Continua a ser um dos mais antigos meios de comunicação da nossa Terra.
Ontem pode ter tocado a finados; hoje, pode tocar para a missa; amanhã, pode tocar para dar conta de um casamento; depois, há-de tocar para anunciar um baptizado. Lá para Junho, vai tocar para a saída e recolha da Procissão de São Pedro...
Em situações de emergência, felizmente, poucas, já tem tocado a rebate, para alertar os covagalenses..
A maior parte das vezes, porém , o sino da nossa Capela toca, simplesmente, para informar as horas.
O velho sino, o que está virado para nascente, data de 1943. Os dois novos, os do lado poente, são recentes e automatizados.
Por mim, continuo a preferir o sino velho...
É o sino da minha infância.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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3 comentários:
O sino tem badalo. Esta analogias, vocês só pensam nisso?
Eu também ainda sou do tempo... em que o sino era "encantado" pelas mãos e agilidade daquele que queria informar a população que algo se passava.
Não há nada como "lembrar" certos pormenores da nossa infância e que a nossa terra nos proporcionou.
Regulador de quotidianos, de quando o relógio pessoal era um luxo, e a vida se regia pelos seus toques, sendo hoje que poucos são os que lhe conhecem os diferentes significados, de sentinela alerta guiando o "rebanho" nas suas obrigações quer ordinárias e serviçais, quer religiosas, o condenava a uma vida com regras. Apenas evoco, aqui, o som do sino, do carrilhão, que tocado por sábias mãos "encantadas" como diz a Vanessa, nos transporta muito para além do tempo...do tempo em que os sinos tocavam pouco electrónicamente.
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