Carlos Reis dos Santos, Jurista, militante do PSD nº. 10757 e militante honorário da JSD, no "Público", onde o texto pode ser lido na íntegra:
"Com a vossa proposta de um referendo sobre a
co-adopção e a adopção de crianças por casais de pessoas do mesmo sexo, vocês
desceram a um nível inimaginável, ao sujeitarem a plebiscito o exercício de
direitos humanos. A democracia não deve referendar direitos humanos de
minorias, porque esta não se pode confundir com o absolutismo das maiorias.
Porque a linha que separa a democracia do totalitarismo é ténue – é por isso
que a democracia não dispensa a mediação dos seus representantes – e é por isso
que historicamente as leis que garantem direitos, liberdade e garantias andam à
frente da sociedade. Foi assim com a abolição da escravatura, com o direito de
voto das mulheres, com a instituição do casamento civil, com a autorização dos
casamentos inter-raciais, com o instituto jurídico do divórcio, com o
alargamento de celebração de contratos de casamento entre pessoas do mesmo
sexo. Estes direitos talvez ainda hoje não existissem se sobre eles tivessem sido
feitos plebiscitos.(...)
Registo, indignado, o vosso silêncio cúmplice perante
questões sacrificiais para a juventude portuguesa. Não vos vejo lutar contra o
corporativismo crescente das ordens profissionais e a sua denegação do direito
dos jovens a aceder às profissões que escolheram. Não vos vejo falar sobre a
emigração maciça que nos assola. Não vos vejo preocupados com muitas outras
questões.(...)
Hoje vocês não se distinguem do CDS e alguns de vocês nem
sequer se distinguem da Mocidade Portuguesa, ou melhor, distinguem-se, mas para
pior.(...)
A juventude já vos não liga nenhuma. E eu também deixei de
vos ligar.”
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