A crónica de Silvina Queiroz, via Diário as Beiras.
"Não! Quando em 1893 foi aberto concurso para apresentação de propostas com vista à construção de um edifício que albergasse os serviços camarários, tal decorreu do facto destes se encontrarem dispersos por vários locais da cidade e se considerar útil a sua concentração. Por outro lado, a jovem cidade elevada a esta categoria havia uma década, exigia um edifício condigno da nova situação administrativa, um local digno de ser chamado de Paços do Município.
A obra arrancou rapidamente e era concluída em finais de 97. Esplêndida, servindo magnificamente os desígnios apontados para a sua criação. Valorizada ao longo do tempo com obras de arte de relevo, chama particularmente a atenção a reprodução da pintura de Gilberto Renda representando Manuel Fernandes Tomás falando às Cortes Constituintes de 1821, patente na Sala de Sessões das Assembleia da República.A dispersão de serviços por vários edifícios voltou a verificar-se devido ao natural acréscimo de responsabilidades. Solução prática e pacífica que, contudo não legitima a ideia de mudança para um edifício moderno dos que ainda se mantêm na magnífica Câmara. Para quê? Para se voltarem a concentrar os serviços? Não me parece que pudesse ser esse o propósito. Então qual? Perder identidade, mudando toda a estrutura para fora daquele emblemático espaço com história, estória e tradição?
Discordo em absoluto. A nossa cidade e o nosso concelho muito têm sofrido por via de “ideias novas” que, paulatinamente, têm provocado descaracterizações insanáveis e com “resultados” tantas vezes lamentáveis, para além da perda da história e das questões de respeito ambiental e estético.
A fixação em alterar por alterar, apenas para fazer diferente, tem custos e frequentemente bem negativos. A semana que passou, deu-nos mais uma vez a ideia de como podem sair “caras” as obstinações. Que o digam os comerciantes afectados por inundações nas suas lojas, após uns curtos minutos de chuva forte na última semana."
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