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segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Uma notícia que interessa à Figueira

«Pestana "não está interessado em vender" Pousadas. Até admite comprar».

Para ler melhor clicar nas imagens


Começou-se a falar da assunto em 23 de Maio de 2025. Segundo o Diário as Beiras, «o município da Figueira da Foz iria concessionar o complexo municipal da Piscina-Praia à Enatur – Empresa Nacional de Turismo.

No final da sessão de Câmara desse dia, Pedro Santana Lopes disse aos jornalistas que a Câmara iria assinar em breve o protocolo de concessão depois de ter recebido luz verde dos serviços jurídicos municipais. Segundo Santana Lopes, o promotor vai reabilitar o imóvel e construir uma nova estalagem naquele espaço, situado na avenida marginal da cidade da Figueira da Foz, investindo inicialmente seis milhões de euros. O acordo entre a autarquia e a Enatur deverá vigorar por um período de 40 anos e será por adjudicação direta por estar “salvaguardado o interesse público”, já que empresa adjudicatária tem capital maioritariamente público.»

A proposta para a celebração do acordo de cedência de utilização e exploração do complexo piscina-mar estava na ordem de trabalhos da reunião de Câmara da Figueira da Foz que se realizou no dia 6 de Junho de 2025 e foi votada favoravelmente por unanimidade. 

O município irá conceder a exploração do equipamento, por 40 anos, à Empresa Nacional de Turismo (Enatur), cujo presidente do conselho de administração é Paulo Pereira Coelho, antigo vice-presidente da Câmara da Figueira da Foz, ex-secretário de Estado e ex-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, que anunciou fazer um investimento inicial de seis milhões de euros.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

O tempo que passou e que parece esquecido

Os militares de Abril ofereceram-nos a Liberdade. Todavia, construir uma Democracia é muito mais do que Liberdade. Numa Democracia, os governantes são eleitos através de eleições justas e competitivas. Não há Democracia sem liberdades civis e direitos humanos.

A Democracia contrasta com formas de governo em que o poder não é investido na população geral, como acontece em sistemas autoritários.
Para ilustrar algo de que muitos ainda se recordam, publico uma breve passagem da edição municipal “O Dia de Todos os Sonhos do Mundo”, da autoria de António Agostinho, uma reflexão sobre a Revolução dos Cravos, a partir da experiência de vida do Autor, antes e depois de 1974, e insere-se nas comemorações dos 50 anos daquele “dia inicial inteiro e limpo”: A EXPLORAÇÃO DOS PESCADORES NO ESTADO NOVO.


Os armadores, com a protecção e a cumplicidade dos mandantes do regime corporativo, que beneficiavam e dominavam o comércio das pescas nacionais - alguns deles também eram proprietários de alguns desses navios - permitiam que as condições de vida a bordo dos navios de pesca, antes do 25 de Abril de 1974, fossem tão desiguais entre a tripulação, que é muito difícil ao cidadão comum aceitar, nos dias de hoje, esta diferenciação tão absurda e desumana. Enquanto que ao Comandante e restantes oficiais (incluindo especialidades ligadas às máquinas) as refeições diárias eram compostas por sopa, prato de peixe, prato de carne e fruta, aos pescadores era servido ao almoço e jantar apenas sopa e um único prato (geralmente peixe) tendo direito numa das refeições a um prato de carne apenas às quintas-feiras e domingos, composto por chispe com feijão ou carne salgada conservada em barricas de madeira. Aos camarotes dos primeiros (que exibiam alguma comodidade apesar da exiguidade do espaço) eram fornecidos pela Companhia Armadora os colchões, enquanto que aos pescadores era-lhes exigido que os trouxessem de casa, se quisessem ter comodidade mínima no fundo dos porões onde dormiam amontoados, convivendo de braço dado com a insalubridade. A remuneração era constituída por um salário mísero, que não era proporcional à extrema dureza do trabalho que efectuavam.
E, tudo isto, permitido e incentivado pelo regime do Estado Novo. Muitos, onde se inclui o Almirante Henrique Tenreiro, enriqueceram com a epopeia das pescas. Vivendo sempre à sombra dos privilégios que o regime lhes concedia, procuravam ostentar uma pose de beneméritos, quando no fundo se aproveitaram da extrema pobreza e das necessidades dos mais carenciados para fazerem deles os “eternamente agradecidos”, enquanto eles se auto intitulavam os “historicamente benfeitores”.


Sempre foi assim. E, em certos aspectos, continua assim. Continua a haver mandantes no Portugal Europeu e Democrático, pós 25 de Abril.
Para os que acreditam no que por aí se publica nos jornais, fica este texto de Miguel Szymanski.
"Fui dispensado de vários jornais por me recusar a fazer fretes. Na revista Sábado o director, na altura, hoje já reformado do jornalismo, veio ter comigo e disse "lamento mas és persona non grata junto da administração". O empresário André Jordan tinha-se queixado de uma entrevista que lhe fiz e que nunca foi publicada. No grupo do Diário Económico foi Ricardo Espírito Santo Salgado quem se queixou que eu o retratara "como se fosse um gatuno" e ameaçou retirar publicidade do grupo. "Não te posso dar mais trabalhos para escrever, lamento, ordens superiores", disse-me o director do jornal. Na revista GQ (onde publicava crónicas) as queixas vieram numa carta de Jardim Gonçalves. No último artigo que escrevi para o Expresso (o contrato como colaborador nunca foi rescindido) critiquei Sócrates quando ainda era primeiro-ministro. Recusei pedidos de artigos para a revista Up da TAP (sobre a EDP) porque eram fretes. A minha mulher foi despedida da Cofina por se recusar a escrever 'publi-reportagens', textos publicitários mascarados de jornalismo. A directora da revista exigia-o, ela insistiu em recusar-se e o director de recursos humanos, genro do patrão da Cofina, disse-lhe "o salário ao fim do mês também não vem com código deontológico". Despediram-na. Por causa disso a minha mulher e eu tivemos de sair de Portugal e de ir trabalhar para a Alemanha. Fomos de carro, ambos desempregados, com meia dúzia de malas na bagageira e duas crianças no banco de trás. Não foi fácil. Ser jornalista não é fácil."


Na foto, Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira, conhecida como Maria Archer (Lisboa, 4 de Janeiro de 1899 - Lisboa, 23 de Janeiro de 1982). Foi uma escritora portuguesa e uma Mulher mais do nosso tempo do que do seu tempo. Durante a vida, Maria Archer foi uma inconformista, consciente das discriminações e das injustiças, em geral, e, em particular, das que condicionavam o sexo feminino, numa sociedade retrógrada e, como se diria em linguagem actual, "fundamentalista", em que o regime impôs a regressão às doutrinas e práticas de um patriarcalismo ancestral.

A escrita, servida pelos dons de inteligência, de observação e de expressividade foi para Maria Archer uma arma de combate político. Como disse Artur Portela, "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo rasante".
Maria Archer, grande escritora, foi homenageada no dia 22 de Agosto de 2015, na Cova-Gala. Em em 1938 na sua novela "Entre Duas Viagens" escrevia assim sobre nós.
"No primeiro domingo de Janeiro faz-se na Cova a romaria anual a São Pedro, padroeiro dos pescadores. No extremo da povoação, num ermo desabrigado, ergue-se a pequena e humilde capela do santo. Em redor alongam-se as dunas cobertas de juncos, enquadradas pelo pinhal e pelo mar. S. Pedro, se viesse dos areais da Judéia, com as suas rústicas sandálias de caminheiro pobre, as suas barbas austeras, a face tostada pelo ar salgado, sentir-se-ia à vontade entre a gente da Cova e no seu agreste cenário de deserto ribeirinho".
Foi um combate em que a sua vida e a sua arte se fundem - norteadas por um ostensivo propósito de valorização dos valores femininos, de libertação da mulher e, com ela, da sociedade como um todo.
Ela é já uma Mulher livre num país ainda sem liberdade - coragem que lhe custou o preço de um longo exílio ...
Maria Archer é uma grande escritora E pode ser lida apenas como tal. Mas permite também diversas outras leituras.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Rotunda Joaquim Namorado: a inauguração do topónimo é realizada hoje, pelas 18H00

"O Município da Figueira da Foz atribuiu o nome de Joaquim Namorado à rotunda junto ao Centro de Saúde de Buarcos, na avenida Mário Soares. A inauguração do topónimo é realizada hoje, pelas 18H00, cerimónia que conta com o presidente da câmara, Santana Lopes e familiares do homenageado."

Imagem via Diário as Beiras


Joaquim Namorado viveu entre 1914 e 1986. Nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho. Alter do Chão, Coimbra e a Figueira da Foz, foram as terras por onde repartiu a sua vida.
Joaquim Namorado, em vida teve uma Homenagem (para ele) especial. Tal aconteceu nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983. Por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa. O vídeo acima, contém a gravação do discurso que Joaquim Namorado fez na oportunidade – já lá vão mais de 42 anos. 
Há pessoas que nos estimulam. São as pessoas que nunca se renderam ao percurso da manada. Joaquim Namorado foi desses raros Homens e Mulheres que conheci. Considerava-se um figueirense de coração e de acção – chegou a ser membro da Assembleia Municipal, eleito pela APU. Teve uma modesta residência na vertente sul da Serra da Boa Viagem. Essa casa, aliás, serviu de local para reuniões preparatórias da fundação do jornal barca nova
Joaquim Namorado, foi um Cidadão que teve uma vida integra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada à total defesa dos interesses do Povo. 
Como já ficou escrito antes, nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem. Na altura, lembro-me como se fosse hoje, nos bastidores do Casino Peninsular, escutei-o com deslumbramento. Ao reviver o seu discurso, o que consegui a partir de uma gravação que obtive por um feliz acaso do destino, fiquei com a certeza de que era necessário trazê-lo até aqui (fica o meu agradecimento ao Pedro Agostinho Cruz), pois o que escutei fala mais de quem foi e continua a ser Joaquim Namorado, no panorama cultural português, do que tudo o que alguém, por mais talentoso que seja, conseguiria alguma vez transmitir sobre uma personalidade tão especial e genuína. Neste documento, para mim com uma carga emocional enorme, está o Joaquim Namorado com quem convivi nas mesas do velho café Nau e na redacção do barca nova, que permanece vivo na minha memória. Ainda por cima, ouve-se também, ainda que de forma breve, a voz do Zé Martins. 
Na sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a nível nacional. Santana Lopes, quando passou pela Figueira, como Presidente de Câmara, decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”
Joaquim Namorado licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Exerceu durante dezenas de anos o professorado no ensino particular, já que o ensino oficial, durante o fascismo, lhe esteve vedado. Depois do 25 de Abril, ingressou no quadro de professores da secção de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966). Ensaio: Uma Poética da Cultura (1994).) Dizem que foi o Joaquim Namorado quem, para iludir a PIDE e a Censura, camuflou de “neo-realismo” o tão falado “realismo socialista” apregoado pelo Jdanov... 
Entre muitas outras actividades relevantes, foi redactor e director da Revista de cultura e arte Vértice, onde ficou célebre o episódio da publicação de pensamentos do Karl Marx, mas assinados com o pseudónimo Carlos Marques. Um dia, apareceu na redacção um agente da PIDE a intimidar: “ó Senhor Doutor Joaquim Namorado, avise o Carlos Marques para ter cuidadinho, que nós já estamos de olho nele”... 

Aquilo que se passou - o passado realmente acontecido - é o que resta na nossa memória. Joaquim Namorado sempre continuou presente na minha memória. E é uma memória de que tenho orgulho. 
Doutor (foi assim que sempre o tratei) - também sou um Homem coberto de dívidas. Consigo e com o Zé, aprendi mais do que na escola: ensinamentos esses que deram sentido à minha vida, onde cabem a honra, a honestidade, a coragem, a justiça, o amor, a ternura, a fidelidade, o humor! Mas, para Companheiros do barca nova nada há agradecer... “É assim que as coisas se têm de continuar a fazer, pois a sarna reaccionária continua a andar por aí...” A luta por uma outra maré continua!.. 
Até sempre e parabéns pela inauguração da rotunda, meu caro Doutor Joaquim Namorado. 

Há pessoas que nos estimulam. São as pessoas  que nunca se renderam ao percurso da manada. Joaquim Namorado foi desses raros Homens e Mulheres que conheci.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Parque das Gaiovtas tem 634 lugares de estacionamento concessionados, aos quais se acrescentam os 68 em terra batida grátis

Via Diário as Beiras (para ver melhor clicar na imagem)
Equipamentos de diversões: "
a mudança dos esquipamentos de diversões, do Parque das Gaivotas para a zona do parque de skate de Buarcos, que também inclui as respetivas viaturas pesadas estacionadas, libertará mais lugares de estacionamento, contribuindo para o total de duas centenas".
Roda gigante: "permanecerá no Parque das Gaivotas até ao fim da concessão do espaço, que terminam no final deste ano, devido aos elevados custos que a desmontagem, transporte e montagem acarretam. Manuel Domingues afiançou que a deslocalização da estrutura para Buarcos custaria cerca de 100 mil euros. Assim sendo, os equipamentos de diversões já não estarão no Parque das Gaivotas nas tradicionais Festas de S. João."
Piso em terra batida:"Para compensar a eliminação de estacionamento na avenida 25 de Abril - na sequência das obras de requalificação, tendo por finalidade proporcionar mais espaço aos peões e aos ciclistas e reduzir a velocidade -, o Município da Figueira da Foz criou um número superior de novos lugares no Parque das Gaivotas, com piso permeável. Os novos lugares de estacionamento na zona de terra batida são gratuitos, garantiu o vereador Manuel Domingues ao DIÁRIO AS BEIRAS. A área pré-existente, recorde-se, está concessionada a um operador privado, que cobra estacionamento durante a época balnear."
Autocaravanas:  "Ao que o DIÁRIO AS BEIRAS apurou, o município da Figueira da Foz deverá criar uma zona dedicada a este tipo de viaturas na freguesia de São Pedro, na margem sul da foz do Rio Mondego, libertando a zona atualmente ocupada no principal parque de estacionamento da cidade."
Abrigo no cais: "O Município da Figueira da Foz vai instalar um abrigo no passeio marítimo da cidade, junto ao cais da embarcação elétrica municipal de transporte de passageiros entre as duas margens. Abordado pelo DIÁRIO AS BEIRAS sobre o assunto, o vereador Manuel Domingues adiantou que a estrutura, “tipo paragem de autocarro”, será instalada em breve."

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Figueira da Foz concessiona Piscina-Praia à Enatur que vai investir seis milhões de euros

"O acordo entre a autarquia e a Enatur deverá vigorar por um período de 40 anos"

Via Diário as Beiras

"O município da Figueira da Foz vai concessionar o complexo municipal da Piscina-Praia à Enatur – Empresa Nacional de Turismo, que vai investir inicialmente seis milhões de euros, revelou hoje o presidente da Câmara.

No final da sessão de Câmara de hoje à tarde, Pedro Santana Lopes disse aos jornalistas que a Câmara vai assinar em breve o protocolo de concessão depois de ter recebido luz verde dos serviços jurídicos municipais.

Segundo Santana Lopes, o promotor vai reabilitar o imóvel e construir uma nova estalagem naquele espaço, situado na avenida marginal da cidade da Figueira da Foz, investindo inicialmente seis milhões de euros.

O acordo entre a autarquia e a Enatur deverá vigorar por um período de 40 anos e será por adjudicação direta por estar “salvaguardado o interesse público”, já que empresa adjudicatária tem capital maioritariamente público.

O complexo, situado na marginal fronteira à praia, é um dos conjuntos arquitetónicos emblemáticos da Figueira da Foz, classificado como Imóvel de Interesse Público.

Anteriormente designada por Piscina-Praia (e conhecida localmente como Piscina do Grande Hotel, embora nunca tenha feito parte deste, atualmente hotel Mercure), foi projetada na década de 1950 pelo arquiteto Isaías Cardoso.

Depois de vários anos encerrada, reabriu na época balnear de 2024 pela mão do município figueirense, que reabilitou o complexo por administração direta, depois de em 2023 ter optado pela revogação do contrato da concessão que existia para a execução de um projeto hoteleiro, que nunca avançou.

Nesta época balnear, a reabertura da Piscina-Praia está prevista para o dia 02 de julho.

Na sessão de hoje, a Câmara aprovou ainda a alienação de cinco prédios urbanos na cidade, em hasta pública, pelo valor base total de 350 mil euros.

Estes terrenos municipais eram inicialmente para entrar no negócio de aquisição do terreno para a construção do futuro pavilhão multiusos da Figueira da Foz, mas o proprietário não aceitou.

O terreno para o futuro pavilhão situa-se junto ao miradouro de Salmanha, na freguesia de Vila Verde, com vistas para a cidade e o rio Mondego, e representou um investimento de 555 mil euros.

“É conveniente e vantajoso a venda destes prédios à luz de uma boa gestão, já que a despesa de capital deve ser financiada com receita de capital e não receita corrente para manter o equilíbrio financeiro”, sustentou Santana Lopes.

Dois dos três vereadores do PS presentes na sessão (faltou um) votaram contra a alienação por considerarem que a Câmara podia esperar algum tempo para aferir se existam mais financiamentos para construir habitação pública."

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Dois dias depois a justificação que se esperava: Vitor Rodrigues renunciou "por motivos pessoais"...


 COMUNICADO

"Por razões de ordem pessoal, que devem ser respeitadas por todos, Vitor Rodrigues comunicou ao Partido Socialista a sua renúncia à candidatura à Câmara Municipal da Figueira da Foz.
O PS agradece a Vitor Rodrigues a disponibilidade e o empenho revelados nesta candidatura, lamentando que a mesma não se possa concretizar por razões inteiramente respeitáveis. O PS sabe que pode continuar a contar com Vítor Rodrigues na construção de um futuro melhor para a Figueira da Foz, conforme o próprio nos informou.
Esta situação não demove o Partido Socialista de apresentar uma candidatura forte, mobilizadora e credível, ao serviço da Figueira da Foz e de todas e todos os figueirenses.
Em breve, os órgãos próprios do PS da Figueira da Foz irão reunir e serão anunciados os candidatos do PS para as Eleições Autárquicas do próximo mês de setembro, capazes de protagonizar uma séria e efetiva alternativa à atual gestão municipal. Porque a Figueira merece mais!
O Secretariado da Concelhia do Partido Socialista da Figueira da Foz, 2 Maio 2025."

terça-feira, 29 de abril de 2025

Empresa Nacional de Turismo (presidida por Paulo Pereira Coelho, antigo vice-presidente da Câmara da Figueira da Foz) com interesse na piscina-mar

"A Empresa Nacional de Turismo (ENATUR) propôs ao Município da Figueira da Foz a exploração da estalagem da piscina-mar, que poderá incluir o complexo turístico municipal completo, através da atribuição do direito de superfície.
O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, adiantou ao DIÁRIO AS BEIRAS que, se a ENATUR vier a explorar o complexo turístico, será garantido o usufruto público da piscina. A proposta será debatida em breve na reunião de câmara.
O presidente do conselho de administração da ENATUR é Paulo Pereira Coelho, antigo vice-presidente da Câmara da Figueira da Foz, ex-secretário de Estado e ex-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
“É uma excelente hipótese, que tem de ser confirmada em reunião de câmara e pelo município, mas é muito bom este interesse da ENATUR. O que se compreende, também por [Paulo Pereira Coelho] ser uma pessoa que conhece bem a Figueira da Foz e a potencialidade daquele espaço”, defendeu Santana Lopes."
 Via Diário as Beiras.  Para ler melhor clicar na imagem.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Túnel submerso para ligar a cidade ao Cabedelo inviabiliza a solução teleférico

Túnel submerso substitui teleférico
Ao que conseguimos apurar, um túnel rodoviário imerso entre a cidade e o Cabedelo, pode estar para breve. Vai
 ligar a cidade à outra margem e, ao mesmo tempo, serão aproveitadas as escavações para colocar os tubos do by pass para transportar a areia retida na Praia da Calamidade para as praias a sul do estuário do Mondego. O túnel Figueira-Cabedelo tem também como objetivo aliviar o trânsito da Figueira da Foz e poderá ser apresentado nas próximas semanas.

Esta nova ligação imersa pretende dar resposta ao crescente volume de tráfego e à necessidade de soluções mais eficientes de transporte. O objetivo é melhorar a mobilidade entre as margens do Mondego, aliviando o trânsito na Ponte Edgar Cardoso, problema esse que vai ser agravado com o empreendimento da Foz Gala Investments, que vai construir 220 apartamentos distribuídos por 12 edifícios, nos terrenos da antiga fábrica de transformação de madeira Alberto Gaspar, na freguesia de São Pedro, na margem sul da cidade da Figueira da Foz.
Como a vida é feita de opções e não se pode ter tudo, aquilo que O SOS Cabedelo propôs, em devido tempo ("a inscrição no PDM de uma infraestrutura de ligação para modos suaves de transporte entre o centro da cidade e Cabedelo, com o objetivo da continuidade de percursos na frente de mar e ao longo do rio - com a ligação à Ciclovia do Mondego. A proposta apresentada apresentada pelo Arq. Miguel Figueira em 2010, então elogiada pelo presidente Dr. João Ataíde, foi primeiro substituída pela possibilidade de uma ponte móvel, com custos proibitivos e difícil compatibilidade com a navegação.) deverá ser preterido.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Por iniciativa de Santana Lopes, a Câmara da Figueira vai reparar uma injustiça que durava desde Janeiro de 1983

Imagem via Diário as Beiras



Joaquim Namorado
 viveu entre 1914 e 1986. Nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho. 
Joaquim Namorado, em vida teve uma Homenagem. Tal aconteceu nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983. Por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem, que constituiu um acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa.

O vídeo, contém a gravação do discurso que Joaquim Namorado fez na oportunidade – já lá vão cerca de 42 anos.

Há pessoas que nos estimulam. São as pessoas  que nunca se renderam ao percurso da manada. Joaquim Namorado foi um desses raros Homens e Mulheres que conheci. Considerava-se um figueirense de coração e de acção – chegou a ser membro da Assembleia Municipal, eleito pela APU.
Teve uma modesta residência na vertente sul da Serra da Boa Viagem. Essa casa, aliás, serviu de local para reuniões preparatórias da fundação do jornal barca nova.
Joaquim Namorado, foi um Cidadão que teve uma vida integra, de sacrifício e de luta, sempre dedicada à total defesa dos interesses do Povo.
Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal barca nova, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem.
Na altura, lembro-me como se fosse hoje, nos bastidores do Casino Peninsular, escutei-o com deslumbramento.
Ao reviver o seu discurso, o que consegui a partir de uma gravação que obtive por um feliz acaso do destino,  fiquei com a certeza de que era necessário trazê-lo até aqui (fica o meu agradecimento ao Pedro Agostinho Cruz), pois o que escutei fala mais de quem foi e continua a ser Joaquim Namorado, no panorama cultural português, do que tudo o que alguém, por mais talentoso que seja, conseguiria alguma vez transmitir sobre uma personalidade tão especial e genuína. Neste documento, para mim com uma carga emocional enorme, está o Joaquim Namorado com quem convivi nas mesas do velho café Nau e na redacção do barca nova, que permanece vivo na minha memória. Ainda por cima, ouve-se também, ainda que de forma breve, a voz do Zé Martins.


A integração na toponímia figueirense do nome do Poeta 

Chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro - o de Madalena Perdigão.
Muitos anos depois, no passado 30 de junho de 2014, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, na inauguração de uma mostra bibliográfica comemorativa do centenário de nascimento de poeta, escritor e professor Joaquim Namorado, o vereador da Cultura de então, dr. António Tavares, verificando a injustiça (mais uma...) que estava a ser cometida, prometeu vir a dar finalmente o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense - o que até hoje não se concretizou.
A Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, acabou por perder o espólio de Joaquim Namorado - os familiares do poeta fartaram-se de ver o nome e o legado deste continuamente enxovalhados pela câmara municipal de uma cidade que ele escolheu para viver e morrer e a quem deu tudo.

Aquilo que se passou - o passado realmente acontecido - é o que resta na nossa memória. Joaquim Namorado continua presente na minha memóriaE é uma memória de que tenho orgulho. Com Joaquim Namorado e com o Zé Martins, aprendi mais do que na escola: ensinamentos esses que deram sentido à minha vida, onde cabem a honra, a honestidade, a coragem, a justiça, o amor, a ternura, a fidelidade, o humor
“É assim que as coisas se têm de continuar a fazer...” A luta por uma outra maré continua!..
Até sempre e parabéns, meu caro Doutor Joaquim Namorado
Durante vários anos, discretamente, como é meu timbre, fui sensibilizando alguns executivos para que a injustiça, que já dura há quase 42 anos, fosse reparada.
Ninguém fez nada. 
Obrigado Dr. Santana Lopes.

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

José Pires de Azevedo passou a integrar a toponímia da cidade

Via Diário as Beiras

O figueirense José Pires de Azevedo passou a integrar a toponímia da cidade, na rotunda da Ponte do Galante. Ficou cumprida uma promessa feita em 23 de Setembro de 2023. Fez-se justiça. O que se aplaude.

Para que a memória não seja curta, recordo uma "outra homenagem" que está por cumprir desde 1983.
Em 1983 Joaquim Namorado foi homenageado na Figueira, por iniciativa do jornal Barca Nova. Entre as diversas iniciativas, recordo duas promovidas pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, aprovadas por unanimidade: a criação do Prémio Literário Joaquim Namorado (liquidado por Santana Lopes, na sua passagem pela presidência da nossa câmara) e a integração na toponímia figueirense do nome do Poeta (chegou a ser aprovada a atribuição do seu nome a uma praceta, mas hoje o nome que lá está é outro - o de Madalena Perdigão).
Muitos anos depois, no dia 30 de junho de 2014, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, na inauguração de uma mostra bibliográfica comemorativa do centenário de nascimento de poeta, escritor e professor Joaquim Namorado, o vereador da Cultura, dr. António Tavares, verificando a injustiça (mais uma...) que estava a ser cometida, prometeu vir a dar finalmente o nome de Joaquim Namorado à toponímia figueirense - o que até hoje não se concretizou.
A Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, acabou por perder o espólio de Joaquim Namorado - os familiares do poeta fartaram-se de ver o nome e o legado deste continuamente enxovalhados pela câmara municipal de uma cidade que ele escolheu para viver e morrer e a quem deu tudo.
A cultura na Figueira merecia mais; muito mais. 
Perdeu-se essa oportunidade em junho de 2014.
Fica o registo e os votos de que Joaquim Namorado, em breve, venha a ter os seu nome na toponímia figueirense.
Discretamente, tenho tentado que sucessivos executivos figueirenses ponham fim fim a esta injusta história da integração do nome de Joaquim Namorado na toponímia figueirense, que não é tão antiga como a Sé de Braga, mas que já vem do tempo em que as coisas em Portugal ainda custavam em escudos!..

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

By pass e a definição dos políticos...

No decorrer da última campanha eleitoral, o PSD/Figueira colocou cartazes como o da imagem abaixo em S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa.
O ano passado, a maioria absoluta do PS, inviabilizou esta pretensão da comunidade figueirense que vive o problema da erosão a sul da barra do Mondego.

As obras na linha costeira da Figueira da Foz criaram um desequilíbrio brutal na costa do nosso concelho, que se tem vindo a agravar anos após ano. 
O concurso público para a concepção e construção do BYPASS volta a ser votado na Assembleia da República, nas alterações ao Orçamento de Estado 2025. Nos próximos dias saberemos se vamos ter os 18,1 milhões de euros para a execução do BYPASS ou não.
E vamos saber mais... Vamos saber quem está verdadeira e genuinamente preocupado com a erosão costeira e quem tem andado a fazer politiquice com um tema decisivo para a segurança dos moradores a sul do rio Mondego.
O ano passado sabemos o que aconteceu. Este ano, em breve veremos...




domingo, 10 de novembro de 2024

Presidentes de junta recuperam direito a participar em todas as votações

A Procuradoria Geral da República (PGR) não vê razões para que os presidentes de Junta sejam impedidos de votar, nas assembleias municipais, contratos interadministrativos de delegação de competências que envolvem as suas freguesias.
Assim, os presidentes de junta de freguesia vão poder votar, em assembleia municipal, assuntos que beneficiem o seu território, de acordo com um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), a que o PÚBLICO teve acesso. O documento vem dissipar as dúvidas em torno da possibilidade de os presidentes de junta votarem em causa própria. Este parecer, pedido pelo Ministério da Coesão Territorial ao conselho consultivo da PGR a 8 de Agosto, foi homologado pelo ministro Manuel Castro Almeida ontem e deve ser publicado em Diário da República em breve.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Onésimo Teotónio Almeida: integrados, os portugueses nos EUA “pensam como republicanos”

O filósofo e escritor açoriano Onésimo Teotónio Almeida aposentou-se há meses da carreira académica nos Estados Unidos da América. Entre lá e as suas ilhas, observa o risco de novo caos pós-eleitoral.  "O problema não é meramente americano. É mundial".

Concluiu uma carreira académica de cinco décadas nos Estados Unidos. Lá voltará em breve. Por agora, Onésimo Teotónio Almeida assiste a partir dos seus Açores ao desenlace das eleições presidenciais norte-americanas. Diz que não perde um sono à prova de fenómenos telúricos e crê que as instituições sobreviverão a um possível regresso de Donald Trump, mas admite os riscos de um novo cenário de caos pós-eleitoral em Washington. O filósofo e escritor, ex-professor no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Universidade Brown, condecorado duas vezes por Jorge Sampaio e Marcelo Rebelo de Sousa, e escolhido por este para presidir às cerimónias do Dia de Portugal em 2018, diz que Trump é porta-voz de um problema latente. E global.

Vale a pena ler o artigo do jornal Público:

Mais do que uma análise do estado da América, reflectido nas eleições para o Governo, é uma análise do estado do mundo em que vivemos e, em última instância, da nossa condição humana. Diz Onésimo Teotónio Almeida na sua última resposta:

"... apercebo-me cada vez mais daquilo que defendi num livrinho de 2010 intitulado De Marx a Darwin. O lado animal do ser humano, hoje, está cada vez mais à solta, mesmo na América, que durante 250 anos nos fez acreditar que era possível controlar a besta obrigando-a a conviver civilizadamente. O problema não é meramente americano. É mundial. E é isso que me preocupa sobremaneira."

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segunda-feira, 12 de agosto de 2024

UM RAPAZ DE VISEU, EM LOS ANGELES (E NO SEU PRÓPRIO PAÍS…)


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TEXTO: ALFREDO PINHEIRO MARQUES, DATADO DE 12 DE AGOSTO DE 2024

«12.08.2024, completaram-se quarenta (40) anos desde 12.08.1984… o dia em que o Homem da Maratona — o rapaz de Viseu… — conquistou para Portugal a primeira Medalha de Ouro dos Jogos Olímpicos. E conquistou-a nem mais nem menos do que na prova da maratona… A mais importante, mais simbólica e mais difícil de todas, na versão moderna desses Jogos que os Gregos criaram na Antiguidade e que a finura francesa renovou e recomeçou a partir do século XIX, e que, por isso, depois, a partir do século XX, se tornou o principal palco mundial, e ainda hoje (nesta semana que agora passou) o continua ser.

Carlos Lopes, o rapaz de Vildemoinhos (Viseu), é o homem por quem o autor destas linhas tem, e sempre teve, a maior admiração e o maior respeito, por entre todos os seus concidadãos e contemporâneos portugueses da segunda metade do século XX e dos inícios do século XXI. E eu sempre soube que, um dia, mais cedo ou mais tarde, iria escrever sobre ele, e dizer publicamente isso mesmo. E esse dia chegou. É hoje, quarenta anos depois.

Quando eu próprio estive em Los Angeles, em 1992 — em Westwood, na UCLA, ali ao lado de Beverly Hills, de Rodeo Drive, e de Hollywood… —, foi a sombra desse rapaz de Vildemoinhos que eu lá então pressenti, e procurei… Quando percebi que, sendo eu também vindo de Viseu, tinha chegado lá… E lá estava, eu, ao lado da "Meca" dos sonhos e das ilusões do mundo moderno inteiro… Do verdadeiro centro do mundo, da "Sociedade do Espectáculo".

Essa sombra foi a coisa mais verdadeira que lá encontrei (talvez só acompanhada pelo bronze de um busto de Aldous Huxley, na biblioteca da UCLA, de que também ia à procura?).

Pensei em Séneca. "Não há nada pior para a formação de um bom carácter do que perder tempo a assistir a espectáculos"… Estamos sós. Nascemos sós. Devemos fazer a nossa própria corrida (mas, contra nós próprios…). Sós. Para nos testarmos a nós próprios. Para sabermos até onde poderemos chegar. É esse o espírito ("that's the spirit…"). Olímpico.

Devemos ser nós a escolher a direcção e a disciplina, seja ela qual for. Seja ela mais ou menos difícil (mas as mais difíceis são as melhores). Ou aceitar a que o acaso do destino nos propiciou, mas… tornando-a nossa, por vontade ("dúplice dono de dever e de ser"… "calmo sob mudos céus"…). Tornarmo-nos naquilo que já somos, segundo o conselho nietzscheano.

E… sobretudo, depois, devemos correr… Correr por correr. Como se fosse sem ser por nada (nós sabemos porquê…). Por uma coroa de ramos de oliveira, ou qualquer outra coisa assim, que tivermos escolhido. Devemos ser olímpicos. Na nossa vontade, pelo que queremos, e no nosso desprezo, pelo que desprezamos.

Carlos Lopes, o homem que se fez a si próprio e que, em 1984, neste mundo (no centro deste mundo, tal como ele já então era… i.e. em LA.…), veio a ter o maior dos triunfos planetários possíveis, tinha, antes disso — 37 anos antes disso — nascido pobre.

Em Portugal, país pobre (tal como sempre foi, e continuou a ser).

Quando Carlos Lopes tinha onze anos de idade, foi servente de pedreiro. Para ajudar a sustentar a família (sendo o mais velho de oito irmãos). Ele até teria querido, então, ser jogador de futebol, no clube da sua terra, o Lusitano de Vildemoinhos. Mas foi recusado, e veio antes a fazer parte de uma secção de atletismo que ele próprio lá criou, juntamente com os seus amigos de então, nesse clube da sua aldeia, nos arredores de Viseu. Eles começaram a correr, uns atrás dos outros, num pinhal na Beira Alta, a ver quem era o que chegava primeiro. Foi assim que se criou um futuro campeão de corta-mato, e de estrada, e de longa distância.

A primeira competição oficial em que participou foi a corrida de São Silvestre, em Viseu, em 1965. À medida que cresceu, corrreu todo o circuito das competições de atletismo nos circuitos locais e regionais da Beira Alta, à volta de Viseu. Os resultados eram invulgares e, por isso, depois, teve a oportunidade de ir para Lisboa, em 1967, e aí correr por um clube da capital, o Sporting, e ser treinado pelo melhor treinador da época, Mário Moniz Pereira. E ele era sportinguista… quis ir… Recusou a Académica de Coimbra e o Benfica de Lisboa. Agarrou essa oportunidade de ser treinado pelo melhor treinador português, como já tinha agarrado as anteriores, ao mesmo tempo que, sempre (para poder sobreviver, enquanto corria…) trabalhou como empregado de mercearia, como serralheiro, como contínuo de um jornal e de um banco.

O que, portanto, quer dizer que os dois portugueses que depois vieram a ganhar prémios internacionais verdadeiramente importantes, de primeiro nível mundial — Carlos Lopes a Medalha de Ouro Olímpica em 1984, e José Saramago o Prémio Nobel da Literatura em 1998 —, haviam sido, antes disso, ambos, serralheiros… ou aprendizes de serralheiros…

Tão diferentes, mas, nisso, unidos: pobres, num país de pobres.

Em 1970 já brilhava em Portugal inteiro, e não somente em Viseu. E em 1976 já estava em circuitos internacionais, e ganhou o Campeonato do Mundo de "cross-country" (corta-mato, sem ser nos pinhais de Vildemoinhos). Depois, nos Jogos Olímpicos, fez o cursus honorum como deve ser feito, longamente, começando desde o princípio… Em 1972, em Munique, para aprender… e em 1976, em Montréal (já sabendo), para ganhar… E só não ganhou, logo então, o ouro da corrida de 10.000 metros (teve que se contentar, por enquanto, com a Medalha de Prata) porque, no fim, à última hora, depois de dominar a corrida toda, esse ouro de Montréal foi para o seu grande rival de então, o finlandês Lasse Viren, que era polícia (nessa época, todos eram então ainda amadores, e não eram mercenários comercialmente subsidiados…). O rival que, para além de ter uma grande capacidade atlética, beneficiava também de práticas tecnológicas e de estratégias de treino então ainda muito pouco divulgadas (como a de fazer transfusões sanguíneas), as quais seguramente não estavam ao alcance de um atleta português.

Foi uma desilusão. Mas, em todo o caso, nesse momento, com essa Medalha de Prata dos 10.000 metros, foi assim ganha para Portugal, pela primeira vez, desde sempre, uma medalha olímpica em atletismo. Foi mostrado que era possível. Por esse rapaz de Viseu.

E, mais importante ainda, ele aprendeu, para o futuro ("fui enganado por um polícia"…).

Continuou. Em Julho de 1984, enquanto se preparava, em Portugal, para os novos Jogos Olímpicos, que iam ter lugar nos Estados Unidos no mês seguinte, foi atropelado… Atropelado enquanto treinava, correndo, numa rodovia, no meio do trânsito desordenado de Lisboa (e foi atropelado pelo carro do candidato a presidente de um clube lisboeta, o clube em que ele próprio treinava, e em frente ao estádio do outro clube lisboeta…).

Quando se levantou do chão, e deu conta de que até ainda conseguia correr, diz que percebeu, logo então, que ainda viria a conseguir ir para a América, competir, e ganhar.

Recuperou, foi, e ganhou. Quinze dias depois desse atropelamento, em 12 de Agosto de 1984, venceu, destacadíssimo, a prova mais importante e mais emblemática de todas as do atletismo mundial, a maratona, nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles.

Foi, portanto, o primeiro português a ser medalhado com Ouro, nos Jogos Olímpicos.

Na Maratona.

Tinha andado ao longo dos últimos dois anos e meio a treinar especialmente só para isso — só para a maratona —, e a participar em provas dessas (sem nunca ganhar nenhuma delas… e, às vezes, até desistindo…), só para ver e vigiar os potenciais adversários, sem dar nas vistas.

Tinha sobre eles a enorme vantagem de (embora deliberadamente não dando nas vistas nessa especialidade de maratona) ser um dos melhores, ou o melhor, de todos os atletas nas especialidades de 10.000 e 5.000 metros; e portanto poderia vir assim a surpreender todos os adversários futuros, com uma aceleração e uma ponta final arrasadora nos últimos cinco quilómetros, se lá chegasse, quando um dia viesse a correr a sério, para ganhar, uma prova de 42 quilómetros e 195 metros, como é a maratona… E foi isso o que veio a acontecer.

Em Los Angeles correu os dois últimos quilómetros saboreando isso; e quando por fim entrou, sozinho, e destacadíssimo, naquele Coliseu californiano, saudou o público — de 90.000 pessoas… — com tanta ou mais efusividade do que aquela com que esse público, surpreendido, e em delírio, o estava a saudar a ele… E, mesmo depois de já ter passado a meta, continuou a correr, para dar mais uma volta ao estádio… saudando…! Viseu em LA…

O seu tempo de então, de 1984, viria a continuar sem ser batido por ninguém durante VINTE E QUATRO (24) ANOS. Foi, então, de 2 horas, 9 minutos e 21 segundos… Um recorde que durou até aos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. E, logo depois, no ano seguinte, em 1985, para além de já ter batido o recorde olímpico, Carlos Lopes bateu também o recorde mundial absoluto, em Roterdão, com 2 horas, 7 minutos e 12 segundos …

Ganhou a maratona, em LA, quando tinha mais idade do que qualquer outro vencedor: trinta e sete (37) anos de idade.

Foi o último vencedor europeu nas provas todas de longa distância, antes do domínio avassalador desse tipo de provas pelos atletas extra-europeus, etíopes, quenianos, etc..

As suas duas medalhas olímpicas conseguidas para Portugal, uma de Ouro e outra de Prata, continuaram a ser o melhor resultado olímpico obtido por um só homem, para este país, durante os quarenta (40) anos seguintes. Até às Olimpíadas que agora estão em curso em 2024 em Paris… 

E Carlos Lopes continuou a ser o mesmo homem que sempre havia querido ser, e nunca se deixou instrumentalizar ou manipular para qualquer fim, político, partidário ou comercial, ao serviço seja do que for ou de quem for. Na sua própria terra, em Viseu, e no país. Olímpico.

Ele fala por si mesmo. Carlos Lopes é um homem inteligente, e corajoso, e que bem sabe — e bem afirma, claramente (em Viseu, e em Lisboa, e no país inteiro) —, que foi a democratização, em Portugal, no pós 25 de Abril de 1974, que veio a permitir que a sua carreira tenha sido feita como foi, e tenha tido os êxitos que teve. Para além, claro, da razão e força principal do seu destino e dos seus êxitos, desde Viseu a Los Angeles: a SUA VONTADE… A sua capacidade de querer, e de conseguir. E de saber o que deveria querer.

Ele sabe bem, e aponta, as razões por que a prática desportiva e a participação olímpica em Portugal não têm o desenvolvimento que deveriam ter se Portugal e as suas instituições escolares fossem capazes de se estruturar para isso, em vez de acumular retóricas e mentiras.

Esse homem fala por si.

Nunca verdadeiramente em Portugal lhe deram o reconhecimento e a admiração que há muito merecia, na dimensão que merecia. Em vez disso, foram-lhe dando, sucessivamente, um a um, os degraus todos — sucessivos… — de uma condecoração estatal que o Doutor Oliveira Salazar antes havia inventado, no seu tempo, em 1960, com o nome do mítico "Infante Dom Henrique", dos míticos "Descobrimentos"… O "Infante", cuja mentira histórica, monumental, o Estado português nunca teve coragem de deixar de oficiar, nem antes nem depois de Abril de 1974, embora toda a gente possa facilmente perceber que é um mito totalmente falso…

Foram-lhos dando todos os quatro sucessivos graus "henriquinos"… desde "Cavaleiro" até "Grã-Cruz", em 1977, 1984, 1984, 1985… E não lhe deram mais quase nada…

12 de Agosto de 2024, completam-se quarenta (40) anos desde o dia da entrada triunfal do homem de Vildemoinhos (Viseu) no Estádio Olímpico em Los Angeles.

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Não posso dizer que o conheça pessoalmente. Julgo que só eventualmente teremos falado, presencialmente, uma vez (há mais de cinquenta anos…), quando eu, muito novo, nessa época, por volta de 1972 (?), estive na organização de uma prova de "atletismo", uma corrida local, no âmbito das festas anuais da minha aldeia, na Beira Alta, e tivemos a honra da participação dele entre os corredores convidados, de Viseu, e que corresponderam ao convite. Devo ter apreciado isso, então, em alguma medida. Mas não percebi que essa breve conversa, numa rotunda antes de se chegar à minha aldeia, iria ser uma das grandes honras da minha vida.

Pela minha parte — que, ao longo da vida, depois, iria fazer um pouco de tudo, mas mal (sobretudo actividades desportivas e afins como corrida, futebol juvenil, tiro com arco, aikido e surf) — até estive em Olímpia, quando fui à Grécia no verão de 1979, mas não fiz lá nenhum desporto no estádio antigo. Não era esse o meu destino. Fiz sim, lá, no anfiteatro refeito, aquilo que toda a gente já então fazia (e os turistas ainda hoje certamente continuam a fazer): amarrotei um papelzinho… para se poder comprovar que a acústica dele é tão boa que até na última fila se consegue ouvir esse papelzinho a ser amarrotado…

Veio a ser essa, de resto, a principal e verdadeira disciplina olímpica a que eu me iria dedicar (mas com o verdadeiro espírito, o olímpico…) ao longo dos cinquenta anos seguintes: amarrotar papelzinhos (depois de neles ter escrito, antes, com uma caneta, as coisas que neles queria escrever…). E ainda hoje continuo a fazê-lo (e vou continuar…). Ainda bem que o sei fazer bem (e com o bom espírito), para poder agora estar hoje aqui a escrever este texto, sobre esse homem. Pois, na verdade, por quem eu tenho, desde há muito, de facto, a maior das admirações e o maior dos respeitos, no meu país, é por Carlos Lopes, de Vildemoinhos (Viseu).

Pergunto a mim próprio como é que esse homem se deverá sentir hoje, quarenta anos depois, em 12.08.2024, ao ver que Portugal continua como continua — igual, ou até, em alguns aspectos, pior do que sempre esteve…? —, com o Futebol (e os seus negócios, cada vez mais milionários e escuros) a dominar, esmagadoramente, na sociedade, na economia e na opinião pública… e todas as outras disciplinas desportivas a serem por isso desprezadas e esquecidas, ao longo de cada ano inteiro, durante cada quadriénio…

E, depois, nos telejornais, e nos jornais, e nos círculos decisores, toda a gente a esconder e a silenciar aquilo que toda a gente sabe: que, exceptuados os do Futebol, os resultados desportivos portugueses — na sua imensa maioria (salvo algumas pequenas excepções, que servem para confirmar a regra) — são infelizes, e simplesmente confrangedores, e pobríssimos, por falta de apoios para os atletas que, apesar de tudo, heroicamente, ainda vão insistindo em tentar praticar quaisquer outras disciplinas desportivas para além do Futebol.

Os jornalistas, e os jornaleiros, e os comentadores, e os políticos, depois, lá repetem as retóricas e as lamentações e as promessas do costume: gabam quem, apesar de tudo, tem a "resiliência" de continuar, e opinam que o que são precisas são soluções mais "robustas", para se ultrapassarem os "constrangimentos", etc., etc., etc., blá, blá, blá, blá, bá, blá, blá, bá, blá… Para que tudo continue igual, com as escolas sem desportos a sério, e as televisões (que são as verdadeiras "escolas", neste mundo que aí está…) sempre cheias de mais e mais Futebol…

O mensageiro que em 490 a.C. veio trazer a notícia da batalha de Maratona a Atenas morreu depois de correr esses 42 quilómetros (e era, apesar de tudo, uma boa notícia). Mas o nosso Carlos Lopes, de Vildemoinhos, Viseu — que em 1984 levou Portugal ao mundo inteiro, a sério, ganhando uma maratona olímpica, a sério, e desde então nos diz que devíamos desenvolver o desporto, a sério, no nosso próprio país —, está vivo, e fala por si próprio, a sério. Deveria ser ouvido (quando nos dá a má notícia do estado do desporto, a sério, neste país…). E deveria ser homenageado, a sério, como merece, na dimensão que merece. O que, de facto, até hoje, ainda não aconteceu. É possível alguma coisa a sério, neste país…?

E o desporto português continua a ser confrangedor. Portugal é o país que, desde 2004, se cobriu a si próprio de ridículo e de vergonha — um ridículo e uma vergonha que vão ficar para sempre, na sua História… — quando, nesse ano de 2004 (gastando nisso rios de dinheiros dos impostos dos seus cidadãos e de dinheiros que a Europa lhe dava para sair do seu subdesenvolvimento…?), construiu de raiz dez (10) estádios de futebol (!)… para albergar um campeonato de futebol… e chamou a isso "um desígnio nacional" [sic] (!)…

E fez isso no ano a seguir ao ano de 2003… em que o país havia ardido mais do que nunca (!), nos seus anuais incêndios florestais (até a NASA, a partir do espaço, e de lá de Pasadena, em Los Angeles… fotografou especialmente essa desgraça).

Portugal, em 2004 — vinte anos depois de 1984… —, na sua política e na sua sociedade e no seu desporto, foi uma anedota, e uma tragédia…

E o que é, hoje em dia… em 2024, quarenta anos depois…? E o que pode ser, no futuro?»