"Foi anunciado pelo Governo, na semana passada o Plano de Ação Litoral XXI. Um instrumento de política de ordenamento da orla costeira que vai consignar para 2018, entre verbas do Orçamento de Estado e verbas comunitárias, 60 milhões de euros para acções e intervenções no litoral, que visam lutar contra a erosão costeira, prevenir o impacto das alterações climáticas e proteger cidadãos e bens em risco. Um plano de acção por definição envolve diferentes níveis de actuação das políticas públicas, o nacional, o regional e o local, deve coresponsabilizar os diferentes intervenientes na gestão costeira na prossecução e aplicação das políticas, deve reunir e envolver os diferentes actores e por fim disponibilizar os meios financeiros necessários à execução das intervenções necessárias. Ora veio a público na discussão política local a renovação ou cessação da concessão do parque de campismo do Cabedelo. Referiram-se vagamente planos de regeneração urbana, intenções de investimento na reabilitação da zona do Cabedelo, preocupações com o desenvolvimento da modalidade do surf… mas nem uma palavra da edilidade sobre o anunciado Programa e as possíveis intervenções nele inscritas para o litoral figueirense… Pois… “Falam, falam, mas não dizem nada!”. E a sul da foz do Mondego falta a areia, falta orientação, falta atenção, falta carinho na protecção… mas falta sobretudo uma genuína preocupação que leva à emergência da acção!"
Nota de rodapé.
No tempo que passa, há uma tendência para nos fecharmos e não mostrarmos aos outros o que nos vai na alma.
A desconfiança, em relação aos políticos, generalizou-se.
A actuação dos políticos desumanizou-se.
Atente-se na actuação do presidente Ataíde no caso concrecto da chamada requalificação do Cabedelo.
A sensibilidade, a atenção e o carinho, para quem nos governa, não se coaduna com a competitividade, pura e dura, que é exigida para a sobrevivência dos políticos, nesta selva em que querem transformar o nosso viver.
É muito gratificante ler, para quem vive a sul do Mondego, onde "falta areia, falta orientação, falta atenção, falta carinho na protecção… mas falta sobretudo uma genuína preocupação que leva à emergência da acção!"
Ao ler este trecho da crónica acima, escrita pela Isabel Maranha Cardoso, hoje publicada no jornal AS BEIRAS, como morador a sul da foz do Mondego, senti-me uma Pessoa.
Quando analiso a actuação do presidente Ataíde, como morador a sul da foz do Mondego, portanto, nesta outra margem, sinto-me uma coisa.
Não tenho nada contra as coisas. As pessoas, estão nas coisas que amo.
Não amo o que compro, pois ninguém ama aquilo de que precisa e apenas o utiliza.
É isso o que o presidente Ataíde tem andado a fazer com o Cabedelo: como precisa dele, apenas o utiliza.
Basta, para quem tem acompanhado, ter verificado esta "estória" verdadeiramente recambolesca dos projectos (que estão a sempre mudar...), que ainda estão em projecto...
As pessoas senhor presidente Ataíde, não são utilizáveis e descartáveis, embora haja formas de governar, não humanas, que cinicamente o põem em prática.
Entretanto, a erosão a sul do quinto molhe vai fazendo o seu caminho...
Mas, será que o problema da erosão a sul pode continuar esperar?..
Depois não digam que foram apanhados de surpresa...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
Excelente e crónica muito oportuna...
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