2007. Foto de Pedro Agostinho Cruz. |
Vamos continuar a esperar sentados na praia?
(“todos os dias procuro na palavra aquela voz interior que preciso para poder expressar quem sempre fui, diante das novas circunstâncias que os novos tempos me trazem”)
Há períodos em que apetecia fazer uma pausa na análise comportamental da "politiqueirice" da Aldeia.
Porém, desde que tenho memória que gosto de escrever. Apenas por gostar mesmo de me divertir a escrever, por ter o prazer de escrever-me, por sentir a maneira como a bic (nunca a de esfera laranja...) deixava as letras no papel.
O tempo foi passando. Todos os dias continuo a exprimir, via as letras que formam as palavras, o que sempre fui, mesmo diante das novas circunstâncias que os novos tempos trouxeram.
Todos os dias variam de nuvens, de sol, de calor e frio.
Porém, na mesma janela de sempre, aberta para a mesma avenida (outrora estrada nacional), observo momentos diferentes da minha Aldeia, vivendo pedaços que nunca se repetem.
Recordo vizinhos, gente que passou pela vida do miúdo que fui.
Continuo com o prazer de olhar da minha janela o rio que, antes de ir dar ao mar, desagua noutro braço do mesmo rio.
Continuo na Aldeia, que gosto de chamar "nossa". Gosto da minha Aldeia, olhada da minha janela, sobretudo em dias de calor e luz, ao fim da tarde, o que não vai ser o caso de hoje. Mas outros dias virão...
Tenho a felicidade de viver numa Aldeia abençoada pela natureza, que os politicamente bem sucedidos inteligentes, ainda não conseguiram estragar totalmente.
Num parênteses breve, convém deixar claro, porém, que são politicamente inteligentes, apenas pela estupidez de outros...
Ultrapassado que está o primeiro mês de 2021, tal como em 2007, continuo a esperar vida nova.
Vida nova, seria, por exemplo, sentir que além do crescimento económico a sociedade iria crescer em cidadania, justiça e solidariedade.
2021, cá pela Aldeia vai ser um ano de imensa propaganda. Mais ainda que 2007. Não será necessário muito tempo para darmos conta disso...
Afinal, “quem vence na vida não são os melhores, são os que se adaptam”.
Nada vai mudar. Tal como em 2007, tudo vai continuar na mesma.
Ou seja, a Aldeia vai continuar a detestar quem pensa diferente. Mais: quem simplesmente pense...
A lógica do poder provinciano é dar nas vistas, tornar as pessoas dependentes, sem opinião própria, gratas, reverentes – assim se consegue o terreno fértil para a angariação dos votos.
Cá na Aldeia, o caminho está traçado. Quem percorrer vias alternativas será punido. A independência vai continuar a ter preço.
Todavia, a democracia de que todos enchem a boca, é a discussão dos diversos pontos de vista...
Por aqui, reina o que convém à situação: o consenso amorfo, acéfalo, cobarde e conveniente.
Resumindo e concluindo: reina a paz podre dos interesses instalados.
“Sabe tão bem sentir o silêncio de estar vivo”.
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