Cito o meu Amigo Fernando Campos, possuidor de uma veia artística conhecida, de uma escrita acutilante e de um humor crítico, a meu ver, fora de série...
"O humor em Portugal, pelo menos o que se publica, é uma coisa triste.
A verdade é que “os portugueses não sabemos rir com espírito; gargalhamos com os queixos”, como dizia Camilo.
Falta-nos o espírito.
Ter espírito, como presumo que o entendia Camilo, é ter mundo, referências e, em simultâneo, um certo distanciamento de si próprio e do seu tempo que muitas vezes convoca o desconforto ou a incomodidade.
O espírito abomina o óbvio, mas aproveita-se do acaso e deleita-se com o invulgar, o imprevisto, até com o incongruente. Para isto é necessário uma certa sofisticação que lhe vem do cepticismo. É impossível achar este desprendimento entre crentes ou prosélitos; neste campo, como se sabe e enunciou José Alberto Braga, “o espírito sopra ao contrário”.
No humor publicado em Portugal já não há Camilo, nem Júlio César Machado, nem Bordalo, nem Celso Hermínio, nem Eça, nem Ramalho, nem Almada, nem Carvalhais, nem sequer Vilhena ou José Alberto Braga ou Santos Fernando. Deduzo que não haja público, ou mercado, para eles.
Para o que há público, ou mercado, em Portugal é para um engraçadismo sem substância que não seja o gargalhar com os queixos ignóbil, acéfalo, redundante e imbecil. Ocupa a última página dos jornais. Por exemplo, com o desinfeliz da padaria portugueza no correiodamanha e com João Miguel Tavares, no Público.
E estamos nisto."
Depois disto que acrescentar?
Pouco: apenas, que o humor é uma das melhores defesas que alguém pode usar para se manter e sobreviver minimamente lúcido, saudável e feliz nesta sociedade.
Já agora, uma provocação bem humorada, inspirada nalgumas peripécias que, ultimamente, me têm vindo a acontecer com mulheres: será que Deus, ao fazer as mulheres, lhes retirou o senso de humor, para que amassem os homens, em vez de se rirem deles?..
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