"Se um qualquer cidadão me dissesse que, para ser mais honesto do que ele, eu teria de nascer duas vezes, o mais provável é que reagisse enfiando-lhe uma murraça nos queixos.
Com o cidadão Cavaco, porém, não posso reagir assim. Para além do dever de respeito à figura do PR, tenho de ponderar que anda rodeado de seguranças. Isso não me impede de dizer o que penso.
Em minha opinião, Cavaco é realmente sério, pois raras vezes se ri. Daí a poder concluir que é um cidadão honesto, vai uma grande distância. Só porque ele afirma que é? Por aí não vou lá…
Cavaco apresentou provas de que aquilo de que o acusam é mentira? Não. Reagiu com insultos ( disse que não respondia aos outros candidatos, mesmo quando eles são loucos) e depois remeteu-se ao silêncio.
Por outro lado, Cavaco demonstra uma falta de memória preocupante. Não se lembra a quem vendeu as acções da SLN e, imagine-se(!!!) mandou o seu staff dizer que não se recorda quando, nem onde, fez a escritura da sua casa de férias. Escritura essa que, curiosamente, desapareceu…Pode daqui inferir-se que Cavaco é desonesto? Não.
Ninguém pode acusar um cidadão de ser desonesto, ou criminoso, sem provas. O problema é que, ao recusar esclarecer todas as dúvidas e se alcandorar a “português mais honesto”, Cavaco inverteu o ónus da prova. Agora é a ele que compete provar que é mais honesto do que eu. E aí eu respondo: mais honesto do que eu, garanto que não é.
Tal como ele tem o direito de afirmar que sou menos honesto do que ele, e de garantir que é honesto porque ele próprio o diz ,também eu, até prova em contrário, tenho o direito de duvidar da honestidade do PR. Porquê? Poderia responder, utilizando a argumentação cavaquista, simplesmente "porque sim”. Não o faço. Começo por lhe lembrar a história da mulher de César e depois olho para o seu percurso e tiro as minhas conclusões.
No mínimo, o que posso garantir é que me preocupa muito a sua persistente falta de memória selectiva...
Razão, mais do que suficiente, para nunca votar nele."
Carlos Barbosa de Oliveira, Crónicas do Rochedo
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
O que fica demonstrado é que o homem, como Dias Loureiro, é esquecido ou distraído. Deve ser coisa contagiosa...
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