(...) Nevava, mas o tempo estava muito claro. Ao alto das ruas sujas e quase em trevas, por cima dos telhados negros, alastrava um céu escuro salpicado de estrelas. Só a contemplação dessas altas esferas permitia (...) evadir-se do aflitivo contraste entre a baixeza do que é humano e os nobres sentimentos que lhe enchiam a alma (...)
domingo, 6 de março de 2022
sábado, 5 de março de 2022
sexta-feira, 4 de março de 2022
"Liberdade, liberdade, quem a tem chama-lhe sua"...
Via Jornal i
A inutilidade da moral para ler a guerra
"Todas as guerras são condenáveis, a paz é um bem inestimável, todos os povos têm direito a escolher os seus destinos, todos os combates causam sofrimento, mortes, destruições e deslocações. A guerra é sempre uma amálgama de corpos, de sangue e de ruínas. Todos os seres humanos dotados de um mínimo de humanidade são contra a guerra. Contudo, a guerra é a mais antiga e continuada ação humana. A condenação moral da guerra nunca evitou a guerra, nem construiu a paz.
O primeiro dado de partida para a análise de qualquer guerra é não haver moral, mas apenas interesses. Os direitos dos povos e a moral não são elementos do jogo. Nunca são. Na Ucrânia não se defende a liberdade, nem o direito, como não se defenderam esses valores noutras invasões próximas de nós no tempo, a do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, da Síria. Como não foram para os defender que se desencadearam as guerras no Vietname ou, mais atrás, as invasões da Hungria e da Checoslováquia. Como, ainda mais atrás, não foi pela defesa de valores morais que ocorreu a divisão da península da Coreia.
O segundo dado é o de a guerra ter como motivo a conquista de vantagens, ou a defesa de situações e de os pretendentes à conquista desses dois objetivos estarem dispostos a utilizar a violência para os alcançar. Não há guerra sem violência.
O terceiro: a guerra é um fenómeno político e social total. Isto é, envolve não só as sociedades organizadas, os estados contendores, mas os que com eles se relacionam. A guerra nunca é uma luta de um contra um. Atrás de cada contendor posicionam-se os seus apoiantes e, muitas vezes, os seus mentores. Como nas lutas de galos, os verdadeiros contendores são aqueles que os criam e lhes colocam espigões de aço nas pernas!
Uma arena – um palco
O conflito na Ucrânia deve ser entendido vendo a Ucrânia como uma arena onde se defrontam os dois contendores reais: os Estados Unidos e a Rússia. A Ucrânia desempenha hoje, em 2022, o mesmo papel que o Vietname desempenhou nos anos 60 do século passado: um palco, ou uma arena onde uma superpotência utiliza um território exterior para defrontar de forma indireta outra superpotência. Angola pós independência (1975) é outro exemplo deste tipo de conflitos indiretos jogados em territórios exteriores.
O que está em jogo na Ucrânia é uma disputa por zonas de influência e por estatuto de potência planetária entre os Estados Unidos e a Rússia, além de apropriação de recursos por parte dos grupos dominantes. Todos os Estados, embora independentes, detêm apenas uma soberania limitada. O Ultimato Inglês a Portugal no século dezanove é um exemplo. A utilização da Base das Lages na Guerra dos 6 Dias. Outro ainda, mais recente, foi o 25 de Novembro de 1975, quando os EUA e os Estados Europeus impuseram a Portugal um regime padronizado pelas democracias europeias, sem qualquer veleidade de inovações resultantes da revolução do 25 de Abril de 1974.
Restos da II Guerra Mundial e da Guerra Fria
O conflito na Ucrânia é ainda o resultado da divisão do mundo em duas áreas dominadas pelas potências vencedoras da II Guerra Mundial: os EUA e a URSS.
Entretanto ocorreram tentativas de criar espaços alternativos, caso do Terceiro Mundo e do Movimento dos Não-alinhados, que não se impuseram, e a China começou a emergir como uma superpotência desafiante das outras duas, com o sucesso visível. Nixon insuflou a estratégia da China no processo de conquista do estatuto de superpotência, seguindo o princípio de que o inimigo do meu inimigo (URSS) é meu amigo. A promoção e o êxito do maoismo nos anos 60 e 70 do século passado como fenómeno de moda nas juventudes ocidentais não foram inocentes. Foram atos de manipulação política.
A CEE, que deu origem à atual União Europeia, é um espaço secundário, como o foi o Terceiro Mundo, mas por razões várias optou pelo alinhamento com os Estados Unidos, abdicou de ser um espaço autónomo e os ingleses encarregaram-se de sabotar qualquer tentativa de autonomia, isto é, que a União Europeia fosse uma aliança estratégica com uma estrutura e um projeto. De Tatcher a Blair os chefes de governo do Reino Unido recusaram aceitar que o projeto europeu fosse mais do que uma mera zona de comércio. Era assim que Boris Johnson pensava em 2016, quando o Reino Unido estava na União Europeia e a Ucrânia manifestou interesse em aderir. Boris Johnson opôs-se à entrada da Ucrânia na União Europeia porque isso fortaleceria a UE num tempo em que os Estados Unidos ainda não estavam interessados em afrontar a Rússia. Entretanto ocorreu o Brexit e Trump foi substituído por Biden. Este defende outras abordagens para garantir os interesses da oligarquia americana e Johnson agora é favorável à entrada da Ucrânia na União Europeia. Meros interesses e jogadas oportunistas de poder. Nada de moral, nem de luta pela liberdade.
A China
O fim da URSS pareceu dar vantagem aos Estados Unidos e à China. Os EUA elegeram então a China como inimigo principal e o Pacífico como a sua zona vital. Esta mudança de inimigo principal e de zona vital não podia, contudo, ser feita descurando a frente Ocidental (Europa).
O alargamento da UE e da NATO aos países saídos da órbita da URSS, caso das repúblicas bálticas, da Polónia, Hungria, República Checa, Roménia, Bulgária, dos que resultaram do desmembramento da Jugoslávia e a reunificação alemã serviram esse propósito. A instalação de bases militares americanas (ditas NATO) à volta da Rússia foi evidente. Mas a manobra de cerco à Rússia teria a sua pedra de fecho decisivo com a tomada da Ucrânia, o maior país e o território que dá acesso direto a Moscovo.
Desde o início do século a Ucrânia foi palco de várias manobras de desestabilização que tiveram um ponto culminante em 2014 com as convulsões da Praça de Maidan, eleições fraudulentas, golpes mais ou menos explícitos conduzidos pelos Estados Unidos. A Rússia entendeu agora que estava em condições de parar os Estados Unidos, antes de estes absorverem a Ucrânia através da UE e da NATO.
Em primeiro lugar a Rússia conta com o apoio da China, a quem interessa que os EUA tenham de se dispersar por duas frentes, uma na Europa e outra no Pacífico, a quem interessa, por isso, uma Rússia forte. Por outro lado, a Rússia contava com a forte e complexa teia de relações comerciais com a União Europeia e com a sua dependência do gás e da ligação na área do aeroespacial para evitar grande contestação à sua operação de retoma do controlo da Ucrânia (uma análise que saiu errada). Contava ainda com as dificuldades de Biden na frente interna americana, com as próximas eleições, os conflitos étnicos e a monstruosa dívida que limitam o bem-estar das populações.
Com estes dados, a Rússia jogou a sua cartada e tomou a iniciativa de atacar a Ucrânia e repor as fronteiras dos Estados Unidos onde elas estavam em 2014.
A desistência da União Europeia
O Terceiro Mundo e o Movimento dos Não-alinhados dos anos 60 e 70 do século passado falharam a sua tentativa de desempenhar um papel de relevo na definição de políticas mundiais, acabando os seus elementos integrados na ordem imposta pelas superpotências. O conflito na Ucrânia revelou a mesma falência da União Europeia.
Os líderes europeus têm afirmado que este conflito revelou união, o falar a uma só voz, é verdade, mas é falso que tenha demonstrado força. Pelo contrário, demonstrou a submissão da União Europeia aos Estados Unidos e, com essa submissão, perdeu autonomia para agir, para escolher parceiros, para servir de ponte entre contendores, para impor os seus interesses, para intervir em áreas tão importantes como o domínio do espaço, das novas tecnologias, as energias, ou as políticas ambientais, por exemplo. A UE passou a ser um apêndice dos EUA, uma extensão. Um estado vassalo.
Fuck the EU
A expressão foi proferida por Vitoria Nuland (filha de um médico ucraniano, atual Subsecretária de Estado para os Assuntos Políticos), enquanto quadro superior do Departamento de Estado no tempo da administração Obama – Biden, envolvida nesse tempo (2014) diretamente na formação dos primeiros governos do regime ucraniano numa conversa com o então embaixador norte-americano em Kiev, Geoffrey E. Pyatt, agora em Atenas. Um escândalo diplomático entre «aliados» que demonstra a consideração dos EUA pela União Europeia neste como noutros processos políticos e que Bruxelas, fiel à sua subserviência em relação a Washington, reduziu a um não-acontecimento. Acresce que Biden tem uma forte ligação à Ucrânia, utilizando o filho Hunter Biden como testa de ferro nos negócios de petróleo e gás do país. A Ucrânia é um negócio dos EUA!
O rearmamento da União Europeia
O rearmamento da «Europa», que surge no discurso político dominante como uma necessidade imperiosa na defesa dos «valores europeus» é uma falácia. O rearmamento europeu será feito com tecnologia e meios dos Estados Unidos, para servir os interesses estratégicos destes e animar o complexo militar industrial americano. Os Estados Unidos (e também a Rússia, como se vê) não permitirão que a Europa seja uma potência nuclear credível, nem uma potência espacial credível, nem uma potência naval credível. Sem domínio nuclear, sem o espaço e sem os mares, sem ciência e sem vontade de afirmação não há poder militar credível. Há despesa!
A guerra com a sua procissão de mortos, destruição e sofrimento apenas terminará quando a Rússia atingir os seus objetivos e responder ao desafio que lhe foi lançado pelos Estados Unidos. Os europeus e os ucranianos serão os grandes vencidos. Serão eles, seremos nós, os sujeitos aos grandes poderes, os indefesos, a pagar os custos da guerra e da fraqueza dos dirigentes.
O populismo
A fraqueza da União Europeia, os custos da guerra, com a inevitável degradação de segurança e de condições de vida na Europa resultantes das vagas de refugiados e do aumento do custo dos bens essenciais, constituem a tempestade perfeita para o desenvolvimento de movimentos populistas e fascizantes, que já se manifestam. Será mais uma das consequências das opções dos dirigentes europeus, da sua unanimidade, do seu oportunismo e da sua curteza de vistas, da sua pequenez.
O butim desta guerra – quem ficará com ele?
O butim de guerra é o conjunto dos bens que são retirados aos inimigos na sequência de um ataque ou conflito. O day after desta guerra responderá à pergunta que dificulta ainda mais uma resolução do conflito: quem vai fazer fortuna com a reconstrução da Ucrânia? O vencedor ficará com o resultado do saque, com o butim, como ficou com as obras no Iraque. Os oligarcas da paz e do saque da Ucrânia serão americanos ou russos? Esta é a questão!"
quinta-feira, 3 de março de 2022
O PCP vai ser proibido?
"Talvez com todo este ódio um dia consigam, finalmente, ilegalizar o PCP. Porém, deixo esta pergunta: se, hipoteticamente, as tropas do senhor Putin um dia invadissem Portugal, quem de entre estes acusadores do PCP estaria disposto a organizar-se para resistir ao invasor?... E quantos militantes do Partido Comunista Português o fariam?...
Eu, que sou militante do PCP e conheço muitas das pessoas que lá militam, não tenho dúvidas que, nessa hipotética e derradeira contabilidade do patriotismo, o PCP ganharia a grande parte dos seus críticos atuais. Mesmo na ilegalidade."
Apartamentos da Quinta da Matiôa: um problema por resolver há mais de (pelo menos) 12 anos
Conforme se pode constatar por uma postagem deste blogue de 9 de Novembro de 2017, "o problema foi herdado da gestão camarária PSD, antes do PS ter ganho as autárquicas de 2009..."
Nesse dia 9 de Novembro de 2017, o Diário as Beiras publicou uma notícia a dar conta que tinha sido furtado recheio de 16 apartamentos. "Foram furtados sifões, esquentadores, exaustores, sanitas e torneiras de 16 apartamentos da Quinta da Matiôa, em Tavarede, freguesia urbana da Figueira da Foz. A queixa foi apresentada na PSP daquela cidade pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) no dia 6 deste mês. Os autores introduziram-se nas habitações através de arrombamento, tendo provocado largas centenas de euros de prejuízo. Esta não foi a primeira vez que os apartamentos desabitados daquela urbanização, como foi o caso mais recente, foram “visitados “ pelos amigos do alheio. De resto, é longo o historial de furtos, incluindo tampas de saneamento, estores, portas e janelas."
quarta-feira, 2 de março de 2022
"Câmara da Figueira da Foz rescinde com empreiteiro do Palácio Conselheiro Branco"
Imagem via Diário de Coimbra, 30 de Janeiro de 2021 |
«A Câmara da Figueira da Foz aprovou hoje, por unanimidade, uma proposta de rescisão litigiosa com o empreiteiro responsável pela intervenção no Palácio Conselheiro Branco, em Maiorca, devido aos “excessivos” incumprimentos dos prazos.
O presidente da autarquia, Pedro Santana Lopes, invocou o “manifesto incumprimento excessivo por parte da empresa”, que foi reconhecido por toda a oposição.
As obras, no montante de 140 mil euros, que se destinavam a intervenções ao nível da cobertura total, janelas, portadas e pintura exterior, iniciaram-se ainda em 2019 e previam um prazo de execução de 90 dias.
O Palácio Conselheiro Branco, que já acolheu o posto da GNR de Maiorca, é um edifício classificado como de interesse municipal, sendo propriedade da Câmara da Figueira da Foz.
O vereador e anterior presidente da autarquia, Carlos Monteiro (PS), defendeu também a rescisão litigiosa por “ser difícil trabalhar com aquele empreiteiro, que não cumpre [prazos]”.
Salientando que a empresa em questão “tem um relacionamento muito mau com a Câmara”, Carlos Monteiro recordou que já foi “difícil trabalhar com ele na Casa do Paço”, situada próxima dos Paços do Concelho.
O socialista acrescentou ainda que a maior parte da intervenção está concluída.
Falta recolocar a cúpula do edifício que, segundo o presidente do município, Santana Lopes, vai ser entregue a uma empresa, ao abrigo as normas que preveem a intervenção por questões de segurança e salubridade.
“Aquilo está num estado inaceitável, coberto por uma lona, e temos de repor a cobertura, porque a obra já está parada há tempo e tudo se vai degradando”, disse o autarca, frisando que a Câmara “tem de intervir o mais rápido possível”.
Aos jornalistas, Santana Lopes adiantou ainda que a recuperação do Paço de Maiorca é uma obra que tem de avançar “tão depressa quanto possível”, ainda este ano, para “a degradação não continuar”.
O presidente do município disse que está a trabalhar numa utilização do Paço de Maiorca “que seja muito vantajosa para aquela vila e para o concelho todo”.
Nota OUTRA MARGEM:
Ucrânia e Palestina, heróis e terroristas: o terror que nos vendem e o mundo real
Quase tudo correu pelo melhor...
Imagem via Diário as Beiras |
1ª. - que esse dinheiro, ao contrário do que dizem "algumas más línguas", é muito bem empregue.
2ª. - que é um canal que faz muita falta aos portugueses, em geral, e aos figueirenses, em particular.
Mas, não há nada a corrigir?
Há sim senhor. Desde logo, levar um chapéu de chuva e umas galochas.
Vocês não se lembram. São novos. Porém, quem anda por cá a virar frangos há muitas décadas, não esquece o que diziam os antigos: “terça-feira de carnaval com chuva, é lama até à vulva!”
Eram pouco frescos os velhos do meu tempo, eram, eram. E que observadores, sempre de olho arregalado e bem atento!..
terça-feira, 1 de março de 2022
A última Assembleia Municipal da Figueira da Foz narrada pela CDU FIGUEIRA
Como os jornais que costumam fazer a cobertura do acontecimento, raramente fazem referência à deputada municipal mais activa e interveniente deste importante órgão autárquico figueirense, via Cdu Figueira DA Foz, OUTRA MARGEM deixa o link que dá acesso a algumas das questões que Silvina Queiroz, a única eleita da CDU, apresentou.
Para PENSAR
Via Miguel Mattos Chaves, doutorado em Estudos Europeus, dominante de Economia, pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica. Possui o Mestrado em Estudos Europeus (pré-Bolonha), um Master em Gestão Comercial e Marketing, uma Licenciatura em Relações Internacionais e o Curso de Marketing Management, este na Bélgica. Tem ainda o Curso de Defesa Nacional ministrado pelo Instituto da Defesa Nacional.
"Invasão para mudar o Poder Político?
Sangue ucraniano nas mãos do banca ocidental (e de uns quantos “liberais”)
João Mendes: "Onde estavam estes revolucionários instantâneos, que agora até em manifestações aparecem? Os tais que não admitem que se mencionem os antecedentes desta guerra, mas que estão, desde o seu início, a usá-la única e exclusivamente para alavancar os seus partidos e interesses? Uma boa parte estava a ganhar dinheiro com estes e outros ditadores. Continua a fazê-lo. Seja em Moscovo, Pequim, Riade ou Caracas. Não são apenas hipócritas. São cúmplices destes assassinos. E, como a banca, têm sangue ucraniano nas mãos."