António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
segunda-feira, 23 de julho de 2007
X&Q104
5 comentários:
Anónimo
disse...
Desculpe o artista a ignorância deste céptico mortal, mas há mesmo alternativa credível ? Onde? Perguntar não ofende não é?
Não tenho nada que desculpar, por quem é... Mas devo dizer que não cabe nunca ao cartoonista dar respostas,(seria pomposo e até ridículo), apenas colocar questões. Quanto a encontrar resposta, procure dentro "de si mesmo". O cepticismo lúcido e não demasiado "prudente" costuma ser bom conselheiro para quem não se satisfaz com soluções demasiado óbvias e simplistas.
Agradeço ao ilustre cartoonista, mas o simplismo talvez esteja em quem vê o mundo só a preto e branco, esquecendo, como dizia o Stº Agostinho, que há mil tons de cinzento... Claro que o talento do cartoon passa por acentuar/ridicularizar, como uma caricatura, os aspectos mais agudos de certos comportamentos e, nessa perspectiva, Fernando Campos é mesmo muito bom!
O mundo "a preto e branco" é uma "convenção" da ilustração gráfica, que tem antecedentes antigos e até ilustres (Miguel Angelo, Jacques Callot, William Hoggarth, Goya, Daumier, etc, etc...),e permite a sugestão, ilusória e simplista, de mil cores, suas complementares e infinitas subdivisões tonais, como os nomes que citei o demonstraram, mas helas, eram todos pobres pecadores, eu incluído, nada que se compare com Stº Agostinho (cujos conhecimentos de óptica, da estrutura da cor e divisão dos tons eu desconhecia) e que, citado por um ex-comunista, é para mim, mais do que uma revelação, uma confirmação: O arrependimento, é meio caminho andado para estar de bem com "Deus" e não ter dúvidas quanto a alternativas. Mas eu, pobre pecador, ainda para mais perdido entre brumas por certo libertárias, prefiro o caos anunciado a uma qualquer indignidade organizada e instituída.
Eu, que agnóstico me confesso, direi ao digno artista que Stº Agostinho é um clássico dos que fundaram a nossa cultura, redescobrindo os gregos eternos embora sob a baça luz medieval. E, já agora, ser ex-qualquer coisa não é estigma de vida, nem tão pouco mais-valia. Se formos fiéis às convicções íntimas e assim estivermos de bem connosco e com o mundo, qual é o problema ? Essa será, a meu ver, a humilde coerência distante da arrogante teimosia!
5 comentários:
Desculpe o artista a ignorância deste céptico mortal, mas há mesmo alternativa credível ? Onde?
Perguntar não ofende não é?
Não tenho nada que desculpar, por quem é... Mas devo dizer que não cabe nunca ao cartoonista dar respostas,(seria pomposo e até ridículo), apenas colocar questões. Quanto a encontrar resposta, procure dentro "de si mesmo". O cepticismo lúcido e não demasiado "prudente" costuma ser bom conselheiro para quem não se satisfaz com soluções demasiado óbvias e simplistas.
Agradeço ao ilustre cartoonista, mas o simplismo talvez esteja em quem vê o mundo só a preto e branco, esquecendo, como dizia o Stº Agostinho, que há mil tons de cinzento... Claro que o talento do cartoon passa por acentuar/ridicularizar, como uma caricatura, os aspectos mais agudos de certos comportamentos e, nessa perspectiva, Fernando Campos é mesmo muito bom!
O mundo "a preto e branco" é uma "convenção" da ilustração gráfica, que tem antecedentes antigos e até ilustres (Miguel Angelo, Jacques Callot, William Hoggarth, Goya, Daumier, etc, etc...),e permite a sugestão, ilusória e simplista, de mil cores, suas complementares e infinitas subdivisões tonais, como os nomes que citei o demonstraram, mas helas, eram todos pobres pecadores, eu incluído, nada que se compare com Stº Agostinho (cujos conhecimentos de óptica, da estrutura da cor e divisão dos tons eu desconhecia) e que, citado por um ex-comunista, é para mim, mais do que uma revelação, uma confirmação: O arrependimento, é meio caminho andado para estar de bem com "Deus" e não ter dúvidas quanto a alternativas.
Mas eu, pobre pecador, ainda para mais perdido entre brumas por certo libertárias, prefiro o caos anunciado a uma qualquer indignidade organizada e instituída.
Eu, que agnóstico me confesso, direi ao digno artista que Stº Agostinho é um clássico dos que fundaram a nossa cultura, redescobrindo os gregos eternos embora sob a baça luz medieval.
E, já agora, ser ex-qualquer coisa não é estigma de vida, nem tão pouco mais-valia. Se formos fiéis às convicções íntimas e assim estivermos de bem connosco e com o mundo, qual é o problema ? Essa será, a meu ver, a humilde coerência distante da arrogante teimosia!
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