sábado, 15 de fevereiro de 2014

Podemos ter a certeza que a Cova-Gala não está a atravessar um óptimo momento, quando o eng. João Vaz, consultor de ambiente e sustentabilidade, gasta uma crónica de jornal inteira a escrever sobre “o fim da praia”...

foto António Agostinho
“Os enrocamentos, esporões e pedras vão matar as nossas praias a curto prazo, retirando-lhes areia e potenciando a erosão. O problema não é a violência do mar. As populações e os políticos é que se enganam a si próprios quando pensam que a “engenharia pesada ad-hoc” é a solução.   
Há duas formas de preservar a “costa”: 1) dar espaço ao mar e organizar uma “retirada” em zonas ameaçadas, realojando as populações; 2) realimentar com areia as dunas e áreas a preservar. A opinião técnica é unânime: o custo benefício das medidas de protecção está do lado do reforço das dunas, reconstituindo-as. Agir fora destas opções tem sido desastroso.
A estrada que liga a Cova-Gala ao Cabedelo, passando pelo hospital, não tem viabilidade.
Deverá ser abandonada, tal como os equipamentos e as casas construídos nas dunas e imediatamente atrás. Cita-se um estudo científico (Dias, Ferreira e Pereira; 1994 ): “No caso da Figueira da Foz, a erosão costeira a [sul] dos molhes é, indubitavelmente, devida à retenção da deriva litoral pelo molhe norte. É-o, também, devido à diminuição progressiva do caudal sólido debitado pelo rio Mondego (…), provocada pelas múltiplas intervenções efetuadas…”.
Os problemas existentes (…) a sul da barra localizam-se nas zonas de implantação dos núcleos urbanos (Gala, Costa de Lavos, Leirosa), o que comprova, uma vez mais, que “só existem verdadeiramente problemas de erosão costeira quando o litoral está ocupado”.
A decisão de emparedar a costa e acabar com a praia é demasiado importante para ser tomada durante a tempestade. Há que procurar as melhores soluções e um consenso que abranja os nossos netos e o seu direito a desfrutar da praia do Cabedelo.”

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