sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Autárquicas 2021: porque não apoio nem voto em Pedro Machado

Neste momento, propício a estados de espírito complicados, enervamentos estéreis e paixões assolapadas, alguns leitores irritaram-se com as postagens que, ontem e anteontem, publiquei neste OUTRA MARGEM a tentar explicar porque não apoio nem voto em Carlos Monteiro, nem em Santana Lopes.
Hoje, não é preciso ser bruxo, vai acontecer o mesmo com esta postagem sobre a candidatura de Pedro Machado- Figueira do Futuro.
A esses, apenas digo que é falta de hábito e cultura democrática. Num concelho  em que as elites dependem do poder autárquico e em que a comunicação social mantém relações com os políticos, é natural que as raras vozes críticas que chegam ao espaço público sejam vistas como um corpo estranho. 
Mas, como com tudo o resto o que nos acontece na vida, não é nada de grave: é apenas uma questão de abrir caminho à criação de hábitos democráticos, que um dia hão-de ser a normalidade na Figueira da Foz.
É preciso ter calma, muita calma mesmo, pois o caminho vai ser longo e difícil e faz-se caminhando.

Recordo.
O que é que eu exijo a um presidente de câmara que governa o meu concelho?
Que tenha estratégia.
Que essa estratégia vise melhorar e consolidar a qualidade de vida dos munícipes.
Tal desiderato, tem de passar pelo Desenvolvimento Económico e Natural, Desenvolvimento Social, Educação, Desenvolvimento Comunitário, Saúde e Bem-estar, Regeneração e Requalificação Urbana e arte e engenho para governar a polis.

Curiosamente, penso que o Dr. Pedro Machado tem potencial para dar a resposta que a Figueira precisava a estas questões.
Fui olhando para o decorrer da campanha com atenção. Até certa altura, limpinha, bem feita, bem rasgada, bem trabalhada e a abordar algumas questões essenciais para o futuro da Figueira. 
Parecia ir tudo no sentido certo. De repente, porém, algo aconteceu. 
Mudou a estratégia!

Sobre a candidatura de Pedro Machado - Figueira do Futuro, poderia escrever muita coisa.
Seria desnecessário, porém, pois tudo ficou resumido nas listas apresentadas para as póximas autárquicas... 

Ao contrário das esperanças que alguns chegaram a ter com esta candidatura, mesmo que fosse a vencedora, não se começava uma  vida nova, nem se rasgava o véu que encobre uma realidade local insuportável. Seria a evolução na continuidade: a intolerância, a arrogância e a falta de diálogo, continuariam a ser a imagem de marca da gestão autárquica figueirense.
Continuaria a atitude política de quem não é por mim é contra mim.

Foi sempre contra isto a minha postura. Gostaria de viver numa sociedade figueirense tolerante e abrangente. 
As dificuldades presentes, vão agravar-se no futuro próximo para os figueirenses em geral. Merecemo-las.
Pedro Machado, ou é um grande cínico, ou tinha potencial para fazer algo de diferente. Porém, mesmo que ganhe, o que francamente não acredito, pela teia que permitiu que se tecesse em seu redor, ficou prisioneiro e atado de pés e mãos.
Este é o resumo: o principal partido da oposição, escolheu listas à altura  do líder do principal partido da situação.
Repito: Pedro Machado ou é um grande cínico, ou tinha potencial. Porém, vá lá saber-se porquê, deixou-se enredar por muita coisa que anda a gravitar em volta dos políticos quando sopra uma brisa, neste caso ténue, que cheire a poder... 
Portanto, numa altura em que ainda pairam muitas interrogações e indecisões sobre quem vai a votos, creio que a candidatura de Pedro Machado - Figueira do Futuro, tem o destino traçado: a derrota - dele e dos figueirenses...

Em democracia é assim: temos a opção de apoiar - e dizer porquê. E temos a opção de não apoiar - e dizer porquê.
Quem não percebe isto, não percebe nada de nada, no que à política numa democracia diz respeito.

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