domingo, 17 de maio de 2009

Crónica de um dérbi que não vi, mas ouvi...

António Lebre e Custódio Cruz, esta tarde em trabalho
de reportagem no Cabedelo, numa foto de Pedro Cruz

É por jogos assim, que eu, que deixei de gostar da modalidade, já há tempo, por vezes, “religo” ao futebol...
De vez em quando, ainda me encanta o sortilégio de uma partida com estas características, entre duas equipas vizinhas e rivais, que apesar de totalmente amadoras, conseguem atrair a um recinto de jogo sem grandes condições, largas centenas de espectadores, apenas para poderem assistir à discussão do resultado, o que não tem nada, mas mesmo nada, a ver com o mercantilismo do chamado futebol profissional.


Neste Cova-Gala/Praia da Leirosa, para além da vitória, derrota ou empate, o que estava também em causa, mais uma vez, era a rivalidade, que existe entre estas duas equipas do nosso concelho praticamente desde a sua fundação, já lá vão mais de 30 anos, e, igualmente, claro, a possibilidade de uma destas equipas poder representar, na próxima época, o concelho da Figueira da Foz na prova máxima da Associação de Futebol de Coimbra – a divisão de honra.
Mais uma vez, a expectativa não saiu defraudada, pois aconteceu emoção, entrega, boa assistência e um grande e desportivo espectáculo de futebol – intenso e autêntico.
Desportivamente falando, nesta Série B do distrital da I divisão da Associação de Futebol de Coimbra, este jogo, entre Cova-Gala e Praia da Leirosa, tinha a particularidade de colocar, frente a frente, as duas equipas que ocupavam, antes do apito inicial deste dérbi, respectivamente, o primeiro e o segundo lugar.

O Cova-Gala entrou melhor no jogo, mas, a primeira grande oportunidade de golo, pertenceu aos visitantes. Contudo - e isso também se ficou a dever aos guarda-redes das duas equipas, que brilharam com defesas difíceis e vistosas - ao intervalo as equipas recolheram aos balneários com um empate sem golos, o que deixou tudo em aberto para uma ainda mais emotiva e nervosa segunda metade.
Os nervos vieram ao de cima, mas Dani, passava o minuto 22 do período complementar, correspondeu da melhor maneira a um cruzamento primoroso de Rui Lemos e marcou o golo que inaugurou o marcador e bastou para dar a vitória à equipa da casa. Este resultado, para lá da aritmética, deixa um suplemento de querer e de ânimo e um atestado de viabilidade de concretização da subida à divisão de honra à equipa do Cova-Gala, o que constitui, igualmente, um desafio importante para a próxima época.

Não estive no Cabedelo, mas longe da Figueira, tive a felicidade de poder acompanhar, a par e passo, as peripécias deste dérbi, de que pode ver outros pormenores clicando
aqui, graças à Rádio Clube Foz do Mondego.
Se até um mau jogo pode dar um bom e interessante relato de futebol, esta emotiva e bem jogada partida certamente que prendeu a atenção de milhares de ouvintes do RCFM, como foi o meu caso.
Deixo aqui uma palavra de agradecimento e um abraço ao José Leonardo, que fez a coordenação em estúdio, ao Carmona, que foi o técnico de serviço, ao António Lebre, que fez o relato, e ao Custódio Cruz, que fez os comentários. Sem esquecer, porém, que tudo isto só foi possível, graças ao patrocinador desta transmissão directa do RCFM – o
Olímpio Fernandes.

Para terminar esta crónica desportiva de "um dérbi que não vi, mas ouvi...", que deixou a divisão de honra de novo ao alcance do Grupo Desportivo Cova-Gala, faço minhas as palavras que Custódio Cruz, a dado passo desta tarde desportiva, proferiu aos microfones do RCFM: “oxalá que os autarcas que hão-de vir a partir de Outubro para o concelho da Figueira da Foz, finalmente, olhem para estes pequenos clubes e promovam uma política desportiva que lhes permita dar passos em frente, principalmente a nível de infra-estruturas”...

2 comentários:

o comendador disse...

Ficou ali a imagem real do poder do futebol distrital,enquanto catalizador de convívio entre gentes do mesmo concelho.
Ali se encontraram pessoas que reviveram peripécias antigas num autêntico derby de gerações.
Tantas histórias contadas,tantos amigos se reencontraram e tiveram o prazer de recuar no tempo,"perdendo-se" em memórias que afinal não ficaram apagadas, e só precisam de ser valorizadas e incentivadas como um meio de mais valia para o bem estar das nossas populações.
Dentro do campo sobrou mais que magia em protagonistas com escola,onde o labôr colectivo foi salpicado pela inspiração individual,que deliciou os presentes na justificação plena de que no distrital, por vezes se encontram muito melhores espectáculos do que a níveis profissionais, onde alguns "mercenários" só correm quando lhes apetece e pelo favôr de algumas corridas são pagos a pêso de ouro...
O Rui Camarão e o Chaina foram fieis ás suas convicções,e as equipas deram largas a uma forma de estar disciplinada, mas libertando o engenho e arte de cada um dos seus atletas.
O João Vasco encheu o campo com as suas fintas carregadas de fantasia e velocidade.
O Tuka mostrou o perfume intenso de uma arte no trato da bola, só ao alcance de quem nasceu para estar num patamar diferente e lhe falta o "momento mágico" para dar o salto.
O João Daniel só um dia mais tarde vai perceber que quem tentou dar-lhe as palavras certas para o caminho certo, o fez porque viu nele o talento brilhante de um grande jogador,confirmado neste jogo com a sua capacidade de entrega e qualidade técnica.
O Mota foi o exemplo claro de que quem ama o futebol acaba por crescer e ser pedra de fúlcuro num colectivo.
O Nuno Santos,é como um menino irrequieto com um dom que nasceu com ele,na arte única de um trato da bola de forma rápida e eficaz, em espaços "curtinhos" mas suficientes para
arrancar "bruás" na assistência.
O Copinho é um "copão" de eficiência e sentido prático,daqueles jogadores que não são muito badalados,mas imprescindíveis para as boas equipas.
O Sá é mais rápido do que o vento, e tem uma alma de ambição dentro das quatro linhas impressionante,"pequenote e leve" mas talentoso e agressivo.
O Dani motivado é um caso muito sério de capacidade competitiva,alegre a jogar sabe dar fantasia ao ataque e equilibrar a sua postura em campo com disciplina sem bola.
O BUBA é mesmo uma "grande buba" de arreganho e destreza técnica na capacidade de concretização e mesmo criação de jogadas capaz de desiquilibrar,e só... porque se lembra de o fazer...
O Mamede surpreendeu-me com uma exibição a todos os títulos meritória,equilibrada na predisposição de se sentir feliz a jogar futebol, e com isso deliciar quem o vê.
O João Filipe entrou de forma possante no jogo,como que dando indicação de que nos bancos de suplentes havia muita qualidade para lançar na partida.
O IVO faz da velocidade e técnica, dois argumentos fortíssimos no desiquilibrio para o ataque ao ultimo terço do campo e procura na diferença do golo.
O João Rabita foi uma agradável surpresa que eu não conhecia em destreza técnica e vontade de ser grande como jogador.
O Rui Lemos entrou e encantou, com um cruzamento para o golo que fez lembrar outros tempos em que o fazia muitas vezes num só jogo...
O Tó Capitão,foi destemido nas suas intervenções,mas a precisar de comer umas boas "malgas de sopa" para poder bater os pontapés de baliza,é no entanto um bom guarda-redes.
O Ivan "voôu como um jardel",mostrando classe e postura segura na baliza.
O Renato é jogador,com muita margem de progressão ainda...
O Slaid(?)é um jogador tipo da filosofia que eu gosto numa equipa de futebol,equilibrado nas movimentações,prático nas investidas,corajoso na entrega ao jogo(ás vezes até de mais...hiihhi).
O puto Renato tem que fazer deste novo arranque do clube da sua terra,um catapultar pessoal de ascensão no futebol, que está ao seu alcance pela qualidade que tem e tempo de aprender muito mais..
O Vitor Hugo tem história,uma história de talento que vem de longe,agora mais maduro evidencía para além da sua classe técnica,uma postura de ratice e saber estar, que seria prevísivel ter adquirido desde a última vez que o tinha visto jogar...
O central!!do cova gala(ex.junior da naval)(nome?..esqueci..!) passou ao lado de uma carreira de mérito no futebol,pois com as suas caractrísticas físicas deveria ter sido adaptado na formação a lateral sem o tirarem mais de lá,e aí sim teria grande futuro.Mesmo que eu reconheça que é um bom central...

Pronto, e já não me lembro de mais ninguém,se calhar cometendo alguma gaffe que eu não gostava,mas caramba já tenho uma idade diferente de outros tempos,e a memória nem sempre está predisposta a ajudar-me...
Pena que naquele jogo não ouve tempos para ver outra gente(Carlos Fonseca;Rato e companhia... que sei serem grandes jogadores,mas com diz o povo á mais marés que marinheiros..
Grande derby este da minha terra,tenho orgulho de ser figueirense.
Tenho orgulho na dedicação dos dirigentes destes dois clubes do concelho da figueira.
Só me falta mesmo ter orgulho dos políticos para darem "palcos" a estes "artístas" genuínos, pois eles merecem muito mais do que um campo pelado em pleno século 21.

O Comendador

Olímpio disse...

Tudo vai com o dono!Este dérbi entre o Cova gala e P.Leirosa,fez recordar os dérbis em Montemor,com o Carapinheirense,Maiorca,e outras rivalidades que o tempo apagou.Esteve em Montemor a essência do povo e no Cabedelo voltei a sentir esse admirável sentimento de naturalidade e vida e tudo isto por uma bola e de jovens que vivem o seu tempo.Mas então os dirigentes? Pois:marcam muitos golos fora das 4 linhas,uns e outros bem sei de que sangue corre nas suas veias.Tinha saudades dos gritos da mulheres,que paixão e que inocência,de gentes que sabem amar e sofrer por uma causa tão simples de uma bola e um golo.mais do que isto está a identidade de um povo que não engana.Em Montemor tambem foi assim,mas tudo foi com o dono !