quinta-feira, 26 de março de 2020

O COVID-19 e "as lesões humanas para tratar"

Al Berto

"sou um homem privilegiado, ouço o mar ao entardecer. que mais posso desejar?
e no entanto, não estou alegre nem apaixonado. nem me parece que esteja feliz.
escrevo com um único fim: salvar o dia."

Hoje, aquilo que todos sabíamos ser inevitável, a morte, tem nome: chama-se COVID-19.
E aquilo que tem nome e nos causa medo, pode ser adiado. 
E o que tem nome e nos causa medo, também pode ser evitado. 
E se pode ser adiado, para ser ser evitado, podemos chegar à cura e ao salvamento.
Porém, o tratamento para alcançarmos o fim desta mortalidade, não vai evitar que a morte continue a ser inevitável.

Nos últimos dias, os meus contactos têm sido via telefone e via facebook. Mesmo assim, tem dado para verificar que estamos com medo.
A televisão tem sido companhia. Essa permanente ligação à informação não tem sido benéfica. A informação constante, as más notícias, aquilo que se passa na Itália e Espanha, causa ansiedade e medo. 
A mim tem-me valido a RTP/MEMÓRIA.

Mais do que a sobrevivência, o que está em causa é a vida. 
Mais do que a economia, o que está em causa é a vida. 
Quanto tempo vai passar até que eu possa tomar um café na melhor esplanada do mundo?

Andávamos todos entretidos a pensar que a ciência tinha respostas e vencia tudo. 
Agora, caímos na real.
Temos uma vida. Contudo, sem sabermos lá muito bem o que fazer com ela. 
Na Figueira, nem sequer sabemos se havemos, ou não, de lavar e desinfectar as ruas... 
Há figueirenses que ainda se devem andar a rir com as imagens dos chineses a lavar e a desinfectar as ruas.
Citando o professor Daniel Sampaio: "há muita lesão humana para tratar"...

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