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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Gestão do património de todos nós...(5)

"Este é um daqueles temas que me levam a uma posição indefinida, criando em mim um conflito ideológico e retórico que até hoje encontrei em poucos temas. Se por um lado me vem à memória o texto de José Saramago “Privatize-se tudo!”. Por outro, não posso deixar de compreender a possível venda dos patrimónios, dado o historial recente dos dois edificados.

Sou um defensor de que o património histórico deve estar nas mãos do estado. O estado é a única instituição portuguesa que garante a sua própria existência há mais de 900 anos, algo, que nos leva a crer, que este, terá um carácter intemporal na vida da sociedade portuguesa. Fator que é importante, na hora de olhar à preservação do monumento histórico a longo prazo. O Estado, ao contrário de uma empresa, não terá como fim o lucro, mas sim a preservação da memória e da história das suas gentes.

Facilmente se rebate o argumento que apresentei em cima, exatamente com os monumentos que aqui estamos a discutir. E esse é exatamente o motivo pelo qual aceito a ponderação de uma venda a privados. A verdade é que os monumentos já estão sobre a alçada da autarquia há mais de 20 anos.

Neste tempo, o Convento de Seiça apenas ficou mais danificado e o Paço de Maiorca foi palco de um dos contratos mais ruinosos da história da democracia portuguesa. Também é verdade, que a autarquia nos últimos 20 anos teve 11 a pagar dívidas monumentais, facto que nem permite pensar numa intervenção de fundo, totalmente suportada pela autarquia.

Assim, considero que para o estado poder concretizar o seu dever, o restauro dos dois edificados deve ter o apoio direto do estado central. Se isto não se tornar uma realidade, será muito difícil para a câmara municipal fazer todo o trabalho sozinha. Se este cenário não se materializar, a única solução que afiguro, será a venda aos privados que derem mais garantias de manutenção do património a longo prazo.

Tal como escrevi no artigo anterior, é tempo de nos fazermos valer do carimbo de monumento nacional, no caso do Convento de Seiça, para o Terreiro do Paço perceber que está em falha perante os seus deveres."
Via Diário as Beiras

Mosteiro de Seiça, finalmente, "foi classificado como monumento nacional"

Segundo o DIÁRIO AS BEIRAS, edição de hoje, o Mosteiro de Seiça, finalmente, "foi classificado como monumento nacional". As entidades que lhe conferiram o estatuto reuniram-se esta semana e a proposta foi aprovada por unanimidade. Esta decisão, vai permitir que a  autarquia avance com a candidatura para a recuperação das ruínas, no montente de três milhões de euros.
No sítio do Turismo de Portugal na internet, o Mosteiro de Santa Maria de Seiça, na freguesia do Paião, é apresentado como uma oportunidade de investimento para fins turísticos. A autarquia não descarta a possibilidade de o alienar, se houver uma proposta de compra sustentada num projeto com interesse público. Neste momento, porém, afirmou o presidente da câmara, Carlos Monteiro, ao DIÁRIO AS BEIRAS, o município está determinado em proceder à recuperação das ruínas. 
Muita propaganda tem sido feita ao longo dos anos. Entretanto, Seiça, continua um convento abandonado.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Gestão do património de todos nós...(4)

"O Paço de Maiorca necessita de uma intervenção a curto termo para travar o seu acelerado processo de degradação. O Paço já teve uma oportunidade de
oferecer uma função pública quando existiam fundos do Estado disponíveis para
realizar o projeto do arquiteto Pedro Taborda. Esse projeto atribuía ao Paço uma função de apoio a artistas, incluindo ateliers e habitação, contemplando também a envolvente do edifício e a sua relação com o tecido social. As decisões entretanto tomadas, os custos que tiveram para a autarquia e o logro de uma solução para aquele espaço mereciam um apuramento de responsabilidades
mais rigoroso e consequente. Na minha opinião, Maiorca merecia um projeto que trouxesse genuína vitalidade à vila, como o proposto pelo arquiteto
Pedro Taborda, mantendo o Paço no domínio público e reforçando a sua
ligação ao tecido social de Maiorca.
Relativamente ao futuro do Convento de Seiça, é urgente consolidar o conjunto de edifícios e posteriormente intervir. O Convento é o monumento mais antigo do concelho, com uma igreja de traça única apesar de já ter sofrido intervenções destrutivas, com uma história ímpar de produção de conhecimento ligada ao Mosteiro de Alcobaça e uma singular imponência no contexto do património do concelho. Existem exemplos de conventos recuperados para o setor do turismo, como é o caso do Convento de Santa Maria do Bouro, igualmente convento cisterciense, recuperado pelo arquiteto Eduardo Souto de Moura e adaptado a uma Pousada de Portugal, gerida por um grupo privado. O problema é que não faltam casos de venda de património a um privado utilizando o prestígio de arquitetos de renome para assinar os projetos, mas que à primeira oportunidade mutam para soluções que desvirtuaram a ideia do próprio arquiteto e destruíram a traça histórica desses locais em benefício
de efémeros lucros.
Em Seiça, não podemos correr esse risco. Sou contra a sua venda e apoio uma solução que atribua funções públicas ao Convento, que se for executada com o devido rigor arquitetónico poderá servir para criar uma dinâmica turística mais
sólida e duradoura."
Via Diário as Beiras

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Gestão do património de todos nós...(3)

"Perplexa perante a pergunta apresentada. Há pouco havíamos manifestado opinião sobre a possível utilização de dois belos espaços patrimoniais do concelho, Paço de Maiorca e Mosteiro de Seiça. Quase diria como o espanhol: ”Yo no creo em las brujas pero que las hay, las hay”.
O assunto é controverso, porque tem subjacente uma série de contradições, coisas mal explicadas. A Câmara Municipal, através da senhora vereadora, continua a insistir que Seiça é Monumento Nacional desde 2018! Mau! Então por que razão a publicação do Anúncio 66/2019, publicitando a abertura de procedimento tendo em vista essa classificação?
Alguém entende? Eu não! Se assim fosse, por que razão continua a sua classificação como Imóvel de Interesse Público patente no painel em frente ao convento, painel que avisa os transeuntes para o perigo de ruína do edifício? Não diz a cota com a perdigota, diz o povo.
Estranha-se muito a demora do processo, dada a urgência de acudir ao mosteiro. Lembrar que alienar a privados património classificado é impossível, segundo o site Direitos e Deveres dos Cidadãos: “os bens imóveis do domínio público estão sujeitos a um princípio de inalienabilidade. Estão, em absoluto, fora do comércio jurídico… por exemplo, contratos de compra e venda ou similares).” Este seria o caso do Mosteiro, bastando-me tal para estar em completo desacordo com a venda, para lá das razões do coração.
Quero que o edifício continue nosso, nosso. São precisos 3 M€! Se for MN pode ser elegível a fundos estruturais. O Paço de Maiorca é um assunto diverso. Havendo o risco de a Câmara ser condenada ao pagamento da indemnização milionária, como pensar-se na alienação? Escrevi em dia de S. António e essa ideia parece advir da fé que tudo corra bem com o recurso interposto!
De minha parte desejo ardentemente que sim. A CM endividou-se para adquirir património relevante, agora que as coisas melhoraram deita-se tudo a perder, passando-o a patacos?! Não concordo e espero que tais peregrinas ideias não vejam a luz do dia, apesar da concordância dos srs. presidentes de J. Freguesia envolvidos."

Via Diário as Beiras

terça-feira, 16 de junho de 2020

Gestão do património de todos nós...(2)

"Entendendo o património cultural como o conjunto dos bens culturais móveis (o património museológico), imóveis (património arquitectónico, arqueológico e paisagístico) e intangíveis (património imaterial), assumiu-se durante muitos anos que a respetiva defesa e salvaguarda cabia exclusivamente ao Estado Central, por forma a garantir a afirmação da identidade e da cultura do país.
Mas, à medida que o conceito de património se ia alargando a uma velocidade e dimensão inversamente proporcionais às dotações orçamentais, foram-se ensaiando outras formas de o gerir – ou através do mecenato, ou da sua manutenção na esfera pública mas no tal setor empresarial do Estado, ou criando parcerias com a sociedade civil e com o setor privado, como, aliás, é prática corrente em muitos países, não só na Europa.
De facto, a Convenção-Quadro sobre o valor do Património Cultural para a Sociedade, do Conselho da Europa, assinada em Faro em Outubro de 2005 e ratificada por Portugal em 2009, apela ao envolvimento de todos (por exemplo também das comunidades educativa, científica, artística…), tanto mais que, ao valor identitário intrínseco do património, acresce o seu valor económico e social “enquanto recurso territorial gerador de fortes contributos para as economias locais e regionais, nomeadamente, no contexto do turismo cultural”.
Se isto é assim entendido na Europa e no Mundo, na Figueira, um concelho não tão rico assim no que à quantidade de património histórico edificado diz respeito, entendeu a Câmara Municipal colocar à venda, há vários anos, o Mosteiro de Seiça, o Paço de Maiorca e o Palácio Conselheiro Branco (também em Maiorca), relacionados respetivamente com os séculos XII, XIV e XIX.
Portanto, mais uma vez se agiu sem um plano estratégico e desvalorizando-se os ativos, pelo que proponho que, rapidamente, se convoque toda a sociedade para nele participar, aferindo-se só depois qual é a solução que melhor contempla, caso a caso, a salvaguarda dos aspetos patrimoniais, legais, económicos e políticos."

Via Diário as Beiras

sábado, 13 de junho de 2020

Convento de Seiça (6)

"O convento de Seiça não é apenas um edifício imponente, é muito mais do que isso. A sua fachada e o que resta do seu interior em ruínas, mostram as vivências que remontam ao reinado de D. Afonso Henriques.
Nos dias de hoje a única forma de vida naquele local foi a natureza que
desenvolveu.
Ao longo dos anos até ao presente tem sido referido a sua necessidade de reabilitação. Mas a ironia do seu destino faz com que seja um assunto
de recorrente interesse de alguns a monumento esquecido para outros.
O problema é sempre o mesmo.
Falta de dinheiro. Reabilitar um edifício daqueles vai valer milhões e com o tempo os milhões vão aumentando.
Mas se o problema é dinheiro, basta fazer as contas, já dizia António Guterres.
A reabilitação do Cabedelo já vai em cerca de 3 milhões € e ainda nem a meio vai. Como a Figueira gosta de estar na moda e é amiga do ambiente a requalificação no centro da cidade e de Buarcos ficou orçamentada num total das duas de 3.8 milhões €, fora as “trapalhadas” na rua dos Combatentes da Grande Guerra, o autor da estátua do pescador que decidiu reclamar e até estacionamentos que foram feitos por duas vezes. E já agora acrescentar 1.3 milhões € para a mega transformação do jardim municipal, que será tão avançada para a época que ninguém entende.
Só nestes exemplos somamos um valor de 8.1 milhões €. Será que são estas as prioridades da Figueira? Se existisse uma estratégia centrada na essência da terra e das suas gentes podíamos ter aqui uma reabilitação do Mosteiro de Seiça. Ao invés disso o caminho foi e continua a ser betonar as freguesias urbanas. É onde existe mais pessoas e, aparentemente, mais votos. Infelizmente, para os comerciantes, o betão não ajudou.
Prioridades de quem gere os milhões! Através de uma reabilitação, o Mosteiro de Santa Maria de Seiça poderia ser um monumento de celebração da cultura, onde faria sentido contemplar a sua história, ou até ser um lugar para destacar os nossos talentos figueirenses. Desde a pintura, à escultura, à fotografia. Porque não ser um tributo a Mário Silva. Pelo menos Cantanhede (Tocha) teve essa sensibilidade. Respeitar um monumento desta dimensão é dar-lhe vida!"
Via Diário as Beiras
"Pessoalmente, não sou de grandes misticismos, mas confesso que o Convento de Seiça e toda a sua envolvente me provocam, sempre que lá vou, uma sensação transcendental, mística, quase como uma viagem espiritual a um vale encantado. Não sei se será da lenda dos degolados do Abade João ou da lenda da cura de D. Afonso Henriques, que terá mandado construir o atual convento, onde talvez já existisse um outro mais modesto, ou ainda se será devido às águas da Ribeira de Seiça, que serviram para produzir os míticos pirolitos de que sempre ouvi o meu pai falar. O que é certo é que é um lugar especial. A construção do convento iniciou-se em 1185. Ocupado por monges, talvez ligados à ordem de Cister, julga-se ter tido o seu auge de importância quando foi escola de Teologia e Filosofia, tendo sido abandonado em 1834 com a extinção das ordens religiosas. Menosprezado, foi parcialmente despojado e destruído e, em 1911, foi adquirido pela família Carriço que o transformou numa fábrica de descasque de arroz. Devido a todo esta importância histórica, em 1999, o Município decidiu “salvá-lo” adquirindo-o por 226.254€ com o pressuposto de que “a sua aquisição seria de grande responsabilidade, implicando obrigatoriamente um esforço articulado com o poder central, pois a sua recuperação e manutenção não poderia ficar só aos ombros do município”. Infelizmente, passados 10 anos, chegou-se a 2009 e nada tinha sido feito. Como diz o povo “de boas intensões está o inferno cheio”. O convento de Seiça continuava abandonado e por classificar como monumento nacional, não foi desenvolvido qualquer projeto de reabilitação e, para agravar, o PS herda uma câmara falida. Sem qualquer viabilidade de poder intervencionar o edifício, pois existiam outras prioridades: escolas degradadas, mercados e centros de saúde por construir, o executivo tratou de elaborar um projeto de consolidação das ruínas cuja obra custará cerca de três milhões de euros, financiada pelo Estado, e em 2018 conseguiu a sua classifi cação como monumento nacional. Acredito que após a referida obra, o futuro do monumento passará por ser um atrativo turístico relevante para a região, um local de visita cultural, histórica e até espiritual."
Via Diário as Beiras

Figueira

Sem conhecermos o impacto da pandemia na economia do concelho, a propaganda da Câmara Municipal virou-se para a campanha "quem é que gosta mais da Figueira?"
Quer dizer: fez mais uma postagem no Facebook.


Figueira:
Tenho 66 anos. Porém, tu fazes com que sinta que tenho 1966.
Que culpa tive eu do mal que te fizeram?
Em 2020, isto parece tudo uma brincadeira, uma irresponsabilidade, uma mentira ou um golpe de magia do Luís de Matos...
Figueira:
Não imaginas a emoção que sinto quando ouço a Marcha do Vapor!
Àparte o facto de me tentarem convencer que nos espera um futuro mar de rosas (que os figueirenses me perdoem, mas a maioria deles teme...).
Mas as fotos tiradas do céu são lindas, formosas e belas...
Figueira:
Um dia ainda vou passar uma noite ao Convento de Seiça, a ver se por lá ainda anda o D. Afonso Henriques.
A única coisa que temo, é apanhar  um resfriado e ir desta para melhor.
Se tivesse dinheiro comprava o Paço de Maiorca.
Que grande jeito não faria essse dinheiro à Câmara do presidente Monteiro!.. 
Era capaz de fazer isso só para ouvir a Marcha do Vapor.
Figueira:
Vou contar-te um segredo: estou louca e perdidamente apaixonado por ti!
Até eu estou admirado: como me fui apaixonar por uma velha mal cuidada, decrépita e idiota como tu?
Talvez, porque tens um coração doce (ainda mais doce que os pastéis de Tentugal, as espigas de Montemor ou as queijadas de Pereira).
Figueira:
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e quatro, Salazar estava no poder. Muitos comunistas estavam presos.
Tive amigos e familiares que estiveram na guerra. Eu escapei por uma unha negra.  
Tive amigos e familiares que emigraram. Eu escapei por uma unha negra.  Podia estar agora no Brasil. Mas nada de traumas, nem ressentimentos.
Figueira:
Não imaginas a emoção que sinto quando ouço a Marcha do Vapor! 

Convento de Seiça (5)

"No nosso Convento de Seiça é porventura o monumento com maior relevância histórica do nosso concelho. Reza a lenda que D. Afonso Henriques o mandou erigir como agradecimento por um milagre que decorreu numa caçada no vale de seiça-facto mais do que suficiente para denominar este monumento de nacional. Infelizmente, este milagre não “entrou” no imaginário do Ministro da propaganda de Salazar, António Ferro, perito em criar tradições e locais de culto a partir de eventos, cujas origens são um pouco duvidosas.
Foi assim com Fátima, com o Galo de Barcelos ou até mesmo com os principais castelos, que possuíam uma geometria muito diferente da atual. Em Seiça os ingredientes para cativar António Ferro estavam lá, o que era capaz de garantir que as nossas lendas seriam parte integrante dos manuais obrigatórios de história. Na verdade, aquilo que perdurou no conhecimento histórico das massas foi aquilo que o Estado Novo decidiu que era importante.
Todavia, considero que a autarquia deverá mobilizar esforços para promover o convento de Seiça como um monumento nacional, que foi abandonado pelo seu país. Tenho esta convicção, porque este património não pode apenas ser restaurado pela autarquia. Este monumento tem mais de mil anos e não pode ser só a Câmara Municipal a dar conta do recado.
Até porque um verdadeiro processo de restauro do edificado terá de ser feito por alguns dos melhores restauradores de arte antiga do país. Aliás, só as estátuas, que estavam na fachada, iriam obrigar a um trabalho bastante minucioso e moroso. Neste sentido, este deve ser um desígnio nacional, com a certeza de que este mosteiro recuperado nos ajudará a perceber melhor o que faziam as populações do concelho da Figueira da Foz há um milénio.
De ressalvar o notável trabalho que a associação SMS tem desenvolvido no que diz respeito à promoção do Vale Encantado. Aliás, se hoje discutimos este tema em crónicas do principal diário regional, muito se deve àqueles cidadãos dedicados que querem ver Seiça novamente no mapa da história de Portugal."
Via Diário as Beiras

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Convento de Seiça (4)

"O Convento de Seiça é um local de memórias de infância. Ali brincámos tardes inteiras sem consciência da importância da imensa história decorrida naquele espaço desde o tempo em que foi erguido, no final do sec. XII. Conheci muito bem o estado do Convento nos anos 80. O desinteresse pela história e pelo património arquitetónico era uma triste normalidade no Portugal do sec. XX. Hoje, felizmente, apreciamos mais e estudamos melhor a história que encerram as pedras destas obras do nosso passado. Mas ainda podemos fazer melhor.
A Associação dos Amigos do Convento de Santa Maria de Seiça tem realizado um trabalho assinalável em prol da divulgação da história do Convento e da sua recuperação. O Prof. Eurico Silva em colaboração com esta associação publicou um belíssimo livro intitulado “Mistérios de Seiça” onde se dá a conhecer não apenas a história do Convento, mas também todo o contexto que envolve a sua construção e percurso pela história até à atualidade. Essa história ainda hoje tem muito por esclarecer, onde lendas se cruzam com a realidade.
A existência da Capela Octogonal junto ao Convento é um desses mistérios que convida a lendas e histórias fantásticas. Mas Eurico Silva também nos conta como foram os últimos tempos do Convento até ao seu abandono pelos frades no século XIX. Entrevista a família dos Carriços, que foram os últimos proprietários do Convento até à aquisição pela Câmara. E desde então, se encontra encalhado à espera de melhores dias.
Tendo em conta o indubitável interesse histórico, científico e social, bem como o enorme potencial turístico de um convento que pertenceu à Ordem Cisterciense será mais do que pertinente recuperar o Convento de Seiça. No entanto, essa recuperação deverá ser executada por especialistas e evitar reinterpretações que vão desvirtuar ou apagar para sempre os traços mais antigos do monumento. Uma excelente forma de criar uma dinâmica histórico-turística em torno do Convento seria integrar e dinamizar uma rede e/ou percurso nacional das 16 abadias e mosteiros cistercienses que existem no país."
Via Diário as Beiras

quinta-feira, 11 de junho de 2020

E tinham como discordar?..

Via Diário as Beiras
Os presidentes das juntas do Paião e Maiorca, respectivamente, Paulo Pinto e Rui Ferreira, "em sintonia com o presidente da câmara, concordam com a venda do Convento de Seiça e Paço de Maiorca"
A possibilidade da alienação dos dois imóveis municipais e classificados é uma possibilidade admitida ontem pelo presidente da câmara, Carlos Monteiro. 
A SMS-Associação dos Amigos do Convento de Santa Maria de Seiça, através da presidente da direção, Maria Rosa Anttonen, defende que o facto do Turismo de Portugal “entregar o Convento de Seiça a investimentos privados não deve servir de desculpa para a câmara se alhear das suas responsabilidades”. Por isso, advoga que a autarquia deve “levar a bom termo a classificação como monumento nacional e continuar à procura fundos de financiamento”

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Convento de Seiça (3)

"Em 2000 começaram conversações por parte da Câmara Municipal no sentido de adquirirem o Convento de S. Maria de Seiça, na altura já em adiantado estado de degradação. O negócio seria concluído em 2004, sendo o edifício classificado como Imóvel de Interesse Público em 2002. De então para cá muito se tem reclamado que algo de sério se faça no sentido de impedir a ruína absoluta.
Em finais de 2018 anunciou-se que o mosteiro obtivera a classificação de monumento nacional, condição sine qua non para candidatura a fundos estruturais. Equívoco inexplicável, pois só em Abril do ano passado é publicado o Anúncio 66/19 determinando a abertura do procedimento de ampliação e reclassificação como Monumento Nacional e indicando estarem os elementos relevantes do processo disponíveis nos sites da D. G. Património, da D. R. Cultura Centro e da Câmara Municipal.
São incontornáveis o esforço e dedicação da SMS-Associação dos Amigos de S. Maria de Seiça, na defesa do monumento e os passos que têm dado no sentido da almejada classificação e do socorro urgente do ainda majestoso complexo. Neste momento crescem árvores nos torreões: cegonhas vão aí construir ninho. Este poderá ser o fatídico golpe na integridade do que resta: cada ninho pode pesar 200 kgs! A Câmara Municipal tem de pôr pés ao caminho sem assobiar para o lado. Urgente mexer os cordelinhos de modo a rapidamente se proceder a obras de sustentação. Por aqui andaram o Abade João e Afonso Henriques na luta contra os mouros.
A SMS tem um livrinho ilustrado, que relata a lenda criada à volta do aio do rei e sua cura miraculosa atribuída a S. Maria! “Vejo”o mosteiro apoiado por vigas de metal incorruptível, fechados os espaços ainda existentes por acrílico transparente, dando ao convento a dignidade merecida. A igreja primitiva vem da génese do País, não é pouco! Ali poderão ainda fazer-se visitas, ouvir música medieval, estar patente em cada 15 de Agosto, aquando da festiva feira, com mais de 500 anos, agora lamentavelmente mais nua pelo corte exacerbado de árvores naquele sítio lindo. Um karma que nos persegue!"

Via Diário as Beiras

Seiça e Maiorca à venda ... E porque não o Forte de Santa Catarina?

Notícia de ontem, via jornal EXPRESSO:
Estado compra imóveis de turismo até ao valor de cinco milhões de euros.
"A Turismo Fundos, sociedade que gere os fundos de investimento imobiliário do Turismo de Portugal, vai lançar um concurso de compra de imóveis, destinado a pequenas e médias empresas do turismo e da indústria, no valor de 60 milhões de euros, revela o “Jornal de Negócios”. Só serão comprados imóveis avaliados até cinco milhões de euros."
Foto Luís Fidalgo
Será que está aqui a oportunidade que o Presidente da Câmara aguardava para vender  o Convento de Seiça (no Paião) e o Paço de Maiorca (em Maiorca)?
Recorde-se que tanto o Convento de Seiça como o Paço de Maiorca estão à venda há anos... 
Já, agora, porque não incluir no pacote o Forte de Santa Catarina?

Presidente da Câmara admite vender Convento de Seiça (no Paião) e o Paço de Maiorca (em Maiorca)

Convento de Seiça e Paço de Maiorca...      
Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, edição de hoje,  o presidente da câmara, Carlos Monteiro, admite que o município poderá vir a vender o Convento de Seiça (no Paião) e o Paço de Maiorca (em Maiorca), dois imóveis históricos, ambos classificados e propriedade do município da Figueira da Foz. Evidentemente,  “se aparecerem propostas interessantes e bons projetos”, sublinhou o autarca.
Entretanto, a edilidade figueirense vai candidatar a conservação das ruínas do convento construído pela Ordem de Cister antes da nacionalidade portuguesa a fundos comunitários. Esta intervenção poderá custar três milhões de euros.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Convento de Seiça (2)

"Em 2020, num concelho como o da Figueira (não tão rico assim no que à quantidade de património histórico edificado diz respeito), sermos convidados a opinar, num intervalo de quinze dias, em relação a soluções para duas das principais jóias patrimoniais, demonstra, logo à partida, o muito pouco ou nada que o respectivo proprietário tem feito nesse sentido.
Neste caso, basta uma rápida pesquisa online para constatar a real mas muito triste associação entre “Santa Maria de Seiça” e “abandonado”, “esquecido”, “à espera”… – outra atenção e outros adjetivos merece sem dúvida um edifício mandado construir por D. Afonso Henriques antes até ( 1162?) da confirmação e do reconhecimento da nossa própria nacionalidade ( 1179 ).
Dos Crúzios para a Ordem de Cister (mas sempre muito importante para a fixação e defesa das populações numa época de definição de territórios, de fronteiras e de poderes), este edifício conventual foi totalmente reedificado entre os últimos anos do século XVI e o início do século XVII, passando a funcionar como centro de estudos filosóficos da Ordem de Cister, devido à sua proximidade do Colégio de Santa Cruz de Coimbra.
No século XIX o interior foi muito alterado com a instalação de uma fábrica de descasque de arroz (!), sendo vendido em 1834 e acabando por parcialmente ruir – há já tempo demais!
No final de 2018, a confirmação de que o mosteiro de Santa Maria de Seiça tinha passado de Imóvel de Interesse Público a Monumento Nacional pressupôs que a mudança de estatuto facilitaria a sua recuperação e conservação, ainda abrindo a porta à possibilidade de co-financiamento público, mas o tempo vai passando e do projeto que a Câmara da Figueira anunciou (reabilitação das ruínas e criação de um espaço interpretativo com interesse cultural e turístico) nada se sabe.
Assim, ao contrário do Paço de Maiorca, neste caso a solução “apenas” tem de contemplar a salvaguarda da melhor solução dos pontos de vista patrimonial, económico e político, e tal só pode acontecer através da candidatura a um Programa de Financiamento Comunitário – cada dia é um dia a menos."
Via Diário as Beiras

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Convento de Seiça

"O que impressiona mais no Mosteiro de Santa Maria de Seiça é a diversidade histórica que se esconde por detrás da imponente fachada. De forma inverosímil acabou a sua vida útil como fábrica de descasque de arroz, após ter sido vendido a privados em 1911. A data exata da fundação é desconhecida mas há referências a este lugar desde 1162. Nessa época foram erguidas casas conventuais nos territórios reconquistadas aos Mouros. A partir desta altura Seiça passou a albergar uma comunidade de monges brancos  assim conhecidos devido à cor do seu hábito. Na Idade Média, o Mosteiro de Seiça foi suprimido devido aos desentendimentos com a casa-mãe de Alcobaça. Contudo, resistiu e em 1572 funcionou como centro de estudos filosófi cos, e em 1772 a igreja atual foi construída após a demolição da igreja medieval aí existente. A decadência chegou no sec. XIX e a capela-mor foi-se degradando acabando por ruir. Em 1871 a Junta de Paróquia deliberou a demolição da sacristia do lado sul tendo utilizado uma pedra gigante existente no Mosteiro para tapar o cemitério e o adro da Igreja do Paião. Quase 50 anos depois a construção do caminho-de-ferro da Linha do Oeste obrigou à demolição de mais estruturas. Hoje o edifício é propriedade da Câmara Municipal e classificado como Monumento Nacional desde 2019. O que fazer agora? Associar três vertentes distintas: a histórica, narrando de forma inovadora as “estórias”, lendas e os seus personagens (como se fez no Museu POROS, em Condeixa); a natural, mantendo as árvores, arbustos e parte da natureza que se mistura com o próprio edifício e que lhe dá uma beleza única, ligando-o assim à evolução do património biológico e até às alterações climáticas; por último, a vertente social, estabelecendo na ruína estruturas que permitam a sua vivência ativa e quotidiana, capitalizando a sua beleza natural e da envolvente."
Via Diário as Beiras

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Da série, Museu do Mar... (2)

 Começar pelo telhado

"Ou porque é preciso fazer uma “prova de vida”, ou para criar um “facto político”, ou porque se julga mais fácil e eventualmente menos impopular tentar justificar o erro com uma distração do que reconhecê-lo, ou ainda porque a opinião pública fica efetivamente convencida de determinada realização, não quando ela o é de facto mas apenas porque foi (sucessivamente) anunciada, nesta Figueira política já deixou de ser surpreendente a pirueta, a inércia e a leviandade, até porque o povo (o que ainda vai votar) parece gostar e estar satisfeito.  Entendo que uma forma séria de abordar a questão da instalação de um Museu do Mar não pode começar pelo local, mas pela resposta assertiva às seguintes perguntas prévias: Há um claro e estratégico consenso no concelho da Figueira sobre o que deve ser, hoje, um Museu? Há um espólio, material e imaterial, que justifique um Museu do Mar “da Figueira”? Há uma vontade política, social, económica e cultural abrangente, que envolva todos os players, relativamente à necessidade de construção de um Museu do Mar? Já foi feito algum estudo sobre o esforço necessário para a concretização deste desiderato e respetivo impacte (económico, fi nanceiro, cultural, social)? A CIM-Região de Coimbra é/fará parte do projeto? O Turismo Centro Portugal já foi contactado? E o Ministério da Cultura, sabe? Algum dos pré-auto-envolvidos na “discussão” (os presidentes das Juntas de Buarcos e São Julião e de São Pedro e o presidente da Câmara), além de terem divulgado “que já têm um local”, realizou alguma reunião (de trabalho, estratégica ou sequer para auscultação) sobre o assunto?
Não tenho dúvida em afirmar que a resposta é um “não” a (quase) todas as perguntas atrás formuladas, pelo que mal vai um concelho no qual a falta de desígnio proporciona a continuação desta tendência para começar a casa pelo telhado, com as consequências que todos estamos a ver."


Via Diário as Beiras 

Nota via OUTRA MARGEM. 
Na altura, comprar o Palácio de Maiorca, o Convento de Seiça e fazer o Caríbe foram  as prioridades...
Estávamos em 1998 na Figueira da Foz.
Santana Lopes tinha tomado posse de presidente da Câmara Municipal há poucos meses.
Com o apoio do Centro de Estudos do Mar - CEMAR, uma comissão de cidadãos (constituída por Manuel Luís Pata - que, então, estava a publicar os seus livros sobre a Figueira da Foz e a Pesca do Bacalhau, e já era associado do CEMAR - e pelos últimos Capitães figueirenses desse navio: o Capitão Marques Guerra e o Capitão Abreu da Silva) desenvolveu esforços para tentar salvar da destruição e da sucata o último de todos os navios bacalhoeiros da Figueira da Foz (o "José Cação", antigo "Sotto Mayor").
Com o declínio das pescas portuguesas, fruto em grande parte da adesão à União Europeia, após o falhanço da tentativa levada a cabo nos anos de 1998 e 1999 de transformar este navio em museu - a Câmara da Figueira presidida então por Santana Lopes não apoiou a iniciativa da sociedade civil - o “José Cação” acabou na sucata por volta de 2002-2003.
Recordo, um pequeno excerto de uma  interessante crónica de Manuel Luís Pata, publicada no jornal O Figueirense, em 2.11.207.
"A pesca do bacalhau foi a indústria que mais contribuiu para o desenvolvimento da Figueira da Foz. Nas campanhas de 1913/14 foi este o porto que mais navios enviou à Terra Nova (15 navios), ou seja, quase metade de toda a frota nacional. Hoje o que resta? Nada de nada!”
Foi assim que as coisas se passaram, mas tudo poderia ter sido diferente. Recordo as palavras do vereador então responsável, Miguel Almeida de seu nome: “esta proposta (a oferta do navio que o dr. António Cação fez em devido tempo à Câmara Municipal da Figueira da Foz, presidida na altura por Santana Lopes) foi o pior que nos podia ter acontecido”.
Como disse na altura Manuel Luís Pata, “nem toda a gente entende que na construção do futuro é necessário guardar a memória”
E, assim,  o “José Cação” foi para a sucata. Como sublinhou Álvaro Abreu da Silva, o seu último Capitão, "foi e levou com ele, nos ferros retorcidos em que se tornou, a memória das águas que sulcou e dos homens que na sua amurada se debruçaram para vislumbrar os oceanos”.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

sexta-feira, 26 de abril de 2019

A intervenção da deputada Silvina Queiroz na sessão solene comemorativa dos 45 anos do 25 de Abril de 1974, realizada ontem no CAE

Chegámos a mais uma data “redonda”, como sói dizer-se. Cumprem-se hoje 45 anos sobre a Revolução que libertou o Povo da opressão feroz, da pobreza extrema, dos baixíssimos índices de escolarização, das perseguições políticas e da tortura física e psicológica de muitos. Aquela manhã linda abriu as portas dos cárceres e sossegou os opositores do regime maldito, que a qualquer hora, sempre preferindo a cumplicidade da noite, enviava os seus algozes a arrebatar das suas casas e das suas famílias aqueles que ousavam não concordar com o estado deste pobre País e com o esmagamento de todas as liberdades cívicas e individuais.
Vai sendo costume dar a esta comemoração um aspecto “delicodoce”, em que todos os cidadãos haveriam de partilhar de iguais sentimentos de júbilo e genuína alegria, considerando-o  no mesmo patamar de apreciação desta data maior da história nacional e do seu patriótico significado. Lamento se a alguns de vós soar a “desmancha-prazeres”, a chamada “galinha preta”. Mas mesmo esta não enfia a cabeça na areia como a avestruz e tal não pretendemos também fazer. Lamento, repito, mas a verdade assim o exige. É óbvio para todos que não sentimos de igual modo a celebração deste dia glorioso “inteiro e limpo” de que de modo tão inspirado e sensível falou Sophia. É também claro que os que já viviam à época, não estiveram todos do mesmo lado da barricada contra o fascismo, que, meia volta, tentam maquilhar, havendo até quem bem recentemente - um dirigente político com ambições de liderança do País -  tenha resolvido achar que ele, o fascismo, não existiu! Espantosa tamanha falta de seriedade política! Não temos, pois, pejo em afirmar que, se não tivesse raiado Abril, muitos teriam seguido comodamente com as suas vidas, porque a situação não bulia com eles. Afinal colaborando na barbárie, através do seu silêncio e dos seus  preciosos antolhos. Ressalvo que não me dirijo neste momento a ninguém em particular, apenas partilho uma impressão forte, que me vem dos meus verdes anos, e que cada vez sinto como mais verdadeira. Perguntaria como o saudoso Baptista Bastos: “Onde estava você no 25 de Abril?” Eu, na U. C. Onde, desde o mês anterior, havia novamente escaramuças, com os cavalos da GNR  a passear por entre as filas de estudantes que aguardavam a sua vez para almoçar nas cantinas. E onde estava o PCP? Na luta contra o regime desde 1926, na luta por melhores condições de vida e de trabalho, na luta por um País de todos para todos, em que toda a população tivesse acesso à educação, ao respeito, à sua opinião sobre qualquer que fosse o assunto. Esta tem sido a nossa acção ao longo dos 98 anos que levamos de vida, embora alguns muito tenham “torcido” para que nos “esfumássemos”…Na Figueira da Foz, como no resto do País defendemos a liberdade e a democracia, em todas as suas vertentes, não sendo despiciendo o aspecto económico.  A Figueira da Foz possui algumas unidades industriais que muito frequentemente têm faltado ao rigoroso respeito pelos direitos dos seus trabalhadores, facto absolutamente abusivo e lamentável. Ficou por cumprir um compromisso do sr. ex-Presidente da Câmara, de acurada investigação  das condições de acolhimento e de trabalho numa dessas unidades. Esperámos uma acção concertada com a ACT mas tal não aconteceu, que o saibamos.
Lamentamos a insistência em manter reuniões de Câmara à porta fechada, assim como a “exigência” de antecedência na entrega de documentos apresentados pela oposição para debate, apreciação e eventual votação nas sessões de Assembleia Municipal, estendendo-se agora esta antidemocrática prática às Assembleias de Freguesia!
Lamentamos a oportunidade perdida de renegociação do contrato de concessão das águas, tendo-se o Executivo vergado à plenipotenciária vontade da concessionária,  continuando os munícipes a ser mal servidos e a pagar demais!
Lamentamos que, sem reflexão alargada e profunda, se tenha resolvido aceitar a transferência de competências, fazendo a vontadinha aos que desejam “menos Estado”, ou seja, a desresponsabilização do Poder Central sobre as mais candentes matérias, facilmente se prevendo, num futuro não muito distante, tentativas de privatização de sectores estratégicos e imprescindíveis.
Estamos tristes com este concelho, nomeadamente também do ponto de vista ambiental – a cidade está “despida”, feia, não atractiva para turistas e residentes. Não podemos omitir o lamentável desaparecimento indiscriminado de árvores e a mais que excessiva impermeabilização de várias áreas, através da aplicação de lajes. Este “tique” do abate de árvores saiu do espaço urbano e instalou-se noutros locais, designadamente junto ao Mosteiro de Sta Maria de Seiça, tendo transformado o terreiro em frente numa desolação dorida. Alegraram-nos notícias recentemente conhecidas sobre a intervenção no emblemático Mosteiro, ligado à fundação da nacionalidade. Mas o tempo urge e não se compadece com a lentidão das burocracias. Esperemos que se vá a horas de fazer algo por aquele espaço tão significativo que, mesmo em ruínas, continua a ser um ex-libris do concelho.
A nível nacional, prezamos as conquistas que se conseguiram, os avanços que sempre tiveram a marca do PCP: a gratuitidade dos manuais escolares, o abaixamento do IVA na restauração, as pequenas melhorias em alguns salários e pensões, o passe único, a ser estendido a todo o território. Aqui chegámos pela persistência do PCP, e em relação a esta última matéria já havíamos apresentado proposta em 2016! Proposta que não vingou na altura porque o BE se absteve e votaram contra as restantes bancadas! Apenas o PCP e o PEV a votaram favoravelmente.
De facto, sabe-nos a pouco o que foi conseguido e incomodam-nos algumas “pedras de tropeço” que foram surgindo no caminho: a título de exemplo apenas, o desrespeito pelo acordado aquando da discussão do OE 2018  a propósito do tempo de serviço não contado aos professores, apesar do assunto ter ficado consagrado na Lei 114/18 de 29.12. Esperamos que não se repita este tipo de atitudes nada dignificantes, nomeadamente na execução dos Programas que vão ser sufragados a 26 de Maio e 6 de Outubro. E por falarmos de Eleições, desafio a que comparem o trabalho desenvolvido pelos 3 deputados do PCP no Parlamento Europeu, com o trabalho desenvolvido por outros. Os dados são públicos, irrefutáveis e esclarecedores.
Neste dia jubiloso homenageamos todos os obreiros de Abril, os que deram a sua vida e o seu esforço à causa da Liberdade, comunistas e outros democratas. Igualmente rendemos sentida homenagem e gratidão aos militares que fizeram a Revolução com o risco das suas próprias vidas. Ontem tivemos a oportunidade neste espaço do CAE, de assistir ao programa comemorativo do 25 de Abril de 74, programa para o qual muito trabalharam nossos concidadãos, militares na altura aquartelados na Figueira da Foz e que daqui saíram para Lisboa, de madrugada, obedecendo à senha combinada e radiodifundida, levando nos seus jovens corações uma firme determinação e uma enorme esperança. Obrigada, amigos.

Vivam a Liberdade e a Independência Nacional!
Viva o nosso concelho!
Viva Portugal!
25 de Abril, Sempre! Fascismo nunca mais!

sexta-feira, 15 de março de 2019

A Figueira ficou mais pobre: morreu o Capitão Guerra, um dos figueirenses que tentou salvar da sucata o último de todos os navios bacalhoeiros da Figueira da Foz (o "José Cação", antigo "Sotto Mayor")

Imagem Diário as Beiras

Na altura, comprar o Palácio de Maiorca, o Convento de Seiça e fazer o Caríbe foram  as prioridades...


"O dr. António Cação ofereceu o navio à Câmara Municipal e não foi aceite tão preciosa oferta. Que belo seria podermos ver hoje o navio José Cação instalado numa abertura feita na Morraceira, junto à Ponte dos Arcos. Ílhavo tem um belo museu, o navio Santo André e tem o casco do Santa Maria Manuela, o qual pensam aparelhar para pôr a navegar. E o que tem a Figueira que honre os seus filhos?" - palavras de Manuel Luís Pata.

Estávamos em 1998 na Figueira da Foz.
Santana Lopes tinha tomado posse de presidente da Câmara Municipal há poucos meses.
Com o apoio do Centro de Estudos do Mar - CEMAR, uma comissão de cidadãos (constituída por Manuel Luís Pata - que, então, estava a publicar os seus livros sobre a Figueira da Foz e a Pesca do Bacalhau, e já era associado do CEMAR - e pelos últimos Capitães figueirenses desse navio: o Capitão Marques Guerra e o Capitão Abreu da Silva) desenvolveu esforços para tentar salvar da destruição e da sucata o último de todos os navios bacalhoeiros da Figueira da Foz (o "José Cação", antigo "Sotto Mayor").
Com o declínio das pescas portuguesas, fruto em grande parte da adesão à União Europeia, após o falhanço da tentativa levada a cabo nos anos de 1998 e 1999 de transformar este navio em museu - a Câmara da Figueira presidida então por Santana Lopes não apoiou a iniciativa da sociedade civil - o “José Cação” acabou na sucata por volta de 2002-2003.
Recordo, um pequeno excerto de uma  interessante crónica de Manuel Luís Pata, publicada no jornal O Figueirense, em 2.11.207.
"A pesca do bacalhau foi a indústria que mais contribuiu para o desenvolvimento da Figueira da Foz. Nas campanhas de 1913/14 foi este o porto que mais navios enviou à Terra Nova (15 navios), ou seja, quase metade de toda a frota nacional. Hoje o que resta? Nada de nada!”
Foi assim que as coisas se passaram, mas tudo poderia ter sido diferente. Recordo as palavras do vereador então responsável, Miguel Almeida de seu nome: “esta proposta (a oferta do navio que o dr. António Cação fez em devido tempo à Câmara Municipal da Figueira da Foz, presidida na altura por Santana Lopes) foi o pior que nos podia ter acontecido”.
Como disse na altura Manuel Luís Pata, “nem toda a gente entende que na construção do futuro é necessário guardar a memória”
E, assim,  o “José Cação” foi para a sucata. Como sublinhou Álvaro Abreu da Silva, o seu último Capitão, "foi e levou com ele, nos ferros retorcidos em que se tornou, a memória das águas que sulcou e dos homens que na sua amurada se debruçaram para vislumbrar os oceanos”.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

A (in)utilidade do património

"O Estado enquanto gestor de património público não é grande exemplo. A razão do descuido apontada é “por falta de recursos” mas não será só essa. A ausência dum sentimento de pertença colectiva do património, que é de todos, julgo ser ainda a razão porque o estimamos mal. Outra constatação é o destino ou uso a dar a esse património, muito dele adquirido sem um fim específico e chocando a incapacidade para zelar por aquilo que é de todos os nós.
A Figueira é também disto exemplo. No mandato de Santana Lopes adquiriu-se património vocacionado ou com aptidão para ser gerido por privados mas que, por impulso, ou simplesmente para agradar à população, foram adquiridos. Não enriqueceram o património municipal pois passaram a ser sinais de despesa, ineficiência e ausência de ideias para lhe dar um fim que servisse a comunidade.
Recordo algumas aquisições: a Piscina Mar, o Paço de Maiorca, a Quinta das Olaias, a Casa do Paço, o Paço de Tavarede, o Palácio Conselheiro Lopes Branco, a aceitação da doação do Castelo Silva Guimarães (sistematicamente recusada em executivos anteriores), as ruinas do Mosteiro de Santa Maria de Seiça. Excepção feita à Quinta das Olaias, que serviu para acolher uma importante infra-estrura de cultura, o resto não tem tido a utilidade pública adequada nem desejada. Hoje olhamos para esse património e perguntamos para que serviu, que fazer com ele. Alguém saberá?"


Via DIÁRIO AS BEIRAS