"- A nação é de todos. A nação tem de ser igual para
todos. Se não é igual para todos, é que os dirigentes, que se chamam Estado, se
tornaram quadrilha. Se não presta ouvido ao que eu penso e não me deixa pensar
como quero, se não deixa liberdade aos meus actos, desde que não prejudiquem o
vizinho, tornou-se cárcere. Não, os serranos, mil, cinco mil, dez mil, têm
tanto direito a ser respeitados como os restantes senhores da comunidade. Era a
moral de Cristo: por uma ovelha... Se os sacrificam, cometem uma acção bárbara,
e eles estão no direito de se levantar por todos os meios contra tal
política."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Sem comentários:
Enviar um comentário