A morte dos dois pescadores alegadamente provocadas pelas obras
de construção da nova Ponte dos Arcos, aconteceu na manhã de 19 de março de 2007.
Porém, muito antes, mais de um mês antes, os pescadores da pesca
artesanal da Cova-Gala já andavam preocupados e descontentes com as obras que então estavam em curso na zona da Ponte dos Arcos.
Segundo quem se dedica a este tipo de pesca, o canal de
navegação tinha ficado demasiado estreito, o que pôs em risco a segurança das
embarcações e dos homens no decorrer da navegação naquele troço do rio.
O “canal da morte” deveria ter sido encerrado à navegação,
como, aliás, aconteceu logo a seguir ao acidente.
Isso, sabe-se hoje, teria
evitado a morte dos dois pescadores.
Depois da “casa roubada, colocaram trancas à porta”, pois alguém
interditou depois do acidente que
vitimou duas vidas a “boca do inferno”.
Alguém teve “poder” para o fazer à posteriori. Portanto,
alguém falhou.
Sabe-se que houve reuniões, antes do acidente, numa das
quais foram ouvidas as preocupações dos pescadores, que devido às obras se
queixavam das dificuldades em navegar pelo canal.
Louro Alves, Capitão do Porto na altura dos acontecimentos, afirmou na sessão de julgamento em que foi
ouvido que ninguém (entidades que participaram - Estradas de Portugal, IPTM,
câmara, construtora, entre outras) levantou a “questão de interdição do tráfego
no canal”.
Não obstante, já era equacionada, antes do acidente, a
passagem das embarcações do Portinho da Gala, para o porto de Pesca, uma das
soluções que Louro Alves defendeu e que poderia ter evitado o acidente.
A outra teria sido a interdição total do canal de navegação.
Antes da morte de Clemente Imaginário e de Manuel Pata, porém, nenhuma das duas hipóteses aconteceram. A seguir, fechou-se o canal à navegação
e passaram-se as embarcações do Portinho da Gala para o Porto de Pesca.
À boa maneira portuguesa, “depois da casa roubada, colocaram-se as trancas à porta”...
Em tempo.
A próxima sessão do julgamento está marcada para 26 de fevereiro, às 09H00.
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