IKEA garante que tarte possivelmente contaminada com matéria fecal não esteve à venda em Portugal...
Em tempo.
Já agora uma ideia: E que tal os "Portugueses convidarem a Troika para ir lanchar uma tarte de amêndoa ao IKEA"...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
Tivemos hoje a notícia de merda - desculpem-me o português - nas tartes de amêndoa do IKEA.
A industrialização dos alimentos e sobretudo a globalização - a tarte de amêndoa que comemos em Estocolmo pode ter sido feita na América do Sul e armazenada em Hong Kong - fará com que, dentro de pouco tempo, merda seja o principal ingrediente de qualquer pitéu.
Por isso, estas notícias não me surpreendem e quando vejo alguém chocado por saber que as tartes de amêndoa têm merda, ocorre-me perguntar: Julgava que tinham o quê? Amêndoa? Se o preço da própria tarte é metade do preço de qualquer amêndoa, como é que a tarte de amêndoa podia ser de amêndoa?
Mas, mesmo assim, as pessoas ficam muito escandalizadas. E quando sabem que estão a comer merda, cavalo ou outra coisa qualquer que não pediram, querem dá-la aos pobres, o que para mim ainda é mais nojento que a própria ideia de comer merda. Nós aos pobres deste mundo temos de dar bons alimentos e não as merdas que não podem ser dadas aos verdadeiros pobres, mas de espírito. Como é que nos viramos para pessoas com fome e dizemos - Ena, ena, este mês estão com sorte! Têm hambúrgueres de vaca e cavalo, porque nós não podemos comer por problemas no rótulo. - Salvo melhor opinião, não é assim que se combate a mais horrorosa injustiça deste mundo. Então e uma mostarda fora de prazo, para os hambúrgueres marados, não se arranja?
Enfim, estamos a dar cabo da nossa alimentação a uma velocidade estonteante. Faltará pouco para que comer razoavelmente custe cem euros por cabeça. E como se não bastasse esta tendência natural, o Governo português ainda aumentou o IVA dos restaurantes, arrumando, a longo prazo, com pelo menos metade deles. Ou seja, não tarda vamos estar confrontados com uma decisão difícil: ou comemos um prato altamente elaborado, confeccionado por um grande chef, e que custa um salário mínimo, ou comemos tartes de merda nas grandes superfícies.
Luis Carlos Machado
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