
Numa altura de crise geral o movimento associativo não foge à regra.
O associativismo português vive dias difíceis e a inversão dessa tendência não parece estar para breve.
O associativismo na Freguesia de S. Pedro acompanha o que se passa no resto do País. As Colectividades de S. Pedro, todas elas, sentem muitas dificuldade na organização do seu a dia a dia.
Por diversos factores, mas onde a escassez de recursos humanos qualificados assume, hoje, como nas últimas décadas, relevância.
Como sabemos, na Cova-Gala existem três Colectividades: o Clube Mocidade Covense, o Desportivo Clube Marítimo da Gala e o Grupo Desportivo Cova-Gala.
Aparentemente estamos bem servidos. No entanto, se formos ao concreto, não obstante a boa vontade de alguns esforçados carolas, principalmente a nível recreativo e cultural, o panorama é francamente desolador.
É assim agora. Era assim há vinte anos atrás.
Um pouco de história
Foi para tentar atenuar as dificuldades que as Colectividades enfrentavam e para tentar potencializar os parcos recursos existentes que, por volta de 1989, Carlos Alberto de Jesus Lima, o pai e ideólogo da tese, começou a tentar corporizar a ideia da unificação.
A primeira reunião, digamos assim, a sério, aconteceu na Sede da Junta de Freguesia de S. Pedro, no ano de 1989. Estiveram presentes representantes das três Colectividades e, como convidado, Domingos São Marcos Laureano, Presidente do Executivo da nossa autarquia, nessa altura.
Em 1990, aconteceu outro facto que podemos considerar uma tentativa, não sei se assumida e previamente pensada, de encetar o caminho da unificação: a organização conjunta da festa em honra do Padroeiro S. Pedro, pelas Direcções das três Colectividades locais.
Diga-se, em abono da verdade, que nem tudo correu bem, digamos

assim e, citando, “por problemas de bastidores”.
Entretanto, a atestar que existia gente que na época pensava na unificação, iam acontecendo outras realizações conjuntas das colectividades, como é o caso da organização de algumas edições do Grande Prémio de Atletismo de S. Pedro, uma realização que prestigiou a nossa Terra...
E as Autarquíadas – quem se lembra ainda desta iniciativa – foi igualmente outra iniciativa promovida pelas Colectividades da Cova-Gala.
O tempo foi correndo, a ideia da unificação foi ganhando alguma consistência, adeptos, defensores, mas, igualmente, foram aflorando algumas resistências mais ou menos camufladas.
94/95, anos decisivosChegámos a 1994, ano em que aparentemente foram dados passos importantes.
Foi apresentado um Projecto de Unificação.
Os Clubes – todos os Clubes, realizaram Assembleias Gerais e aprovaram esse Projecto, cuja implementação passaria por três fases:
1ª.– Esclarecimento.
2ª.– Iniciação do Projecto pelas Colectividades.
3ª.– Unificação das três Colectividades, pelo menos numa primeira fase, sem a perda da identidade própria de cada una delas.
Depois, com o decorrer do processo logo se veria.
O que parou o processo?
As coisas pareciam estar a avançar. Chegou mesmo a haver um Projecto de Estatutos e um Regulamento Geral da nova associação a ser criada, da autoria de Carlos Lima.
Esse documento foi discutido em reuniões no seio dos Clubes, mas a partir daí estagnou-se até aos dias de hoje.
A partir de 1995 o processo hibernou.
Visto à distância, ocorreu um factor de índole pessoal, que parece ter contribuído decisivamente para o encalhamento do processo: Carlos Lima, por razões pessoais, pediu a suspensão do cargo de Presidente da Direcção do Desportivo Clube Marítimo da Gala.
Este acidente de percurso, provou-o o futuro, tirou dinâmica e capacidade de organização para levar por diante o processo de unificação das colectividades de S. Pedro, que não era uma tarefa fácil de concretizar, pelas implicações e reacções que tal mudança iria implantar no panorama associativo local.
Por outro lado, ainda que não assumidas publicamente, as tais resistências mais ou menos encapotadas, iam minando o processo.
E a inércia acabou por ditar leis...
Dias de hoje
Em 2006, mais de dez anos decorridos sobre a paragem do processo de unificação, a realidade é esta: não há uma estratégia de fundo, definida, concertada e devidamente fundamentada para o desenvolvimento do associativismo em S. Pedro.
E a realidade recreativa e cultural, no âmbito do nosso concelho, para não ir-mos mais longe, é a conhecida de todos nós.
Na ausência duma ideia de fundo, o poder político fez aquilo que é normal: tomou medidas avulsas e pontuais, onde foram gastos largos milhares de euros, como aconteceu no ano passado, curiosamente ano de eleições autárquicas, no Desportivo Clube Marítimo da Gala e no Clube Mocidade Covense.

As carências recreativas e culturais, entretanto, subsistem. A nível desportivo, as coisas têm funcionado bem melhor, embora também aqui existam lacunas fundamentais que, por esta ou aquela razão, têm sido adiadas. É o caso do piso do Campo do Cabedelo.
Meus senhores, sei que há quem não goste que se fale do problema, mas colocar desportistas – crianças ou adultos – a praticar desporto numa pedreira daquelas é, no mínimo, uma violência.
É neste panorama de dificuldades gerais, que a problemática da unificação das nossas Colectividades, volta a ser um tema a ganhar actualidade.
O futuro, que todos ansiamos pujante e vigoroso do associativismo na Cova-Gala, passa, inevitavelmente, pelas opções de fundo que terão, mais tarde ou mais cedo, de ser feitas.
E que têm vindo a ser adiadas.
Até quando?