Lido na edição de hoje do jornal AS BEIRAS.
Alguns dos contestatários, entretanto, criaram o grupo “Estamos juntos” no Facebook.
No grupo do Facebook, apela-se à população para participar na assembleia de freguesia, na próxima sexta-feira, e reclamar contra a instalação da unidade, junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (onde o processo se encontra para consulta pública), Agência Portuguesa do Ambiente e Junta de Freguesia da Marinha das Ondas. O presidente da junta, Manuel Rodrigues Nada, “está com a população”.
A instalação da unidade da BioEnergias também foi abordada na reunião da Câmara da Figueira da Foz, na passada segunda-feira. Indagada pelo vereador do PSD Ricardo Silva, a vereadora do PS Ana Carvalho afirmou que “a empresa já existe e pretende ampliar [a atividade] e ter instalações com outra qualidade”.
A autarca do executivo camarário acrescentou que aquele agregado do Grupo Nov “vai elaborar um estudo de impacte ambiental”.
O presidente da Junta da Marinha das Onda afirmou ao DIÁRIO AS BEIRAS que está “com a população e totalmente contra a instalação” no local escolhido. “Não estamos contra a unidade nem o que ela produz, mas tem de ficar longe das povoações: não aceitamos que seja instalada a 86 metros de um restaurante, a 873 de outros dois restaurantes, a 640 de Sampaio e a 1200 dos Matos!”, esclareceu. Por outro lado, acrescentou, a antiga pocilga “não tem ligação à rede de saneamento e tem uma vala que deságua no mar e passa pelo rego da Leirosa, onde existem dois lavadouros que são utilizados pela população”. Além de duas fábricas de papel e pasta de papel, na freguesia encontra-se ainda instalada uma unidade industrial agroalimentar. Para concluir a argumentação contra a central de valorização de produtos orgânicos, Manuel Rodrigues Nada defendeu: “A Marinha das Ondas não pode ser a sanita do concelho”.
Contactada pelo DIÁRIO AS BEIRAS, a BioEnergias respondeu através de Nuno Gabriel, da administração. “Tudo o que está ali [no grupo do Facebook] é uma inverdade: não é nenhum aterro sanitário, é apenas uma unidade de valorização de resíduos orgânicos (restos de resíduos verdes, lamas de Estação de Tratamento de Águas Residuais). É um processo 100 por cento mecânico e biológico e funcionará em sistema de estanque e circuito fechado, sem descargas de efluentes”, afirmou o gestor. A unidade tem por finalidade produzir fertilizantes orgânicos. “Entra um resíduo e sai um produto com valor comercial e completamente reciclado e higienizado”, afiançou Nuno Gabriel. O administrador da BioEnergias admitiu, no entanto, que “poderá haver um ligeiro mau-cheiro”, proveniente da compostagem. Mas, afiançou, o “problema será minimizado com uma cortina arbórea e desodorização”.
Ainda a propósito de odores, Nuno Gabriel ressalvou que a unidade vai ser instalada a dois quilómetros das duas unidades industriais de celulose instaladas na zona. “Não haverá mais cheiro do que aquele que já existe, e não cheirará mais do que uma suinicultura. Pelo contrário, cheirará menos”, garantiu.
Acerca da contestação, Nuno Gabriel defendeu que “as pessoas devem ser esclarecidas, para que todos estes mitos caiam”.
E concluiu: “O que se passa aqui é falta de informação”.
Se tudo correr dentro da normalidade, a BioEnergias deverá iniciar a atividade na Marinha das Ondas em 2020."