quarta-feira, 20 de novembro de 2024
By pass e a definição dos políticos...
domingo, 10 de novembro de 2024
Presidentes de junta recuperam direito a participar em todas as votações
Assim, os presidentes de junta de freguesia vão poder votar, em assembleia municipal, assuntos que beneficiem o seu território, de acordo com um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), a que o PÚBLICO teve acesso. O documento vem dissipar as dúvidas em torno da possibilidade de os presidentes de junta votarem em causa própria. Este parecer, pedido pelo Ministério da Coesão Territorial ao conselho consultivo da PGR a 8 de Agosto, foi homologado pelo ministro Manuel Castro Almeida ontem e deve ser publicado em Diário da República em breve.
terça-feira, 5 de novembro de 2024
Onésimo Teotónio Almeida: integrados, os portugueses nos EUA “pensam como republicanos”
O filósofo e escritor açoriano Onésimo Teotónio Almeida aposentou-se há meses da carreira académica nos Estados Unidos da América. Entre lá e as suas ilhas, observa o risco de novo caos pós-eleitoral. "O problema não é meramente americano. É mundial".
Concluiu uma carreira académica de cinco décadas nos Estados Unidos. Lá voltará em breve. Por agora, Onésimo Teotónio Almeida assiste a partir dos seus Açores ao desenlace das eleições presidenciais norte-americanas. Diz que não perde um sono à prova de fenómenos telúricos e crê que as instituições sobreviverão a um possível regresso de Donald Trump, mas admite os riscos de um novo cenário de caos pós-eleitoral em Washington. O filósofo e escritor, ex-professor no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Universidade Brown, condecorado duas vezes por Jorge Sampaio e Marcelo Rebelo de Sousa, e escolhido por este para presidir às cerimónias do Dia de Portugal em 2018, diz que Trump é porta-voz de um problema latente. E global.
Vale a pena ler o artigo do jornal Público:
"... apercebo-me cada vez mais daquilo que defendi num livrinho de 2010 intitulado De Marx a Darwin. O lado animal do ser humano, hoje, está cada vez mais à solta, mesmo na América, que durante 250 anos nos fez acreditar que era possível controlar a besta obrigando-a a conviver civilizadamente. O problema não é meramente americano. É mundial. E é isso que me preocupa sobremaneira."
Nota: clicar aqui.
segunda-feira, 12 de agosto de 2024
UM RAPAZ DE VISEU, EM LOS ANGELES (E NO SEU PRÓPRIO PAÍS…)
FOTO: DAQUI
TEXTO: ALFREDO PINHEIRO MARQUES, DATADO DE 12 DE AGOSTO DE 2024
«12.08.2024, completaram-se quarenta (40) anos desde 12.08.1984… o dia em que o Homem da Maratona — o rapaz de Viseu… — conquistou para Portugal a primeira Medalha de Ouro dos Jogos Olímpicos. E conquistou-a nem mais nem menos do que na prova da maratona… A mais importante, mais simbólica e mais difícil de todas, na versão moderna desses Jogos que os Gregos criaram na Antiguidade e que a finura francesa renovou e recomeçou a partir do século XIX, e que, por isso, depois, a partir do século XX, se tornou o principal palco mundial, e ainda hoje (nesta semana que agora passou) o continua ser.
Carlos Lopes, o rapaz de Vildemoinhos (Viseu), é o homem por quem o autor destas linhas tem, e sempre teve, a maior admiração e o maior respeito, por entre todos os seus concidadãos e contemporâneos portugueses da segunda metade do século XX e dos inícios do século XXI. E eu sempre soube que, um dia, mais cedo ou mais tarde, iria escrever sobre ele, e dizer publicamente isso mesmo. E esse dia chegou. É hoje, quarenta anos depois.
Quando eu próprio estive em Los Angeles, em 1992 — em Westwood, na UCLA, ali ao lado de Beverly Hills, de Rodeo Drive, e de Hollywood… —, foi a sombra desse rapaz de Vildemoinhos que eu lá então pressenti, e procurei… Quando percebi que, sendo eu também vindo de Viseu, tinha chegado lá… E lá estava, eu, ao lado da "Meca" dos sonhos e das ilusões do mundo moderno inteiro… Do verdadeiro centro do mundo, da "Sociedade do Espectáculo".
Essa sombra foi a coisa mais verdadeira que lá encontrei (talvez só acompanhada pelo bronze de um busto de Aldous Huxley, na biblioteca da UCLA, de que também ia à procura?).
Pensei em Séneca. "Não há nada pior para a formação de um bom carácter do que perder tempo a assistir a espectáculos"… Estamos sós. Nascemos sós. Devemos fazer a nossa própria corrida (mas, contra nós próprios…). Sós. Para nos testarmos a nós próprios. Para sabermos até onde poderemos chegar. É esse o espírito ("that's the spirit…"). Olímpico.
Devemos ser nós a escolher a direcção e a disciplina, seja ela qual for. Seja ela mais ou menos difícil (mas as mais difíceis são as melhores). Ou aceitar a que o acaso do destino nos propiciou, mas… tornando-a nossa, por vontade ("dúplice dono de dever e de ser"… "calmo sob mudos céus"…). Tornarmo-nos naquilo que já somos, segundo o conselho nietzscheano.
E… sobretudo, depois, devemos correr… Correr por correr. Como se fosse sem ser por nada (nós sabemos porquê…). Por uma coroa de ramos de oliveira, ou qualquer outra coisa assim, que tivermos escolhido. Devemos ser olímpicos. Na nossa vontade, pelo que queremos, e no nosso desprezo, pelo que desprezamos.
Carlos Lopes, o homem que se fez a si próprio e que, em 1984, neste mundo (no centro deste mundo, tal como ele já então era… i.e. em LA.…), veio a ter o maior dos triunfos planetários possíveis, tinha, antes disso — 37 anos antes disso — nascido pobre.
Em Portugal, país pobre (tal como sempre foi, e continuou a ser).
Quando Carlos Lopes tinha onze anos de idade, foi servente de pedreiro. Para ajudar a sustentar a família (sendo o mais velho de oito irmãos). Ele até teria querido, então, ser jogador de futebol, no clube da sua terra, o Lusitano de Vildemoinhos. Mas foi recusado, e veio antes a fazer parte de uma secção de atletismo que ele próprio lá criou, juntamente com os seus amigos de então, nesse clube da sua aldeia, nos arredores de Viseu. Eles começaram a correr, uns atrás dos outros, num pinhal na Beira Alta, a ver quem era o que chegava primeiro. Foi assim que se criou um futuro campeão de corta-mato, e de estrada, e de longa distância.
A primeira competição oficial em que participou foi a corrida de São Silvestre, em Viseu, em 1965. À medida que cresceu, corrreu todo o circuito das competições de atletismo nos circuitos locais e regionais da Beira Alta, à volta de Viseu. Os resultados eram invulgares e, por isso, depois, teve a oportunidade de ir para Lisboa, em 1967, e aí correr por um clube da capital, o Sporting, e ser treinado pelo melhor treinador da época, Mário Moniz Pereira. E ele era sportinguista… quis ir… Recusou a Académica de Coimbra e o Benfica de Lisboa. Agarrou essa oportunidade de ser treinado pelo melhor treinador português, como já tinha agarrado as anteriores, ao mesmo tempo que, sempre (para poder sobreviver, enquanto corria…) trabalhou como empregado de mercearia, como serralheiro, como contínuo de um jornal e de um banco.
O que, portanto, quer dizer que os dois portugueses que depois vieram a ganhar prémios internacionais verdadeiramente importantes, de primeiro nível mundial — Carlos Lopes a Medalha de Ouro Olímpica em 1984, e José Saramago o Prémio Nobel da Literatura em 1998 —, haviam sido, antes disso, ambos, serralheiros… ou aprendizes de serralheiros…
Tão diferentes, mas, nisso, unidos: pobres, num país de pobres.
Em 1970 já brilhava em Portugal inteiro, e não somente em Viseu. E em 1976 já estava em circuitos internacionais, e ganhou o Campeonato do Mundo de "cross-country" (corta-mato, sem ser nos pinhais de Vildemoinhos). Depois, nos Jogos Olímpicos, fez o cursus honorum como deve ser feito, longamente, começando desde o princípio… Em 1972, em Munique, para aprender… e em 1976, em Montréal (já sabendo), para ganhar… E só não ganhou, logo então, o ouro da corrida de 10.000 metros (teve que se contentar, por enquanto, com a Medalha de Prata) porque, no fim, à última hora, depois de dominar a corrida toda, esse ouro de Montréal foi para o seu grande rival de então, o finlandês Lasse Viren, que era polícia (nessa época, todos eram então ainda amadores, e não eram mercenários comercialmente subsidiados…). O rival que, para além de ter uma grande capacidade atlética, beneficiava também de práticas tecnológicas e de estratégias de treino então ainda muito pouco divulgadas (como a de fazer transfusões sanguíneas), as quais seguramente não estavam ao alcance de um atleta português.
Foi uma desilusão. Mas, em todo o caso, nesse momento, com essa Medalha de Prata dos 10.000 metros, foi assim ganha para Portugal, pela primeira vez, desde sempre, uma medalha olímpica em atletismo. Foi mostrado que era possível. Por esse rapaz de Viseu.
E, mais importante ainda, ele aprendeu, para o futuro ("fui enganado por um polícia"…).
Continuou. Em Julho de 1984, enquanto se preparava, em Portugal, para os novos Jogos Olímpicos, que iam ter lugar nos Estados Unidos no mês seguinte, foi atropelado… Atropelado enquanto treinava, correndo, numa rodovia, no meio do trânsito desordenado de Lisboa (e foi atropelado pelo carro do candidato a presidente de um clube lisboeta, o clube em que ele próprio treinava, e em frente ao estádio do outro clube lisboeta…).
Quando se levantou do chão, e deu conta de que até ainda conseguia correr, diz que percebeu, logo então, que ainda viria a conseguir ir para a América, competir, e ganhar.
Recuperou, foi, e ganhou. Quinze dias depois desse atropelamento, em 12 de Agosto de 1984, venceu, destacadíssimo, a prova mais importante e mais emblemática de todas as do atletismo mundial, a maratona, nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles.
Foi, portanto, o primeiro português a ser medalhado com Ouro, nos Jogos Olímpicos.
Na Maratona.
Tinha andado ao longo dos últimos dois anos e meio a treinar especialmente só para isso — só para a maratona —, e a participar em provas dessas (sem nunca ganhar nenhuma delas… e, às vezes, até desistindo…), só para ver e vigiar os potenciais adversários, sem dar nas vistas.
Tinha sobre eles a enorme vantagem de (embora deliberadamente não dando nas vistas nessa especialidade de maratona) ser um dos melhores, ou o melhor, de todos os atletas nas especialidades de 10.000 e 5.000 metros; e portanto poderia vir assim a surpreender todos os adversários futuros, com uma aceleração e uma ponta final arrasadora nos últimos cinco quilómetros, se lá chegasse, quando um dia viesse a correr a sério, para ganhar, uma prova de 42 quilómetros e 195 metros, como é a maratona… E foi isso o que veio a acontecer.
Em Los Angeles correu os dois últimos quilómetros saboreando isso; e quando por fim entrou, sozinho, e destacadíssimo, naquele Coliseu californiano, saudou o público — de 90.000 pessoas… — com tanta ou mais efusividade do que aquela com que esse público, surpreendido, e em delírio, o estava a saudar a ele… E, mesmo depois de já ter passado a meta, continuou a correr, para dar mais uma volta ao estádio… saudando…! Viseu em LA…
O seu tempo de então, de 1984, viria a continuar sem ser batido por ninguém durante VINTE E QUATRO (24) ANOS. Foi, então, de 2 horas, 9 minutos e 21 segundos… Um recorde que durou até aos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. E, logo depois, no ano seguinte, em 1985, para além de já ter batido o recorde olímpico, Carlos Lopes bateu também o recorde mundial absoluto, em Roterdão, com 2 horas, 7 minutos e 12 segundos …
Ganhou a maratona, em LA, quando tinha mais idade do que qualquer outro vencedor: trinta e sete (37) anos de idade.
Foi o último vencedor europeu nas provas todas de longa distância, antes do domínio avassalador desse tipo de provas pelos atletas extra-europeus, etíopes, quenianos, etc..
As suas duas medalhas olímpicas conseguidas para Portugal, uma de Ouro e outra de Prata, continuaram a ser o melhor resultado olímpico obtido por um só homem, para este país, durante os quarenta (40) anos seguintes. Até às Olimpíadas que agora estão em curso em 2024 em Paris…
E Carlos Lopes continuou a ser o mesmo homem que sempre havia querido ser, e nunca se deixou instrumentalizar ou manipular para qualquer fim, político, partidário ou comercial, ao serviço seja do que for ou de quem for. Na sua própria terra, em Viseu, e no país. Olímpico.
Ele fala por si mesmo. Carlos Lopes é um homem inteligente, e corajoso, e que bem sabe — e bem afirma, claramente (em Viseu, e em Lisboa, e no país inteiro) —, que foi a democratização, em Portugal, no pós 25 de Abril de 1974, que veio a permitir que a sua carreira tenha sido feita como foi, e tenha tido os êxitos que teve. Para além, claro, da razão e força principal do seu destino e dos seus êxitos, desde Viseu a Los Angeles: a SUA VONTADE… A sua capacidade de querer, e de conseguir. E de saber o que deveria querer.
Ele sabe bem, e aponta, as razões por que a prática desportiva e a participação olímpica em Portugal não têm o desenvolvimento que deveriam ter se Portugal e as suas instituições escolares fossem capazes de se estruturar para isso, em vez de acumular retóricas e mentiras.
Esse homem fala por si.
Nunca verdadeiramente em Portugal lhe deram o reconhecimento e a admiração que há muito merecia, na dimensão que merecia. Em vez disso, foram-lhe dando, sucessivamente, um a um, os degraus todos — sucessivos… — de uma condecoração estatal que o Doutor Oliveira Salazar antes havia inventado, no seu tempo, em 1960, com o nome do mítico "Infante Dom Henrique", dos míticos "Descobrimentos"… O "Infante", cuja mentira histórica, monumental, o Estado português nunca teve coragem de deixar de oficiar, nem antes nem depois de Abril de 1974, embora toda a gente possa facilmente perceber que é um mito totalmente falso…
Foram-lhos dando todos os quatro sucessivos graus "henriquinos"… desde "Cavaleiro" até "Grã-Cruz", em 1977, 1984, 1984, 1985… E não lhe deram mais quase nada…
12 de Agosto de 2024, completam-se quarenta (40) anos desde o dia da entrada triunfal do homem de Vildemoinhos (Viseu) no Estádio Olímpico em Los Angeles.
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Não posso dizer que o conheça pessoalmente. Julgo que só eventualmente teremos falado, presencialmente, uma vez (há mais de cinquenta anos…), quando eu, muito novo, nessa época, por volta de 1972 (?), estive na organização de uma prova de "atletismo", uma corrida local, no âmbito das festas anuais da minha aldeia, na Beira Alta, e tivemos a honra da participação dele entre os corredores convidados, de Viseu, e que corresponderam ao convite. Devo ter apreciado isso, então, em alguma medida. Mas não percebi que essa breve conversa, numa rotunda antes de se chegar à minha aldeia, iria ser uma das grandes honras da minha vida.
Pela minha parte — que, ao longo da vida, depois, iria fazer um pouco de tudo, mas mal (sobretudo actividades desportivas e afins como corrida, futebol juvenil, tiro com arco, aikido e surf) — até estive em Olímpia, quando fui à Grécia no verão de 1979, mas não fiz lá nenhum desporto no estádio antigo. Não era esse o meu destino. Fiz sim, lá, no anfiteatro refeito, aquilo que toda a gente já então fazia (e os turistas ainda hoje certamente continuam a fazer): amarrotei um papelzinho… para se poder comprovar que a acústica dele é tão boa que até na última fila se consegue ouvir esse papelzinho a ser amarrotado…
Veio a ser essa, de resto, a principal e verdadeira disciplina olímpica a que eu me iria dedicar (mas com o verdadeiro espírito, o olímpico…) ao longo dos cinquenta anos seguintes: amarrotar papelzinhos (depois de neles ter escrito, antes, com uma caneta, as coisas que neles queria escrever…). E ainda hoje continuo a fazê-lo (e vou continuar…). Ainda bem que o sei fazer bem (e com o bom espírito), para poder agora estar hoje aqui a escrever este texto, sobre esse homem. Pois, na verdade, por quem eu tenho, desde há muito, de facto, a maior das admirações e o maior dos respeitos, no meu país, é por Carlos Lopes, de Vildemoinhos (Viseu).
Pergunto a mim próprio como é que esse homem se deverá sentir hoje, quarenta anos depois, em 12.08.2024, ao ver que Portugal continua como continua — igual, ou até, em alguns aspectos, pior do que sempre esteve…? —, com o Futebol (e os seus negócios, cada vez mais milionários e escuros) a dominar, esmagadoramente, na sociedade, na economia e na opinião pública… e todas as outras disciplinas desportivas a serem por isso desprezadas e esquecidas, ao longo de cada ano inteiro, durante cada quadriénio…
E, depois, nos telejornais, e nos jornais, e nos círculos decisores, toda a gente a esconder e a silenciar aquilo que toda a gente sabe: que, exceptuados os do Futebol, os resultados desportivos portugueses — na sua imensa maioria (salvo algumas pequenas excepções, que servem para confirmar a regra) — são infelizes, e simplesmente confrangedores, e pobríssimos, por falta de apoios para os atletas que, apesar de tudo, heroicamente, ainda vão insistindo em tentar praticar quaisquer outras disciplinas desportivas para além do Futebol.
Os jornalistas, e os jornaleiros, e os comentadores, e os políticos, depois, lá repetem as retóricas e as lamentações e as promessas do costume: gabam quem, apesar de tudo, tem a "resiliência" de continuar, e opinam que o que são precisas são soluções mais "robustas", para se ultrapassarem os "constrangimentos", etc., etc., etc., blá, blá, blá, blá, bá, blá, blá, bá, blá… Para que tudo continue igual, com as escolas sem desportos a sério, e as televisões (que são as verdadeiras "escolas", neste mundo que aí está…) sempre cheias de mais e mais Futebol…
O mensageiro que em 490 a.C. veio trazer a notícia da batalha de Maratona a Atenas morreu depois de correr esses 42 quilómetros (e era, apesar de tudo, uma boa notícia). Mas o nosso Carlos Lopes, de Vildemoinhos, Viseu — que em 1984 levou Portugal ao mundo inteiro, a sério, ganhando uma maratona olímpica, a sério, e desde então nos diz que devíamos desenvolver o desporto, a sério, no nosso próprio país —, está vivo, e fala por si próprio, a sério. Deveria ser ouvido (quando nos dá a má notícia do estado do desporto, a sério, neste país…). E deveria ser homenageado, a sério, como merece, na dimensão que merece. O que, de facto, até hoje, ainda não aconteceu. É possível alguma coisa a sério, neste país…?
E o desporto português continua a ser confrangedor. Portugal é o país que, desde 2004, se cobriu a si próprio de ridículo e de vergonha — um ridículo e uma vergonha que vão ficar para sempre, na sua História… — quando, nesse ano de 2004 (gastando nisso rios de dinheiros dos impostos dos seus cidadãos e de dinheiros que a Europa lhe dava para sair do seu subdesenvolvimento…?), construiu de raiz dez (10) estádios de futebol (!)… para albergar um campeonato de futebol… e chamou a isso "um desígnio nacional" [sic] (!)…
E fez isso no ano a seguir ao ano de 2003… em que o país havia ardido mais do que nunca (!), nos seus anuais incêndios florestais (até a NASA, a partir do espaço, e de lá de Pasadena, em Los Angeles… fotografou especialmente essa desgraça).
Portugal, em 2004 — vinte anos depois de 1984… —, na sua política e na sua sociedade e no seu desporto, foi uma anedota, e uma tragédia…
E o que é, hoje em dia… em 2024, quarenta anos depois…? E o que pode ser, no futuro?»
terça-feira, 6 de agosto de 2024
A margem esquerda do estuário do Mondego vive um “processo de erosão extrema”...
Em declarações aos jornalistas, à margem da assinatura de dois protocolos na Câmara da Figueira da Foz, a ministra do Ambiente, por seu lado, afirmou que estão reunidas as condições para a empreitada ser lançada. “Tem todas as condições para avançar. Tem o Estudo de Impacte Ambiental positivo e tem o financiamento garantido [27,7 milhões de euros, 85% do Programa Operacional e 15% a dividir pelo município figueirense, pelo Porto da Figueira da Foz e pela APA”. Assim sendo, frisou Maria da Graça Carvalho, “é só trabalhar”.
quinta-feira, 1 de agosto de 2024
Resumo da sessão de esclarecimento sobre a actual situação do Posto de saúde da Cova e Gala, promovida pela junta de Freguesia de S. Pedro, realizada no dia 1 de Agossto de 2024, pelas 19 horas, no Clube Mocidade Covense
1 - a intervenção na extensão de saúde da Cova e Gala, que inclui a substituição de fechaduras e instalação de uma proteção, em vidro, na secretária da assistente técnica e videovigilância já está em curso.
terça-feira, 30 de julho de 2024
Posto Médico de S. Pedro continua encerrado
O assunto no dia 9 de Julho chegou à Assemlbleia da República.
Fica a intervenção da deputada Ana Oliveira na Comissão de Saúde.
sábado, 27 de julho de 2024
Será mesmo por falta de uma assistente administrativa que o Posto Médico da Cova Gala está encerrado há mais de um mês?
O Posto Médico da Cova e Gala está encerrado, por falta de um Assistente Técnico, há mais de um mês: precisamente desde 25/6/24...
O assunto até chegou à Assemlbleia da República. Fica a intervenção do passado dia 9 do corrente mês de Julho da deputada Ana Oliveira na Comissão de Saúde.
O equipamento, tive disso conhecimento na altura, ficaria dotado de sete gabinetes médicos (parece que tem 9...), dois gabinetes de enfermagem, duas salas de espera, uma unidade técnica de grande capacidade e várias estruturas de apoio.
A apresentação do centro de saúde foi feita por António Albuquerque, chefe da Divisão de Obras da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
“Não está dimensionado para a população que vai servir [5 200 habitantes]. Está projectado para cerca de 10 500 pessoas”, disse na altura António Albuquerque.
quinta-feira, 18 de julho de 2024
São todos iguais não são?...
Como seria interessante saber quantos dos abrangidos por esta medida, ou que a breve prazo venham a levar com ela em cima, são eleitores do partido do ventura, pela cruz no boletim de voto, ou por terem ficado em casa no dia das eleições.
O texto foi aprovado com os votos do Chega e dos partidos da coligação do Governo regional - PSD, CDS e PPM. O PS, o Bloco de Esquerda e o PAN votaram contra e a Iniciativa Liberal absteve-se.
De acordo com o jornal Expresso, na prática, esta resolução deixa para o fim das listas de espera do acesso às creches os filhos de desempregados ou que recebem prestações sociais."
terça-feira, 16 de julho de 2024
Minhas ideias sobre a tentativa de assassínio de Trump
"O assassínio de Trump não eliminaria o anseio de dezenas de milhões de pessoas, muitas delas condicionadas pela direita cristã, por um líder de culto. A maioria dos líderes da direita cristã construiu os seus próprios cultos. Estes fascistas cristãos abraçaram o pensamento mágico, atacaram os seus inimigos como agentes de Satanás e denunciaram a ciência e o jornalismo baseados na realidade muito antes de Trump. Os cultos são um produto da decadência social e do desespero, e a nossa decadência e desespero estão a expandir-se, para em breve explodirem noutra crise financeira.
Os esforços do Partido Democrata e de grande parte da imprensa, incluindo a CNN e The New York Times, para desacreditar Trump, como se os nossos problemas estivessem encarnados nele, são inúteis. A presunção desta cruzada contra Trump só contribui para o reality show nacional que substituiu o jornalismo e a política. Esta cruzada tenta reduzir uma crise social, económica e política à personalidade de Trump. É acompanhada por uma recusa em confrontar e nomear as forças corporativas responsáveis pela nossa democracia fracassada. Este conluio com as forças da opressão corporativa, que empobreceram a classe trabalhadora, fomentaram a guerra sem fim, militarizaram a nossa polícia, criaram o maior sistema prisional do mundo, licenciaram as corporações para explorar os mais vulneráveis e transferiram a riqueza para as mãos de uma classe multimilionária, neutraliza a imprensa, os críticos de Trump e o Partido Democrata.
A nossa única esperança é organizar o derrube do Estado corporativo que vomitou Trump. As nossas instituições democráticas, incluindo os órgãos legislativos, os tribunais e os media, estão reféns do poder corporativo. Já não são democráticas. Tal como os movimentos de resistência do passado, temos de nos envolver em actos de desobediência civil em massa e sustentada, especialmente greves e não-cooperação. Ao virarmos a nossa ira para o Estado corporativo, em vez de para Trump, nomeamos as verdadeiras fontes de poder e abuso. Expomos o absurdo de culpar grupos demonizados como os trabalhadores sem documentos, os muçulmanos, os afro-americanos, os latinos, os liberais, as feministas, os gays e outros, pelo nosso fim. Damos às pessoas uma alternativa a um Partido Democrata falido – cujo candidato presidencial está em claro declínio cognitivo – que é um parceiro total da opressão corporativa e não pode ser reabilitado. Tornamos possível a restauração de uma sociedade aberta. Se não conseguirmos abraçar esta militância, que por si só tem a capacidade de destruir líderes de culto, continuaremos a marcha em direção à tirania."
14/Julho/2024
[*] Jornalista, estado-unidense, prémio Pulitzer.
O original encontra-se em chrishedges.substack.com/p/my-thoughts-on-the-attempted-trump
terça-feira, 9 de julho de 2024
O Posto Médico da Cova e Gala está encerrado há vários dias: desde 25/6/24...
No passado dia 14 de dezembro de 2015, alertei os caros velhotes e caras velhotas cá da Aldeia: Lavos ganha Centro de Saúde com “tecnologia de ponta”.
(Pois é, caros velhotes e caras velhotas cá da Aldeia, vocês andam há mais de 30 anos a votar sempre nos mesmos para escolher o presidente da junta local, os tais que, por oportunismo, se ligaram numas eleições ao PSD e, noutras, pelos mesmos motivos, ao PS.
Pois é, caros velhotes e caras velhotas cá da Aldeia, contudo, vocês não estiveram sós no voto que deram, nos últimos 30 e tal anos, sempre aos mesmos...
A malta da pesca deu. Os merceeiros deram. As donas de casa deram. A malta que tem banca no mercado deu. A malta que tem casa na habitação social deu. A malta das colectividades deu. A malta que joga à sueca nos clubes deu. A malta que ocupa os espaços comerciais concessionados pela junta deu. E por aí adiante, maioritariamente. Muito maioritariamente.
Caros velhotes e caras velhotas cá da Aldeia, além de mim, apenas tenho a certeza que na Aldeia, nos últimos 30, apenas o meu barbeiro não deu o voto aos mesmos, porque ele não vota cá.
Felizmente, ninguém é proibido de votar. Também ninguém é obrigado a votar.
Caros velhotes e caras velhotas, cá na Aldeia, para muitos é indiferente quem está no poder na junta e na câmara... E, depois, há aqueles que nem sabem que há eleições. Outros, estão-se borrifando porque acham que não vale a pena. As poucas batatas que ainda se cultivam nos quitais cá da Aldeia, não crescem mais depressa por isso...)
Pouco depois, a 18 de Abril de 2016, deixei mais um alerta: "Posto de Saúde da Cova Gala vai encerrar em breve... Tudo aponta, para o final deste mês".
Parece que estava a advinhar. Um dia depois, a 19 de Abril de de 2016, confirmou-se o pior: "Posto de Saúde da Cova e Gala encerra no fim do mês..."
Conforme está exposto em comunicado, confirmava-se o pior: os doentes dos dois médicos que prestam serviço - o dr. Albino Coelho e o dr. Bento Cunha - a partir do dia 2 de Maio próximo mantém o mesmo médico de família, mas têm de se deslocar a Lavos.Aparece um título no jornal AS BEIRAS que dizia: "Posto de S. Pedro não fecha".
O teor da notícia, porém, é muito diferente. Passo a citar.
"Em S. Pedro, freguesia urbana da margem sul da Figueira da Foz, teme-se pelo encerramento do posto de saúde local. Contudo, fonte do Agrupamento do Centro de Saúde Baixo Mondego (ACES) garantiu que o equipamento vai manter-se aberto. Ressalva, porém, que, na sequência da nova Extensão de Saúde de Lavos, deverá proceder à reorganização dos recursos humanos, o que pode implicar uma redução de dias de funcionamento, se a autarquia garantir o transporte dos utentes."
Tendo em vista as autárquicas de 2025, o PS já escolheu os líderes das "freguesias"...
Ana Oliveira, deputada do PSD, e presidente do PSD/Figueira |
O PS já tem novos líderes concelhios eleitos.
Na Figueira evoluiu-se na continuidade.
Em Lisboa, depois de Marta Temido, a Concelhia de Lisboa voltou a ser liderada por Davide Amado.
O presidenteda Juntade Freguesia de Alcântarajá tinha liderado o PS-Lisboa, mas saiu em fevereiro de 2023 por ter sido acusado pelo Ministério Público pelo crime de participação económica em negócio e abuso de poder. Quando saiu, MartaTemido, ex-ministra e actualmente deputada europeia, assumiu os destinos da delegação lisboeta do PS.
No Porto a escolha recaiu sobre Tiago Barbosa Ribeiro, que foi reeleito no cargo.
Foi assim lançada a primeira pedra para a escolha dos candidatos PS para as Autárquicas de 2025.
NO PSD também deve estar para breve a preparação da corrida autárquica do próximo ano...
sexta-feira, 28 de junho de 2024
"Não aceitem políticas feitas a partir de perceções. E aceitem um adeus"
"Há mais de dois anos que vos escrevo nesta última página. Hoje faço-o pela última vez. Na maioria das vezes foi um prazer enorme escrever estas crónicas. Invocando novamente John N. Gray, digo-vos que o que se escreve tem consequências, mas raramente são as que os autores esperam ou desejam, e nunca apenas estas. Não fiquem com a perceção de que isto é um lamento. Pelo contrário, vejam como a genuína rendição à lei da ironia. Agradeço a todos as leituras e os comentários, mesmo os maus, e a este jornal agradeço a extraordinária oportunidade."
quinta-feira, 13 de junho de 2024
A obra de requalificação do Pátio de Santo António vai iniciar-sem em breve
Tal como o previsto, Pedro Santana Lopes presidiu à cerimónia de assinatura do auto de consignação da empreitada da obra requalificação do Pátio de Santo António. O evento aconteceu ontem, dia 12 de junho, quarta-feira, pelas 16H00, no Largo Silva Soares, junto à Misericórdia – Obra da Figueira, horas antes do início do arraial de Santo António, festas organizadas pela Misericórdia-Obra da Figueira. .
A obra foi adjudicada, pelo Município da Figueira da Foz, por cerca de 386 mil euros (mais IVA). A empreitada, que arranca nos próximos dias, tem um prazo de execução de nove meses.
Via Diário as Beiras
segunda-feira, 10 de junho de 2024
Eleições para o Parlamento Europeu em 2024: rescaldo breve
A AD foi derrotada. Foi um desastre para Luís Montenegro.
Apesar do colo que a comunicação social lhes dá, com Portas e Marques Mendes a fazerem campanha activa em horário nobre, ao domingo, em canal aberto (com a conivência da Comissão das Eleições) e com uma profusão de comentadores a manipularem a opinião política, a escolha de um postiço, sem qualquer racionalidade politica, a não ser mais uma cedência ao moribundo CDS/PP, alegadamente para mobilizar os mais jovens, o que acabou por resultar num falhanço, apenas serviu para abrir a porta à Iniciativa Liberal. Portanto, Montenegro é uma questão de tempo.
O Chega aproximou-se da sua verdadeira dimensão.
O IL cresceu.
O BE, a anterior coqueluche das sondagens e das televisões, caiu, mas continua com presença no PE.
A CDU, a esquerda, caiu, mas apesar das manipulações das sondagens e das campanhas nos media, continua com presença no PE.
O Livre, a nova coqueluche das sondagens televisivas, a apelidada esquerda inteligente, moderna, ambientalista, humanista, informada, etc., ficou de fora do PE.
segunda-feira, 13 de maio de 2024
Santana vai a eleições na Figueira em 2025?
«Por conversa hoje de manhã com o Diretor do Sol já compreendi a notícia de primeira página sobre o suposto convite para eu voltar à Santa Casa. Percebi que lhes foi dito por fonte autorizada que eu não seria o novo Provedor porque não queria sair da Figueira. O Diretor do Sol enviou- me uma mensagem na terça - feira dizendo “já me disseram que não quer sair da Figueira”. Eu nada respondi porque essa parte é verdadeira. Deu por adquirido que o convite tinha sido mesmo feito, só queria saber se eu não aceitava mesmo. Sempre agiu corretamente comigo. Ontem no Expresso da Meia- Noite perguntaram- me se eu tinha sido convidado. Eu só podia responder a verdade: não. Mas o Sol não mentiu. Pelo respeito que tenho, quero fazer este esclarecimento.»
Vivi 20 anos em ditadura. Sabemos o que era Portugal antes do 25 de Abril de 1974: havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado.
E havia medo, muito medo. E apesar do medo, houve sempre quem lutasse para que as coisas mudassem.
E aconteceu o Dia das Surpresas.
Agora, 50 anos passados, olhamos para o futuro com apreensão. Aliás, penso que não sou só eu a pensar, que o cenário no país pode piorar.
E tem piorado.
Na Figueira aconteceu o mesmo.
Todavia, de vez em quando, temos uma ou outra pequena supresa, sobretudo apreciada pelos pessimistas, como só eles têm a capacidade de o fazer.
"A intelectualidade" nunca gostou de Pedro Santana Lopes: "considera-o um demagogo volúvel".
Essa, foi uma vantagem que se revelou perversa para quem o menosprezou.
O país (e a Figueira) também não gosta da "intelectualidade" com o seu ar jactancioso, convencido e superior, as suas indignações e a sede de mordomias e de prestígio.
Santana Lopes, apesar das confusões com os títulos dos livros e o nome das peças musicais, do seu passado de homem do futebol, da sua herança de sedutor com um rasto de hipotéticos corações destroçados, conquistou a Figueira e depois Lisboa - essa Lisboa da "intelectualidade" e da "opinião esclarecida".
E em 2021 conquistou de novo a Figueira...
2025 está bater-nos à porta.
Santana "já não vai ser recandidato?", perguntava um leitor do OUTRA MARGEM um dia destes.
Caso vá a eleições na Figueira, Santana Lopes vai disputá-las em pleno.
Esta, é a única certeza que, a meu ver, existe na Figueira em Maio de 2024.
segunda-feira, 6 de maio de 2024
“É na sustentabilidade das associações de bombeiros voluntários que está o nó górdio de todo um conjunto de coisas”...
Uma questão de sustentabilidade.
“É na sustentabilidade das associações de bombeiros voluntários que está o nó górdio de todo um conjunto de coisas”, defendeu o presidente dos BVFF. “Não esquecemos o Fundo de Proteção Social do Bombeiro, nem estamos a falar do plano de reequipamento dos corpos de bombeiros com viaturas, que são matérias à parte, embora também pudessem ser tratadas no âmbito da sustentabilidade das associações”, ressalvou.Aos jornalistas, no final das referidas comemorações, Margarida Blasco defendeu que é necessário “reforçar o sistema de Proteção Civil” ao nível dos municípios.»
segunda-feira, 22 de abril de 2024
O que é “Ficheiros Secretos”, um espectáculo de Luís Osório?
Sábado à noite, entre curioso e intrigado (um amigo meu, que muito prezo, tinha-me confidenciado que nem morto lá ía...), fui ao CAE ver esta perfomance de Luís Osório.
A coisa prometia. Tinha como convidados Santana Lopes, Conceição Monteiro, Luísa Amaro e Cândido Costa.
“Ficheiros Secretos”, com o sub-título de "Histórias Nunca Contadas da Política e da Sociedade Portuguesas", é um livro publicado pelo jornalista em 2021, que foi adaptado para os palcos, num espectáculo difícil de definir, mas que tem esgotado as salas por onde passa.
Ao que li, "é uma performance inédita de um jornalista e escritor reconhecido que arrisca agora o que nunca foi feito. Luís Osório assume o papel de narrador da história recente de Portugal, convocando para o palco memórias de personagens marcantes como Álvaro Cunhal, Mário Soares, José Saramago, Amália Rodrigues, Francisco Sá Carneiro, Jorge Sampaio, entre muitos outros.
O autor conduz a audiência numa viagem pelo último século português e pela vida de alguns dos protagonistas que marcaram o nosso tempo.
Uma viagem partilhada com o público e com convidados absolutamente surpreendentes."
Tudo isso se concretizou. No sábado passado, Luís Osório esteve completamente exposto e sem rede. Até teve uma "branca", breve (na Figueira é assim: é tudo "breve"), que ultrapassou com toda a naturalidade, quando se queria referir a um episódio que envolvia Carmona Rodrigues, antigo presidente da Câmara de Lisboa e o nome não saía.
Frente ao público, foi ele, só, mais as histórias dos seus fantasmas - bons e maus.
Mas, afinal, o que é “Ficheiros Secretos”?
Um espectáculo de segredos, confissões, medo e esperança?
Confesso que não sei explicar.
Para mim, foi algo inaudito.
Algo que nunca tinha visto ou ouvido. Um desafio absolutamente incrível e espantoso, que Luís Osório coloca a si mesmo e que já foi presenciado por mais de 20 mil pessoas deste País.
Eu, fui uma delas. E saí do CAE a pensar sobre o que tinha presenciado e não consigo ainda explicar por palavras ao que tinha assistido.
Continua presente a entrada de Luís Osório na sala, trazendo uma mala vermelha, carregada de memórias de familiares, daqueles que o tratavam por Miguel.
Durante a exposição perante o público, desnudou-se e aos seus fantasmas - sobretudo o da mãe, que deixou de cantar no dia em que ele nasceu. Continuam presentes os pequenos episódios das figuras públicas trazidas à colação. Focou relações familiares, lutas interiores ou episódios engraçados.
Nestas pequenas histórias, Luís Osório mostrou algo importante: um contributo para a definição e a compreensão do País que somos, nas suas grandezas, misérias e imperfeições.
Como ele, também acredito que “podemos saber os grandes factos históricos de trás para a frente, mas estes não têm a dimensão humana”.
Continuo a vê-lo desaparecer pela porta lateral do CAE, por onde tinha entrado, e continuo sem encontrar as palavras para explicar o que vi sábado passado, à noite, no CAE.