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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Há muito a rever no Cabedelo

Como escrevi em 9 de Abril de 2017, muito antes do início das obras, "longe dos olhares, no silêncio dos gabinetes, o Cabedelo está a ser alvo de um atentado." 
O resultado, embora não concluído, já é visível. 
"Obras do Cabedelo vão ser revistas", diz Manuel Domingues na edição de hoje ao Diário de Coimbra.
"Conhecedor a fundo da zona, o vereador das Obras Municipais da Câmara da Figueira da Foz admitiu ao  jornal que a obra de requalificação do Cabedelo «tem coisas positivas e negativas, que terão de ser revistas», apontando como exemplo de preocupação «a questão da erosão e a impermeabilização que foi feita», uma vez que a areia já começa a “invadir” toda a área intervencionada. «Todos percebemos que no Inverno vai ser uma espécie de banco de areia», frisou o autarca.
Quanto às infra-estruturas, «terão de ser melhoradas com a implementação das escolas de surf e do restaurante», sendo que o processo de levantamento das estruturas «já se iniciou». Além disso, Manuel Domingues quer «entender qual era a ideia para o surf-camping. O espaço não é muito grande, há necessidade de estruturas novas para acomodar os campistas, temos de nos debruçar sobre o processo»."

Desde que me recordo, olho para o Cabedelo de uma forma cúmplice e agradeço a força e o sorriso que traz, todos os dias, à minha vida.
Como sabemos, a vida custa a todos... Mas, a alguns em especial!
Como acontece em tudo na vida, é preciso estar-se no sítio certo no momento certo. O trabalho e o esforço são determinantes, mas um pouco de sorte ajuda muito. E ter tido a sorte de poder, sempre que o quisesse, encontrar-me com um local como o Cabedelo, mais do que sorte, na minha vida foi uma benção. 
No inverno, tem aquela luz ténue e límpida, própria desta estação do ano. Em dias frios, como o de hoje, tenho a sensação que o frio purifica a luminosidade, o que é uma benção, em especial, para os fotógrafos. A luz de inverno, no Cabedelo, é calma e fugaz. Os dias são curtos e transmite a necessidade de não desperdiçar um momento que seja, pois os dias de inverno no Cabedelo são lindos, mas têm algo que faz lembrar o efémero. 
A partir da primavera tudo é diferente. A sensação de êxtase dura mais - quase parece permanente. 
Tirando o mês de Agosto, o Cabedelo rodeia-nos de uma atmosfera muito especial. Somos nós e o sol - isto, é a natureza.

O Cabedelo, por obra do anterior executivo camarário, fruto do atentando paisagístico de que foi alvo, ficou transformado em mais um mártir ambiental no nosso concelho.
A coberto das denominadas requalificações, sítios onde antes, e a pretexto da defesa da natureza, do meio ambiente e da protecção do ecosistema, nem sequer uma tenda de campismo selvagem se podia erguer, estão agora ocupados por impermeabilizações pacóvias e desnecessárias.
É disto que me vou lembrar quando pensar no Cabedelo de há 60 anos: da destruição do património natural comum para benefício de uns quantos.
Segundo supomos saber, a intervenção feita naquele local aconteceu no âmbito do Programa Portugal 2020. Temos para nós que, salvo raras e honrosas exceções, a grande maioria das intervenções deste Programa visam aquilo a que designamos como a obtenção do espectacular. Muitas vezes, porém, estas intervenções levam à perda da genuidade do lugar.
No Cabedelo isso nota-se a olho nu: a requalificação serviu para correr com a comunidade que ao longo das últimas décadas deu vida àquele lugar. 
Na nossa opinião, não aconteceu ali uma intervenção urbana equilibrada, no pressuposto da “compreensão das diferentes escalas territoriais de inserção, nos processos de reestruturação, nos elementos arquitetónicos, na morfologia urbana existente e nas tradições” (Carla Narciso).
Uma intervenção urbana, como a que está a acontecer no Cabedelo,  não deveria significar uma perda da genuidade do local, mas sim uma melhoria social e estética. Só que, deveria ter acontecido o que não aconteceu: na obtenção deste desiderato era necessária a participação da comunidade local nas discussões e intervenções a serem implementadas.
Não demos conta, para além dos mínimos que a lei estipula e prescreve, que tivesse sido implementado e levado a cabo de uma forma verdadeiramente participativa da discussão da desta requalificação do Cabedelo. 
O que está em causa, dada a capacidade de ilusão que as obras provocam na sua passagem, desprendidas da  vivência e do quotidiano das pessoas que aí vivem, é a liquidação do Cabedelo como o conhecemos.
Como dizem Borja & Forn, em Políticas da Europa e dos Estados para as Cidades, "o maior desafio do planeamento urbano contemporâneo é aumentar o potencial competitivo das cidades no sentido de responder às procuras globais e atrair recursos humanos e financeiros internacionais. Mas, de acordo com vários exemplos que temos assistido, o planeamento tem sido feito à margem da cidade, com total esquecimento das pessoas que ocupam e vivem nesses espaços." 
O Cabedelo, como espaço público de eleição, não é uma  mercadoria. 
O poder municipal, é o principal impulsionador e gestor do espaço público, em especial nas  cidades pequenas e médias, como é o caso da Figueira da Foz. 
Há muito a rever no Cabedelo. Ao trabalho Senhor Vereador Manuel Domingues, ao trabalho. 

sábado, 7 de janeiro de 2017

Surfar à noite no Cabedelo? Dizem que vai ser possível...

Recuemos ao ano de 1996. No Cabedelo decorria o primeiro evento do World Championsip Tour a disputar-se no nosso país, o Coca Cola Figueira, 12ª etapa dessa época, disputada entre 1 e 8 de outubro. 
Um dos momentos mais marcantes na história do surf nacional estava agendado para as ondas do Cabedelo, na Figueira da Foz. 
Kelly Slater já somava na altura três títulos mundiais, e chegava a Portugal com o «tetra» na mira - que igualaria o recorde do australiano Mark Richards.
Na luta pelo título dessa época estava também Shane Beschen e a matemática para a etapa portuguesa era simples: para Kelly bastava que Shane não conseguisse chegar à final e sagrar-se-ia campeão do mundo. O seu rival na altura acabou por facilitar a tarefa, ao não comparecer na etapa portuguesa. Slater era, antes sequer de competir, campeão do mundo pela quarta vez.
João Ataíde (presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz),
Eurico Gonçalves (SOS Cabedelo) e Pedro Machado (Turismo do Centro)

Pois é neste local mítico, para quem gosta de desportos com ondas, que a Câmara da Figueira da Foz, em janeiro de 2017,  afirma que vai avançar com um projecto de requalificação da praia do Cabedelo, que inclui a iluminação permanente do mar, criando condições para a prática nocturna de surf.
A iluminação permanente do mar junto à praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, é um projecto pioneiro a nível europeu, que a autarquia local quer concretizar no âmbito dos investimentos previstos para se iniciarem em 2017, naquela zona a sul do rio Mondego e que merece o apoio, quer da comunidade surfista (que o promoveu), quer do presidente da entidade regional de Turismo do Centro.
“É nosso objectivo que este local seja uma estância para a prática dos desportos de ondas”, refere o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, avançando que a empreitada de requalificação vai decorrer ao abrigo do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Sustentável (PEDUS), contratualizado no âmbito do Pacto Regional.
A iluminação do mar, nesta praia da margem sul do concelho da Figueira da Foz, é uma aspiração antiga do movimento cívico SOS Cabedelo, que apresentou uma candidatura nesse sentido ao Orçamento Participativo (OP) de 2017.
O projecto acabou por não conseguir os votos suficientes para ser contemplado com uma fatia do OP, apesar de ter recebido o apoio incondicional da comunidade de surfistas do concelho, mas mereceu o reconhecimento do executivo municipal, que decidiu incluí-lo na empreitada mais alargada de requalificação do Cabedelo.
“Por solicitação do SOS Cabedelo serão enquadrados neste projecto os equipamentos de iluminação necessários à prática do surf nocturno”, esclarece João Ataíde.
A decisão da autarquia já foi saudada por João Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf, que destaca “o carácter pioneiro da iluminação do Cabedelo no contexto nacional”.
Segundo fonte da autarquia figueirense, a empreitada arrancará “o mais cedo possível”, surgindo como um claro sinal de apoio à comunidade surfista e aos desportos de mar.
“Para o grupo de cidadãos e praticantes que abraçou esta ideia, foi uma enorme alegria e motivo de orgulho saber do compromisso da autarquia em avançar com a iluminação do Cabedelo para a prática do surf durante o período nocturno”, reconhece o escritor e surfista Gonçalo Cadilhe.
Primeiro subscritor da candidatura do SOS Cabedelo ao Orçamento Participativo de 2017, Gonçalo Cadilhe destaca que “são poucas as praias do planeta onde tal já é possível”, acrescentando que “a Figueira marcará pontos a nível de notoriedade com esta decisão”.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Ficou desvendado o mistério ontem à tarde no decorrer da Assembleia Municipal: Tróia, é o sonho húmido de Ataíde para o Cabedelo!..

Foto Pedro Cruz
Eu já andava desconfiado...
Não me parece que seja o concreto que faz sonhar o senhor presidente da câmara Municipal da Figueira da Foz...
Sonhar, para o senhor presidente, a meu ver, é a abstração completa que tudo permite, em que tudo é possível, pois não parte da realidade, antes a constrói ao seu belprazer.
Mas, será que o acaso existe?
Pelos vistos, neste caso, não...
Da mesma forma que não existe a coincidência, sempre que se quer tirar ilações da sobreposição de factos, que só o poderiam ser  por obra do acaso.
Reparem na coincidência: até o arquitecto Hipólito é o mesmo de Tróia!..


Cerca de 100 pessoas deslocaram-se ontem à reunião da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, em protesto contra a  intenção da autarquia em acabar com o parque de campismo da praia do Cabedelo.
O grupo de manifestantes, parte do qual esteve concentrado, antes da reunião, em frente ao edifício da autarquia, acompanhado da PSP, contesta a intenção camarária, decidida no âmbito de um projecto de requalificação, que ninguém ainda sabe em concrecto o que é.


Uma das campistas, Maria Teresa Ferreira, usou da palavra na reunião, lembrando o historial do parque de campismo - que começou por ser um local de campismo selvagem e foi legalizado há quase 30 anos, em 1988, através de uma concessão feita pela administração portuária à Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), que termina a 31 de dezembro - e alegando que o entusiasmo pelo local "foi crescendo" ao longo dos anos, sendo que o parque "tem utilização superior" aos três restantes existentes no concelho e não teve "qualquer melhoramento" por parte da Câmara.
"Depois destes anos todos no esquecimento, vem o senhor presidente da Câmara, de forma cruel, maldosa, prepotente e autoritária, correr com quem sempre cá esteve. Já somos três gerações de campistas, somos a escumalha do Cabedelo", acusou a munícipe.
A intervenção mereceu o aplauso generalizado dos cidadãos que enchiam a sala, levando o presidente da Assembleia Municipal a intervir, avisando da proibição de manifestações do género, que não voltaram a suceder.


Cristela Costa, actual proprietária da mais antiga escola de surf do Cabedelo, disse que o projecto de requalificação não foi apresentado aos utilizadores daquela zona.
"É difícil entender como é que uma via de acesso passa por um café recentemente construído e o parque de campismo não pode ser requalificado", frisou Cristela Costa, embora manifestando, a exemplo dos campistas, não ser contra a requalificação do Cabedelo, "mas contra a forma como está a ser conduzido o processo".


Da parte da bancada do PSD, o deputado Tiago Cadima - que explora a cantina do parque de campismo e disse ter já pedido a cessação do contrato assinado com a FCMP - argumentou que o projecto apresentado publicamente pela autarquia "não é aquele que está a levar por diante", numa alusão ao plano original, onde o parque de campismo aparecia deslocalizado umas centenas de metros para sul.
Tiago Cadima citou declarações do presidente da Câmara, João Ataíde, que terá afirmado que o parque de campismo do Cabedelo - localizado junto à orla marítima, entre os molhes sul e interior sul do rio Mondego - "é um espaço demasiado nobre para estar alocado a parque de campismo", classificando-as de "despropositadas e algo xenófobas".
"O que o senhor transmitiu a cerca de 50 mil associados da Federação é que não eram bem-vindos à Figueira da Foz", declarou o deputado municipal.
Tiago Cadima classificou ainda o planeamento da área de reabilitação urbana do Cabedelo como "um caso de estudo em como fazer tudo mal", questionando sobre a deslocalização do café instalado no local há menos de um ano, por a estrada para ali projetada passar onde o edifício foi construído.


Imagem sacada daqui
Na resposta, o presidente da Câmara, João Ataíde, alegou que o parque de campismo do Cabedelo "não é propriamente um projecto estimado pelos figueirenses e pela comunidade local".
O autarca lembrou que a requalificação do "espaço urbano de praia" do Cabedelo assenta na degradação da envolvente e que o projecto, aprovado pela autarquia, prevê um investimento de 2,5 milhões de euros que ainda aguarda visto do Tribunal de Contas.
João Ataíde adiantou que foi pedido a um arquitecto paisagista a valorização do espaço, comparando o Cabedelo a Tróia, afirmação que motivou risos na assistência.
"O parque de campismo, com a sua configuração actual, é conflituante com este objectivo. Não vemos grande vantagem em prol da cidade na manutenção deste parque de campismo, no nosso projecto não está integrado nem tem de ser integrado", argumentou o autarca.
Disse ainda que não existe "nenhum direito adquirido" dos campistas e utilizadores do parque, nem nenhum direito de propriedade ou posse "nem foi gerado qualquer tipo de expectativa", finda a concessão.
No entanto, o autarca admitiu, a "título precário", antes de começarem as obras e sujeito a reavaliações "de três em três meses", que a concessão se possa manter "enquanto não ocuparmos aquele espaço".
"A expectativa era o prazo de concessão e temos oferta suficiente em termos de campismo", disse ainda João Ataíde.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

É o Cabedelo que engradece o concelho e não a obra que lá querem concluir, custe o que custar...

"O arquitecto paisagista contratado pela autarquia para a reabilitação do Cabedelo, esteve na Gala a apresentar o seu projecto. Mostrou a praça atrás do muro que não é para fazer, trocou o surf pelo golfe e deixou bem claro a todos os presentes que não sabe o que é um skate. 
Uma vez que o Sr. Presidente também não quer MUROS CONTRA O MAR, inviabilizando a praça que o arquitecto continua a defender, talvez queira considerar oferecer-lhe um par de patins convidando-o a ir de vela. 
Nesta fase importava esclarecer se se trata de equívocos dele ou se o equívoco é mesmo ele - o arquitecto Hipólito Bettencourt." - Via SOS Cabedelo


Mas, aquilo que foi apresentado no fim de tarde do dia 14 de Junho de 2017, uma sexta-feira, tem algo a ver com o encalhado projecto do Cabedelo em curso?
Se o Cabedelo ainda é o "ex-libris" da freguesia e do concelho, quem de direito, enquanto é tempo, que pense bem, e não o estrague com a obra...

A Figueira, neste momento, é um caso sério da destruição gratuita de uma cidade. Ao mesmo tempo,  é um caso extremo de incompetência recheado de mentiras. 
Depois de Buarcos, da "baixa da cidade", temos também o Cabedelo. Em "breve" teremos o Jardim Municipal.
Em linguagem popular da Aldeia, todas as obras em curso no concelho da Figueira da Foz estão empachadas. Será por mero acaso ou obra do destino?
A toda esta incompetência  junta-se a mentira sistemática. Lembram-se do folhetim protagonizado pelo próprio dr. Carlos Monteiro sobre os prazos das obras de Buarcos?
Mas, o mais grave é pretender construir, como é o caso do Cabedelo, onde existem dúvidas se se pode  construir, pois tal pode colocar em causa a segurança das pessoas.  Compreende-se a tentativa de iludir as pessoas, pois este  comportamento pode ter consequências graves.
A verdade é que surgirão suspeitas sobre o projecto do Cabedelo - nomeadamente questões que têm a ver com a segurança das pessoas. Por outro lado, os vereadores da oposição Carlos Tenreiro e Miguel Babo, bem como o SOS Cabedelo, sustentam que existem ilegalidades na requalificação do Cabedelo, em curso. Os autarcas e o movimento cívico em Abril do corrente ano defendiam  a suspensão da empreitada, enquanto decorresse a discussão pública da alteração ao Plano de Praia (PP).
Também aqui, a autarquia figueirense não foi sensível, e a obra em pleno verão continuou com todos os prejuízos e transtornos que causou a quem está habituado a frequentar o Cabedelo para fazer praia.
É cada vez mais óbvio que aparentemente estamos perante um grave caso de incompetência e irresponsabilidade. Incompetência, pela maneira como foi conduzido o processo e irresponsabilidade por se construir sem se dar ao trabalho de respeitar as leis. Dizemos aparentemente, porque a autarqui nunca  prestou os esclarecimentos que foram sendo solicitados pela oposição, pelo SOS e porque se interessa pelo Cabedelo.

As piores oportunidades perdidas são aquelas em que nos dizem depois, sempre depois, que se tivéssemos insistido seriam ganhas. A ignorância é uma bênção, logo, todos os ignorantes podem ser felizes. A ignorância consciente, como opção, é também uma forma de auto-protecção: a informação acelera o medo.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

O Cabedelo está a ser alvo de muita atenção...

Hoje, neste local, cruzei-me com o presidente Carlos Monteiro. 
Eu vinha de bicicleta, e ele estava certamente em trabalho de campo.
Faço votos para que a sua vinda, sempre bem vinda, ao Cabedelo (tinham-me dito que estava de férias. Ou foi só na semana passada?..) seja um contributo para que, daqui a uns anos, quem gosta genuinamente do Cabedelo, não sinta  pena, nostalgia, saudade de um lugar que antes era a imagem de marca da sua cidade e do seu concelho e, daqui a alguns anos, seja mais um local amorfo, descaraterizado, despido e sem vida. 
Se isso acontecer, desde já, responsabilizo os que, na minha opinião, são os causadores deste tamanho assassinato urbanístico – os senhores do poder local.
O arranjo cosmético actualmemte em curso, não vai trazer mais vida ao Cabedelo. O dinheiro é de todos nós. Contudo, infelizmente não o controlamos. De forma displicente passamos aos nossos autarcas um cheque em branco para, na nossa cidade, fazerem o que muito bem entendem e lhe determinam os apetites eleitorais.
Da nossa parte, não desistimos do debate. Desde que me conheço, há mais de 60 anos, que gosto do Cabedelo, da sua  geografia, por isso me interessa o  urbanismo e planeamento que lá querem implantar, nem que seja pela razão da força e não pela força da razão.
É de importância fundamental discutir a nossa cidade  e o nosso concelho. Os cidadãos têm de se habituar a opinar e a discutir evolução. Temos de afirmar, a quem de direito, o que queremos. Todos.

Segundo supomos saber, a intervenção feita naquele local foi no âmbito do Programa Prtugal 2020. Temos para nós que, salvo raras e honrosas exceções, a grande maioria das intervenções deste Programa visam aquilo a que designamos como a obtenção do espectacular. Mas, muitas vezes, estas intervenções levam à perda da genuidade do lugar.
No Cabedelo isso nota-se a olho nu: a recualificação serviu para tentar correr com a comunidade que ao longo das últimas décadas tem construído e dado vida àquele lugar. 
Por aquilo que conhecemos, não nos parece que estar a acontecer ali uma intervenção urbana equilibrada, no pressuposto da “compreensão das diferentes escalas territoriais de inserção, nos processos de reestruturação, nos elementos arquitetónicos, na morfologia urbana existente e nas tradições” (Carla Narciso, ob. cit.).
Uma intervenção urbana, como a que está a contecer no Cabedelo,  não deveria significar uma perda da genuidade do local, mas sim uma melhoria social e estética. Só que, deveria ter acontecido o que não aconteceu: na obtenção deste desiderato era necessária a participação da comunidade local nas discussões e intervenções a serem implementadas.
Não demos conta, para além dos mínimos que a lei estipula e prescreve, que tivesse sido implementado e levado a cabo de uma forma verdadeiramente participativa da discussão da desta requalificação do Cabedelo. 

O Cabedelo, como espaço público de eleição, não é uma  mercadoria. É um local especial que tem de continuar a ser usufruído por todos e não por muitos poucos - isto é, pela elite que lá querem instalar.  O Cabedelo tem continuar a ser um  espaço público destinado à sociabilização, um verdadeiro espaço vivenciado, e não o querem fazer com ele: um espaço artificial, desligado dos residentes e usuários, onde não se consideram as tradições e as identidades locais, onde a escala do projecto não corresponde à escala do ser humano que lá habita neste momento.
A actual estratégia da Câmara Municipal da Figueira da Foz para o desenvolvimento do Cabedelo, não tem em conta a comunidade que lá existe.
O que está em causa, dada a capacidade de ilusão que as obras provocam na sua passagem, desprendidas da  vivência e do quotidiano das pessoas que aí vivem, é a liquidação do Cabedelo como o conhecemos.
Como dizem Borja & Forn, em Políticas da Europa e dos Estados para as Cidades, "o maior desafio do planeamento urbano contemporâneo é aumentar o potencial competitivo das cidades no sentido de responder às procuras globais e atrair recursos humanos e financeiros internacionais. Mas, de acordo com vários exemplos que temos assistido, o planeamento tem sido feito à margem da cidade, com total esquecimento das pessoas que ocupam e vivem nesses espaços." 
No Cabedelo o que, infelizmente, se pretende é construir um local virado ao mercado, transformada em verdadeira mercadoria, em que as pessoas que agora o habitam, são esquecidas.
Os políticos e os técnicos, não deveriam ter esquecido, nesta requalificação do Cabedelo, que o espaço público tem como objetivo principal a apropriação pelo ser humano, seu habitante habitual.
O projeto de arquictetura em curso deveria ter-se dirigido aos anseios e aspirações da população a que destinava, optimizando características fundamentais à sua apropriação. Deveria ter sido tidas em conta as características próprias e identitárias para manter as relações de proximidade e, até mesmo, os afectos.
O que está a contecer no Cabedelo, é a liquidação de um legado patrimonial com fortes poderes de identificação histórica e simbólica. Que, ainda por cima e mais grave,  não lhe vai  conferir vida nova e  vitalidade. Presumimos que esta intervenção está a ser feita com base, quase exclusiva, na moda e na redução dos espaços públicos a mera mercadoria, numa lógica neoliberal.
O poder municipal, é o principal impulsionador e gestor do espaço público, em especial nas  cidades pequenas e médias, como é o caso da Figueira da Foz. 
O que aqui está em causa, dada a forte concentração do poder e/ou pela maior visibilidade que ele pode ter, é que o resultado destas intervenções pode ter influência no sentido  do voto. Em Outubro de 2021, se estivermos atentos (a máquinas de agitação e propaganda do Município figueirense não vai deixar isso passar  despercebido...) veremos as sucessivas inaugurações em plena época eleitoral.
Todavia, é bom recordar.
A cidadania não tem lugar apenas nos dias em que somos chamados a votar. Exerce-se todos os dias, ao nível das mais diversas formas de organizações dos cidadãos, que compõem e habitam um determinado espaço.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Faltam 23 dias: e os trabalhadores do Cabedelo?

"A Câmara da Figueira da Foz não renovou a licença mensal, vai proceder à posse administrativa e os trabalhos de demolição avançarão no dia 1 de agosto.
A decisão da autarquia de avançar com a posse administrativa surgiu da ausência de resposta do concessionário à proposta que lhe vem fazendo há mais de um ano. Caso o impasse se prolongue, o município arrisca-se a perder 600 mil euros de fundos comunitários para a empreitada."
Via Diário as Beiras


As obras de requalificação do Cabedelo estão atrasadas. Esse, é um facto indesmentível. A Câmara Municipal da Figueira da Foz, diz que a culpa é da administração do Parque de Campismo do Cabedelo. Isso, já não sei se é rigorosamente assim, pois não conheço os verdadeiros contornos de todo o problema.
As obras da requalificação de Buarcos, estão atrasadas. No casco velho da cidade é o que sabemos e os dramas que por lá existem, nomeadamente na Rua dos Combatentes da Grande Guerra. As obras no Estádio Municipal Bento Pessoa, estão atrasadas. Pelo menos nestas, alguém tem culpa, e não é de certeza a administração do Parque do Campismo do Cabedelo.
Portanto: Na Figueira, existe, na realidade, um problema de gestão das obras camarárias, dos prazos das mesmas e das derrapagens financeiras das mesmas. De quem é a culpa? Compete a quem gere os destinos da Câmara apurar.
Seria interessante haver um livro branco, por exemplo,  sobre a obra do Cabedelo actualmente em curso. Eventualmente, poderia sair algo de positivo para o futuro: eventualmente, um manual de más práticas a evitar na gestão da utilização dos dinheiros públicos.

Na reunião de Câmara da passada segunda-feira ninguém falou dos trabalhadores do Cabedelo. Ninguém falou no sofrimento  destas pessoas. Que têm nome e têm famílias a seu cargo. No inverno são 15. No verão mais de 30. Pessoas, na sua maioria, a quem vai ser extremamente difícil arranjar outro posto de trabalho.
É pouco senhor presidente da câmara e senhores vereadores?...
Vamos ver quantos novos postos de trabalho vão ser criados com os milhões de euros que se vão gastar no Cabedelo... As barracas de farturas e tripas doces que lá se instalaram este ano não podem contar.

Tal como os trabalhadores do Cabedelo  vão atravessar dificuldades, se avançar o arraso e a destruição dos seus postos de trabalho no próximo dia 1 de Agosto, é bom que o senhor presidente da câmara municipal da Figueira da Foz tenha a noção que vai passar tempos difíceis. É claro que pode contar sempre com a imprensa. Os anúncios, um a um, mais manchete, menos manchete, vão continuar a aparecer. Resta saber,  se alguns não serão "fake news"...
Voltando aos trabalhadores do Cabedelo, de que ninguém se lembrou na reunião da passada segunda-feira.
Alguns, os mais idosos,  que já trabalham no Cabedelo há 30 anos, vão passar o resto da vida que lhes resta na angústia de perderem a reforma ou de a verem drasticamente diminuída. Os mais jovens, têm duas soluções: ou vão deixar o seu país em busca de trabalho no estrangeiro;  ou, se ficarem por cá,  vão ficar na expectativa de arranjar um emprego que os fará mergulhar para sempre na espiral da precariedade, da insegurança e da exploração. 



FALTAM 23 DIAS.
“MESTRE MÁRIO SILVA, OS PATOS BRAVOS DO BETÃO JÁ CHEGARAM À TUA PRAIA!!”
10 anos e picos depois, uma câmara que  não é socialista, quer transformar um reduto especial, como ainda é o Cabedelo, em mais um mártir ambiental no nosso concelho, não recuando perante nada, nem mesmo a evidência das coisas, cometendo mais um atentando paisagístico e ambiental.
Recordo a quem de direito, que uma cidade é sempre, pelo menos, dual.
Tem uma zona cosmopolita e tem, por assim dizer, outras mais características, a que se costuma designar como típicas.
O tipicismo é a profunda genuinidade...
É onde reside a alma de uma cidade como a Figueira, a sua verdade que se tem que manter, sob pena dela se descaracterizar.
É isto que o Cabedelo é: genuíno, assim como está, com o Parque de Campismo (melhorado e remodelado, sim senhor...), que foi, já lá vão quase 30 anos, quem deu vida e alma ao Cabedelo, como todas as suas valências, incluindo a onda de surf.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Surfar à noite no Cabedelo? Disseram que ia ser possível...

Para quando o dia do orgasmo para os surfistas do Cabedelo?..

O projecto para a iluminação que tornaria possível a prática do surf nocturno no Cabedelo, foi entregue à Câmara em 2011, pelo arquitecto Miguel Figueira, na sequência do desafio lançado em 2010.
Até hoje, nada de concreto aconteceu.
Como escreveu Carlos Tenreiro: PROMESSAS...
"Diz-se que todos os políticos por altura das eleições caiem na tentação de anunciar promessas atrás de promessas para conquistarem o poder. Admitindo-o, convirá, contudo, relembrar que na Figueira da Foz apregoou-se a diferença, que tinha chegado uma nova forma de fazer politica, feita por alguém independente e distante dos partidos, imbuído em conceitos de rectidão e de compostura, um juiz… dizia-se…"
No passado dia 27, o assunto foi ventilado na Assembleia Municipal por iniciativa de Paulo Pinto, membro da bancada do PSD. Passo a citar.
Declarações do Presidente de Câmara na imprensa local: Baseando-me em noticias na imprensa local acerca de um ano relativas ao projeto da iluminação noturna na praia do cabedelo a concurso no anterior Orçamento participativo:

“A iluminação do mar, na praia do cabedelo da margem sul do concelho da Figueira da Foz, é uma aspiração antiga do movimento cívico SOS Cabedelo, que apresentou uma candidatura nesse sentido ao Orçamento Participativo (OP) de 2017. O projeto acabou por não conseguir os votos suficientes para ser contemplado com uma fatia do OP, apesar de ter recebido o apoio incondicional da comunidade de surfistas do concelho, mas mereceu o reconhecimento do executivo municipal, que decidiu incluí-lo na empreitada mais alargada de requalificação do Cabedelo.
Exlmº presidente: já que mereceu o reconhecimento do executivo municipal conforme suas declarações onde está a inclusão da mesma na ARU do cabedelo?
Continuando a citar (a mesma noticia) as suas declarações na imprensa local:
 “Por solicitação do SOS Cabedelo serão enquadrados neste projeto os equipamentos de iluminação necessários à prática do surf nocturno”. “Para o grupo de cidadãos e praticantes que abraçou esta ideia, foi uma enorme alegria e motivo de orgulho saber do compromisso da autarquia em avançar com a iluminação do Cabedelo para a prática do surf durante o período nocturno”, reconheceu o escritor surfista e seu mandatário de candidatura Gonçalo Cadilhe. 
Veja bem, “compromisso” sr presidente... compromisso em a Autarquia avançar com o projeto de iluminação do Cabedelo para a pratica de Surf durante o período noturno. 

Perante toda esta informação apenas posso constatar que o sr presidente estará à espera de ver se em Troia existirá iluminação noturna para só depois a figueira marcar pontos a nível de notoriedade com esta decisão."

"Venha de lá a prometida iluminação do surf no Cabedelo, antes que alguém capitalize a ideia..."

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Surfar à noite no Cabedelo? Há tanto tempo que dizem que vai ser possível...

O projecto para a iluminação que tornaria possível a prática do surf nocturno no Cabedelo, foi entregue à Câmara em 2011, pelo arquitecto Miguel Figueira, na sequência do desafio lançado em 2010.
Entretanto, por exemplo Vagos, em setembro de 2014, Cortegaça Carcavelos, já testaram a ideia de promover a prática do surf à noite.
Mais uma vez, o surf na Figueira foi ultrapassado...
Mas não tem sido por falta de ideias. As ideias existem. Neste caso concreto, o projecto foi entregue pelo arquitecto Miguel Figueira, em 2011...
O Cabedelo é um local mítico, para quem gosta de desportos com ondas.
A Câmara da Figueira da Foz, em janeiro de 2017, afirmava que ia avançar com um projecto de requalificação da praia do Cabedelo, que incluía a iluminação permanente do mar, criando condições para a prática nocturna de surf.
“É nosso objectivo que este local seja uma estância para a prática dos desportos de ondas”, referiu na altura o presidente da Câmara da Figueira da Foz.
A iluminação do mar, nesta praia da margem sul do concelho da Figueira da Foz, é uma aspiração antiga do movimento cívico SOS Cabedelo, que apresentou uma candidatura nesse sentido ao Orçamento Participativo (OP) de 2017.
O projecto acabou por não conseguir os votos suficientes para ser contemplado com uma fatia do OP, apesar de ter recebido o apoio incondicional da comunidade de surfistas do concelho, mas mereceu o reconhecimento do executivo municipal, que decidiu incluí-lo na empreitada mais alargada de requalificação do Cabedelo.
A decisão da autarquia já foi saudada por João Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf, que destaca “o carácter pioneiro da iluminação do Cabedelo no contexto nacional”.
Segundo fonte da autarquia figueirense, a empreitada arrancaria “o mais cedo possível”, surgindo como um claro sinal de apoio à comunidade surfista e aos desportos de mar.
“Para o grupo de cidadãos e praticantes que abraçou esta ideia, foi uma enorme alegria e motivo de orgulho saber do compromisso da autarquia em avançar com a iluminação do Cabedelo para a prática do surf durante o período nocturno”, reconheceu o escritor e surfista Gonçalo Cadilhe.
Primeiro subscritor da candidatura do SOS Cabedelo ao Orçamento Participativo de 2017, Gonçalo Cadilhe destaca que “são poucas as praias do planeta onde tal já é possível”, acrescentando que “a Figueira marcará pontos a nível de notoriedade com esta decisão”.
Estamos em 2021. E a situação, segundo o Diário as Beiras, é esta: "foram construídas as bases dos pontos de iluminação da Praia do Cabedelo para a prática noturna de surf, colocando a Figueira da Foz na vanguarda nacional neste tipo de oferta". Quando chegarmos à "conclusão das obras" e for ligado o interruptor, o que pode levar ainda algum tempo, deveremos passar a estar na vanguarda, neste tipo de oferta, a nível plan(f)etário...  

domingo, 19 de julho de 2020

"Posse administrativa", disse o presidente Monteiro!...

Recorde-se uma postagem do SOS CABEDELO de 21 de Julho de 2017
"Projeto não cumpre o programa da ARU do Cabedelo.
A proposta apresentada parece ser pior do que a encomenda.

O programa da ARU do Cabedelo - ver imagem - previa a deslocação do Parque de Campismo (área T2 conforme planta) destinando "a actual área ocupada a espaço público (L), admitindo estruturas leves de apoio à praia e ao usufruto da frente de Rio, compatibilizada com alguma renaturalização do cordão dunar, especialmente no local de articulação com a duna existente".

O desenvolvimento em projeto não prevê qualquer alternativa de localização ao Parque de Campismo. Parece promover mais construção associada ao edifício existente (deslocação do programa previsto nas àreas T1 e T3 - Unidade Hoteleira) e menos recuperação paisagística na área a desafetar (L)."


E se a resolução do caso do Parque de Campismo tiver de passar pela receita que foi dada ao Sweel e à Surfingfigueira: indemnização e alternativa de local?
Recorde-se, via Diário as Beiras:

"O pagamento de 80 mil euros de indemnização, pela autarquia, ao concessionário de um restaurante do Cabedelo abre uma nova via para a progressão da primeira fase da requalificação da Praia do Cabedelo. A solução permite concluir a nova estrada, que esbarrou no muro do estabelecimento.
Por outro lado, as licenças de outros concessionários estão a acabar e a autarquia assegura condições a quem quiser dar continuidade à atividade noutro local do Cabedelo. Tudo para libertar espaço para a nova praça, que implicará, também, a demolição parcial do parque de campismo. Aquele equipamento turístico, contudo, não deverá sobreviver à segunda fase da requalificação daquela zona de praia.
A alteração ao traçado da via rodoviária, que implica demolir o restaurante, foi considerada “mais uma trapalhada do executivo, por parte de quem conduziu o processo na altura”, pelo vereador do PSD Ricardo Silva. “Quando o restaurante foi construído, ainda não havia projeto para o Cabedelo”, esclareceu a vice-presidente da autarquia, Ana Carvalho."


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Via Diário as Beiras:
"O executivo camarário chegou a acordo com mais um concessionário do Cabedelo. O município já pagou 132 mil euros de indemnizações, no âmbito da primeira fase da requalificação daquela zona da margem sul da cidade. A câmara aprovou o pagamento de sete mil euros pela demolição de um armazém de apoio a um café. A autarquia já havia chegado a acordo com um restaurante, para ser demolido, mediante o pagamento de 80 mil euros, e com uma escola de surf, pagando 45 mil euros, que será relocalizada noutra zona do CabedeloCarlos Tenreiro, vereador eleito pelo PSD, questionou a necessidade das indemnizações, uma vez que os concessionários estavam a trabalhar com licenças precárias da administração portuária. Contudo, o autarca da oposição mostrou compreensão, dado que, justificou, as actividades dos concessionários são afectadas pelas obras. 
O presidente da câmara, Carlos Monteiro, esclareceu que as indemnizações resultaram do acordo da autarquia com os concessionários, por indicação da administração do porto, à época, proprietária das zonas concessionadas. O vereador do PSD, Ricardo Silva, também questionou a maioria socialista sobre as obras. Acerca do parque de campismo, ainda sem acordo, o edil adiantou que pediu informação adicional ao porto. E admitiu que, se o município tiver prejuízos por falta de acordo em tempo útil, poderá vir a exigir ao concessionário ser ressarcido."

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Segundo o jornal AS BEIRAS, "o campismo do Cabedelo vai continuar a funcionar..." Fica por saber, até quando?

Afinal, a concessão do parque de campismo do Cabedelo poderá não terminar no dia 31 de dezembro. 
Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, João Queiroz, presidente da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (concessionário), adiantou que está “muito optimista que vai ser encontrada uma solução que satisfaça todas as partes”
Da parte da autarquia e da administração porto, também há abertura para negociar. Contudo, em vez da concessão ser renovada por um período de cinco anos, como até aqui, ela poderá prolongar-se por alguns meses, até as obras de requalificação do Cabedelo não necessitarem de intervir no espaço. 
Recorde-se que João Ataíde, presidente da Câmara da Figueira da Foz defendeu, este mês, numa reunião de câmara, que o parque de campismo tem de sair daquela zona de praia que vem afirmando- se como estância de surf, justamente para criar condições para o desenvolvimento daquela modalidade de desportos de ondas. 
O projecto inicial da requalificação do Cabedelo contemplava a deslocalização do parque de campismo para outra área da zona portuária em São Pedro. Entretanto, foram introduzidas alterações, que deixaram cair aquela possibilidade. Contudo, os campistas que costumam utilizar aquele equipamento podem continuar a acampar na Figueira da Foz depois do fim da concessão, já que o concelho dispõe de três parques, um municipal (na cidade), um privado (em São Pedro) e outro da Junta de Quiaios.

O parque de campismo do Cabedelo, na freguesia de São Pedro, encontra- se num sítio nobre, com vistas para o mar. A Câmara da Figueira da Foz não abdica, no entanto, de utilizar o espaço para a requalificação urbana, a fim de criar mais atractividade para a prática do surf e uma área de fruição pública. 
Por sua vez, a administração portuária tem estado em sintonia com a autarquia, ao ponto de abdicar de uma renda anual de cerca de 30 mil euros a favor da regeneração urbana daquela área da margem sul da cidade. Do lado do concessionário do parque de campismo existe compreensão, apesar das receitas que vai deixar de gerar. Por outro lado, pesa a questão dos funcionários, muitos deles do quadro, que podem chegar os 15 na época alta. “Não podemos ficar agarrados a essas coisas. Quem toma decisões [câmara e administração do porto] tem legitimidade para tomá-las”, defendeu João Queiroz. 
Na questão dos trabalhadores que ficarão desempregados, a autarquia deverá apoiálos através do Gabinete de Inserção Social, que funciona em articulação com o Instituto de Emprego e Formação Profissional. 

Via AS BEIRAS

domingo, 18 de junho de 2023

Serviço público: por ser verdade e para que conste, "ao abrigo do acordo assinado entre a administração portuária e o município da Figueira da Foz, o edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, onde também funcionou um restaurante, uma esplanada e um café, ficou de fora da mudança de titulares dos imóveis"

Não sei porquê, mas quase sempre que vou ao Cabedelo, sou abordado sobre o estado de degradação do mamarracho com mau aspecto, que é agora o  edifício que serviu de sede administrativa ao antigo parque de campismo que existiu no Cabedelo.
Lá tenho que recorrrer ao que foi publicado pelo Diário as Beiras, na edição de 19 de Maio de 2023.
"Os concessionários que aguardavam luz verde para instalarem os seus equipamentos na zona requalificada do Cabedelo já podem levantar as licenças de construção, uma vez que a passagem dos terrenos e de três edifícios, da administração portuária para o Município da Figueira da Foz, já foi formalizada. 
São quatro os espaços concessionados: um destinado a restauração e os outros a escolas de surf. 
Àqueles quatro, em breve poderão juntar-se outros três. 
«Possivelmente, vamos avançar com a concessão dos balneários do antigo parque de campismo, que também deverão ser utilizados para apoios de praia [restauração], negócios relacionados com a actividade do surf ou outros» - disse na altura o vereador Manuel Domingues. 
Ao abrigo do acordo assinado entre a administração portuária e o município da Figueira da Foz, o edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, onde também funcionou um restaurante e café, ficou de fora da mudança de titulares dos imóveis. 
Para ver melhor, clicar na imagem
Este imóvel instalado na nova praça do Cabedelo é o mais cobiçado.  
O edifício-sede do antigo parque de campismo integra o estudo de viabilidade económica para a concessão da futura marina do Cabedelo, daí ter sido excluído do pacote de transferência de património da administração portuária para o município."

Recorde-se, que o edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, que eu conheço como as palmas das minhas mãos, que condicionou todo o projecto de requalificação do Cabedelo, que deu, por responsabilidade da gestão socialista então à frente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, naquilo que já todos sabem, que se encontra em estado de degradação em marcha acelerada, tem tudo para tonar-se numa BELA e TURÍSTICA ruína, a acompanhar, num futuro não muito longínquo, a ruína geral que vai ser o resultado do plano de requlificação  do Cabedelo levado a cabo pelo município da Figueira da Foz entre 2017 e 2022.
Naqule edifício, em tempos não muito recuados, existiu, na minha opinião, a mais bela e aprazível esplanada debruçada sobre o mar do concelho da Figueira da Foz.
Isso, porém, são águas passadas. Neste momento, face ao estado do edifício, não seria mais precavido, sensato e lógico, tentar avançar já para a sua concessão e recuperação, em vez de se estar à espera de uma putativa concessão inserida no processo da futura marina do Cabedelo, que ninguém, neste momento, sabe quando vai acontecer, ou se vai mesmo acontecer?

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Porque é que (para já) ao abrigo do acordo assinado entre a administração portuária e o município da Figueira da Foz, o edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, onde também funcionou um restaurante e café, ficou de fora da mudança de titulares dos imóveis?

Via Diário as Beiras
"Os concessionários que aguardavam luz verde para instalarem os seus equipamentos na zona requalificada do Cabedelo já podem levantar as licenças de construção, uma vez que a passagem dos terrenos e de três edifícios, da administração portuária para o Município da Figueira da Foz, já foi formalizada. 
São quatro os espaços concessionados: um destinado a restauração e os outros a escolas de surf. 
Àqueles quatro, em breve poderão juntar-se outros três. 
“Possivelmente, vamos avançar com a concessão dos balneários do antigo parque de campismo, que também deverão ser utilizados para apoios de praia [restauração], negócios relacionados com a atividade do surf ou outros” - vereador Manuel Domingues, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS. 
Ao abrigo do acordo assinado entre a administração portuária e o município da Figueira da Foz, o edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, onde também funcionou um restaurante e café, ficou de fora da mudança de titulares dos imóveis
Este imóvel instalado na nova praça do Cabedelo é o mais cobiçado.  
O edifício-sede do antigo parque de campismo integra o estudo de viabilidade económica para a concessão da futura marina do Cabedelo, daí ter sido excluído do pacote de transferência de património da administração portuária para o município. 
Todavia, se o estudo concluir que o imóvel não constitui uma mais valia para a concessão do futuro equipamento, poderá também vir a ser concessionado em hasta pública."
Nota de rodapé.
O edifício que serviu de sede administrativa do antigo parque de campismo, que eu conheço como as palmas das minhas mãos, que condicionou todo o projecto de requalificação do Cabedelo, que deu, por responsabilidade da gestão socialista à frente da Câmara Municipal da Figueira da Foz,  naquilo que já todos sabemencontra-se num estado de degradação em marcha acelerada para vir a tonar-se numa BELA e TURÍSTICA ruína, a acompanhar, num futuro não muito longínquo, a ruína geral que vai ser o resultado do plano de requlificação  do Cabedelo levado a cabo pelo município da Figueira da Foz entre 2017 e 2022.
Porquê o interesse da administração portuária - recorde-se que um dos membros é o anterior presidente de câmara Carlos Monteiro - em ficar, para já, na posse administrativa de um edifício em tais condições?
Face ao estado do edifício, não seria mais precavido, sensato e lógico, tentar avançar já para a sua concessão e recuperação, em vez de se estar à espera de uma putativa concessão inserida no processo da futura marina do Cabedelo, que ninguém, neste momento, sabe quando vai acontecer, ou se vai mesmo acontecer?
Por outro lado, os três antigos balneários tinham ligações de água, luz e esgotos. Com as obras, ficaram sem essas mais valias. 
Como é? 
Quem ficar com os equipamentos vai ter de refazer essas infraestruturas básicas para uma actividade comercial, ou será o erário público que vai ter de repor o que já existia e foi destruído pelas obras feitas a todo o vapor no Cabedelo, só porque havia fundos europeus disponíveis para gastar ao desbarato, à grande e em força?

quarta-feira, 22 de julho de 2020

A requalificação do Cabedelo e os palheiros da Cova...

Em defesa da preservação da história da Cova e Gala

Na nossa vida, há períodos para parar e pensar. Tempos de paragem. Tempos de reflexão. Tempo de olhar o passado, repensar conceitos e olhar para futuro.
Inserir e integrar o passado na realidade do presente. 

Há uma luz renovada nas águas do Cabedelo, apesar do sol já ter desaparecido no horizonte. Abandono o Cabedelo, a pé pela praia já escura. Chego à Cova e recordo os palheiros que aqui existiram até meados do século passado.

Na margem sul do Mondego predominavam os extensos campos dunares que se estendiam desde a embocadura do rio, seguindo para sul pelo litoral.
As pequenas povoações piscatórias eram caracterizadas por construções primitivas de madeira, erguidas por estacaria e denominadas de palheiros. 
A necessidade de não se distanciarem do mar obrigava a construções adaptadas às condições de instabilidade do terreno para vencerem a dinâmica litoral inerente à acção dos ventos e do mar.

A povoação Cova de Lavos foi um exemplo típico desse tipo de aglomerado de palheiros.
Hoje apenas denominada de Cova, a povoação lembrava uma aldeia lacustre construída sobre uma depressão dunar, em frente ao mar.
Os palheiros da Cova, disseminados por vezes em arruamentos, foram sempre de forma rectangular e chegaram a totalizar as cinco centenas de habitações.
Eram habitados por pescadores oriundos de Ílhavo e constituiram uma das formas mais características de povoamento do litoral português. 
Hoje, nada resta dessa recordação...

Com o chegada do turismo e dos banhos de mar, a Cova começou a sofrer uma progressiva urbanização que a descarectizou. 
As actividades piscatórias foram relegadas para segundo plano, restando, porém, ainda uma companha em actividade.
Na praia da Cova os palheiros foram substituídos por blocos de apartamentos, sem traça e  caracter definidos, o que tornou a Aldeia um espaço ambíguo e sem memória.

Na Cova, sento-me num banco a olhar o mar. 
Continua a ser tempo de paragem e tempo de reflexão.
O momento, este momento,  é o futuro, que me é permitido viver. E imagino: e se no Cabedelo as Escolas de Surf e os bares que (dizem) lá vão instalar, recuperam-se (com o interior adaptado ao conforto dos tempos modernos) a realidade da traça exterior e a memória que foram os palheiros?
Será que esta sugestão não pode ser ainda inserida na versão final do plano de requalificação do Cabedelo? Espero que os arquitectos, que não sabemos por onde andam, aproveitem a ideia, pois isso seria defender o património cultural da freguesia de S. Pedro e a memória histórica. Mesmo que facturem mais uns milhares de euros, como trabalhos a mais...
Na imagem, para terem uma ideia, mais actual, fica um minucuoso trabalho de uma miniatura/reconstrução histórica dos palheiros, que foram durante muito tempo na Cova a única casa do povoado. Um trabalho excelente, feito com o rigor e a minúcia que é reconhecida há muito ao meu conterrâneo e Amigo Manuel Alberto Afonso.

"Um dia o parque do Cabedelo vai abaixo. Pode ser já a 1 agosto"...

Via Diário de Notícias
«O parque de campismo da praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, tem os dias contados. Se tudo correr como a câmara planeia, as centenas de campistas vão ter de retirar tendas e caravanas até ao final do mês. Uma onda de contestação levanta-se, mas há um projeto de requalificação que está pronto a avançar.

Um diferendo entre a Câmara Municipal da Figueira da Foz e a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal pode levar centenas de campistas a abandonar forçosamente a praia do Cabedelo, já no próximo dia 1 de agosto. Em causa está o programa de requalificação urbana daquela zona balnear - bastante procurada pelos surfistas, mas também cada vez por mais veraneantes -, uma obra que já deveria estar concluída. Apresentada em 2018, o prazo de execução era de 15 meses. Desde o princípio que previa uma intervenção no espaço onde está o parque de campismo, além da criação de 600 lugares de estacionamento, que entretanto cresceram para 1000.

A primeira fase da empreitada (em curso) está orçada em 2,64M€ + IVA e contempla o recuo da estrada e do estacionamento, libertando a frente marítima, conforme aprovação do Plano de Praia, da APA (Associação Portuguesa do Ambiente) e do POOC (Plano de Ordenamento da Orla Costeira).

O parque de campismo Foz do Mondego, que existe no Cabedelo desde os anos 80, é o sonho de qualquer campista ou caravanista: fica praticamente em cima da praia, de frente para o mar. Durante anos manteve-se sob a alçada da gestão portuária do porto da Figueira da Foz, que entretanto comunicou à Federação de campismo que não iria renovar a concessão. A partir daí a concessão tornou-se precária, atribuída mensalmente e não anualmente, como era habitual.

Com a transferência dessas competências para os municípios, a Câmara da Figueira entrou noutro domínio de responsabilidade. "Renovámos essa necessidade de retirada, para podermos executar a obra que estava aprovada, projetada e que vamos executar", disse ao DN o presidente da autarquia, Carlos Monteiro.

O parque sai ou não sai?
"Andámos uma série de tempos em conversações. Chegámos a elaborar um projeto que eles nos enviaram, elaborámos um pequeno esquiço e definimos uma data: 15 de junho, para ver se interessava ou não. Responderam-nos que iam reunir a 7 de julho. Percebemos que a federação não queria ajustar o parque que lá tinha àquilo que eles mesmos nos tinham proposto, e tivemos que passar para o passo seguinte: tomar posse administrativa", acrescenta o autarca. E isso é o que deverá acontecer a 1 de agosto.

Foi precisamente um dia depois, a 8 de julho, que os campistas e trabalhadores do parque receberam uma comunicação da entidade gestora do parque. Nessa carta, assinada por João Queiroz, presidente da direção, a Federação informa os utentes do parque de "todo o processo negocial", informando que vai recorrer à via judicial, através de uma providência cautelar.

Questionado pelo DN, João Queiroz é perentório: "o assunto foi entregue ao nosso Gabinete Jurídico e, segundo informação dos nossos advogados, em 1 de agosto nada vai acontecer. Achamos que ainda pode imperar o bom senso e encontrarmos uma solução que permita ultrapassar este conflito."

Mas essa não é a opinião do presidente da câmara. "Dia 1 o parque passa para a câmara. A licença não foi renovada. E os campistas vão ter que sair", afirma Carlos Monteiro, que fala de um processo de negociação com todas as partes, sublinhando que "a federação foi sendo protelando". Por essa razão, considera que "a revolta dos campistas é fundamentalmente com a Federação, que nunca os pôs ao corrente nem nunca os informou do que se estava a passar. Cobrou-lhe taxas anuais quando sabia que tinha uma licença precária mensal".
A Câmara da Figueira vai tomar posse administrativa do parque. "Os campistas vão ter de sair a 1 de Agosto", diz o presidente. 
Requalificar o parque
Sandrina Silva, uma das utentes do parque que desde 2017 mantém lá "uma caravana o ano inteiro", disse ao DN que a primeira comunicação que recebeu da FCMP foi o comunicado de 8 de julho. Tal como muitos outros campistas, deparou-se nos últimos dias com um conjunto de painéis no parque, sugerindo que a responsabilidade estará do lado da Câmara. Na manhã do dia 8, ligou para a Federação, para saber o que se passava, afinal. "Responderam-me que nesse dia haveria de receber um e-mail com a comunicação, e assim foi. Até agora nunca nos tinham feito aviso nenhum".

Tal como uma boa parte dos campistas, Sandrina encantou-se pelo mar do Cabedelo e pelas aulas de surf. Acabou por fazer um contrato anual com o parque, ao preço de 105 euros por mês, para uma caravana. Tal como ela, são muitos os utentes nesta condição. Mas uma volta pelo exterior do parque permite perceber que há quem o utilize bastante. "Mas aquilo não pode ser um bairro habitacional. Não é isso que se preconiza para os parques de campismo", sublinha o presidente da Câmara, que afinal não tenciona acabar, de todo, com um o parque, antes requalificá-lo.

"Aquele espaço não pode ser todo ele utilizado em termos de parque de campismo, ao abrigo do POOC, até no âmbito das alterações climáticas, do recurso estratégico programado", acrescenta Carlos Monteiro. O projeto passa por reduzir a área, dotando-o de bungalows e espaço para caravanas, mas muito mais reduzido.

Carlos Monteiro considera que não seria compatível requalificar o Cabedelo com "o estado de abandono em que aquele parque". Confrontado com o atraso da obra (que já deveria estar concluída), atribui-o ao impasse das negociações com a Federação de Campismo. E diz que equaciona mesmo "colocar uma ação judicial pelo danos causados".

João Queiroz recusa essa responsabilidade. Justifica que "o processo negocial coincidiu com a pandemia, mesmo na sua fase mais aguda, sendo certo que a FCMP não se furtou a diversas deslocações de Lisboa à Figueira da Foz, em inúmeros contactos com a Câmara, a várias reuniões da sua direção, não obstante os prazos curtíssimos, 5 dias, que nos foi imposto para cada passo que foi dado nas negociações".

"Falar em arrastamento neste contexto é , no mínimo, desculpa de mau pagador de quem prefere o conflito, que não desejamos, ao consenso", conclui o presidente da FCMP.

Ordenar o espaço público
A autarquia da Figueira conta abrir parte da zona intervencionada no Cabedelo "até ao final do mês de julho", garante o presidente. Numa praia em que a via de acesso tem apenas uma entrada e saída, o estacionamento desordenado e sobrelotado facilmente tornam o trânsito caótico. Carlos Monteiro adianta que, quando a obra estiver concluída, serão 1000 lugares de estacionamento à disposição de uma praia que este ano tem 4.100 (ou 5,100, dependendo das marés) pessoas de carga máxima, segundo as orientações da DGS.

O recuo estratégico programado (que vai acabar com a atual estrada e passar a fazer o acesso por uma via paralela entretanto já construída) "irá libertar a pressão sobre a linha de costa", garante o autarca. Mas a associação SOS Cabedelo considera que a obra "precisa ainda de muitos ajustes", tal como defende Eurico Gonçalves, presidente daquela organização e proprietário de uma das duas escolas de surf que existem na praia. Como está desde 2012 num espaço provisório (junto ao parque de campismo), não entrou nas negociações com a autarquia, ao contrário do que aconteceu com a outra escola, que acabou por ser indemnizada em 45 mil euros. Também um café que existia na zona intervencionada foi alvo de uma contrapartida no valor de 80 mil euros.

"O nosso foco é o mar"
"Estou expectante. Mas desconfio muito da eficácia desta obra", acrescenta Eurico. A associação a que preside continua "mais preocupada com esta linha de costa e com a preservação das ondas, a que ninguém parece ligar. Só os surfistas e os pescadores compreendem o que tem vindo a acontecer".

Na praia do Cabedelo - que passou a ser vigiada apenas há meia dúzia de anos - "não há semana nenhuma em que os surfistas não tenham que ir buscar alguém ao mar", conta ao DN Miguel Figueira, outro ativista da SOS Cabedelo, um dos autores da exposição "o mar é a nossa terra", que por estes dias está em exposição no CCB. Natural da Figueira da Foz, foi um dos primeiros surfistas no Cabedelo, a par do amigo Eurico Gonçalves. Ambos se lembram ver de ver nascer o parque de campismo, e ambos concordam que assim não pode continuar. Mas lamentam que, em todo este processo, o movimento cívico a que dão corpo nos últimos 10 anos "nunca tenha sido ouvido, ao longo de todo este processo, no âmbito da requalificação", diz Eurico.

A SOS Cabedelo insiste que o foco deve estar no mar. "Tudo o que se passa a sul do Mondego tem impacto até ao Canhão da Nazaré. Por isso insistimos tanto com o fim das ripagens, por isso fizemos uma queixa à Comissão Europeia, por isso vemos as coisas ao contrário: quando nos vêm falar de uma praça do surf, no âmbito da requalificação urbana, o que temos a dizer é que a nossa praça é o mar".