domingo, 6 de julho de 2014

Onda chic

É um programa de entrevistas quinzenal.
Salvo erro ou omissão vi dois.
O critério de escolha dos entrevistados não sei qual é. E isso pouco importa, pois, a meu ver, nem é uma vantagem, nem constitui uma desvantagem. Nesta entrevista, que já tem dois meses e que, lamentavelmente, me ia passando ao lado, destaca-se a qualidade reconhecida das duas personalidades, peritas a criar factos e notícias
Quando, em Junho de 1871, começaram a aparecer, nesta fase com Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, AS FARPAS não eram didácticas. 
Depois de Setembro/Outubro de 1872, quando as prosseguiu sozinho, Ramalho decidiu instruir os seus compatriotas, a fim de os salvar. 
Encontrou, ao princípio, uma pequena dificuldade. Para ensinar precisava antes de saber e ele não sabia nada, ou quase nada. 
Pôs-se ao trabalho. Encomendou livros em Paris e Londres e aplicadamente, leu-os. 
Eça de Queiroz, mais tarde, com benevolência e como se fosse um elogio, deu conta de que Ramalho tinha lido de tudo: química e filosofia, mecânica e teoria da educação, história e biologia, física e literatura. 
Durante anos, armazenou energicamente na cabeça, a eito, a tralha intelectual do seu tempo. 
Tal facto, deu-lhe um infinito sentimento de superioridade sobre a gente boçal que se pavoneava, por essa altura, pelo Chiado e ele passou a considerar-se preparado para conduzir a pátria, pelo caminho dos seus interesses.
As Farpas  são, ao fim e ao cabo,  um típico produto português: a obra de um provinciano autodidacta.
Não sei porquê, lembrei-me disto depois de ouvir, pela enésima vez, nesta entrevista, explanar a treta do costume: as duas personalidades, longe de revelarem o que quer que seja sobre a nossa realidade, contribuíram, mais uma vez, para impedir que os figueirenses a vejam.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta cidade anda mesmo em maré de azar acontece-lhe tudo.