"O nosso país não é apenas centralista, encerra em si variados centralismos e assimetrias sociais a geometrias variáveis. O nosso concelho não foge ao padrão. Por um lado, possui um tecido social e económico urbano e próspero nas freguesias de Tavarede e de Buarcos e São Julião, por outro revela um marasmo económico na generalidade das freguesias rurais, inclusivamente em freguesias industrializadas, como a Marinha das Ondas. Vivi na Alsácia quatro anos e sei que não tem que ser assim, pode haver prosperidade em meio rural. No sul do concelho temos empresas que são campeãs nacionais da exportação, com lucros anuais notáveis, e ali ao lado temos localidades que não passam da cepa torta. Uma população envelhecida, desfasada do dinamismo destas empresas, sem grandes perspetivas de os seus fi lhos poderem um dia ali trabalhar e devolver alguma riqueza à população. As reduções de quadros e o abuso das subcontratações transportam o lucro quase por exclusivo para os acionistas deixando o mínimo para os que realmente trabalham. Nas freguesias a sul e a norte da cidade encontramos um padrão de desleixo em tudo o que é equipamentos e vias da responsabilidade da sede do concelho. Fico chocado com o abandono e o caos nas principais vias de Moinhos da Gândara, Ferreira e Alhadas, a ausência de passeios, os micro-passeios, a sinalização e o estado das próprias vias. Arrepia-me os idosos e as crianças se deslocam a pé através daquelas vias sem passeios ou com passeios onde mal cabe um pé. As armadilhas rodoviárias para os que se deslocam de motorizada ou de carro são imensas. Se por um lado, nós, “os Figueirinhas”, andamos revoltados porque temos muitas obras à porta de casa, naquelas freguesias já só resta a resignação e a impotência para fazer avançar obras essenciais. Por exemplo, no passado verão enquanto se empregaram todos os meios camarários para terminar as obras no centro de Buarcos, a população da Leirosa ficou com as obras do balneário penduradas em plena época balnear. Para mal de todos, nós, os Figueirinhas”, continuamos a ser o umbigo do concelho. Não, não há coesão."
Via Diário as Beiras
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