É um programa de entrevistas quinzenal.
Salvo erro ou omissão vi dois.
O
critério de escolha dos entrevistados não sei qual é. E
isso pouco importa, pois, a meu ver, nem é uma vantagem, nem constitui uma
desvantagem.
Nesta entrevista, que já tem dois meses e que, lamentavelmente, me ia
passando ao lado, destaca-se a qualidade reconhecida das duas personalidades, peritas a criar factos e notícias.
Quando, em Junho de 1871, começaram a aparecer, nesta fase com Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, AS FARPAS não eram didácticas.
Depois de Setembro/Outubro de 1872, quando as prosseguiu sozinho, Ramalho decidiu instruir os seus compatriotas, a fim de os salvar.
Encontrou, ao princípio,
uma pequena dificuldade. Para ensinar precisava antes de saber e ele
não sabia nada, ou quase nada.
Pôs-se ao trabalho.
Encomendou livros em Paris e Londres e aplicadamente, leu-os.
Eça de Queiroz, mais tarde, com benevolência e como se fosse um elogio, deu conta de que Ramalho tinha lido de tudo:
química e filosofia, mecânica e teoria da educação, história e
biologia, física e literatura.
Durante anos, armazenou energicamente
na cabeça, a eito, a tralha intelectual do seu tempo.
Tal facto, deu-lhe
um infinito sentimento de superioridade sobre a gente boçal que se pavoneava, por essa altura, pelo Chiado e ele passou a considerar-se preparado para
conduzir a pátria, pelo caminho dos seus interesses.
As
Farpas são, ao fim e ao cabo, um típico produto português: a obra de um provinciano
autodidacta.
Não sei
porquê, lembrei-me disto depois de ouvir, pela enésima vez, nesta entrevista, explanar a treta do
costume: as duas personalidades, longe de revelarem o que quer que seja
sobre a nossa realidade, contribuíram, mais uma vez, para impedir que os figueirenses
a vejam.
domingo, 6 de julho de 2014
Eles comem tudo...
As comissões cobradas pela banca nas contas à ordem dispararam.
Entre 2007 e 2014, o aumento foi de 56%.
A Deco levou uma petição ao Parlamento há um ano e o Banco de Portugal já fez uma recomendação. Quando a Deco levou a questão ao Parlamento há um ano, o aumento das comissões bancárias nas contas à ordem era de 40% entre 2007 (ano anterior ao início da crise financeira) e 2013, sendo agora de 56%.
Para já, não há qualquer resolução legislativa, apenas debate e uma recomendação do Banco de Portugal, que a associação de defesa do consumidor considera insuficiente.
(via JN)
Entre 2007 e 2014, o aumento foi de 56%.
A Deco levou uma petição ao Parlamento há um ano e o Banco de Portugal já fez uma recomendação. Quando a Deco levou a questão ao Parlamento há um ano, o aumento das comissões bancárias nas contas à ordem era de 40% entre 2007 (ano anterior ao início da crise financeira) e 2013, sendo agora de 56%.
Para já, não há qualquer resolução legislativa, apenas debate e uma recomendação do Banco de Portugal, que a associação de defesa do consumidor considera insuficiente.
(via JN)
Lisboa não passa de uma aldeia?..
28 e 29 de Janeiro de 1983, homenagem do Barca Nova a Joaquim Namorado e ao Neo-Realismo
Museu Municipal da Figueira da Foz: Joaquim Namorado e Mário Dionísio e as respectivas esposas à conversa - Guilhermina, esposa do homenageado e Leticia, esposa de Mário Dionísio.
sábado, 5 de julho de 2014
Algo, que alguém pode entender como humor um pouco corrosivo, para suscitar o riso. Não a pena...
“Escrevo imbuído de esfusiante alegria pois pela segunda vez em menos de um mês estou inteiramente
de acordo com mais um membro da vereação.
Agora
foi o Sr. vice-presidente, em texto neste jornal, quem avisadamente opinou sobre
a relação autarquia/sociedade civil na linha do que venho escrevendo há anos.
Considera
hoje que “o período em que a autarquia
pensava poder substituir-se à iniciativa da sociedade civil” teve “efeitos
negativos que ainda subsistem” (ai subsistem, subsistem!).
Acredita hoje “que a organização dos cidadãos, naquilo que extravasa as claras
responsabilidades da autarquia… deve ser o motor das iniciativas; neste caso o papel
da autarquia deverá ser, quando muito, de motivação e apoio”. Não posso estar mais
de acordo. Estou agora seguro (não estava) de que acabou “a subsídio
dependência e pedinchice em troca da angariação e da fidelidade política”;
acabou a organização autárquica de eventos concorrentes com os de associações e
clubes; acabou a contratação dos Cides e Emanueis; acabou o “cavalgar”
autárquico de iniciativas da sociedade civil, etc., etc. Estou agora certo (não
estava) que a autarquia vai motivar e apoiar as iniciativas da sociedade. Já
são dois os srs. vereadores a quem manifesto total concordância,correndo agora
o sério risco de vir a ser acusado de propagandista do regime (local).”
Em tempo.
Esta crónica de Joaquim Gil, publicada hoje no jornal AS BEIRAS, intitulada "Em total sintonia com a vereação", faz-me lembrar um antigo jornalista e actual cronista, agora aposentado na política, que tinha um humor particularmente desarmante, porque tinha a capacidade de se rir de si próprio - o tipo que melhor conhecia e conhece à face da terra...
Quem não gostaria de chegar aos oitenta assim?
Se para uns é difícil, para outros já é impossível...
sexta-feira, 4 de julho de 2014
O importante é a cidade...
foto Figueira na Hora |
A bandeira azul foi hasteada, na passada terça-feira, dia 2 do corrente, na Praia do Relógio.
Na cerimónia, participaram representantes das restantes freguesias onde também se ostenta este símbolo de qualidade – Quiaios, Leirosa e S. Pedro –, a quem foi entregue o estandarte, para ser içado nas respectivas praias.
Em tempo.
As
praias das freguesias limítrofes são
o petróleo do concelho...
Mas, a bandeira azul só mereceu ser hasteada na cidade com a presença das entidades oficiais!..
Não é novidade, mas é um facto que merece
ser destacado neste verão de 2014.
As entidades oficiais - em especial a vereação camarária - converteram-se aos tempos
modernos.
O
importante é a cidade.
Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades, e ainda bem que assim é...
Vamos ver como é quando estiverem mais próximas as próximas eleições autárquicas...
Porque hoje é sexta, numa semana que começou na segunda...
Não costumo parar muito para pensar sobre o passado. Olhar para trás... Esforço-me, imenso, apenas, por nunca cometer o mesmo erro duas vezes.
Mas há momentos em que vale a pena, mesmo, parar para pensar.
Vivemos numa pequena cidade – que é a Figueira da Foz - cada vez mais individualista e preocupada com o seu umbigo.
As pessoas, cada vez mais, vivem fechadas em caixas de fósforos - vulgo, «castelos» cada vez mais altos...
Na maior parte das vezes, nem os vizinhos conhecem, quanto mais os maiores!...
Cultura, qual cultura?...
Deve ser a roupa de moda, os assuntos fúteis, as causas chiques, ou populares?..
De quando em vez lá aparece algo que nos faz pensar, parar para olhar e reflectir se é este o mundo que queremos.
O que é pensar conhecer uma pessoa?..
Qual é a fronteira entre a superficialidade e a verdadeira cultura?
O que é o sucesso?
E a felicidade?
Vivemos numa pequena cidade – que é a Figueira da Foz - cada vez mais individualista e preocupada com o seu umbigo.
As pessoas, cada vez mais, vivem fechadas em caixas de fósforos - vulgo, «castelos» cada vez mais altos...
Na maior parte das vezes, nem os vizinhos conhecem, quanto mais os maiores!...
Cultura, qual cultura?...
Deve ser a roupa de moda, os assuntos fúteis, as causas chiques, ou populares?..
De quando em vez lá aparece algo que nos faz pensar, parar para olhar e reflectir se é este o mundo que queremos.
O que é pensar conhecer uma pessoa?..
Qual é a fronteira entre a superficialidade e a verdadeira cultura?
O que é o sucesso?
E a felicidade?
Os estratagemas de Dona Banca
“Tresanda a BPN, Parte II. E a pergunta tem pois de ser: o que é que aprendemos com o BPN? Deveríamos ter aprendido duas coisas. Primeira, que um sector bancário liberalizado gera e desenvolve práticas de poder, de promiscuidade e de contorno da lei que lhe dão uma força crescente. Segunda, que uma regulação a sério de um sector tão crucial implica presença do Estado por via accionista, única forma de conter verdadeiramente a deriva de destruição de uma finança sem rei nem roque.
Quando um destes dias nos vierem com a inevitabilidade de injectar capitais públicos no BES para controlar o risco sistémico, valia a pena lembrar tudo isto.”
Para ler na íntegra a crónica de José Manuel Pureza, no DN, basta clicar aqui.
Quando um destes dias nos vierem com a inevitabilidade de injectar capitais públicos no BES para controlar o risco sistémico, valia a pena lembrar tudo isto.”
Para ler na íntegra a crónica de José Manuel Pureza, no DN, basta clicar aqui.
Na especulação é que vai estar o prejuízo...
Os empresários hoteleiros figueirenses, provam-no mais uma vez, não percebem nada de turismo, muito menos de economia e ainda muito menos de negócios.
Neste momento, julgam-se os mais espertinhos do planeta e arredores.
Segundo o Diário de Coimbra, "os preços de alojamento durante o RFM SOMNII, a 11 e 12 de Julho, duplicam face aos fins-de-semana anterior e posterior, apesar de a autarquia ter querido evitar a especulação".
A gula é um pecado mortal. E figueirense que é figueirense, tal como o português que é português, não consegue resistir à especulação...
Se optassem por praticar o preço justo muitos daqueles que vieram para RFM SOMNII talvez voltassem... E aqueles que voltassem, num ano ou dois, gastariam mais, muito mais, que aquilo que lhes esfolaram numa oportunidade. Todos ficavam a ganhar.
A esperteza, de inteligente, só tem a aparência.
O RFM SOMNII, no imediato, vai ser um evento positivo para a economia local, mas terá sido o melhor para o futuro da reputação da Figueira, uma cidade que pretende ter no turismo uma actividade de futuro e com futuro?
Neste momento, julgam-se os mais espertinhos do planeta e arredores.
Segundo o Diário de Coimbra, "os preços de alojamento durante o RFM SOMNII, a 11 e 12 de Julho, duplicam face aos fins-de-semana anterior e posterior, apesar de a autarquia ter querido evitar a especulação".
A gula é um pecado mortal. E figueirense que é figueirense, tal como o português que é português, não consegue resistir à especulação...
Se optassem por praticar o preço justo muitos daqueles que vieram para RFM SOMNII talvez voltassem... E aqueles que voltassem, num ano ou dois, gastariam mais, muito mais, que aquilo que lhes esfolaram numa oportunidade. Todos ficavam a ganhar.
A esperteza, de inteligente, só tem a aparência.
O RFM SOMNII, no imediato, vai ser um evento positivo para a economia local, mas terá sido o melhor para o futuro da reputação da Figueira, uma cidade que pretende ter no turismo uma actividade de futuro e com futuro?
quinta-feira, 3 de julho de 2014
Entrevista a Teresa Namorado
Em entrevista à Foz do Mondego Rádio, antes da homenagem a Joaquim Namorado, no âmbito do centenário do seu nascimento, a filha do matemático, escritor e poeta Joaquim Namorado, Teresa Namorado (na foto de António Agostinho, ladeada por António Augusto Menano e pelo vereador António Tavares) explicou à jornalista Andreia Gouveia porque estava a colocar a hipótese de retirar da Figueira da Foz o espólio ali deixado em depósito pelo seu pai na sequência da Homenagem que o jornal barca nova em Janeiro de 1983 prestou ao Poeta da Incomodidade e que, na altura, atingiu dimensão nacional.
Gostei de ler
"O senhor vereador da cultura da câmara municipal da Figueira da Foz não é um homem sem qualidades. Pelo contrário. Uma delas é que é um homem de ideias fixas.
O vereador António Tavares, ele próprio também escritor (embora não seja nenhum Musil), acha que a literatura é assim uma espécie de concurso de abóboras. Para ele alguns escritores são mais dignos que outros – mais bem comportados; mais belos; mais, sei lá, redondinhos ou simétricos; mais fotogénicos; enfim, mais recomendáveis.
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A Biblioteca Municipal acaba, pelos vistos, de perder o espólio de Joaquim Namorado porque os familiares do poeta se fartaram de ver o nome e o legado deste continuamente enxovalhados pela câmara municipal de uma cidade que ele escolheu para viver e morrer e a quem deu tudo.
O vereador acha, peremptório, que “a opção da autarquia, no que a prémios literários respeita, se esgota no figueirense João Gaspar Simões”.
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Eu acho que o escritor e cidadão Tavares está no seu direito de preferir o segundo modernismo ou presencismo ao neo-realismo. Mas também acho que o vereador da cultura não tem o direito de impôr os seus gostos ou desgostos.
Acrescento que nada tenho contra o prémio literário João Gaspar Simões. Penso todavia que faria sentido a recuperação do prémio Joaquim Namorado (uma coisa não impediria a outra, como referi aqui). Seria um sinal de civilidade, de justiça, de maturidade. de pluralismo, que sei eu, de capacidade de conviver com os seus eus contraditórios.
Acrescento que nada tenho contra o prémio literário João Gaspar Simões. Penso todavia que faria sentido a recuperação do prémio Joaquim Namorado (uma coisa não impediria a outra, como referi aqui). Seria um sinal de civilidade, de justiça, de maturidade. de pluralismo, que sei eu, de capacidade de conviver com os seus eus contraditórios.
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Que diabo, esta pequena cidade de província sempre é a cidade natal (e adoptada) de dois dos mais representativos escritores das correntes literárias que, embora antagónicas, foram as dominantes na literatura portuguesa no século vinte. Mas também é a cidade que deu à cultura portuguesa vultos como o filósofo Joaquim de Carvalho, o pintor surrealista Cândido Costa Pinto, o escultor e professor Gustavo Bastos, o escritor e cineasta abjeccionista João César Monteiro, o genial (e hoje um tanto esquecido) maestro e compositor David de Sousa.
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Não, a Figueira da Foz não é uma cidadezinha qualquer, no que à cultura diz respeito. É uma cidade plural, rica em diversidade, contraditória. Devia celebrá-lo. Com orgulho e sem preconceitos; sem pruridos nem psicoses, nem complexos paroquiais.
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Não, a Figueira da Foz não é uma cidadezinha qualquer, no que à cultura diz respeito. É uma cidade plural, rica em diversidade, contraditória. Devia celebrá-lo. Com orgulho e sem preconceitos; sem pruridos nem psicoses, nem complexos paroquiais.
A cultura na Figueira merecia mais; muito mais. Não devia esgotar-se nas opções ideológicas do seu regedor."
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