Nota de rodapé.Há menos de dois anos, em meados de Dezembro de 2022, "no rescaldo da eliminação da Selecção Nacional aos pés de Marrocos, dir-se-ia que boa parte do país foi tomado pelos espírito das manas Aveiro. Parece que o facto de Cristiano Ronaldo não ter sido titular nos últimos dois jogos da Selecção foi um crime de lesa-Deus. Da primeira (e tardia) vez que Fernando Santos o colocou no banco, chamaram ao treinador de poltrão para baixo, ingrato, traidor, falso amigo e em certos casos, como nos comentários a este post do JPT, insinuaram que tinha sido pago para o fazer. Não, não se trataram de críticas normais a opções do treinador, mas acusações de um autêntico crime, como "impedi-lo de atingir o recorde de golos de Eusébio num Mundial". E para todos os que ousaram, já nem digo criticar CR7 pelas suas atitudes recentes, mas apenas compreender a posição de Santos, também ouvi coisas como "invejosos", ingratos", etc.
Tudo isso porque Ronaldo é "um deus", o Maior do Mundo", "maior que este país de invejosos que tudo lhe deve", e que "já deu milhões a hospitais e a obras de caridade". Isto são meros resumos de tudo o que tenho lido. Houve mais, muito mais, como compete a qualquer fanatismo que não admite réplica.
Não tenho a menor dúvida de que Ronaldo é um homem não só com um talento raro e um desportista inacreditável mas também uma determinação que ultrapassa o absurdo. Que há um antes e um depois de CR7 para a Selecção, a começar pela conquista do Euro 2016. Que deu muito a Portugal, incluindo beneficência. E que, com Messi, é o melhor futebolista dos anos 2010, talvez do Séc. XXI até agora.
Só que não é uma divindade nem maior que o país. Se deu muito a Portugal, Portugal também lhe retribuiu. Ronaldo há não sei quantos anos que não ia ao banco da Selecção e só esteve ausente uma vez A SEU EXCLUSIVO pedido. Está sempre debaixo dos holofotes da imprensa, assim como a sua família, cujos méritos desconheço. Participou em inúmeras campanhas publicitárias, certamente rentáveis. Recebeu todas as homenagens possíveis e imagináveis. E já agora, sabem de muitos casos de aeroportos ou estátuas em vida dos homenageados, para mais aos trinta e tal de idade?"
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