sexta-feira, 24 de julho de 2015

António Menano sobre Luís de Melo Biscaia: "a eternidade também é termos vivido de acordo com a nossa consciência."

"A memória é planície alongando-se para longe, nela vamos plantando, ao longo dos anos, árvores cujas raízes também são as nossas. Igualmente, toda a memória repousa no sangue como modificação sensível. 
Somos feitos pelos anos vividos, actos, acções, modificações, sensações, sinestesias, recordações, a preencherem-nos a vida, de bons e menos bons momentos. 
Luís de Melo Biscaia abriu a porta do seu escritório, para reuniões que fizemos, nas quais meia dúzia de democratas, nem sempre os mesmos, se iam juntando de noite, para recordar uma data, prepararmos uma acção contra quem nos oprimia, para conversarmos, apenas. 
Para além do vínculo que nos unia, o amor pela democracia, foi-se cimentando ao longo dos anos uma amizade entre quem pensava serem mais importantes a dignidade e a honra, do que as honrarias e as benesses. 
Neste breve e apressado texto desejo, apenas, dizer ao meu Amigo Luís de Melo Biscaia que a amizade vive sempre no coração e a eternidade também é termos vivido de acordo com a nossa consciência."

Em tempo.
Como escrevi aqui, “venho do tempo em que os valores tinham valor."
Estamos perante uma curva bastante apertada que é preciso abordar com cuidado. A primeira coisa, porém,  é não desesperar.
É bem verdade que atravessamos uma época trágica para o Povo. Contudo, não podemos  confundir o trágico com o desespero.
“O trágico, dizia Lawrence, «deveria ser uma espécie de grande pontapé dado na infelicidade». 
Eis um pensamento saudável e de aplicação imediata. Hoje em dia, há muitas coisas que merecem esse pontapé.” (in "Núpcias")
Está na hora de dar esse pontapé. Da cena política internacional à pequena Aldeia, existe gente honrada e competente, que luta por causas nas quais acredita,  imune ao canto de sereia do dinheiro fácil ou do populismo, seja qual for a sua escola.

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