sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Assédio à Segurança Social

"Ciclicamente, o apetite privado pelas pensões de reforma produz um alarme público sobre a suposta insustentabilidade da Segurança Social. 
Claro que tais agoiros apontam logo para os fundos privados de pensões. Mas a realidade é que se, em 2022, o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) já acumulava uns confortáveis 22 mil milhões para garantir as reformas, em 2025 espera-se atingir os 41 mil milhões. 
Para falar outra vez de insustentabilidade, o Tribunal de Contas, misturando alhos com bugalhos, decide misturar as contas do sistema de previdência com as contas da Caixa Geral de Aposentações, um fundo fechado, que dizia respeito unicamente à função pública, encerrado em 2005, e que por ter deixado de receber os contributos dos trabalhadores da função pública no activo passou a ser deficitário, como era esperado. 
Com esta mistificação, o que estava de boa saúde, a Segurança Social, passa de repente a parecer correr o risco de ser deficitário! 
Nem o exemplo desastroso do que aconteceu em 2008 aos fundos privados nos EUA cala o canto de sereia dos promotores da privatização das reformas. 
Agora, o Governo, preocupado com o não problema da estabilidade do FEFSS, resolve voltar a estudar a estabilidade do sistema, e nomeia uma comissão presidida por um consultor dos fundos privados, ou seja, mete a raposa dentro do galinheiro. 
E se o Tribunal de Contas até abriu caminho para se concluir que o que estava de boa saúde, afinal, podia considerar-se doente, o que não conseguirá um especialista na matéria?"

José Cavalheiro, Matosinhos

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