"Depois de Marques Mendes mencionar Coimbra como referência à localização da Figueira da Foz, Santana Lopes critica "dito ordinário" e rejeita ser candidato a suceder a Marcelo.
O presidente da Câmara da Figueira da Foz e antigo primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, admitiu ontem não querer participar na corrida à Presidência da República e exigiu "respeito total pela Figueira da Foz" ao comentador político e membro do Conselho de Estado Luís Marques Mendes (um dos nomes mais falados no campo do PSD para concorrer ao Palácio de Belém). "Não vou responder com a mesma moeda e cometer a ordinarice de falar da terra dele", escreveu o autarca na sua página do Facebook.
Na origem da contenda está o comentário que Marques Mendes fez na SIC, no passado domingo, depois das suas notas habituais, referindo-se à Figueira da Foz como ficando "ali ao lado de Coimbra". Como reação, Santana Lopes publicou um texto que intitulou como "ordinarice" e que surgiu como crítica. "O nome é Luís Marques Mendes. Que incomodado e nervoso está! Não devia. Até deu um salto grande nas sondagens manipuladas... Mas ele sabe que é falso, por isso a agitação que o leva a um dito ordinário como este. Está com raiva, meta-se com quem o incomoda", escreveu o autarca na sua página da rede social, acrescentando ainda "que as supostas sondagens [sobre a corrida a Belém], que não o são, nada significam sobre o que se irá passar logo que deixem de ser considerados António Guterres, Passos Coelho, António Costa (se for confirmado que não querem concorrer)".
"Eu não fui incorreto com ninguém nem provoquei ninguém. Foi o dito comentador que se referiu à Figueira da Foz em termos que não aceitamos. Exige-se um pedido de desculpas. A Figueira da Foz é tão perto de Coimbra quanto Coimbra é perto da Figueira da Foz. Repito: não ponham no "mesmo prato da balança". Foi uma desconsideração a uma terra que todos sabem qual é", concluiu o autarca.
Corrida a Belém
Algumas horas depois do primeiro comentário, Santana Lopes reforçaria a crítica com outro texto no Facebook, desta vez centrado nos potenciais sucessores de Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República. Garantindo que a sua publicação anterior "nada teve que ver com qualquer disputa pré-eleitoral", Santana Lopes retirou-se da lista de possíveis candidatos. "Cada vez mais sei e sinto, no estado em que está o Mundo, que não quero participar nessa corrida. E estou também convencido de que o comentador da SIC em questão não chegará a ser candidato. Para evitar especulações, é pela evolução política que prevejo que tenho esse entendimento", considerou Santana Lopes.
"Mas eu nunca assumi que era" candidato a Presidente da República, disse, depois, o antigo primeiro-ministro ao DN, quando questionado sobre se as suas reações na rede social, ao afastar uma corrida a Belém, estavam relacionadas com o comentário de Marques Mendes. "Disse que tenho o melhor currículo - no plano interno", para assumir o cargo, confirmou o autarca. Admitindo também que "nunca se diz nunca", Santana Lopes realçou que o seu compromisso é para com a Figueira da Foz.
"É pouco provável", anteviu o politólogo António Costa Pinto ao DN, sobre uma possível candidatura de Pedro Santana Lopes a Belém, ainda antes de estalar a tinta entre o antigo primeiro-ministro e Marques Mendes. "O problema de Santana Lopes é que será difícil ter o apoio do PSD perante outros candidatos", considerou o também investigador de ciência política no ISCTE.
Um pedido de desculpa
Como desfecho da contenda, algumas horas depois de ter publicado o segundo texto, Santana Lopes confirmou no Facebook que Marques Mendes lhe endereçou um pedido de desculpa. "Teve a gentileza de me ligar, há minutos, e de dizer as palavras que esperava de uma pessoa com a educação que, para lá de muitas diferenças e divergências, sempre lhe conheci. Não vou falar do mais que poderá fazer, ele saberá. Por mim, recebi as suas palavras com satisfação", assumiu Santana Lopes."