"O nosso concelho é hoje um exemplo de bem servir as populações com serviços públicos de qualidade. Podemos considerar que ainda temos algumas arestas para limar e pequenos problemas para resolver, porém no contexto nacional, nós devemos ser considerados exemplo numa série de serviços fundamentais, que verdadeiramente diferenciam o concelho no momento de avaliar aquilo que realmente é relevante para atingir uma coesão significativa. Recordo com saudade, as aulas de história que tive no meu 2º ciclo com um professor que à época estava próximo da reforma, tendo lecionado pelo menos 3 décadas do final do século XX. Transmitiu-nos várias vezes qual era a realidade nos anos 70 e 80 dos alunos que provinham das zonas não urbanas do concelho, sendo que não era raro, ter alunos cujo pequeno almoço era inexistente ou desproporcionado para a faixa etária. Com esta referência, pretendo aludir ao facto de que hoje qualquer jovem nascido no concelho da Figueira da Foz tem a mesma possibilidade de chegar ao ensino superior que o próximo. Graças a um investimento significativo da escola pública, em cuidados de saúde que não deixam ninguém para trás e ao desenvolvimento do concelho nas últimas décadas. Considero, que as principais barreiras que nos impedem chegar a uma coesão plena, são a rede transportes e a acessibilidade de Internet de Qualidade em todo o território. Contudo, a câmara municipal já tornou público, projetos para mitigar estas dificuldades. A apresentação do Sistema Intermunicipal de Transportes (SIT), que irá complementar e substituir a atual rede de transportes e o comprometimento da Altice em tornar várias freguesias do concelho em territórios cobertos em 100% por fibra, são boas notícias para a coesão concelhia. A Coesão territorial plena é um processo longo, mas estou convicto que de dia para dia o nosso concelho está cada vez mais coeso. Hoje, um jovem figueirense tem horizontes bastantes mais amplos do que os seus pais tiveram. Hoje, a Figueira é mais coesa do que alguma vez foi. Agora, resta-nos continuar a mitigar as desigualdades que ainda persistem."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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