Via jornal Público
«... o
Chega aprecia tanto a expressão
“encostem-nos à parede” é porque
ela tem o peso da frase-choque, que
faz sempre salivar Ventura.
Qualquer pessoa com um mínimo
de cultura histórica sabe que o
berro “¡al paredón!” tem tristes
ressonâncias da guerra civil
espanhola, da revolução cubana e
de outras misérias do século XX. “Al
paredón”, “para a parede”, era o
grito usado para promover a
execução expedita de quem não
pertencia ao clube que segurava o
fuzil. Foi imensas vezes gritado – e
imensas vezes praticado.
Aquilo que André Ventura parece
não perceber — e com ele boa parte
da direita, grande defensora das
liberdades individuais na área
económica mas muito
compreensiva com os seus abusos
na área da segurança — é que a
famosa rusga do Benformoso não
cumpre um único critério dos seus
nove “encostem-nos à parede”.
Não eram gandulos. Não eram
pedófilos. Não eram gangues de
ladrões. Nem sequer eram
imigrantes ilegais. Eram só
indivíduos que foram
abusivamente revistados pela
polícia, e que agora continuam a
ser arregimentados pela direita e
pela esquerda, para as suas guerras
particulares.»
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