No blog quintopoder (desde já, peço desculpa pela reprodução, mas há pérolas que seria crime perderem-se...) pode ler-se:
"Algumas ilustres figuras liderantes da chamada "esquerda à portuguesa" andam a fazer uma grande berraria exigindo que o Tratado de Lisboa, que passará a regulamentar a governação da União Europeia, vá a referendo.
Pelos vistos, é gente que gosta muito de um certo tipo de democracia "directa".
Sucede que a democracia portuguesa, enquadrada pela Constituição da República, é de natureza representativa, como é normal na Europa. Não estamos em Cuba ou na Coreia do Norte.
Foi exactamente por isso que o Tratado de Mastricht foi aprovado em sede parlamentar. E que o mesmo sucedeu com o Tratado de Nice. Para não falar já da própria decisão de fazer entrar Portugal na União Europeia.
É calro que, no fundo, não virá grande mal ao mundo se, para aprovar o novo Tratado, se organizar um referendo. Como, muito provavelmente, não irá votar mais de metade do eleitorado, o resultado de um tal eventual referendo, não será vinculativo. Lá terá de ser portanto o Parlamento a votar, a decidir e seguramente a aprovar.
Há todavia um aspecto que acho particularmente chocante nas obstinadas e obsessivas posições daqueles homens da "esquerda à portuguesa", exigindo que o novo Tratado seja referendado. Que coloca em causa a sua boa fé e coerência.Que autoridade moral terão eles para tal defender com veemência, quando se sabe serem exactamente eles os que mais obstinadamente se empertigam contra qualquer hipótese de submeter a referendo a Constituição da República ?"
Então e o Alberto João Jardim também é daqueles homens da "esquerda à portuguesa”?...
Pois é, pelos vistos “o referendo é um funil.” Mas.... “às vezes entope.”
“O REFERENDO, A BOA FÉ E A COERÊNCIA” à maneira do centrão... também tem contradições ...
"A Europa não pode ser feita por líderes em risonhos abraços mas cheios de medo dos europeus."
ASSIM NÃO É PORREIRO, PÁ!...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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2 comentários:
Senhor Doutor Agostinho, já o admirava muito há bastante tempo, mas admiro-o mais por ter pachorra por ler o "quinto poder".
É que eu já desisti mesmo. era demais.
Aprovado o Tratado Europeu pelos senhores que teimam em, sozinhos, construir uma Europa melhor para todos, não nos espanta que Cavaco Silva seja contra o referendo, nem que Sócrates mande às malvas mais uma promessa eleitoral ao preferir a ratificação parlamentar. O que me espanta é Luís Filipe Meneses, que ganhou a liderança do PSD através do plebiscito universal do seu partido contra a vontade do aparelho e da malta dos congressos, fazendo até questão de o sublinhar, aposte agora numa posição alinhada com esses mesmos notáveis ao optar pela ratificação. Até compreendo a sua jogada de antecipação em relação a Sócrates, mas estou farto de compreender jogos de poder sempre em prejuízo da democracia.
O problema das elites europeias é que de facto não o são! Em democracia, da elite deveriam fazer parte aqueles que os cidadãos reconhecem e suas opiniões seguem; hoje, a intitulada elite, tem apenas por sustentação os media e tem pavor, desdém em alguns casos, da vontade popular expressa.
Uma elite elitista é, em democracia, a absoluta negação da sua condição de elite, uma vez que esvazia a substância do conceito, ao purgá-lo da condição de ouvir e cumprir a vontade dos cidadãos.
Uma elite é indispensável; elitistas são absolutamente desaconselháveis porque, ao a negarem a essência da democracia representativa, são perniciosos para a subsistência do próprio regime.
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