«A cumplicidade do PS com aquilo que foi a rede bombista está por escrever. O próprio Mário Soares chega a dizer nos jornais que o Norte devia seguir o exemplo de Rio Maior [onde foram atacadas e incendiadas as sedes do PCP e da FSP]. Na zona do Minho, houve dirigentes socialistas, da concelhia de Viana, que se demitiram porque o PS estava a orquestrar um atentado na zona de Caminha em que seria incendiada uma sede do próprio PS, para culpabilizar o PCP. Durante o debate televisivo entre Mário Soares e Álvaro Cunhal encomendaram a Ramiro Moreira que fizesse explodir um petardo na sede do PS, no Rato, para acusar os comunistas disso. Há muita história para escrever. As pessoas não sabem o que aconteceu, e têm uma total ignorância da existência e do papel da rede bombista de extrema-direita, porque a história foi escrita pelos vencedores do 25 de Novembro, que apagaram aquilo que menos lhe convinha. Algumas das pessoas que dizem hoje «não passarão» a Duarte Pacheco de Amorim, sabem muito bem o que se passou e as cumplicidades do PS na rede bombista.»
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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