terça-feira, 25 de agosto de 2020

Conteúdo "zombie"?..

Via Município da Figueira da Foz 

«Praias da Figueira da Foz com limpeza o ano inteiro»!..

Teotónio Cavaco, via Diário as Beiras

«Embora conceptualmente moderno seja o que é contemporâneo, do nosso tempo (o que está entre o antigo e o que há-de vir), na linguagem que usamos e na forma como pensamos no dia-a-dia tem a ver com a utilização e a fruição de ferramentas de vida novas e tecnológicas, geralmente muito apetecíveis porque anunciadas como potenciadoras da “qualidade de vida”. Selecionei quatro itens (tecnologia, arquitetura, planeamento da cidade e atenção às questões sociais/desigualdades), numa perspetiva não técnica, mas o mais agregadora possível das duas abordagens sucintamente apresentadas acima, que justificam por que não considero a Figueira uma cidade moderna. Não é possível hoje conceber o quotidiano sem um bom acesso à internet, e este é geralmente mau (no resto do concelho é péssimo), havendo meia dúzia de pontos Wi-Fi gratuitos; quanto a postos de carregamento de carros elétricos, há apenas dois – quão longe estamos de ser “cidade inteligente”, na qual se utiliza as TIC na sua gestão (transportes públicos, controle de tráfego, segurança, …). E se tivéssemos de escolher um edifício, uma urbanização, algo que tenha sido edificado na Figueira nos últimos 40 anos e que mostremos com satisfação a um amigo que nos visite? (Pedro Daniel Santos, a tua “bolha” é a honrosa exceção) – quão longe estamos de ser “cidade criativa”, na qual se incentiva as atividades artísticas, a ciência, as universidades, o software, o design, a moda, a arquitetura, ... Os dois recentes documentos estratégicos para o concelho foram uma oportunidade perdida: o Plano de Desenvolvimento, porque não definiu à partida um desígnio específico, logo é falho de estratégias concretas, de recursos alocados e de metas e prazos a cumprir; e a revisão do PDM, porque não foi estruturador nem conseguiu a fixação de população nas freguesias rurais do concelho – quão longe estamos de ser “cidade sustentável”, na qual se resolvem os problemas associados aos resíduos sólidos, à energia, ao saneamento, à mobilidade, ao emprego, … Finalmente: o que de facto se está a fazer para combater o desemprego e consequentes consequências devastadoras? – quão longe estamos de ser “cidade humana”.»

Por onde anda o João Soares?

«Abril de 2016, o primeiro-ministro exonerou o titular da pasta da Cultura, lançando-lhe um solene aviso: os membros do Executivo «nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo». Isto porque João Soares, em escrita ligeira de Facebook, prometera umas "bofetadas" (retóricas) em dois comentadores que o haviam criticado.

«Costa põe João Soares na ordem e obriga-o a pedir desculpa», apressou-se a titular o Diário de Notícias.

Quatro anos depois, ignorando as suas próprias advertências, Costa comporta-se com uma leviandade que, em comparação, remete a do ex-ministro da Cultura à gaveta das traquinices infantis.

Perante pelo menos três jornalistas do Expresso, em frase à margem de uma entrevista mas que ficou registada numa gravação remetida (por dolo, irresponsabilidade ou negligência profissional) por aquele semanário a dois canais televisivos, o chefe do Governo disse esta frase, aludindo aos médicos que prestaram serviço em Reguengos de Monsaraz: «É que o presidente da ARS mandou para lá os médicos fazerem o que lhes competia. E os gajos, cobardes, não fizeram.»

Foram palavras proferidas off the record, mas não deixam de ser indignas de um primeiro-ministro - sobretudo de um primeiro-ministro que já tinha sido profundamente infeliz em Junho, quando afirmou que a escolha de Lisboa como palco da Liga dos Campeões era «um  prémio para os profissionais da saúde» que há seis meses combatem o Covid-19 em Portugal.»

A propósito de lares...

Se bem me lembro, depois de décadas e décadas aos beijinhos e abraços aos velhinhos nos lares, claro,  em períodos de campanha eleitoral, descobriu-se agora que existe um problema também nos lares portugueses?..

Colectividades da Figueira da Foz em grandes dificuldades

 Imagem via Diário as Beiras

CÂMARA MUNICIPAL DA FIGUEIRA DA FOZ

ACTA N.º 10/2020/REUNIÃO ORDINÁRIA DE 18-05-202

«16 - AUXÍLIO A COLETIVIDADES E FILARMÓNICAS 
O Vereador Ricardo Silva solicitou a promoção de algumas reuniões parcelares com as coletividades, filarmónicas, coletividades desportivas, com a participação dos Vereadores da Oposição, pois deseja ouvir e sentir a realidade do impacto, uma vez que existem coletividades que estão privadas de realizar os seus eventos, isso para elas trás custos e não têm as receitas estimadas nos seus orçamentos, existe o caso das filarmónicas que não vão poder atuar pelo menos até setembro do corrente ano, uma vez que a interdição está até 31 de agosto, ficando também impedidas de receber receitas. Estas reuniões eram para tentar ouvir e encontrarmos mecanismos para poder ajudar essas instituições. ----------- 
O Presidente respondeu que se podia tentar perceber a realidade destas instituições, mas infelizmente ou felizmente muitas delas funcionam com base no voluntariado, sendo que, não podendo realizar algumas receitas, reduziram também significativamente algumas despesas, e por isso, a Câmara Municipal adiantou já 70% da verba de apoio e disponibilizou equipamentos de proteção individual para aquelas que pediram para reabrir os seus espaços, acreditando que a curto prazo haja essa retoma. Salientou que, como já foi dito, neste momento já foram investidos mais de 600.000,00 € nas medidas para o Covid-19, sendo essa uma decisão que os Vereadores depois daquilo que nesta reunião será aprovado e sabendo que o processo do Paço de Maiorca transitou mais uma vez com a obrigação de se pagar os 5,2 milhões, sentença da qual já se recorreu, referiu que essa é uma decisão que os Vereadores podem tomar, podem propor que aloquemos grande parte do orçamento a continuar a dar apoios, depois terão de dizer onde é que querem que se vá cortar e o que é que não querem que se faça, porque como é do conhecimento a maior parte da verba do orçamento está consignada, mas podem fazer uma proposta para se decidir, como por exemplo, não se avançar com a zona industrial. Acrescentou que, nestes tempos os orçamentos têm receita e têm despesa e acredita que, em 2021 que a receita seja bem mais baixa que em 2020, assim se for colocada muita despesa, que não estava no orçamento e não querendo aumentar a dívida da Câmara Municipal, uma vez o objetivo tem sido reduzi-la, terá que se perceber o que é que se vai cortar, mas a Câmara Municipal está sempre disponível para ouvir as propostas apresentadas sobre este assunto.
O Vereador Ricardo Silva referiu que o objetivo seria a Câmara Municipal interceder junto do Governo, para também poder ajudar estas instituições. ------- 
O Presidente interveio para relembrar que há anos que se diz que o movimento associativo não deve ser apoiado só pelas autarquias, mas que deve ser mais apoiado pelos governos, mas que nesse assunto, se anda como o Padre António Vieira a pregar aos peixes, uma vez que é um assunto já discutido não há 10 anos mas à dezenas de anos. ---------------------------------------------------------- 
O Vereador Miguel Pereira interveio dizendo que percebe a preocupação do Vereador Ricardo Silva e que para além dos 70% de apoio, a Câmara Municipal no caso especifico das filarmónicas já avançou com o pagamento do apoio à formação musical, assim as filarmónicas em números redondos quase todas elas já obtiveram rendimentos nesta fase de cerca de 5.500,00 €, cada uma, por antecipação, ou seja, a Câmara Municipal percebendo as dificuldades antecipou o apoio à formação musical, apoio esse que tem sido efetuado com as limitações à distância, mas até com alguns trabalhos com algum interesse. Referiu que na passada semana, deu uma entrevista à Confederação de Coletividades, para acertar medidas de pressão ao Governo, ou seja, nunca ninguém poderá dizer que não foram feitas todas as tentativas de fazer chegar ao Governo estas necessidades e estas medidas, tendo a Confederação de Coletividades a nível nacional a certeza e a convicção que o Concelho da Figueira da Foz, mesmo nestas dificuldades continua na vanguarda, nos apoios de indemnização às coletividades. Acrescentou que se irá promover uma reunião com as coletividades, em termos globais, para os oscular, até porque neste momento está a ser desenvolvida uma profunda alteração ao Regulamento das Coletividades, e este é o momento de discussão, de criar alternativas e criar novos conteúdos e de dar um novo sinal de esperança. Referiu ainda, que a estratégia neste momento é enviar preliminarmente e antes da própria discussão, para que algumas coletividades deem alguns apontamentos sobre esse mesmo documento, uma vez que tem no papel da inovação, da agregação e de produtos continuados de algum valor, este novo documento tem um enfoque muito grande, e assim tudo isto terá que ser discutido com todas as forças, para que, em conjunto, não propriamente com as dificuldades orçamentais que o Presidente acabou de referir, mas para se conseguir agregar valor a este tecido associativo.  
A Câmara Municipal tomou conhecimento.»
Entretanto, hoje no Diário as Beiras:

CELEBRAR O DIA 24 DE AGOSTO E O LIBERALISMO, CONTRA O FEUDALISMO, NA FIGUEIRA DA FOZ DO MONDEGO

«O dia de hoje, 24 de Agosto, é um dia muito especial. Não somente por outras razões — e a menor delas não é seguramente o facto de ser o dia, de marés vivas (antigamente), que em Portugal é considerado como sendo "o dia de São Bartolomeu" ou "dia em que o Diabo anda à solta"… e por causa disso em São Bartolomeu do Mar, em Ponta da Barca, e em outros locais, as comunidades marítimas e fluviais o festejarem especialmente com rituais antiquíssimos que fazem parte da Cultura Popular Marítima Portuguesa — mas também porque esta data de 24 de Agosto é a data em que neste país ocorre a efeméride da revolução de 24 de Agosto de 1820… através da qual foi aqui instalado o Liberalismo, e assim se começaram a dar os primeiros passos decisivos (que, depois, ainda iriam ser muito demorados, dolorosos, e incompletos), para a ultrapassagem daquele que, desde sempre, e para sempre, foi, é, e continua a ser, o principal problema estrutural deste país que se chama Portugal, e da sua História: o Feudalismo… O regime senhorial-feudal caracterizado pelo senhorialismo económico monopolista e provinciano, pela feudalização jurídico-política, de tipo local, autenticamente vassálico, e que, muitas vezes, anedoticamene, ou tragicamente, chega a situações extremas, e ridículas, de caciquismo mafioso.

   
O senhorialismo feudal, típico do "Antigo Regime", desde a Idade Média, e que, neste país, secularmente periférico e subdesenvolvido, mesmo depois dessa revolução de 1820, tem deixado resquícios que têm demorado demais para serem totalmente ultrapassados.

E, hoje, 24 de Agosto de 2020, não se celebra só uma efeméride qualquer e igual a todas as outras, nos outros anos, rotineiramente (não é também somente a data do nascimento do grande escritor mundial, o argentino, de origem portuguesa, Jorge Luis Borges). Hoje, em 2020, celebram-se os duzentos (200) anos do 24 de Agosto de 1820.

E portanto o CEMAR (Centro de Estudos do Mar), com sede na Figueira da Foz do Mondego — embora sempre primacialmente vocacionado para outras matérias, de História e de Património Histórico Marítimo, que não as da História Política portuguesa e metropolitana — não poderia nunca deixar de aqui recordar esta data especialmente significativa, pois ninguém ignora, nem deve ignorar, que nessa revolução de 1820, e na consequente instauração do Liberalismo em Portugal, desempenhou um papel determinante um homem notável provindo desta cidade da Foz do Mondego, o jurista Manuel Fernandes Tomás. Como mostrou o Asssociado Honorário do CEMAR Capitão João Pereira Mano, no livro "Terras do Mar Salgado" que foi editado pela nossa associação científica, a família de Manuel Fernandes Tomás era uma família dos ambientes marítimos e comerciais da Figueira da Foz (vide Cap. João Pereira Mano, Terras do Mar Salgado. São Julião da Figueira da Foz - São Pedro da Cova-Gala - Buarcos - Costa de Lavos e Leirosa, Figueira da Foz: CEMAR, 1997).
   
É mesmo uma curiosa e significativa coincidência o facto de, na História de Portugal, para a afirmação da nacionalidade livre e responsável (o que, hoje, numa República, chamamos "a cidadania") — para a construção do Estado e para a reforma da sociedade no sentido da modernização e do Futuro (no foro decisivo, que é o jurídico-político e constitucional) —, terem tido reflexões teoréticas estruturantes, e papéis políticos determinantes, a quase quatro séculos de distância (!),  duas figuras históricas que, por acaso, se deu a coincidência de terem estado ambas ligadas a esta região, aberta, comercial e progressiva: no século XV o Infante Dom Pedro (1392-1449), Duque de Coimbra e Senhor de Buarcos, Montemor, etc., que governou o país e mandou promulgar as decisivas (civil e "constitucionalmente""Ordenações Afonsinas" de 1446; e no século XIX o jurista Manuel Fernandes Tomás (1771-1822), que nasceu na Figueira da Foz e foi um dos principais obreiros da decisiva (civil e "constitucionalmente") revolução de 1820.
   
O  primeiro foi o verdadeiro responsável não só pela reflexão filosófica e politológica pessoal que ficou consignada no "Livro da Virtuosa Benfeitoria" de c.1431 mas também pela pioneira e fundacional organização jurídica, sistemática e colectiva, que ficou consignada nas primeiras "Ordenações", em 1446; e o segundo, para além da sua acção organizativa e política, e ainda antes dela, foi também um jurisconsulto apontado para a modernização e racionalização do ordenamento jurídico português, e por isso o autor que produziu o "Repertorio geral ou índice alphabetico das leis extravagantes do reino de Portugal, publicadas depois das ordenações, comprehendendo também algumas anteriores que se acham em observância", em 1815.
   
Ambos por isso merecem ser evocados especialmente nesta cidade da Foz do Mondego (e têm-no sido), e os seus exemplos podem e devem ser aproximados (e ainda não o foram suficientemente), e é isso que, pela parte do CEMAR, hoje, aqui, se está a fazer. O exemplo de Fernandes Tomás, que a partir do Porto preparou uma revolução, e deu um futuro ao país, tem sido recordado, em termos cívicos e políticos, por quem tem obrigação de o recordar; e a figura do malogrado Infante Senhor de Buarcos que foi assassinado em Alfarrobeira, às portas de Lisboa (e, nessa ocasião, não por acaso, tinha aí consigo os Pescadores de Buarcos), tem sido sobretudo evocada pelo CEMAR (como nos compete, por sermos uma associação científica local apontada para o Património Cultural Marítimo desta região da Beira Litoral e Foz do Mondego).

Neste ano de 2020 — no ano que é, em números redondos, dos dois séculos da revolução e da Constituição Liberal de 1820 — espera-se que, portanto, sejam possíveis as celebrações, verdadeiramente significativas, que ainda venham a poder ser feitas, no decorrer do ano, e até ao seu fim, na sua cidade da Figueira da Foz, do jurisconsulto e homem político que aqui nasceu em 1771. Ao que parece, infelizmente, não veio a concretizar-se a ideia que havia sido proposta numa conferência de S.E. o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal da Figueira da Foz, promovida pelo seu anterior Presidente de Câmara (um jurista nascido nesta mesma cidade em que veio a ser autarca, depois de ser Juiz Desembargador no Tribunal da Relação de Coimbra, o Exº Senhor Dr. João Ataíde, entretanto precocemente falecido): a ideia de que esta cidade natal de Fernandes Tomás tomasse a dianteira, caminhasse nesse sentido, e trabalhasse para isso, e assim fosse a cidade em que viessem a ser centralizadas celebrações verdadeiramenete nacionais, e significativas, da figura do "Patriarca da Liberdade”.

Pela parte da nossa pequena associação científica privada — que nisso não poderia nunca ter especiais responsabiidades, ou capacidades, pela exiguidade dos nossos recursos (sempre sem querer receber e gastar dinheiro público) e por não ser essa a nossa vocação estatutária — aquilo que desde há muito temos praticado, e consideramos a nossa própria celebração do Liberalismo oitocentista, estando sediados na Figueira da Foz, foi a publicação (e a distribuição, gratuita, e generalizada, oferecidos a quem quer que no-los peça) dos dois grossos e sólidos volumes (tão grandes em dimensão quanto em qualidade, erudição, e interesse) da obra do nosso querido e saudoso associado Professor Hélio Osvaldo Alves, professor catedrático da Universidade do Minho, doutorado pelo University College da Universidade de Londres, presidente da Associação Portuguesa de Estudos Anglo-Americanos, etc., e que tivemos o prazer e a honra de ter como segundo presidente da Assembleia Geral do Centro de Estudos do Mar (sucedendo nessas funções ao também saudoso Dr. Luís de Melo Biscaia, vereador da Cultura da Câmara Municipal da Figueira da Foz, entretanto também ele já falecido).

A distribuição, gratuita e desinteressada, que desde há anos fazemos (e vamos continuar a fazer, para quem no-los peça) desses dois importantes volumes sobre História do século XIX que o CEMAR invulgarmente editou na Figueira da Foz (e que são, na carteira editorial global das dezenas de edições do CEMAR, algo de verdadeiramente único e excepcional, por não dizerem especialmente respeito à vocação estatutária desta associação apontada para o Mar e a História Marítima) é a nossa maneira de celebrarmos o Liberalismo oitocentista (a Revolução Francesa, e os seus reflexos em toda a Europa, em Portugal, e até mesmo em Inglaterra).

Estes volumes ainda hoje continuam a ser oferecidos a partir da Figueira da Foz.

A outra forma através da qual o CEMAR vai prestar o seu contributo para a celebração do Liberalismo, na Figueira da Foz, neste ano emblemático de 2020, vai ser através da manutenção do Encontro do Mar (embora, devido à pandemia da Covid 19, em teleconferência e emissão telemática, e não ao vivo e com público presente) que estava previsto, na culminação do ano, e na culminação dos Encontros do Mar, para o dia 12 de Dezembro de 2020, com o Professor José Adelino Maltez (do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa), sob o tema "(Re)Pensar a Regeneração de Há Duzentos Anos (1820-2020).

A celebração da memória do Progresso, desde a Idade Média — e o resgate da "maldição" dessa "memória" — têm sido, desde há vinte e cinco anos, um combate do Centro de Estudos do Mar nesta cidade da Figueira da Foz; e no que diz respeito à figura medieval do Regente da Coroa de Portugal que foi Senhor de Buarcos e deu a Portugal o seu primeiro código sistemático de leis — um momento, fundacional, da construção do Estado Português, contra o Feudalismo — esse combate vai continuar a ser travado, para futuro, no âmbito do processo para a definitiva e inadiável criação do Museu do Mar da Foz do Mondego nesta cidade. Um processo que, no entanto, continua numa situação incompreensível, sem que acerca dele existam quaisquer desenvolvimentos, pelos quais se continua a aguardar.

O combate pelo Progresso e pelo Futuro, nas regiões da Beira Litoral do antigo Ducado de Coimbra do Infante Dom Pedro e do seu neto e herdeiro político, o "Príncipe Perfeito" Dom João II (a quem o cronista chamou, logo no século XV, "próprio e verdadeiro coração da república"), é um combate que o CEMAR faz desde a sua fundação, em 1995, com a publicação, logo nesse primeiro ano, do livro de Alfredo Pinheiro Marques, A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro e as Origens dos Descobrimentos Portugueses (Figueira da Foz: CEMAR, 1995).

Os inimigos desse Progresso e desse Futuro são aqueles que, desde o princípio, nos séculos XV-XVI, sempre o foram (e já se instalaram cá na Beira Litoral para isso mesmo, para asfixiar estas regiões). Os seus expoentes principais são o senhorialismo, de tipo eclesiástico (mesmo quando dito "pós-moderno"… e sempre hipocritamente "intelectual"), da Universidade que foi trazida de Lisboa, juntamente com a criação da Inquisição, em 1536-1537, precisamente para asfixiar política e culturalmente, e oprimir económica e socialmente, estas regiões da Beira Litoral (intitulando-se, desde então, com o nome de "Universidade de Coimbra", e ao longo dos séculos seguintes semeando a ignorância, o reaccionarismo e a hipocrisia à sua volta), e o senhorialismo feudal e nobiliárquico de um ramo colateral da Casa de Bragança, o dos Duques de Cadaval (Condes de Tentúgal e Marqueses de Ferreira), que, desde o século XVI, foram instalados em Tentúgal e em Buarcos precisamente para asfixiarem todas estas regiões da Beira Litoral que haviam sido do Ducado de Coimbra, e ao longo dos séculos seguintes o fizeram sempre. E por isso não é de admirar que, depois, nas décadas iniciais do século XIX, essas duas entidades senhoriais e feudais, a Universidade dita "de Coimbra", instalada no antigo Paço da Alcáçova onde havia vivido o Infante Dom Pedro, e os Duques de Cadaval instalados no Paço de Tentúgal onde também havia vivido o autor da "Virtuosa Benfeitoria", fossem regionalmente os dois expontes máximos do reaccionarismo absolutista, caceteiro, e boçal, que em nome do Feudalismo tentou impedir o advento do Liberalismo em Portugal.

Os Duques de Cadaval, latifundiários e feudais em pleno século XIX, e por isso odiados pelas populações locais (quer pelos camponeses de Tentúgal, quer pelos pescadores de Buarcos), foram por fim desalojados pelo triunfo do  Liberalismo, e o antigo Paço do Infante Dom Pedro em Tentúgal (que ocupavam desde há três séculos!), por ser seu, incendiado pelas populações.

O outro exponte regional do Absolutismo caceteiro e reaccionário, a Universidade trazida de Lisboa juntamente com a criação da Inquisição em 1536-1537, e desde então já instalada em Coimbra desde há mais de dois séculos, e por isso auto-intitulando-se com o nome, abusivo e erróneo, de "Universidade de Coimbra", teve por fim nas primeiras décadas do século XIX que se conformar com o triunfo do Liberalismo que não conseguiu impedir (nem ela, nem o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra… ao qual, desde o princípio, sempre esteve umbilicalmente ligada, pela hipocrisia clerical e pela ignorância doutoral, apropriando-se ambos do nome da "Sophia" do Infante Dom Pedro, e a partir de Coimbra se digladiando feudalmente e judicialmente pela posse dos senhorios económicos da Beira Litoral, desde o castelo de Buarcos até Leiria, etc.).

E assim essa Universidade continuou pelo século XIX adiante, para na sua segunda metade sobre ela ser dito o que havia para ser dito, como merecia, por Antero de Quental e Eça de Queirós. E pela célebre frase, habitualmente atribuída a Guerra Junqueiro, sintetizando tudo.

O que essa Universidade continuou a fazer sempre — não por acaso… (e, assim, cobrindo-se de ridículo…) — foi continuar a ensinar, nos bancos das suas aulas de História e de Direito, ainda em pleno século XX (praticamente até à data de 25 de Abril de 1974…!), a curiosíssima concepção, tão reveladora, de que "em Portugal nunca existiu o Feudalismo"… [sic]…  Era, e continuou a ser, para sempre, a Universidade em que, em pleno século XX, a História poderia vir a ser ensinada, e dirigida (como veio), por alguém como Torquato de Sousa Soares…

Trata-se, aqui, em tudo isto (que é a História de Portugal…), de facto, da questão, de sempre, do Feudalismo e do Liberalismo. E, agora, estamos em 2020, duzentos anos depois.»

Da série os políticos não deixam que nada esteja bem para sempre...

Foto  de autor que desconheço. Via António Oliveira
 

Importante. Não deve ser esquecido. Convém mesmo ter presente. 
1. Os figueirenses estão a lidar com gente vingativa. 
2. Gente que se está nas tintas e não se importa de estragar tudo à sua volta para parecer que tem razão. 
3. Gente que não o faz, sequer, por convicção: é por vaidade e imagem. 
4. Gente perigosa. Na agonia, muito mais perigosa ainda.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Conheça o valor mediano dos rendimentos brutos descontados do IRS dos residentes em cada concelho do país...

Figueira da Foz

Manuel Fernandes Tomás, "O Patriarca da Liberdade" e a consciência cívica que ficou perdida no tempo e que tanta falta faz nos dias que passam na Figueira da Foz... (2)

Hoje, na Figueira da Foz, numa iniciativa conjunta da Comissão Liberato e Pró-Associação 8 de Maio (Coimbra), Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto (Figueira da Foz) e Editorial Moura Pinto (Coja, Arganil), celebram-se os 200 anos da Revolução Liberal.

Às 17H30, têm inicio as comemorações do bicentenário da Revolução Liberal, com uma homenagem ao jurisconsulto Manuel Fernandes Tomás, natural do concelho.

Organizada pela Câmara Municipal, Associação Manuel Fernandes Tomás e Associação 24 de Agosto, a iniciativa inclui a deposição de uma coroa de flores junto ao túmulo do “Patriarca da Liberdade”, na praça 8 de Maio, seguindo-se às 18H30 uma sessão evocativa no Centro de Artes e Espetáculos (CAE).

O programa vai decorrer no auditório João César Monteiro do CAE, com a apresentação do livro “Manuel Fernandes Tomás – Escritos políticos e discursos parlamentares (1820-1822)”, de José Luís Cardoso, estando previstas também intervenções do presidente da autarquia, Carlos Monteiro, um familiar de Manuel Fernandes Tomás e o orador convidado, Vital Moreira.

Recordo o meu saudoso Amigo Manuel Mesquita:
"Hoje, na Figueira da Foz vai-se evocar aquele que é o filho mais notável da terra: Manuel Fernandes Tomás. Um exemplo de homem público que poucos poderão igualar. Seria bom que no país, e em especial sua terra, nos tempos actuais, houvesse quem lhe seguisse as pisadas no amor à causa pública!"

Na Figueira, sempre foi proibido questionar convenções.
Quem o faz, é imediatamente alvo de campanhas de ostracização.
Se algo ameaça a postura convencional, então é porque é extremista, ou marginal, ou pior.
Assim, não é de surpreender que – talvez na Figueira mais do que em qualquer outra cidade - os génios sejam todos póstumos.
É biografia recorrente aquela que acaba por concluir que, em vida, a excelsa pessoa nunca foi compreendida ou admirada.
Manuel Fernandes Tomás foi preciso morrer na miséria e na amargura para postumamente lhe reconhecerem o devido valor.
Na edição de hoje, o Diário As Beiras, dá a notícia de que a «autarquia homenageia “patriarca da liberdade”», o tal que defendia que os políticos não deviam ser remunerados e morreu na miséria...

Vivemos na Figueira, uma cidade em que no ano de 2020, a realidade não coincide com a representação da realidade.
Isto, não obstante a realidade da representação da realidade.
O que significa que, enquanto realidade, nos encontramos algures, menos na cidade chamada Figueira da Foz, onde em 31 de julho de 1771 nasceu Manuel Fernandes Tomás, e onde todos devíamos abertamente falar de liberdade...
Numa democracia, não se entende a necessidade de existirem organizações secretas, compostas por elementos afectos, transversalmente, às diversas instituições públicas e privadas. Existem elementos da política, dos partidos, dos poderes judiciais, do poder económico e empresarial, entre outros… Putativamente, até os cangalheiros, gatos e os periquitos devem estar representados (porque estes também são dignos de defenderem os seus interesses). Ao longo dos anos, muitos escândalos rebentaram ligados a estas organizações, de gente livre e de bons costumes, como soe dizer-se na linguagem maçónica. Os casos abanam as confrarias, mercearias, regulares, irregulares, mas cair não caiem, aguentam-se nos pilares, ou nas colunas dos templos, como eles dizem. Os interesses instalados, são muito sólidos e resistentes. Existem muitas coisas, demasiado importantes, que são decididas à luz da vela, sob chão axadrezado, que os profanos (os Zézitos do Povinho), segundo os iluminados, não conseguem ver o alcance da coisa. Nestes espaços, são escolhidos candidatos a deputados, Presidentes de Câmara, vereadores, dirigentes da administração pública afectos aos partidos de poder (PS, PSD, CDS) e são escolhidos elementos em lugar chave da sociedade dita civil, numa lógica de nacional porreirismo fraterno, onde se trocam favores e a meritocracia é engavetada. Isto, contraria a bondade dos objectivos desta organização secular e as boas práticas. Ainda assim, existem bons exemplos, como é o caso do homenageado - Fernandes Tomás, que morreu na penúria, para honrar os altos valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Mas, o que abunda são os beatos, que batem com a mão no peito nas missas... É caso para dizer: bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz e não para o que faz.

João Vaz hoje no Diário as Beiras

"Uma cidade moderna é uma cidade acolhedora, onde a maioria das pessoas são felizes
Gosto desta definição porque inclui o essencial, uma cidade moderna é um local onde as pessoas se sentem bem, confortáveis e em paz com o que as rodeia
A Figueira da Foz é uma cidade moderna? 
Depende dos termos de comparação, do paradigma utilizado para aferir a qualidade de vida existente e capacidade de atracão da cidade. Se formos minimamente exigentes verificamos que a Figueira está muito atrasada na modernização da sua infraestrutura urbana e gestão do património natural, e não explora o seu potencial, afastando-se daquilo que é uma cidade moderna
As cidades modernas querem fazer mais com menos, usam os recursos de forma inteligente, crescendo em parceria com o tecido económico, ouvindo as pessoas e colocando-se ao serviço da comunidade. Uma cidade moderna coloca o ambiente, as alterações climáticas (adaptação, mitigação), a descarbonização no centro das decisões, alocando um investimento específico com objectivos mensuráveis de médio e longo prazo. 
Na Figueira, como em quase todo o país, pensa-se a 4 anos. A gestão ambiental parou no tempo, faltando ligação entre iniciativas, desde a manutenção dos espaços verdes e sentido de bairro/comunidade até à arborização coerente da malha urbana. O planeamento (há?) da ciclovia urbana é exemplo de ausência de modernidade: descontinuidade e solavancos. 
Uma cidade moderna sente-se na qualidade e estado dos passeios, na prioridade dada aos peões, e em especial à segurança de crianças e idosos, em detrimento do carro. Numa cidade moderna não há carros estacionados em cima de passeios… 
Entre nós figueirenses há actualmente falta de massa crítica para enveredar por políticas que tornem a cidade moderna
Precisamos de decisores disruptivos e ousados, porque estamos reféns de gente (técnicos, decisores, líderes cívicos,.. etc.) conservadora, colonizada pelo populismo (da esquerda à direita), que recusa a modernidade."

Recordando uma grande voz de uma certa América

 
As grandes canções contam e fazem parte da nossa história. 
Os grandes seres humanos, como Pete Seeger, são cada vez mais raros.  Coragem, intervenção cívica e talento musical, acompanharam sempre a vida intensa de Pete Seeger. 

A caminho dos 5 milhões...

Ultrapassámos uma fasquia importante: estamos a caminho dos 5 milhões de visitas. 
Não aconteceu por acaso. Outra Margem, desde a sua aparição, assumiu-se como um blogue incomodativo, interveniente, politicamente muito incorrecto, intenso e polémico. É, também, um blogue para gente decente e, tanto quanto possível, justa. Isso nota-se em todas as polémicas em que nos envolvemos. Não virámos nunca a cara à luta, mas entrámos nas guerras blogosféricas que valiam a pena ser travadas, sempre com elevação. Outra coisa não seria de esperar do responsável por este espaço.

"O rigor da gestão pública e o combate à corrupção proclamam-se em grandes anúncios públicos. Depois sabotam-se em pequenas manobras de bastidores"

 "Alguns exemplos". Para ler clicar aqui.

domingo, 23 de agosto de 2020

Nota da direcção do Expresso

Comunicado da direcção do Expresso sobre a divulgação de um excerto de uma conversa privada de jornalistas do jornal com o primeiro-ministro. 

Ouçam Beethoven

 
Este País (e esta Aldeia) de pensamento único e correcto, está a dar cabo de mim!.. 
Estou com medo de não conseguir sobreviver a tanto progresso e tanta fraternidade democrática e socialista... 
A natureza do PS, é o que é... 
Os genes dos socialistas são o que são.
A evolução é o que é... 
A sétima sinfonia de Beethoven, possivelmente, é a obra mais incrível que o homem  conseguiu fazer... 
Ouçam.

Os políticos não deixam que nada esteja bem para sempre...

António Costa desmentido

 A notícia diz tudo: «Estatutos dos médicos desmentem Costa».

Para quem tiver dúvidas, incluindo o PR, pode consultar os estatutos da Ordem dos Médicos.

Pinheiros cortados na Tocha dão lugar a “falos”

«Depois do corte de pinheiros seculares e saudáveis junto ao parque de merendas das Berlengas, na Tocha, mas não de eucaliptos ou acácias podres, o povo, seja ou não local, encontrou uma forma original de protesto: “plantou”, no lugar das árvores, peças em forma fálica feitas de madeira e cartolina. Desde que o português é língua e símbolo da Nação que o povo, e o do Norte que o diga, recorre ao obsceno para tornar bem claro o que pensa. Umas vezes com rudeza, outras com espírito e sentido de oportunidade, algumas com criatividade e ironia singulares. Embora sendo algo nosso, natural, não es­cusa o pedido aos leitores para que dêem o devido des­con­to, porque descrever o cenário que desde ontem se tornou atracção no lado direito da estrada que liga a Tocha à Praia da Tocha pode levar a segundas interpretações. As peças são grandes, imponentes, vêem-se ao longe, tanto assim é que há automobilistas a parar e a tirar fotografias para divulgação nas redes sociais. Estão erectas, fixadas nas raízes de árvores cortadas. Sem dúvida, são resultado de trabalhos manuais: a cartolina vermelha foi primeiro cortada para representar um pénis, depois “enroscada” numa espécie de espeto em madeira que fixa a peça à raíz das árvores cortadas. Não é uma coisa tosca, as roscas utilizadas nas fixações mostram que houve trabalho cuidado e que quem o fez percebe do assunto. Para os lados da Tocha, à indignação pelo corte das árvores acresce agora uma nova preocupação: é que aquilo que ali está, diz-se à boca pequena, é seguramente “uma espécie invasora”. Ironias à parte, o cenário é o resultado da “revolta popular” pelo que foi feito, diz Fernando Pais Alves, com o presidente da Junta de Freguesia da Tocha a partilhar informações que tem recebido de forma não oficial. Ao que parece, o corte de árvores saudáveis de grande valor económico tem ocorrido em várias partes do país. «É grave», acusa o autarca que, sobre o caso específico do parque das Berlengas, até compreenderia o corte de alguns pinheiros que eventualmente pudessem vir a ameaçar a pista pedonal e de cicloturismo. Refira-se que a Junta de Freguesia pedira ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que cortasse pinheiros queimados «em risco de cair para a pista». Em vez disso, o ICNF cortou o que era bom, pinheiros que «valem uma pequena fortuna», e deixou «os queimados, os eucaliptos e as acácias», critica Fernando Pais Alves, ao notar que a floresta também é riqueza». 

A luta do ser humano pela dignidade tem muitos séculos

 Dignidade, é fazer o que é certo e tem de ser feito. Independente do que lhe for ordenado. 

Subserviência, é fazer o que lhe foi ordenado. Independente do que é certo e deveria ter sido feito.