terça-feira, 5 de novembro de 2024

O embaraço de Pedro Nuno Santos no bairro do Zambujal

Foi um Pedro Nuno Santos algo embaraçado que comentou ontem as afirmações do presidente da Câmara de Loures sobre a ameaça de despejo de inquilinos que participem em tumultos. E sempre a fugir de condenar taxativamente o autarca que é também presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS: “Todos nós temos bons momentos e momentos menos bons. Obviamente que este não foi um bom momento na Câmara de Loures.”
O secretário-geral do PS falava ontem aos jornalistas no final de uma visita ao Bairro do Zambujal, na Amadora, na sequência dos tumultos que se iniciaram há precisamente duas semanas, depois de um polícia ter alvejado mortalmente um dos habitantes. Pedro Nuno Santos condenou o voto a favor dos socialistas de Loures à moção apresentada pelo Chega que defendia precisamente o despejo de inquilinos das habitações municipais. “Acho que o PS, em nenhum lado, em nenhum sítio, deve viabilizar moções do Chega, muito menos moções do Chega com aquele teor”, defendeu o secretário-geral. “Nenhum senhorio privado pode despejar cidadãos que foram condenados ou aplicar penas. 
Da mesdma forma, o senhorio Estado também não o pode fazer. Mas mesmo que o pudesse fazer, era uma resposta profundamente errada”, acrescentou, insistindo na forma de o PS ver estes temas, “que é transversal a todos os autarcas” do PS.
“Todos os eleitos do PS, seja para a Assembleia da República, para órgãos municipais e órgãos regionais, estão comprometidos — obrigados, já agora — com o cumprimento da lei, da Constituição, com os objectivos da reinserção social e, para além da lei, com os princípios do humanismo, do respeito pelo outro e da empatia.” Reforçou que esta é a forma “como os socialistas estão na vida e na política em todos os cargos que ocupam”.

Mas terá sido apenas uma mau momento do autarca de Loures? 
A oposição em Loures diz que "é um padrão do presidente Ricardo Leão."
Alguém consegue aceitar que o despejo seja a forma de punir um criminoso. São critérios do Chega, que finge que não existe a Constituição quando aparece com mais uma medida populista. 
Numa sociedade civilizada e democrática, um indivíduo identificado como criminoso por destruir em plena via pública bens estatais (de todos nós) ou privados tem de ser julgado e preso depois de comprovado o seu comportamento. Esta é a forma básica de funcionamento da sociedade. Quando um autarca pensa que resolve o problema com o despejo de uma habitação social, apenas demonstra que a pessoa escolhida para o cargo foi um erro. 
Para o ano haverá eleições autárquicas. O mínimo, que se exige aos partidos democráticos, civilizados e responsáveis, é cuidado no escrutínio dos candidatos.

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