terça-feira, 4 de dezembro de 2018

As escolhas e a lei – parte II

Isabel Maranha Cardoso, via DIÁRIO AS BEIRAS.

"Iniciei esta reflexão a semana passada. Continuo, é preciso concretizar. Uma das competências atribuídas às câmaras municipais é a elaboração de planos de ordenamento do “seu” território, naturalmente vinculativos, sem dúvida. Assim, nos planos municipais como o PDM, a “lei” é feita pela edilidade, afinal a “lei” é decisão política de quem a propôs e de quem aprovou!

Exemplificando, nas Abadias, um espaço verde urbano de excelência da cidade projectado por Ribeiro Teles, e onde estava planeada a instalação de um hotel, vê agora no seu lugar aprovada a instalação de uma superfície do ramo alimentar. Uma área ladeada por habitação e equipamentos escolares dum lado e por equipamentos culturais do outro (a biblioteca e o museu municipais e o CAE) será “fechada” a norte por um supermercado. Insólita localização que desqualificará para sempre aquela zona!

Mas desengane-se quem pensar que é sinal de dinamismo económico, de atracção de investimento. Puro engano. Nada trazem estas cadeias comerciais, criam pouco emprego e contribuem para a morte da “mercearia de bairro”, estas sim de importância fulcral nas zonas residenciais, sobretudo para a população que já não se desloca de carro.

Que dizer afinal: não é a lei, são as escolhas! O município escolheu ficar refém, desistiu de intervir, desistiu de assumir a responsabilidade pelas suas escolhas, desistiu de exercer os seus direitos para o bem comum dos figueirenses."


Nota de rodapé.
Ao ler esta crónica, lembrei-me de ontem. O episódio com Carlos Monteiro no decorrer da reunião de câmara, trouxe-me à memória, outros membros de anteriores vereações  de João Ataíde que votaram a favor, coisas com as quais não concordavam.
Pelos vistos, a liberdade  permitida lá pelos paços do município continua a do medinho e  a do respeitinho.

1 comentário:

CeterisParibus disse...

Engano teu. Não é medo nem respeitinho, mas tão só a "terraplanagem" para os interesses próprios de cada um.
Supõe tu que eu tenho a ambição de presidir. Achas curial que faça agora ondas em sentido contrário a quem preside actualmente? Parece-me que não. Tenho de mostrar ser um bom soldado, para que a hierarquia me dê a hipótese da promoçãozita a cabo.
No resto, a cronista expõe o essencial, se bem que houvesse muito mais camisola a tricotar.