O mundo que temos é este em que vivemos. Portanto: «não importa para onde tentamos fugir, as injustiças existem em todo o lado, o melhor é encarar essa realidade de frente e tentar mudar alguma coisa.» Por pouco que seja, sempre há-de contribuir para aliviar...
Tivemos hoje a notícia de merda - desculpem-me o português - nas tartes de amêndoa do IKEA. A industrialização dos alimentos e sobretudo a globalização - a tarte de amêndoa que comemos em Estocolmo pode ter sido feita na América do Sul e armazenada em Hong Kong - fará com que, dentro de pouco tempo, merda seja o principal ingrediente de qualquer pitéu. Por isso, estas notícias não me surpreendem e quando vejo alguém chocado por saber que as tartes de amêndoa têm merda, ocorre-me perguntar: Julgava que tinham o quê? Amêndoa? Se o preço da própria tarte é metade do preço de qualquer amêndoa, como é que a tarte de amêndoa podia ser de amêndoa? Mas, mesmo assim, as pessoas ficam muito escandalizadas. E quando sabem que estão a comer merda, cavalo ou outra coisa qualquer que não pediram, querem dá-la aos pobres, o que para mim ainda é mais nojento que a própria ideia de comer merda. Nós aos pobres deste mundo temos de dar bons alimentos e não as merdas que não podem ser dadas aos verdadeiros pobres, mas de espírito. Como é que nos viramos para pessoas com fome e dizemos - Ena, ena, este mês estão com sorte! Têm hambúrgueres de vaca e cavalo, porque nós não podemos comer por problemas no rótulo. - Salvo melhor opinião, não é assim que se combate a mais horrorosa injustiça deste mundo. Então e uma mostarda fora de prazo, para os hambúrgueres marados, não se arranja? Enfim, estamos a dar cabo da nossa alimentação a uma velocidade estonteante. Faltará pouco para que comer razoavelmente custe cem euros por cabeça. E como se não bastasse esta tendência natural, o Governo português ainda aumentou o IVA dos restaurantes, arrumando, a longo prazo, com pelo menos metade deles. Ou seja, não tarda vamos estar confrontados com uma decisão difícil: ou comemos um prato altamente elaborado, confeccionado por um grande chef, e que custa um salário mínimo, ou comemos tartes de merda nas grandes superfícies.
1 comentário:
Tivemos hoje a notícia de merda - desculpem-me o português - nas tartes de amêndoa do IKEA.
A industrialização dos alimentos e sobretudo a globalização - a tarte de amêndoa que comemos em Estocolmo pode ter sido feita na América do Sul e armazenada em Hong Kong - fará com que, dentro de pouco tempo, merda seja o principal ingrediente de qualquer pitéu.
Por isso, estas notícias não me surpreendem e quando vejo alguém chocado por saber que as tartes de amêndoa têm merda, ocorre-me perguntar: Julgava que tinham o quê? Amêndoa? Se o preço da própria tarte é metade do preço de qualquer amêndoa, como é que a tarte de amêndoa podia ser de amêndoa?
Mas, mesmo assim, as pessoas ficam muito escandalizadas. E quando sabem que estão a comer merda, cavalo ou outra coisa qualquer que não pediram, querem dá-la aos pobres, o que para mim ainda é mais nojento que a própria ideia de comer merda. Nós aos pobres deste mundo temos de dar bons alimentos e não as merdas que não podem ser dadas aos verdadeiros pobres, mas de espírito. Como é que nos viramos para pessoas com fome e dizemos - Ena, ena, este mês estão com sorte! Têm hambúrgueres de vaca e cavalo, porque nós não podemos comer por problemas no rótulo. - Salvo melhor opinião, não é assim que se combate a mais horrorosa injustiça deste mundo. Então e uma mostarda fora de prazo, para os hambúrgueres marados, não se arranja?
Enfim, estamos a dar cabo da nossa alimentação a uma velocidade estonteante. Faltará pouco para que comer razoavelmente custe cem euros por cabeça. E como se não bastasse esta tendência natural, o Governo português ainda aumentou o IVA dos restaurantes, arrumando, a longo prazo, com pelo menos metade deles. Ou seja, não tarda vamos estar confrontados com uma decisão difícil: ou comemos um prato altamente elaborado, confeccionado por um grande chef, e que custa um salário mínimo, ou comemos tartes de merda nas grandes superfícies.
Luis Carlos Machado
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