"Recentemente, o surfista
Garrett McNamara
pronunciou-se sobre
as excelentes condições que
a costa portuguesa oferece
para a prática do surf.
O recordista mundial opinou
que há muitos talentos em
Portugal, muitos surfistas que
são muito bons, pelo que o
país poderá em breve ter um
campeão do mundo… “em
ondas pequenas e em ondas
gigantes”.
Também afirmou que o vento
aqui é complicado e que, em
lado nenhum do mundo,
chegam ondas tão grandes e
com tanta frequência.
Ouvi as suas declarações na
televisão e logo me ocorreu a
comparação com a actual situação
do país e, em particular,
da Figueira.
Vieram-me à mente os
nossos campeões, dispersos
por esse mundo fora, na área
do desporto, da ciência, da
literatura, das empresas, no
mundo do trabalho. Ultrapassando
“ondas gigantes”.
Como também a Figueira e
as suas potencialidades, em
particular na área que ele tão
bem domina: o mar. Nas suas
diversas vertentes.
Também metaforicamente,
senti os ventos adversos que
sopram por estas paragens
e as sucessivas ondas de austeridade
que vêm afectando a
generalidade dos portugueses.
No final do ano e início do
seguinte, faço votos que a
reflexão de McNamara seja
premonitória e que se dê início
a um processo de reversão
que vença as ondas gigantes
e os ventos adversos.
A solução está nas mãos de
todos e de cada um de nós. Os
problemas só se resolvem se
os enfrentarmos, tal como o
surfista enfrenta as ondas."
O texto é do Eng. Daniel Santos e foi publicado hoje no jornal AS BEIRAS.
O título é da responsabilidade do autor do Outra Margem.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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