Joaquim Pais Jorge, segundo a revista Visão, actual secretário de Estado do Tesouro, tentou vender ao Executivo de José Sócrates, em nome do Citigroup, três contratos de 'swap' para "melhorar" o aspecto das contas públicas |
Excluindo todos os outros, há três grandes escândalos que
custaram uma quantia exorbitante ao país e que podem ter destruído uma geração
em termos de riqueza. São eles a nacionalização de uma fraude chamada BPN, os
contratos criminosos sob forma de parcerias público-privadas e os contratos
swap. Todos eles são diferentes, mas há um ponto que os une: em nenhum caso
foram apuradas responsabilidades políticas e os portugueses assistem a um
patético arremesso de culpas entre os partidos, com autênticas manobras de
diversão para no fim sair tudo ileso.
Mas a verdade é que o
poder permitiu a fraude do BPN, quando todo o mundo dizia, à boca pequena, que
ali só podia haver treta. Eu ainda andava na escola quando comecei a ouvir
falar nos estranhos negócios do BPN. Nunca nada foi investigado, nunca a
supervisão fez nada. Responsabilidades? De ninguém.
Depois o banco foi
nacionalizado. O banco não, a fraude. Nacionalizou-se uma fraude, um crime
financeiro. Não foi um banco. Responsabilidades? De ninguém.
Já as parcerias
público-privadas podem, em teoria, ser boas. Mas na prática, o Estado português
celebrou contratos ruinosos para si e que só podem esconder corrupção da mais
grossa, pois ninguém é suficientemente incompetente para assinar aquilo. Os
contratos existem, tanto os originais como as renegociações, as assinaturas
estão lá, as decisões são públicas. Responsabilidades? De ninguém.
Os swaps são de alto risco, são contratos perigosos que
podem trazer graves prejuízos. Mas foram feitos, em empresas com dívidas
astronómicas. Sozinhos, meia dúzia de gestores públicos tiveram o poder de
endividar gravemente os contribuintes. Bastou um par de assinaturas para pôr o
país no prego. Depois, quem veio a seguir diz que não teve informação ou teve
mas não era suficiente, certo é que demorou muito tempo a enfrentar o caso,
sobretudo quando conhecia o assunto por experiência pessoal. Responsabilidades?
De ninguém. Nem dos gestores que assinaram, nem do Governo que autorizou nem do
Governo que esperou.
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