Estamos, praticamente, a meio deste mandato autárquico...
Os mais cépticos viram confirmadas as suas negras expectativas.
Mesmo os mais convictos sentirem-se frustrados.
Finalmente, os mais iludidos desenganarem-se. São Pedro, encontra-se prisioneira, de há 18 anos a esta parte, de uma oligarquia pequeno-burguesa, pretensamente desintegrada partidariamente, consolidada na manutenção dos interesses instalados, assente no retorno na competente compensação eleitoral, conseguida pela fidelidade do núcleo duro, pelas perspectivas de benesses várias para os politicamente próximos e, ainda, pela “jogada segura” das “famílias de clientes, fornecedores e prestadores de serviços da junta”, que preferem não arriscar uma mudança no executivo, de consequências por vezes nem sempre favoráveis para os seus interesses egoístas.
Também, pouco a pouco, vão ficando mais perceptíveis as subterrâneas “petiscadas”, onde se relacionam os responsáveis autárquicos e os patos-bravos da construção, os especulativos fundiários, os investidores imobiliários, configurando uma promiscuidade flagrante entre os interesses políticos, económicos e pessoais.
Este quadro evidencia, também, a incapacidade dos partidos em controlar e fiscalizar politicamente os “seus” autarcas, os quais ganham um protagonismo e um poder de influência que trazem reféns as estruturas partidárias locais e regionais e as condenam ao assentimento político ou, então, a “disparar para o lado”, elegendo como alvos o Governo nacional ou os adversários políticos.
Foi neste quadro estratégico, que surgiu a actual Lista Independente de São Pedro, uma extraordinária oportunidade para o PSD figueirense envolver em São Pedro, muitos daqueles que “serve” e capitalizar a insatisfação geral em torno do “triângulo” mítico do desenvolvimento, desviando as atenções do impasse estratégico e inépcia governativa de muitos dos seus autarcas.
A isto tudo, e muito mais, deve somar-se um presidente de Junta com um perfil totalmente desajustado ao cargo que exerce. Uma pessoa de impertinências e birras, impermeável às críticas, capaz de sacrificar o interesse comunitário ou a justeza de um apoio a uma associação ou a uma iniciativa por razão de incompatibilidade pessoal ou antipatia por um promotor.
Perante isto tudo, ao longo destes cerca de 18 anos, encontrámos uma oposição política atabalhoada e inconsequente, salvo raras excepções mais rebeldes.
Ora, chegados a meio do actual mandato autárquico, vai sendo tempo de se pensar e construir uma alternativa. Uma alternativa que não pode nascer da aprovação dos aparelhos partidários, nem de alianças pós-eleitorais.
Uma alternativa, que está na hora de começar a ser desenhada.
Isso, contudo, pressupõe um empenhado investimento de independentes e daqueles que, apesar das suas ligações partidárias, tenham a boa vontade política suficiente para pôr constrangimentos partidários de lado e a sabedoria e sensatez de se unirem em torno de um projecto plural e aberto, especialmente receptivo ao contributo dos cidadãos e das suas estruturas representativas e fortemente motivado para fechar um “ciclo político” em São Pedro.
Ciclo esse, que é bom ter bem presente, está repleto de vícios, desperdícios e cumplicidades.
Não tenhamos ilusões: a continuar, vai hipotecar definitivamente o futuro de São Pedro e das suas gentes.
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