quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Também aqui, nesta nossa tão querida e santa terrinha à beira mar plantada...




Impávida e serena, como é seu timbre, a Figueira, esta tão nossa santa e querida terrinha à beira mar plantada, viu desfazerem-se ao longo de anos, alguns projectos de informação independente, livre e pluralista.
Alguns exemplos: a Voz da Justiça, o Mar Alto (série I), o Barca Nova, o Linha do Oeste.
Neste momento, outro projecto que cometeu o pecadilho de pretender estar com a espinha direita, encontra-se em risco de sobrevivência. Estou-me a referir, obviamente ao site figueira.net.
A vida é assim mesmo, dirão os cínicos.
Talvez seja. Os sonhos desfazem-se. Espero é que o sonho figueira.net, se se confirmar o seu azedamento, não azede também o seu criador.
António Cruz: a Figueira não merece isso.

Mas isto – e, isto, é o pluralismo, a independência e a liberdade da informação na nossa querida e santa terrinha – não pode ser analisado numa perspectiva meramente pessoal.
Isto, na realidade, tem a ver com toda a comunidade figueirense. Isto, deveria ser uma preocupação de todos os figueirenses. Figueirenses, escrevi eu, não escrevi figueirinhas.
Os figueirenses, neste momento, têm uma óptima oportunidade para afirmarem claramente que informação querem.
Mas não vai acontecer nada, como sempre, vão assobiar para o lado e seguir em frente, deixando isto como preocupação de outros.
Um dia destes, voltam a lamentar-se que a Figueira é um marasmo, que os políticos são uns oportunistas, que a cidade está cada vez pior...
Mas, de Abril de 1974 para cá, quem tem permitido que isso aconteça?
Quem cala? Quem vota nos políticos oportunistas? Quem permite o marasmo?
De quem é a responsabilidade, no fundo, pelo estado vegetativo do concelho da Figueira da Foz?
Dos figueirenses em geral... Primeiro, sempre primeiro, está a sua vidinha...

Todos, ou quase todos, conhecemos a realidade da comunicação social na Figueira, onde só por humor negro, se pode admitir que existe pluralismo, independência e informação livre.
O trabalho precário reina no sector. Será possível, haver ética e informação independente e livre com jornalistas “a dias”?
Num jornal ou numa rádio, o trabalho precário – à peça ou com contrato a prazo – não é, apenas e só, uma questão laboral. É, antes do mais, uma questão de liberdade da informação – do jornalista e nossa, os potenciais destinatários do conteúdo do seu trabalho.
Independentemente da pessoa que se encontra por detrás do jornalista, numa cidade como a Figueira da Foz, é fácil controlar a informação: basta aos poderosos – sejam políticos ou detentores do poder económico –controlar a barriguinha do jornalista e da sua família.

O figueira.net não era a oitava maravilha do mundo. Mas que vai fazer falta à Figueira, lá isso vai.
António Cruz: um abraço do António Agostinho

21 comentários:

Anónimo disse...

"Nas próximas eleições, os políticos vão para os hipermercados fazer campanhas" .
Os comerciantes das feiras e mercados vão ficar furibundos, pois vão perder uma bela jornada de propaganda comercial.
Em período de eleições, ele é beijinhos para cá, beijinhos para lá, autocolantes, sacos e aventais de plástico para tudo quanto mexe.
Mal a campanha termina, é o costume.
Admiram-se de quê?

Anónimo disse...

quem te ouvir começa a pensar que os políticos dizem uma coisa na campanha e outra quando já instalados na cadeira...

Anónimo disse...

A vidinha aqui pela feira não acaba!..
Mesmo sem o paulinho a feira vai andando!.... Oh se vai!....

Anónimo disse...

Concordo com o post. Na Figueira há pouca cultura cívica de participação na vida pública. A "malta" prolonga o Verão pelo Inverno dentro e critica imenso à mesa do café! Ele há uma bejecas bem louras, umas peviditas como companhia, uma fatito à moda, eu cá blá-blá, mas meter a mão na massa, ousar emitir opinião consistente, investigar, lutar, 'tá quieto...!!!!
Quem vem de fora ocupa posições de relevo na economia ou na política com enorme facilidade.
Ainda somos uma aldeia muito especial como a do Asterix, mas sem a mesma coesão e garra...

Anónimo disse...

Sites mal controlados podem provocar stress e ansiedade.
Um estudo encomendado pelos políticos locais concluiu que uma boa parte dos utilizadores da figueira.net sofrem do síndrome do “rato enraivecido”.
A lentidão no carregamento dos conteúdos, paginação confusa ou difícil de navegar, muitos pop-ups, publicidade desnecessária e controle inacessível são habitualmente cometidos na concepção das páginas e que acabaram por provocar o síndroma.
Quando abriam o figueira.net os corações aceleravam, a transpiração aumentava e os dentes rangiam em resposta às dificuldades online.
A reacção mais comum foi clicar furiosamente no rato, fazer scroll nas páginas e circular o cursor no ecrã.
Perante páginas com muitos gráficos e que demoram a carregar todo o conteúdo, os utilizadores começam a sentir-se fisicamente desconfortáveis, reduzindo a concentração e aumentando os sintomas de raiva, que descarregam no rato.
Páginas da internet assim, que nos irritam, só têm de fechar.
Mai nada.....

Anónimo disse...

O falso tó da lota volta à carga.Aquele comentário sobre a feira não é meu.

Anónimo disse...

Posso concordar com a amizade, a camaradagem, com algumas deficiências da nossa democracia, quer por parte dos eleitos, quer por parte dos eleitores, mas que a página estava a ficar desactualizada estava. Este mundo exige constante avanço, criatividade etc., etc. pelo que vi faltou-lhe folêgo e quando assim é...!

Anónimo disse...

Se eu fosse um gajo esperto…
….tinha comprado umas acções da Média Capital e neste momento já estava a ter uns lucros muito apreciáveis. E porquê?
Tudo por culpa da “boiada” que invadiu uma quinta nos arredores de Lisboa, e que passou a ter honras televisivas. Mas há mais culpados na história…..todos aqueles que não tiraram o nariz da frente da TV e que foram os grandes responsáveis pelo aumento do “share” desse canal televisivo.
Como dizia o meu avô «Viver não custa, o que é preciso é saber viver».
Esta máxima transposta para os dias de hoje poderá significar algo como: «Para ganhar muito não é preciso produzir muito, inclusive muitas vezes não é preciso produzir mesmo nada»
Esta é mais uma das virtudes da sociedade de consumo…..
Para quê então o figueira.net aberto?
Fechou de vez?
Paz à sua alma...
Grande Figueira....

Anónimo disse...

Quase um milhão não consegue ler este texto
Dizem as estatísticas que, em Portugal, existe cerca de um milhão de pessoas que nunca foram à escola. Ou seja, são incapazes de ler este texto ou de escrever algo tão simples como o seu próprio nome. Esta triste realidade coloca Portugal na cauda da Europa.
“Ao longo dos séculos XIX e XX nunca houve uma política educativa entendida enquanto tal. Nunca se deu prioridade à educação dos adultos e isso tem muito a ver com a nossa ruralização e com o regime autoritário em que vivemos durante muito tempo”.
Masd quem é que se importa com isso?
Tenho dificuldade em compreender como é possível, nos dias que correm, num país da UE, existirem tantas pessoas que não saibam ler e escrever. Estas duas operações deveriam ser tão básicas como respirar ou comer. Para mim, é quase como ter nascido cego e jamais poder apreciar as maravilhas (às vezes também os horrores) que nos rodeiam.
Mas, afinal, quem é o culpado deste estado de analfabetismo?
O réu é o Estado. A ausência de uma real política educativa que ataque fundo tão calamitoso estado de analfabetismo do povo português serve essencialmente os interesses e as preocupações da classe dominante.
É que quanto maior for o acesso à instrução e ao conhecimento da população em geral, menor será o "controle" sobre as necessidades e as aspirações de mentes socialmente desenvolvidas. Aos interesses instituídos convém que uma parte das pessoas permaneça no obscurantismo e assim sejam mais fácil e docilmente orientadas naquilo que mais convém aos interesses dominantes.
E assim, a instrução, a educação e o conhecimento das populações – com o correlato desenvolvimento pessoal e individual de cada cidadão - caminham ao sabor dos interesses materiais dos "senhores do mundo".
Basta olhar para o estrato social onde está a fatia grossa do analfabetismo para compreender que este anda de braço dado com gentes de parcos recursos e, muito frequentemente, de zonas rurais do interior.
As razões objectivas deste problema estão diante dos nossos olhos, nós, por vezes, é que nos recusamos a ver o óbvio.
Espaços de informação como o figueira.net, aqui na parvónia?... Nem pensar, senhores politicos abram a pestana, olhem que sumidades como V. Exas. podem ter o lugar em perigo...
Bom, bom, mas mesmo bom é o site da câmara...

Anónimo disse...

No primeiro dia de Janeiro de 2007 finalmente suspirei de alívio -- já adivinharam porquê: o figueira.net foi descontinuado...
Sim senhor: a figueira agora tem o que merece

Anónimo disse...

merecido descanso FIGUEIRA.NET. além de termos de passar as passas do Algarve para matar a fome, temos de encher o pandulho a governos, políticos e patrões.
E é cada pandulho.

Anónimo disse...

Vocês queixam-se de quê?...
A Figueira é uma terra maravilhosa..... onde vale a pena lamber botas ... tens é de aprender a gostar disso!...
Problema teu meu caro!..

Anónimo disse...

Que tudo tem um fim, é uma verdade irrefutável.
Que algumas coisas têm de ter uma pausa, é outra.
Vamos continuar a pensar que esta descontinuidade do figueira.net, é mesmo isso, uma pausa.
O risco já se conhecia: esta figueira é mesmo assim, madastra para quem a tenta tratar bem.

Anónimo disse...

Retirado "Sol"
online de hoje.
Talvez ajude.

Decisão de Lisboa
Assembleia de Rhode Island protesta contra encerramento de consulado português
Hoje A assembleia de Rhode Island, EUA, aprovou um voto de protesto pelo encerramento do consulado em Providence. Entretanto, Carlos César garantiu que que o consulado de Nova Bedford não fecha. E Lisboa anuncia que vai abrir outro na Califórnia

Anónimo disse...

Carlos César, o Presidente do Governo regional dos Açores em declarações afirmou "que em princípio o consulado de New Bedford não encerra." O que indica que ainda nada está definido, pois o Primeiro Ministro José Sócrates aonda não prestou qualquer declaração sobre este assunto.

Anónimo disse...

É tão importante para nos um site como o figuiera.net.
Quem nos governa pode fazer tudo para nos afastar de Portugal mas espaços como o figueira.net confortam-nos e aproximam-nos do país.

Anónimo disse...

Depois da canseira do Natal, com a obrigação instituída de comprar e oferecer qualquer coisa a toda a família, veio o Ano Novo e, a par com os aumentos sempre presentes nesta quadra (ainda estou para saber porquê especialmente nesta época!... será porque estamos a jeito, anestesiados com a beleza as quadra?...), veio a notícia desagradável da descontinuidade do figueira.net.
É a Figueira no seu melhor!....
Bom ano para todos.

Anónimo disse...

É a primeira vez que venho a este espaço.Vou ser brve e conciso.
Parabéns.
Em primeiro lugar ao António Cruz por durante sete anos ter tido a paciência de dar “pérolas a porcos”;
Em segundo lugar ao blog outra margem por os seus autores terem a coragem que demonstram na sua feitura.
Quando visto daqui, da suiça, se tem a visão dum Portugal repleto de corruptos, ao serviço de interesses inconfessáveis, um Pais irremediavelmente condenado, temos a capacidade de apreciar melhor quem combatendo, contribui para manter aberta uma réstea de esperança no futuro da Humanidade.
A figueira.net era um elo de contacto importante com Portugal.
Será calhar o melhor é desligar de vez...
Cada vez estou mais desiludido...

Anónimo disse...

“Os portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo. A reserva e a modéstia que parecem constituir a nossa segunda natureza escondem na maioria de nós uma vontade de exibição que toca as raias da paranóia, exibição trágica, não aquela desinibida, que é característica de sociedades em que o abismo entre o que se é e o que se deve parecer não atinge o grau patológico que existe entre nós.”
Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade

Apesar de todas as mudanças que os últimos 30 anos trouxeram a Portugal, houve uma coisa, profunda e movediça, que parece ter-se mantido inalterável: a infatigável resistência à mudança, acompanhada sempre por uma obstinada necessidade de aparentar “progresso”, da sociedade portuguesa.
Talvez pela maldição que nos persegue o figuiera.net vai cumprir a maldição, ou seja, vai ficar pela gaveta.
Tudo vai ficar no seu lugar. A Figueira vai continuar no seu rame rame...
Pelos vistos tá-se bem

Anónimo disse...

Não sei se existe controlo da informação ou não. Uma coisa tenho certa. Há dias mandei um artigo para os jornais da Figueira sobre a atitude de um vereador da Câmara, no dia seguinte o respectivo chamou ao seu gabinete a presidente da associação à qual eu pertenço para lhe dizer mal de minha pessoa.

Anónimo disse...

A evolução das sociedades no sentido da liberdade, com tudo o que esse valor implica, é uma evolução lenta, de séculos, feita de avanços e recuos.

As Revoluções liberais permitem a institucionalização do valor da liberdade. A Declaração de Independência da América de 1776 afirma que todos os homens nascem iguais e possuem direitos inalienáveis como o direito à vida, à liberdade e à felicidade. A Revolução Francesa lança o seu grito de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. E são estes novos valores que vão abalar definitivamente as velhas estruturas económicas, sociais e políticas do Antigo Regime e conduzir à implantação da nova ordem liberal. Mas todos estes processos são lentos e geradores de conflitos sociais.
E a vida de cada ser humano adquire um valor extraordinário. É assim a vida António Cruz, quem quer viver com dignidade, liberdade, ética e de cara levantada nesta Figueira que é tua e que é minha, mas em que quem manda são os interesses, paga o preço.
Calha-te agora a ti pagar o teu. Outros, entretanto, ao longo dos anos, foram pagando o facto de apenas quererem ser eles mesmos, pessoas únicas e intransmissíveis.

Nesta Figueira mesquinha, provinciana e praticamente iletrada, os interesses do indivíduo estão submetidos aos interesses dos políticos e dos capitalistas.
Não há lugar para a diferença e todas as vozes têm de cantar em uníssono. A censura camuflada, isto é auto-censura, caia como um véu negro sobre as artes, sobre a literatura, sobre a imprensa e os espectáculos. Agora também cai sobre as novas tecnologias.
A censura e a violência, diga-se em abono da verdade.

A vitória da liberdade será uma luta lenta e difícil. Em Portugal a revolução de 25 de Abril de 1974 abriu de novo os caminhos da liberdade. Caminhos nunca definitivos e constantemente ameaçados.
Amigo Cruz: lamento que seja uma vitima, da tacanhez dos poderes da Figueira. Permita que lho diga: foi pouco hábil. Em vez de colocar no seu site notícias e fotografias sobre os acontecimentos, deveria ter colocado notícias e fotografias sobre dos políticos e dos homens da massa. Se tivesse feito isso, teria certamente publicidade institucional e comercial que lhe permitiriam ter uma vida regalada e confortável e, quem sabe, um tachito qualquer para abocanhar mais uns trocos. Assim, tramou-se.......
Não lhe vale de muito, mas receba lá um abraço de solidariedade,