recorde-se: "o tratado comercial luso-britânco 1703, conhecido por Tratado de Metwen, nome do negociador inglês, permitiram a vinda de britâncos a Portugal e à Figueira. 

Havia permutas comerciais que englobavam os nossos vinhos e os têxteis ingleses."

É neste contexto, por influência dos povos do Norte da Europa, que os figueirenses começam a ver o desporto como uma necessidade. 

Surgem as regatas realizadas na foz do Mondego. Criam-se os primeiros Clubes:  Associação Naval Figueirense, Clube Ginástico e a Associação Naval 1º. de Maio.

No S. João de 1893, realiza-se um festival velocipédico. "O entusiasmo provocado pela prova leva à criação de mais uma colectividade: o Clube Velocipédico Figueirense, mais tarde designado por Ginásio Figueirense." 

Progressivamente, foi assim que a Figueira, rapidamente, se torna a terceira potência desportiva do nosso País. 

A par do remo e da canoagem, a vitalidade desportiva da Figueira, passa pela ginástica, esgrima, futebol, tiro, hipismo e ciclismo.


A bicicleta era, então, uma maravilha criada pelo Homem. Depois do balão de hidrogénio e do comboio (o irmão mais velho da bicicleta, como então se dizia) a bicicleta é encarada como a resolução dos problemas de locomoção do homem, relegando a tração animal para um plano secundário.  

É no contexto vivido no último quartel do século XIX na Figueira da Foz (porto marítimo e comercial aberto ao mercado internacional, estância balnear a crescer e a ter cotação a nível da Península Ibérica e, ainda, como potência desportiva a seguir a Lisboa e Porto), que nasce o desportista José Bento Pessoa. 

Nadou, remou, defendeu bolas no futebol, mas acabou por preferir a novidade dos velocípedes. Após as primeiras vitórias na Figueira da Foz, com apenas 20 anos de idade, José Bento Pessoa fica lançado no meio desportivo português, como um extraordinário atleta. 

O ciclismo, na altura, era um desporto de elite. Comprar uma bicicleta só estava ao alcance de uma minoria.  

José Bento Pessoa vai para Lisboa trabalhar para um comerciante com uma loja de bicicletas - Manuel Beirão de seu nome.

É a partir daí que Bento Pessoa tem a oportunidade de viver do ciclismo.

Profissionaliza-se. É inscrito na União Velocipédica Espanhola (não estava ainda fundada a União Velocipédica Portuguesa) e começa uma carreira que espantou Portugal e o Mundo.

Correu em Espanha, França (Paris) Bélgica (Gand), Suiça (Genebra), Itália (Turim) Alemanha (Berlim) e Brasil (Pará). 

Em Espanha, torna-se um ídolo: nas 68 corridas que lá fez, venceu-as todas. 

A 10 de Abril de 1898, no Velódromo de Genebra, na Suíça, perante 20.000 pessoas, bate o invencível campeão suíço Théodore Champion. Em Berlim a 8 de Maio de 1898, talvez o ponto mais alto da sua carreira, no decorrer do  Grande Prémio Zimmerman, à época a prova velocipédica mais importante da Europa, em honra de Arthur Augustus Zimmerman, vence o campeão do mundo Willy Arend. 

Quando as notícias das suas vitórias chegavam à sua terra, o entusiasmo dos figueirenses expandia-se em manifestações ruidosas e festivas: saíam as filarmónicas, a fachada do Teatro Príncipe iluminava-se, havia marchas, au flambeaux – uma loucura. 

Quando o campeão vinha descansar – meia Figueira ia festejá-lo. Chegou a ir da estação do caminho-de-ferro para casa aos ombros dos mais entusiastas. 

Em 1 de Setembro de 1901, os clubes ciclistas do país prestaram uma homenagem ao grande campeão. Para lhe ser entregue uma mensagem e um brinde, organizou-se a estafeta ciclista Lisboa-Figueira. 

José Bento Pessoa morreu na Figueira da Foz, a 7 de Julho de 1954.

A Câmara da nossa cidade, em 1955, prestou-lhe uma homenagem ao atribuir o seu nome ao Estádio Municipal.


Outro ciclista de envergadura e que atingiu grande nome no panorama velocipédico nacional, foi  António Alves Barbosa, um dos maiores desportistas figueirenses de todos os tempos.   

António Alves Barbosa nasceu em 24 de dezembro de 1931, na Fontela, freguesia de Vila Verde, concelho de Figueira da Foz.

Foi o maior ciclista português da década de 50 do século XX. 

Era filho de José Alves Barbosa, que foi contemporâneo e amigo de outro ciclista figueirense: o já atrás referido José Bento Pessoa, o melhor ciclista do mundo de 1892 a 1902.

Poucos recordarão a loja onde José Alves Barbosa alugava bicicletas, na actual Avenida 25 de Abril, na Figueira da Foz, junto do Grande Hotel, por debaixo da Piscina Praia. 

Em 1947, com 16 anos de idade, António Alves Barbosa iniciou-se no ciclismo, filiando-se na Associação de Ciclismo do Norte, como aluno. 

Começou a usar o nome do pai, tornando-se conhecido por ALVES BARBOSA. Em Portugal representou o Sangalhos. Em França a Rochet e a Rapha-Gitane. Em Espanha a Faema. Correu de 1949 a 1962. Foi 3 vezes vencedor da Volta a Portugal (1951, 1956 e 1958), 2 vezes Campeão Nacional de Fundo/Estrada (1954 e 1956), 5 vezes Campeão Nacional de Velocidade/Pista (1954, 1955, 1956, 1958 e 1959) e duas vezes Campeão Nacional de Ciclo-cross (1961 e 1962).

Participou 4 vezes na Volta a França, 3 na Volta a Espanha, 2 na Volta a Marrocos, 2 na Volta à Andaluzia, 2 no Paris-Nice e em muitas, muitas outras corridas no estrangeiro.

Foi o primeiro ciclista português a vencer três vezes a Volta a Portugal, em 1951, 1956 e 1958. É o ciclista com mais etapas ganhas na Volta a Portugal (Alves Barbosa 33; Cândido Barbosa 25 e Joaquim Agostinho 24).

Em 1951, com apenas 19 anos de idade, cometeu a proeza de vencer a Volta a Portugal com a camisola amarela do primeiro ao último dia.

Em 1956 ganhou a Volta a Portugal, triunfando em 10 das 23 etapas.

Em 1958, envergou a camisola amarela na 2ª. etapa da Volta a Portugal, entre Lisboa e Alpiarça. Nunca mais a despiu, como já tinha feito em 1951.

Na década de 50, provavelmente,  teria ganho todas as Voltas a Portugal, não fossem as mais diversas vicissitudes:

- Em 1952 foi impedido de participar porque estava a cumprir o serviço militar;

- Em 1953 e 1954 a Volta não se realizou;

- Em 1955 foi agredido por espectadores, perto da cidade do Porto, quando já era camisola amarela e ia ganhar a etapa e a Volta com um avanço significativo (desta forma perdeu para Ribeiro da Silva).

Ainda em 1955 obtém mais uma vitória no estrangeiro, na “Corrida 9 de Julho”, em São Paulo (Brasil), então a maior prova ciclista da América do Sul, que registou a participação de 500 concorrentes. 

Alves Barbosa disputou a Volta a França em 1956, 1957, 1958 e 1960 e a Volta a Espanha  em 1957, 1958 e 1961. Foi o primeiro ciclista português a ficar colocado nos primeiros dez da Volta à França.

O cinema aproveitou-se da sua popularidade. Em 1958, foi rodado o filme "O HOMEM DO DIA",  em que Alves Barbosa foi protagonista e motivo temático para captar um público que começava a fugir das salas de cinema para a recém-chegada televisão. 

Em 1961 iniciou uma carreira de treinador de ciclismo, no Sport Lisboa e Benfica.

De 1975 a 1978 e de 1989 a 1992 foi director técnico nacional da modalidade.

Alves Barbosa foi ainda comentador de ciclismo na rádio, na televisão e em diversos jornais. 

Em 1990 recebeu a medalha de mérito desportivo.

Em 2007 foi condecorado com a Medalha de Ouro da Juventude e dos Desportos de França.

Alves Barbosa faleceu no dia 29 de setembro de 2018.


A Volta dos Campeões, que se realizou a partir de 1931 e durou até atá à década de sessenta do século passado, é outro marco da relevância do ciclismo no concelho da Figueira da Foz

Teve como vencedores nomes famosos do panorama ciclista português: por exemplo, em 1932 José Maria Nicolau, ganhou a 2ª. edição da Volta dos Campeões. Em 1961, um ano antes de terminar a sua carreira, o vencedor foi o nosso Alves Barbosa. 


São inúmeras as chegadas da Volta a Portugal à Figueira da Foz.

Porém, a chegada à nossa cidade da  edição desta prova, em 1973,  ficou célebre.

Nesse ano, Joaquim Agostinho, na opinião de muitos, o maior ciclista português de todos tempos, cometeu, talvez, a sua maior proeza desportiva em Portugal. 

Aconteceu na etapa que trouxe a caravana voltista de Abrantes até à Figueira da Foz. Nessa etapa, que teve lugar ao sexto dia da prova, Joaquim Agostinho isola-se ao pelotão logo no início da tirada. Num autêntico contrarrelógio, de quase 200Km, finaliza uma das mais épicas etapas da Volta a Portugal, com 13 minuto de avanço sobre o pelotão.


A importância duma prova de um desporto que movimenta muita gente, como o ciclismo, ficou plasmada na reunião da Câmara da Figueira da Foz que aprovou,  por unanimidade, um apoio à realização de uma prova clássica internacional de ciclismo, em fevereiro de 2023.

Esse investimento, vai ser compensado, não só pela  “muitíssima gente”  que a  Figueira Champions Classiccidade vai trazer à ciade, como também pela promoção que a cobertura televisiva vai fazer em 11 e 12 de Fevereiro de 2023. 

NOTA DE RODAPÉ.

Bibliografia: José Bento Pessoa (Biografia) – Romeu Correia; A Bola; consultas bibliográficas de notícias da imprensa local existentes na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz e Figueira Champions Classic.